Pesquisa da UFSC mostra que plástico PET intoxica microcrustáceo na base da cadeia alimentar

07/03/2025 16:28

Estudo foi realizado no Laboratório de Toxicologia Ambiental (Labtox). Foto: Gustavo Diehl/Agecom/UFSC

Um estudo conduzido no Laboratório de Toxicologia Ambiental (Labtox) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) revelou que o descarte inadequado de garrafas PET pode causar uma série de efeitos tóxicos em um pequeno crustáceo de água doce, a dáfnia. Por meio de testes em laboratório, os pesquisadores mostraram que a degradação do PET na água causa danos em células e mitocôndrias e afeta a reprodução, a alimentação e a locomoção desses animais, que estão na base da cadeia alimentar. Os resultados foram publicados na revista científica internacional Science of The Total Environment e fizeram parte da pesquisa de doutorado de Bianca Vicente Costa Oscar, desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental.

“Pela literatura, a gente já sabe que os materiais plásticos, quando são liberados na água, sofrem fragmentação e liberam compostos químicos. Só que até que ponto essa fragmentação, cada vez em pedaços menores, interfere no organismo dos animais? E até que ponto esses compostos que o PET libera interferem também na vida do animal?”, questiona Bianca.

O animal escolhido para os testes foi a dáfnia (mais especificamente a espécie Daphnia magna), um microcrustáceo que pode chegar a cinco milímetros de comprimento. Elas vivem em água doce e se alimentam de partículas finas de matéria orgânica em suspensão, incluindo leveduras, bactérias e microalgas. Por outro lado, servem de alimento a peixes e diversos outros animais aquáticos. Então, qualquer impacto na população de dáfnias pode desequilibrar toda a cadeia alimentar. 
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Um dos maiores cogumelos do mundo aparece na Botânica da UFSC, em Florianópolis

28/02/2025 11:08

Uma espécie rara de fungo, que produz um dos maiores cogumelos do mundo, com o chapeu podendo chegar até 80 centímetros de diâmetro, está crescendo no Departamento de Botânica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), no bairro Trindade, em Florianópolis. O cogumelo pode ser visitado no local, desde que os visitantes respeitem as faixas de segurança e evitem tocá-lo. A espécie, denominada Kusaghiporia talpae, foi encontrada na base de uma árvore, próxima à composteira do departamento.

Fungo pode chegar a 80 centímetros de diâmetro. Foto: Gustavo Diehl/Agecom/UFSC

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Em parceria com a UFMA, SpaceLab da UFSC lançará nanossatélite para resgatar embarcações

19/02/2025 14:51

Cartaz de divulgação do lançamento do nanossatélite Aldebaran-I. Foto: Divulgação/SpaceLab/UFSC

Universidade Federal do Maranhão (UFMA) lançará ao espaço o nanossatélite Aldebaran-I, desenvolvido em parceria com o SpaceLab, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Com previsão de lançamento para março, na Índia, o dispositivo auxiliará na localização e resgate de pequenas embarcações em situações de emergência na costa do Brasil.

Aldebaran-I foi produzido no Laboratório de Eletrônica e Sistemas Embarcados Espaciais (Labesse) da UFMA, com apoio da Agência Espacial Brasileira (AEB), da Fundação Sousândrade (FSADu), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), e das empresas CRON, Orbital Engenharia e All to Space.

Em construção com a UFSC desde 2020, o projeto do nanossatélite passou por seu último teste ambiental em janeiro, no Laboratório de Integração e Testes (LIT) do INPE, em São José dos Campos (SP). O lançamento ocorrerá em conjunto ao foguete PSLV, no Centro Espacial da Organização Indiana de Pesquisa Espacial (ISRO).

Parceria entre UFSC e UFMA

Em março de 2020, professores da UFMA responsáveis pela missão Aldebaran-I foram convidados para acompanhar, na UFSC, em Florianópolis, uma revisão de projeto da missão FloripaSat-2, que mais tarde recebeu a denominação GOLDS-UFSC.

Durante essa revisão, os professores da UFMA se interessaram em utilizar o FloripaSat como plataforma de desenvolvimento para a missão Aldebaran-I. Em seguida, passaram a fazer uso exatamente dos mesmos hardwares e softwares do FloripaSat, entre eles os módulos On-Board Data Handling (OBDH) e o Electrical Power System (EPS), mas também o Telemetry, Tracking and Command (TT&C), que viabiliza a comunicação com as embarcações em alto mar.
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UFSC coordena estudo interinstitucional de armazenamento de CO2 em aquíferos salinos

18/02/2025 08:55

Aquíferos salinos podem ser alternativa para o armazenamento de carbono decorrente de atividades industriais. Foto: Alexei Scutari/Unsplash

Ao longo dos próximos três anos, cientistas de cinco universidades se dedicarão a um estudo de caso em reservatórios de rochas para o armazenamento geológico de carbono, cujos resultados poderão apoiar projetos futuros focados em evitar a emissão de gases de efeito estufa. Com financiamento da Petrobras, que investe quase R$ 8 milhões no projeto, os pesquisadores irão propor modelos de reservatórios 3D para o armazenamento geológico de CO2 em aquíferos salinos da Bacia do Paraná, uma bacia sedimentar de grande extensão, em uma área próxima às regiões carboníferas do Sul de Santa Catarina e à Região Metropolitana de Porto Alegre.

Coordenado por Manoela Bettarel Bállico, professora do Departamento de Geologia e coordenadora do Laboratório de Geologia de Reservatórios da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o trabalho envolve pesquisadores, de diferentes áreas do conhecimento, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e das universidades federais do Ceará (UFC), do Rio Grande do Sul (UFRGS) e do Pampa (Unipampa). No âmbito da UFSC, também participa o Laboratório de Meios Porosos e Propriedades Termofísicas (LMPT), coordenado pelo professor do Departamento de Engenharia Mecânica Celso Peres Fernandes.

Aquíferos salinos são reservatórios de água subterrânea que acumulam, em seu interior, água salgada e, portanto, imprópria para o consumo. Por suas características geológicas e pela proximidade a grandes centros urbanos, esses reservatórios são alternativas promissoras para o armazenamento geológico de carbono decorrente de atividades industriais.
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Pesquisa explora diferentes fases da matéria quântica e propõe novos experimentos

03/12/2024 14:15

Um grupo de pesquisadores de diferentes instituições publicou um estudo que traz resultados inovadores, com potencial de abrir novos caminhos na área da física quântica. Utilizando cálculos matemáticos e simulações em computadores, os cientistas descrevem o que acontece quando um gás com propriedades magnéticas interage com uma armadilha óptica formada por lasers em temperaturas baixíssimas, da ordem dos nanokelvins – próximas do zero absoluto, que equivale a -273,15º Celsius. 

Disponível na revista internacional Physical Review Letters, o artigo Exploring quantum phases of dipolar gases through quasicrystalline confinement (Explorando fases quânticas de gases dipolares através de confinamento quase-cristalino, na tradução para o português) revela novas fases da matéria em sistemas quânticos. Também aponta possibilidades para a realização de novos experimentos, com a tecnologia disponível em laboratórios especializados, para verificar os resultados obtidos.

“Como físicos que trabalhamos nessa área conhecida como matéria condensada, um dos objetivos do nosso trabalho é justamente tentar entender as propriedades dos sistemas quando eles são, digamos assim, submetidos a condições especiais. A gente sempre tenta encontrar sistemas que tenham um comportamento pouco usual ou exótico quando perturbados. Neste trabalho, estudamos um sistema que, do ponto de vista experimental, tem uma certa relevância, porque já é possível realizar esse tipo de estudo em alguns laboratórios no mundo”, afirma Alejandro Mendoza-Coto, professor do Departamento de Física da UFSC e coautor do artigo.
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Pesquisadores da UFSC desenvolvem protótipo de aplicativo capaz de identificar fungos através de fotos

27/11/2024 11:00

Aplicativo reúne informações de mais de 500 espécies de macrofungos. Foto: Ariéll Cristovão/Agecom/UFSC

O grupo de pesquisa MIND.Funga, coordenado pelo Laboratório de Micologia (Micolab) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), está desenvolvendo um aplicativo capaz de identificar, a partir de fotos, espécies de macrofungos, como cogumelos e orelhas-de-pau, por exemplo. O projeto utiliza um banco de dados composto por mais de 13 mil fotografias que representam 505 espécies de macrofungos coletadas em diversas regiões do Brasil.

O estudo, intitulado Innovative infrastructure to access Brazilian fungal diversity using Deep Learning, destaca como o uso de inteligência artificial (IA) pode facilitar a pesquisa e o mapeamento de espécies fúngicas no país. O pesquisador da UFSC Elisandro Ricardo Drechsler dos Santos explica que a IA é treinada, por meio de bancos de imagens, para reconhecer padrões visuais. O aplicativo permite aos usuários capturar fotos de fungos em seus dispositivos e obter identificações baseadas na semelhança com imagens presentes no banco de dados.

“Esse aplicativo vai permitir uma identificação mais eficiente dos macrofungos, utilizando padrões de imagens e inteligência artificial, algo que pode transformar a forma como a ciência cidadã contribui para a conservação da biodiversidade”, aponta o pesquisador.
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UFSC desenvolve método mais rápido e econômico para detecção de febre amarela em animais silvestres

25/11/2024 13:30

Sabrina Cardoso, autora principal da tese, realiza testagem de amostras de vírus da febre amarela no Laboratório Rona-Pitaluga da UFSC. Foto: acervo pessoal

O monitoramento de casos de febre amarela em primatas não humanos, como os macacos, é um sistema de alerta precoce para surtos silvestres da doença, ajudando a prevenir a ocorrência de casos em humanos. Contudo, os testes atuais para diagnóstico do vírus nesses animais possuem alta complexidade e custo financeiro. Com o objetivo de fortalecer as respostas de saúde pública à doença, pesquisadores do Laboratório Rona-Pitaluga do Departamento de Biologia Celular, Embriologia e Genética (BEG) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina (SES/SC) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), desenvolveram um método mais simples, rápido e econômico para o monitoramento e a detecção da febre amarela silvestre.

Segundo os autores da pesquisa, o novo método possibilita aprimorar a vigilância da doença no Brasil. Os resultados promissores do estudo desenvolvido na UFSC, nomeado Development and validation of RT-LAMP for detecting yellow fever virus in non-human primates samples from Brazil, ou Desenvolvimento e validação de RT-LAMP para detectar o vírus da febre amarela em amostras de primatas não humanos do Brasil em português, foram publicados em setembro deste ano na revista científica Scientific Reports, do grupo Nature.

O estudo integra a tese de doutorado de Sabrina Fernandes Cardoso, estudante de Pós-Graduação em Biologia Celular e do Desenvolvimento da UFSC e bióloga da SES/SC, orientada pela professora Luísa Rona e pelo pesquisador da Fiocruz André Pitaluga, coordenadores do Laboratório Rona-Pitaluga. Participaram também os pesquisadores Maycon Neves e Dinair Couto-Lima, da Fiocruz, o professor Daniel Mansur e os pós-graduandos André Akira, Iara Pinheiro e Lucilene Granella, da UFSC.

Conforme o estudo, nos últimos anos, a reemergência da febre amarela impactou significativamente a saúde pública brasileira. Desde 2002, o vírus expandiu sua circulação, espalhando-se do Leste em direção ao Sul do país. Durante a expansão, foram registrados diversos surtos e milhares de mortes de primatas foram documentadas. Desde então, mais de 2.100 casos humanos foram relatados, com uma taxa de letalidade de aproximadamente 30% entre as pessoas que desenvolveram a doença em forma grave.
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Pesquisadores da UFSC apresentam nova hipótese para extinção da megafauna nos últimos 60 mil anos

13/11/2024 13:15

Estudo refuta a hipótese mais defendida até então, de que os humanos foram o principal fator responsável pelo processo de extinção da megafauna no Quartenário tardio. Foto: Thomas T. (CC BY-NC-SA)

Um estudo iniciado há 12 anos por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) revelou que as causas da extinção global de animais de grande porte — com mais de 44 kg — , conhecidos como megafauna, estão diretamente relacionadas com mudanças climáticas naturais que ocorreram entre os últimos 60 e 10 mil anos, durante o período geológico do Quaternário tardio. A conclusão refuta a hipótese mais defendida até então, de que a chegada dos grupos humanos aos continentes e ilhas foi o principal fator responsável pelo processo de extinção da megafauna no planeta.

O artigo Seasonality and desertification drove the global extinction of megafauna in the late Quaternary, ou Sazonalidade e desertificação levaram à extinção global da megafauna no Quaternário tardio em português, foi publicado em setembro deste ano na revista científica Quaternary Science Reviews. O estudo contou com a participação de seis pesquisadores brasileiros de universidades federais, três deles da UFSC: Maurício Graipel e Jorge Cherem, do Centro de Ciências Biológicas (CCB), e Paul Momsen Miller, do Centro de Ciências Agrárias (CCA). 

A pesquisa aponta que a dispersão humana nos continentes e ilhas ocorreu simultaneamente a momentos críticos nos parâmetros de obliquidade da Terra (ângulo de inclinação do planeta em relação ao Sol) e a baixos níveis atmosféricos de gás carbônico (CO2), que ocasionaram períodos de alta sazonalidade e desertificações no globo.
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Peixes contaminados com mercúrio colocam saúde da população amazônica em risco, indica estudo

12/11/2024 14:09

Maioria dos peixes com maior concentração de mercúrio foi coletada em áreas de garimpo ilegal. Foto: Ibama

Um artigo publicado na revista científica internacional Journal of Trace Elements and Minerals alerta para o alto risco que a população da Amazônia apresenta de contaminação por exposição crônica ao metilmercúrio, uma das formas mais tóxicas do mercúrio, por meio do consumo de peixes da região. O estudo investigou os níveis de mercúrio total e metilmercúrio em peixes da Amazônia brasileira e realizou uma avaliação de exposição e caracterização de risco da população local. Como resultado, todos os cálculos de ingestão diária excederam – e muito – a dose de referência considerada segura para o consumo de metilmercúrio. Os cientistas também elaboraram um mapa georreferenciado, no qual é possível observar a relação entre o grau de contaminação dos peixes e as áreas de atividade de garimpo – principalmente do ilegal.

“O peixe faz parte da alimentação diária de boa parte da população amazônica, em especial a população ribeirinha. Dizer que há um elevado risco de exposição crônica ao metilmercúrio através do consumo de peixes amazônicos significa dizer que a população está ingerindo concentrações elevadas e diárias de metilmercúrio através do peixe, o que pode comprometer a sua saúde a longo prazo”, enfatiza a doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência dos Alimentos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Milena Dutra Pierezan, coautora do artigo.

A exposição crônica ao metilmercúrio pode levar a danos neurológicos graves e comprometer o desenvolvimento cognitivo, motor e sensorial, além de afetar a saúde cardiovascular e renal. A situação é ainda mais preocupante para gestantes e lactantes, já que o metilmercúrio pode atravessar a placenta e prejudicar o desenvolvimento do feto, levando à má-formação física ou funcional. O metilmercúrio também pode ser transferido ao leite materno e ser ingerido pelo bebê, que ainda não possui o organismo preparado para lidar com o contaminante.
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Pesquisadores da UFSC revelam impactos das barragens na diversidade de florestas ribeirinhas da Mata Atlântica

07/11/2024 15:15

Estudo constatou que a presença de barragens reduz a variação de espécies em nível regional. Foto: Lucas Ninno / Diálogo Chino

Um estudo traz novos dados sobre como as barragens afetam a diversidade de árvores em florestas ribeirinhas da Mata Atlântica no Sul do Brasil. A pesquisa, publicada em outubro na revista científica Scientific Reports, foi conduzida por Mariah Wuerges, Eduarda Mantovani-Silva, Nivaldo Peroni e Eduardo L. H. Giehl, do Programa de Pós-Graduação em Ecologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O trabalho faz parte da pesquisa de doutorado de Mariah e integra as investigações dos laboratórios de Diversidade e Conservação e de Ecologia Humana e Etnobotânica.

O artigo examina como as barragens impactam a diversidade local e regional das florestas ao longo de uma bacia hidrográfica. Entre os principais achados, os pesquisadores constataram que a presença de barragens resulta em uma homogeneização regional — isto é, reduz a variação de espécies entre diferentes áreas — enquanto, em nível local, promove uma heterogeneização temporária das florestas. Essa resposta levanta novos desafios para a conservação.

“Desde o início do doutorado da Mariah, nossa ideia foi olhar para o efeito para além de uma só barragem, para ter um panorama mais amplo dos impactos. Nisso entram outras formas de medir a diversidade, que não se resumem apenas a contar quantas espécies temos, mas se são as mesmas espécies em cada local, ou se são espécies diferentes, o que na ecologia chamamos de diversidade beta”, aponta Eduardo Giehl, supervisor do trabalho.

O estudo revelou ainda que o alagamento permanente de áreas florestais, causado pelo represamento dos rios, degrada também as florestas que sobram na margem dos reservatórios. Um sintoma dessa degradação é a perda de diversidade beta pela diminuição variação de espécies entre locais, que se dá pelo favorecimento de espécies de árvores mais generalistas sobre as especialistas. Esse processo diminui a diversidade ecológica regionalmente, colocando em risco importantes funções ecológicas que essas florestas desempenham, como a manutenção da biodiversidade e o suporte à fauna local.

“Nosso estudo oferece uma base importante para entender como as barragens afetam diretamente não apenas os ambientes aquáticos, mas também as florestas que dependem do regime natural dos rios”, explica Mariah Wuerges. “Essas descobertas trazem novas visões para o planejamento de medidas de mitigação e compensação de obras como barragens, que deveriam passar a incluir a diversidade beta nos processos de estudo e licenciamento ambiental.”

O estudo propõe ainda que políticas de conservação devem considerar esses impactos na diversidade beta e sugere métodos mais abrangentes de avaliação de impacto ambiental. A pesquisa é uma contribuição essencial para compreender os efeitos em larga escala das barragens sobre a Mata Atlântica, um dos hotspots de biodiversidade mais ameaçados do mundo, e reforça a importância da preservação desses ecossistemas.

O artigo completo está disponível na Scientific Reports.

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Pesquisadora da UFSC analisa uso do termo ‘caseiro’ em embalagens de alimentos industrializados

11/10/2024 14:00

44,23% dos produtos analisados pertenciam à categoria de panificação, cereais, leguminosas, raízes, tubérculos e derivados, como pães, bolos, biscoitos e massas. Foto: Lifeforstock/Freepik

A nutricionista Rafaela Bertolazi Maritan realizou uma pesquisa que analisa alimentos industrializados intitulados como caseiros e compara os ingredientes listados em seus rótulos com os que são realmente usados em receitas culinárias tradicionais. Conduzido no Programa de Pós-Graduação em Nutrição da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o estudo demonstrou que a maior parte dos alimentos com o termo caseiro presente na embalagem é considerada ultraprocessada e com alto teor de açúcar, sal e/ou gorduras.

O trabalho intitulado Comparação entre os ingredientes listados nos rótulos de alimentos industrializados com o termo caseiro e seus análogos com aqueles de receitas culinárias tradicionais foi desenvolvido ao longo de dois anos.
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Pesquisadores da UFSC descrevem nova espécie de planta exclusiva da Mata Atlântica

10/10/2024 13:05

Flores de um exemplar de Miconia leonarae, no Espírito Santo. Foto: reprodução/Renato Goldenberg

Pesquisadores do Laboratório de Sistemática Vegetal (LSV), do Departamento de Botânica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), descobriram e descreveram uma nova espécie de planta do gênero Miconia, exclusiva da Mata Atlântica. A Miconia leonorae foi nomeada em homenagem a Maria Leonor D’El Rei Souza, professora e pesquisadora aposentada da instituição. A pesquisa sobre a descoberta começou em 2020 e, neste ano, foi finalizada e publicada na revista científica Phytotaxa, dedicada ao registro de novas espécies da flora.

Miconia é um dos maiores gêneros botânicos do Brasil e do mundo, sendo nativo de regiões tropicais da América, composto por arbustos até árvores de grande porte. A espécie descrita pelos pesquisadores da UFSC varia de dois a 19 metros de altura e pertence à mesma família de plantas como o manacá e a quaresmeira, comuns em áreas de Mata Atlântica. 

Diferentemente da maioria das descobertas atuais de novas espécies, a Miconia leonorae possui uma abrangência geográfica relativamente ampla. O estudo, realizado pelos pesquisadores Ana Flávia Augustin, Eduardo Koerich Nery e Mayara Caddah, encontrou registros da planta nos estados do Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.
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Estudante da UFSC participa de estudo que busca desenvolver medicamentos contra obesidade

30/09/2024 13:21

Milena no Laboratório de Investigação de Doenças Crônicas (LIDoC) da UFSC. Foto: Acervo pessoal

A estudante do curso de Farmácia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Milena dos Santos Almeida é coautora de uma pesquisa publicada na revista científica NatureO estudo Dissociable hindbrain GLP1R circuits for satiety and aversion, ou Circuitos GLP1R dissociáveis ​​do tronco encefálico para saciedade e aversão em português, investigou regiões do cérebro ligadas à saciedade e à aversão alimentar e revelou que estas áreas possuem funções separáveis na aplicação de fármacos. A descoberta implica na possibilidade de desenvolvimento de novos medicamentos mais seguros e eficazes para a perda de peso, livres de sensação de náusea e vômito, efeitos colaterais comuns de remédios disponibilizados atualmente pela indústria farmacêutica, como Ozempic e Wegovy.

A pesquisa foi desenvolvida no Laboratório Alhadeff, coordenado pela professora Amber Alhadeff, no Monell Chemical Senses Center da Universidade da Pensilvânia (Upenn), nos Estados Unidos, e contou com a colaboração da professora Alice Adriaenssens da University College of London (UCL), de Londres, na Inglaterra.

Segundo Milena, o estudo partiu da discussão do uso de fármacos para a perda de peso que utilizam semaglutida, uma substância sintética análoga ao peptídeo semelhante ao glucagon (GLP1), um hormônio produzido pelo intestino que, dentre diversos efeitos fisiológicos, é responsável por sinalizar ao cérebro que estamos alimentados, reduzindo o apetite e aumentando a sensação de saciedade. “Se sabe que no cérebro há regiões com bastante concentração de receptores para o GLP1, que foram centrais para o nosso estudo, como o tronco encefálico, que é uma região mais posterior do cérebro, e o hipotálamo, que fica na porção mais central. Essas regiões estão muito envolvidas na questão da regulação da ingestão alimentar, no balanço entre a fome e a saciedade”, explica Milena.
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Cientificamente Falando: como enxergamos bem menos cores do que existem no mundo

26/09/2024 11:04

A série de vídeo animados Cientificamente Falando, produzida pela Agência de Comunicação (Agecom) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), divulgou nesta quinta-feira, 26 de setembro, mais um episódio de divulgação científica. Intitulado O mundo é mais colorido do que vemos, o vídeo animado explica em poucos minutos por que o mundo tem muito mais cores do que conseguimos enxergar.

Para isso, o episódio explica como funciona a visão dos seres vivos, como captamos luz e cor e como alguns seres humanos podem enxergar até 100 vezes mais cores do que a maioria. Confira o quinto episódio da série Cientificamente Falando no Youtube da UFSC:

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UFSC apoia projeto que une estudantes e profissionais na promoção da ciência cidadã

29/07/2024 13:54

Alunos da escola levam materiais para a coleta de resíduos do manguezal. Foto: Ariclenes Patté/Agecom/UFSC

Em um dia ensolarado de outono, 18 alunos da Escola Básica Municipal (EBM) Professora Herondina Medeiros Zeferino exploraram uma área de manguezal em Florianópolis para aprender sobre o ecossistema e colher amostras do ambiente. Com direito a sorteio de brindes e lanche coletivo, a saída de campo fez parte de uma iniciativa que já alcançou mais de 500 pessoas  na promoção da ciência cidadã, uma abordagem que consiste na parceria entre cidadãos e profissionais na coleta de dados para a pesquisa científica. Com foco em educação climática, manguezal e ecossistemas associados, a ação foi realizada pelo Projeto Raízes da Cooperação, com apoio do programa de extensão Ecoando Sustentabilidade e o Programa de Pós-Graduação em Oceanografia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).  

Área de manguezal do rio Ratones, no norte da ilha de Florianópolis. Foto: Ariclenes Patté/Agecom/UFSC

A atividade de campo integra um processo formativo que ajuda educadores no desenvolvimento da ciência cidadã em espaços escolares e unidades de conservação. O processo é dividido em quatro etapas: curso teórico gratuito online e presencial (finalizado em 2023); aulas práticas com saídas de campo; apoio na realização de estratégias de ação e projetos que estão sendo desenvolvidos pelos cursistas; e um evento final “Conectando com outras raízes”, que acontecerá no final deste ano.

Durante a saída, que aconteceu em 28 de maio, os alunos do Ensino Fundamental da EBM Professora Herondina, com idades de 9 a 13 anos, foram orientados pelas professoras Ana Maria Vasconcelos e Alessandra Tacol enquanto exploravam a área de manguezal do rio Ratones. O perímetro faz parte da Estação Ecológica de Carijós, localizada ao norte da ilha de Florianópolis.

A gestora de Educação e Ciência Cidadã do projeto, Maya Ribeiro Baggio, também esteve presente para prestar apoio na atividade, juntamente com três estudantes do Ensino Médio que participam do projeto como monitores pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC). A equipe levou camisetas, bonés e cadernos do projeto para distribuir entre as crianças por meio de um sorteio onde ninguém saiu de mãos abanando. 

Maya (à direita), Alessandra (à esquerda) e uma aluna seguram camisetas do projeto Raízes da Cooperação durante sorteio de brindes. Foto: Ariclenes Patté/Agecom/UFSC

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Cooperação é a chave para antecipar futuras pandemias, diz pesquisadora da UFSC

17/06/2024 17:21

Ilustração: Laura Araújo/NADC/UFSC.

Em 2020, a Covid-19 tomou o mundo de surpresa. De repente, todos tiveram que se adaptar a uma nova realidade, com os desafios do isolamento físico e os cuidados sanitários constantes. Caso já houvesse protocolos de ação mais efetivos para conter o coronavírus e lidar com suas consequências antes da pandemia ser oficialmente declarada, será que essa adaptação teria sido mais fácil e rápida, e o custo social e econômico seria menor?  

Com esse questionamento em mente, Marcia Grisotti – doutora em Sociologia e professora do Departamento de Sociologia e Ciência Política da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) – desenvolveu o projeto Sentinelas de pandemias: vigilância em saúde e controle de doenças de origem zoonótica, vinculado ao núcleo de pesquisa Ecologia Humana e Sociologia da Saúde em parceria com o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Brasil Plural. 

Sentinelas são ações de grupos, instituições ou indivíduos que antecipam e se preparam para eventos, esperados ou incertos. No caso das ações sentinelas de epidemias, a ideia é identificar os grupos de especialistas e fomentar a cooperação entre eles e os serviços de vigilância em saúde para controlar a disseminação de epidemias, monitorando microorganismos, reservatórios e vetores de doenças que podem se alastrar em meio à população. O objetivo do Sentinelas de pandemias é analisar os dispositivos de vigilância em saúde usados no estado de Santa Catarina para enfrentar doenças transmissíveis de origem zoonótica – ou seja, que passam de animais para humanos e vice-versa. Além disso, o projeto também pretende identificar as experiências de antecipação e preparação de pandemias regionais, nacionais e internacionais, considerando obstáculos, potencialidades e desafios na vigilância de pessoas, animais e reservatórios de doenças.
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Projeto Imagine da UFSC é classificado para etapa final de prêmio do governo francês

09/04/2024 10:18

Estudantes do Collège Aliénor d’Aquitaine de Salles, interior da França. Foto: Divulgação.

O projeto Imagine, criado na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e vinculado ao Departamento de Biologia Celular, Embriologia e Genética do Centro de Ciências Biológicas (CCB), foi classificado para a etapa final do Prêmio C Génial,  um concurso nacional de ciências para alunos do ensino fundamental II (Collège) e médio (Lycée), instituído pelo programa “Ciências na Escola” do governo francês. 

 A vitória é resultado da inclusão da oficina “Imagine a biodiversidade em escala molecular” em uma escola rural na França, a qual foi realizada em vínculo à disciplina de graduação “As Línguas da Ciência” na Universidade de Bordeaux, ministrada pelo coordenador do projeto, André Ramos.
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UFSC estuda substâncias da cannabis para tratamento de Parkinson e Alzheimer

05/03/2024 15:00

Pacientes com Parkinson são avaliados em Florianópolis e Rio do Sul. Foto: divulgação

Cientistas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) conduzem os maiores ensaios clínicos do mundo para avaliar como o uso de substâncias extraídas da Cannabis sativa, a planta da maconha, podem colaborar para o tratamento das doenças de Parkinson e Alzheimer. No total, 140 pacientes participarão dos dois estudos – 70 com cada doença. Os testes devem durar cerca de três anos e envolvem pesquisadores de três instituições e avaliações em Florianópolis (SC), Rio do Sul (SC) e Foz do Iguaçu (PR).

O pioneirismo dos estudos está justamente no prazo de duração e no número de participantes. “Normalmente os estudos clínicos são feitos com um número pequeno de pacientes. Os realizados até agora com canabinoides e Parkinson e Alzheimer estão na faixa de 15 a 20 pacientes”, comenta o professor Rui Prediger, coordenador do estudo no âmbito da UFSC.

“A outra grande novidade do nosso desenho é essa avaliação de longo prazo. Por várias dificuldades, tanto de recursos, como de manter os pacientes aderindo a um estudo de longo prazo, a grande maioria dos ensaios é avaliado por no máximo seis meses. Um período curto. O nosso trabalho vai avaliar esses efeitos dos canabinoides por três anos. Então esse também é um diferencial, porque sabemos que às vezes um tratamento pode ser eficaz no início, mas o benefício não se manter a longo prazo. De fato, a gente não tem um estudo ainda avaliando isso, se a longo prazo esses canabinoides são eficazes para o Parkinson e o Alzheimer”, complementa o pesquisador.
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UFSC Curitibanos prepara catálogo com milhares de amostras de solo catarinense

29/02/2024 15:21

Caracterização vai impactar em benefícios ao agricultor, como a correta adubação da terra que será cultivada. Foto: divulgação

Tem biblioteca, videoteca, discoteca, brinquedoteca e até cinemateca – embora, convenhamos, algumas em desuso. Em breve também vai ter, pelo menos em Santa Catarina, a soloteca. Oriundo do grego Theke, teca significa um lugar de guardar, um depósito, receptáculo. Biblioteca é para livros; videoteca, vídeos; discoteca, discos; brinquedoteca, brinquedos; e soloteca, claro, solos.

Cofinanciado pela Bayer e com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Extensão Universitária (Fapeu) na gestão de recursos, o projeto de pesquisa Aplicação de modelos de aprendizagem via máquina de dados de sensoriamento proximal do solo, desenvolvido na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), está identificando e catalogando 6 mil amostras de solo catarinense originalmente coletadas pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) no programa Microbacias 2.

O projeto é apoiado pela Bayer por meio do programa Grants4Ag, uma iniciativa anual da empresa alemã que oferece financiamento e experiência a pesquisadores que desenvolvem novas soluções para a agricultura. A proposta inclui a redução de carbono na agricultura ao incentivar o aumento dos teores de matéria orgânica nos solos agrícolas.
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Tags: fapeuPrograma de Pós-Graduação em Ecossistemas Agrícolas e NaturaissoloUFSCUFSC CuritibanosUniversidade Federal de Santa Catarina

Estudo da UFSC na Nature traz de forma inédita os limites para se evitar colapso na Amazônia

14/02/2024 20:49

Vista de drone do Rio Amônia e floresta amazônica, no Peru (Foto: Andre Dib)

Uma abordagem inédita e holística sobre a resiliência da Floresta Amazônica desenvolvida por uma equipe de cientistas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e de outras instituições é destaque na revista Nature, um dos periódicos científicos mais relevantes do mundo. A pesquisa faz uma revisão de dados completa e traça cenários a partir do mapeamento de cinco elementos de stress que afetam a região: o aquecimento global, a chuva anual, a intensidade da sazonalidade das chuvas, a duração da estação seca e o desmatamento acumulado. Além disso, aponta caminhos possíveis para uma mudança de cenário que possa evitar o colapso. A estimativa é de que, nos próximos 25 anos, de 10% a 47% da Amazônia possam chegar a um ponto de não retorno, com transições inesperadas na paisagem.

A pesquisa é liderada pelo cientista Bernardo Monteiro Flores, que faz pós-doutorado em Ecologia na UFSC, com supervisão da professora Marina Hirota, co-autora do estudo. Além deles, Catarina Jakovac, do Departamento de Fitotecnia, e Carolina Levis, do Programa de Pós-Graduação em Ecologia, também assinam o artigo, que conta com a autoria de cientistas renomados, incluindo um dos especialistas brasileiro em climatologia mais citados no mundo, Carlos Nobre.
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Técnica desenvolvida na UFSC pode transformar substância do Ipê Roxo em tratamento contra câncer

07/12/2023 13:10

Extraída do Ipê Roxo, molécula β-lapachona tem conhecidas propriedades anticancerígenas. Foto: Ojsandeus/Wikimedia Commons

Uma nova reação química, desenvolvida em um laboratório da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), pode transformar uma substância extraída de uma árvore nativa da América do Sul em um medicamento para tratamento de câncer. A pesquisa ainda está em fase inicial, mas os primeiros resultados são promissores. Realizado no Laboratório de Catálise Biomimética (Lacbio) em parceria com instituições da Inglaterra, de Portugal e da Espanha, o trabalho fez parte da tese de doutorado de Gean Michel Dal Forno, realizada no Programa de Pós-Graduação em Química sob orientação do professor Josiel Barbosa Domingos, e já rendeu uma menção honrosa no Prêmio Capes de Tese, duas publicações em revistas científicas internacionais e um registro de patente.

Com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento de terapias contra o câncer que tenham menos efeitos colaterais que os tratamentos convencionais, os pesquisadores criaram uma nova metodologia de ativação de uma molécula chamada β-lapachona, encontrada no Ipê Roxo. A substância tem baixo custo de extração e conhecidas propriedades anticancerígenas, no entanto, não pode ser usada em sua forma natural. “Por que a β-lapachona nunca avançou em testes? Porque ela não ataca só a célula do câncer. Ela também ataca outras células do corpo humano, fazendo com que se tenha efeitos colaterais muito graves. Então não vale a pena usar ela como um fármaco”, comenta Gean. 

Por isso, foi preciso buscar uma maneira de fazer com que a β-lapachona afetasse somente as células do câncer. O primeiro passo foi desativar a molécula, transformando-a em um pró-fármaco, uma substância que entra no corpo de forma inativa, para ser ativada depois, em condições específicas – no caso dessa pesquisa, somente quando em contato com o tumor. “O que a gente faz é pegar essa molécula e fazer uma transformação química. Então, no laboratório, a gente desenvolve uma reação que vai fazer uma pequena alteração na estrutura e faz com que essa molécula deixe de ser um fármaco. Nesse caso, eu tenho pró-fármaco, que é um fármaco que foi modificado para perder sua atividade contra o alvo”, resume o pesquisador.
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Estudo da UFSC indica que consumo de juçara pode melhorar desempenho de atletas

28/11/2023 15:58

Parecido com o açaí, o fruto juçara é rico em substâncias bioativas e compostos antioxidantes. Foto: Vannuchi et al

Uma pesquisa desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Nutrição (PPGN) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) demonstrou que o consumo do fruto juçara tem efeitos antioxidantes e pode trazer benefícios para o desempenho de atletas. Os testes foram realizados com 20 ciclistas treinados e fizeram parte da tese de doutorado de Cândice Laís Knöner Copetti, orientada pela professora Patricia Faria Di Pietro, coordenadora do Grupo de Estudos em Nutrição e Estresse Oxidativo (Geneo), e coorientada pelo professor Fernando Diefenthaeler, do Programa de Pós-Graduação em Educação Física.

Nativa da Mata Atlântica, a juçara é um alimento parecido com o açaí em aparência e sabor. Altamente nutritivo, o fruto é rico em compostos bioativos (substâncias que não são essenciais para o funcionamento do corpo, mas fazem bem para a saúde), especialmente em antocianinas. 

“As antocianinas são pigmentos encontrados em vegetais, frutas e flores, responsáveis pelas cores vermelha, azul e roxa, e têm sido associadas a benefícios para saúde pelos seus efeitos antioxidantes”, explica Cândice. Outros estudos já indicaram que as antocianinas aumentam o fluxo sanguíneo durante o exercício, reduzem os efeitos dos mecanismos de fadiga e melhoram o consumo de oxigênio e o desempenho, especialmente de exercícios praticados por um longo período de tempo.
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Podcast apresenta legado de mulheres negras que fizeram e que fazem a história de SC

20/11/2023 14:01

Arte: Audrey Schmitz, sobre obra de Valda Costa

Neste 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, o podcast UFSC Ciência apresenta algumas das mulheres negras que fizeram e que fazem a história de Santa Catarina. Produzido pela Agência de Comunicação da Universidade Federal de Santa Catarina (Agecom/UFSC), o episódio Legado delas, fala sobre as trajetórias de sete mulheres que impactam a arte, a educação, a ciência e a política:

  • Antonieta de Barros (1901-1952) foi professora, jornalista e a primeira mulher negra a ser eleita deputada no Brasil;
  • Neide Maria Rosa (1936-1994) foi uma cantora de projeção nacional que deixou músicas que tratam de questões raciais, de exaltação ao samba e ao morro e de autoafirmação;
  • Valda Costa (1951-1993) foi enfermeira, cabeleireira, mãe e talentosa artista plástica que retratou a população dos morros de Florianópolis;
  • Jaqueline Conceição da Silva é pedagoga, mestre em educação, pesquisadora no doutorado em Antropologia da UFSC e empreendedora no Coletivo Di Jeje;
  • Maiara Gonçalves, doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Biologia de Fungos, Algas e Plantas da UFSC, pesquisa segurança alimentar e relação com as plantas na Comunidade Remanescente de Quilombo São Roque;
  • Tânia Ramos, além de ser a primeira vereadora negra da história de Florianópolis, já trabalhou em diversas funções na escola de samba Unidos da Coloninha, desde a costura até a presidência;
  • Tercília dos Santos é artista e uma das grandes referências em arte naïf no Brasil.

O episódio é uma produção das estudantes de Jornalismo e estagiárias da Agecom Letícia Schlemper e Suellen Lima. Ouça no site, pelo  Spotify ou em outras plataformas.

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Podcast Flash UFSC discute amor, paixões e relacionamentos

31/08/2023 14:01

Arte: Jalize Pinheiro Medeiros e Audrey Schmitz

A Agência de Comunicação da Universidade Federal de Santa Catarina (Agecom/UFSC) publicou nesta quinta-feira, 31 de agosto, o segundo episódio do podcast Flash UFSC. Intitulado Bad Romance, o podcast explica o porquê de nos relacionarmos com outras pessoas e o que acontece em nosso corpo quando nos apaixonamos. 

Quem ajuda a entender o que acontece nessas aventuras de dopamina, prazer e dor são a professora do Departamento de Filosofia da UFSC Maria de Lourdes Borges e a psiquiatra e professora do Departamento de Clínica Médica da UFSC Ana Maria Michels. O episódio foi produzido pelas estudantes de Jornalismo e estagiárias da Agecom Leticia Schlemper e Lethicia Siqueira.

A cada duas semanas, o Flash UFSC traz informações sobre ciência, cultura e arte em episódios de até sete minutos de duração. Ouça no site, pelo Spotify ou em outras plataformas.

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UFSC, MME e Cooperação Brasil-Alemanha inauguram usina de hidrogênio verde em SC

23/08/2023 15:05

Usina fica localizada no Sapiens Parque, em Florianópolis. Foto: divulgação

Já está em operação a primeira usina de Hidrogênio Verde de Santa Catarina, localizada no Laboratório Fotovoltaica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), no Sapiens Parque, em Florianópolis. Considerado o combustível do futuro, por conta da forma sustentável como ocorre sua produção, o hidrogênio está sendo produzido no novo bloco do laboratório, que recebeu investimentos de R$14 milhões. O espaço será inaugurado nesta sexta-feira, 25 de agosto, às 10h30, com a participação de representante do Ministério de Minas e Energia (MME), da ministra-conselheira e chefe da Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável, Petra Schmidt, e representantes da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ), empresa alemã que implementa os projetos da Cooperação no Brasil.

Essa cooperação faz parte do Projeto H2Brasil, que integra a Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável e é implementado pela GIZ em parceria com o MME. O objetivo do projeto é apoiar a expansão do mercado de hidrogênio verde (H2V) no país.

“O hidrogênio verde inaugura uma nova agenda de desenvolvimento econômico, social e ambiental no Brasil. O Programa Nacional do Hidrogênio (PNH2) é um marco fundamental na estratégia do Brasil para liderar a transição energética no mundo. Além de trazer mais segurança energética, uma produção mais limpa, com baixo teor de carbono associado, contribui para a redução das emissões de gases de efeito estufa, alinhando-se aos compromissos ambientais internacionais assumidos pelo Brasil”, afirmou o ministro Alexandre Silveira.
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