Pesquisa da UFSC mostra que plástico PET intoxica microcrustáceo na base da cadeia alimentar

07/03/2025 16:28

Estudo foi realizado no Laboratório de Toxicologia Ambiental (Labtox). Foto: Gustavo Diehl/Agecom/UFSC

Um estudo conduzido no Laboratório de Toxicologia Ambiental (Labtox) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) revelou que o descarte inadequado de garrafas PET pode causar uma série de efeitos tóxicos em um pequeno crustáceo de água doce, a dáfnia. Por meio de testes em laboratório, os pesquisadores mostraram que a degradação do PET na água causa danos em células e mitocôndrias e afeta a reprodução, a alimentação e a locomoção desses animais, que estão na base da cadeia alimentar. Os resultados foram publicados na revista científica internacional Science of The Total Environment e fizeram parte da pesquisa de doutorado de Bianca Vicente Costa Oscar, desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental.

“Pela literatura, a gente já sabe que os materiais plásticos, quando são liberados na água, sofrem fragmentação e liberam compostos químicos. Só que até que ponto essa fragmentação, cada vez em pedaços menores, interfere no organismo dos animais? E até que ponto esses compostos que o PET libera interferem também na vida do animal?”, questiona Bianca.

O animal escolhido para os testes foi a dáfnia (mais especificamente a espécie Daphnia magna), um microcrustáceo que pode chegar a cinco milímetros de comprimento. Elas vivem em água doce e se alimentam de partículas finas de matéria orgânica em suspensão, incluindo leveduras, bactérias e microalgas. Por outro lado, servem de alimento a peixes e diversos outros animais aquáticos. Então, qualquer impacto na população de dáfnias pode desequilibrar toda a cadeia alimentar. 
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Pesquisa da UFSC indica que resíduos da reciclagem podem ser utilizados na geração de energia para a indústria

07/02/2022 11:17

Pesquisadora fez um estudo de viabilidade a partir do que os recicladores descartavam no processo (Fotos: acervo pessoal)

Minimizar um problema ambiental, gerar energia limpa e contribuir economicamente com cooperativas de trabalhadores que reciclam resíduos – o ciclo virtuoso da utilização de rejeitos da coleta seletiva para produzir energia foi o foco da pesquisa de mestrado de Eduarda Piaia, defendida no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental da Universidade Federal de Santa Catarina. Ela avaliou a viabilidade da produção dos chamados Combustíveis Derivados de Resíduos (CDR) a partir de um estudo realizado junto a Associações de Catadores de Materiais Recicláveis. O trabalho foi orientado pelo professor Armando Borges de Castilhos Júnior e pode contribuir com as metas da indústria cimenteira para a redução da poluição atmosférica por CO2.

Como resultado, Eduarda identificou que o processo é promissor, mas que, para compensar o custo da instalação de uma planta que transforme lixo em energia, é necessário um grande volume de rejeitos – o que implicaria em estratégias que envolvessem mais de uma cidade na produção. Na prática, essa planta utilizaria os rejeitos coletados no processo de reciclagem, hoje encaminhados para aterros sanitários, para gerar combustível para as indústrias de cimento.

A pesquisadora tem estudado os resíduos sólidos desde o seu trabalho de conclusão de curso, desenvolvido em 2016, também na UFSC. Sua preocupação, até então, era compreender porque o material coletado na cidade e que chegava aos recicladores tinha tantos itens que não podiam ser comercializados e eram descartados. De roupas a matéria orgânica, passando por plásticos específicos que não encontram compradores, esses materiais se perdem no processo e retornam aos aterros sanitários, já sobrecarregados.

Em 2019, no entanto, uma portaria interministerial passou a disciplinar a recuperação energética de resíduos sólidos urbanos, o que seria uma alternativa ao aterramento de resíduos. “Era um assunto super novo e poucas pessoas estavam estudando isso naquele momento. Por uma sugestão do meu orientador, decidi fazer esse estudo de viabilidade técnica, analisando os rejeitos e sua possibilidade de geração de energia”.

Ela já sabia, por conta do TCC, os tipos de rejeitos que chegavam até as cooperativas. Naquele estudo, Eduarda esteve em campo com os recicladores durante o processo de seleção dos materiais que poderiam ser vendidos. Cerca de 20% do material acabava não sendo aproveitado – e foi justamente em torno desse percentual que ela decidiu concentrar suas análises na dissertação.

Para a produção do CDR, a pesquisadora concentrou sua análise na investigação de parâmetros que a levaram a compreender o potencial de geração de energia dos resíduos. A investigação sobre a quantidade de cloro, de mercúrio e do potencial calorífico dos rejeitos fez parte do estudo, que também se baseou nas normas internacionais e na norma ABNT NBR 16.849/2020 para chegar aos resultados.

Amostras e resultados

A pesquisadora coletou, para o estudo, diferentes amostras em três associações de recicladores de Florianópolis: no Norte e Sul da Ilha e na região central. No total, foram 24 amostras de cada associação, separadas em dez categorias, de acordo com o tipo de resíduo coletado.

Eduarda ressalta que alguns tipos de plástico também são descartados como rejeitos, como os de embalagem de macarrão, por exemplo. Mas há outros tipos de materiais que chegam nas associações, como papel higiênico, pilhas, lâmpadas, etc. “Cada cidade e cada região tem uma característica diferente quanto aos rejeitos e, por consequência, um potencial diferente tanto para a reciclagem quanto para o aproveitamento energético”, explica.

As amostras coletadas na pesquisa foram trituradas e levadas para o laboratório. Como principais resultados, o estudo constatou que 60,27% dos rejeitos das associações de catadores do município de Florianópolis podem ser utilizados para a recuperação energética. Entre aqueles a serem aproveitados no processo, 75,26% são embalagens de macarrão e biscoitos, de bolo e papel, que possuem como principal componente do polipropileno (PP) ou película de polipropileno biorientada (BOPP). A pesquisa também indica a necessidade de trituração antes da utilização direta dos rejeitos em fornos de cimenteiras, devido às especificações do processo produtivo.

Outra preocupação da investigação foi estimar as emissões atmosféricas evitadas ao se substituir o combustível convencional de cimenteiras pelo CDR em três cenários baseados nas metas do setor cimenteiro para a substituição de combustíveis fósseis por combustíveis alternativos. Como resultado, verificou-se que em um dos cenários seria possível reduzir em 14,73% a emissão de CO2 no ar.

A pesquisa sugere, como recomendação, que se realizem estudos semelhantes com os resíduos que chegam ao aterro sanitário de Biguaçu, que recebe material de toda a grande Florianópolis e poderia gerar um montante suficiente para justificar um empreendimento desse porte. “Eventualmente, as cidades de Blumenau e Itajaí poderiam, tal como Florianópolis, compor uma massa de rejeitos interessante para o uso como CDR”, indica.

A pesquisadora ainda lembra que além de contribuir com a geração de uma energia mais limpa e com a redução da utilização de aterros, o processo poderia representar possibilidade de renda extra para os recicladores, já que o material, antes desperdiçado, pode passar a ter um custo, garantindo benefícios econômicos ao trabalhador. “A chave para que dê certo é que se conheça a composição gravimétrica dos rejeitos, por isso a importância de se fazer estudos em diferentes regiões”, finaliza.

Amanda Miranda/Jornalista da Agecom/UFSC

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Mestranda da UFSC é premiada por artigo sobre impactos da Covid-19 na coleta seletiva de Florianópolis

10/02/2021 08:30

Eduarda Piaia foi uma das sete pessoas selecionadas para a bolsa de estudos. Imagem: divulgação

Mestranda do Programa de Pós-graduação em Engenharia Ambiental da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Eduarda Piaia foi uma das sete selecionadas – a única da América Latina – para uma bolsa de estudos na escola de inverno da International Solid Waste Association (ISWA) e do Solid Waste Institute for Sustainability (SWIS) da Universidade do Texas. O artigo intitulado Os impactos da Covid-19 na coleta seletiva de um município do Brasil: estudo de caso da cidade de Florianópolis, Santa Catarina foi etapa definitiva do processo seletivo, que reuniu concorrentes de todo o mundo. 

A escola ocorrerá nas cidades de Irving, Garland, Lubbock e Grand Prairie, no estado do Texas, Estados Unidos, de 17 e 28 de janeiro de 2022. Com um programa que inclui diversas visitas técnicas e troca de experiências, seu objetivo é fornecer conhecimento avançado no campo da gestão de resíduos para um público internacional de especialistas em resíduos sólidos. Na edição de 2020, participaram representantes de 75 países.

“Acredito que o curso irá agregar muito para o meu currículo, para a minha experiência na área de resíduos sólidos e vai me proporcionar uma vivência com pesquisadores e profissionais da área de resíduos sólidos de todo o mundo. Além disso, como o curso também conta com visitas de campo, vou ter a oportunidade de conhecer como é o gerenciamento de resíduos sólidos em uma realidade muito diferente do Brasil”, afirma Eduarda. 

Covid-19 e coleta seletiva

Além de quantificar os resíduos recicláveis coletados na capital catarinense entre janeiro e outubro de 2020, o estudo premiado traz discussões acerca dos riscos a que os catadores estão expostos e dos impactos financeiros que a diminuição do montante de resíduos provocou nas associações de catadores, especialmente nos primeiros meses de pandemia. O trabalho se baseou em dados da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes) e da Autarquia de Melhoramentos da Capital (Comcap) e contou com a colaboração dos professores Armando Borges de Castilhos Júnior, do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFSC, e Willian Cezar Nadaleti, do Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel), respectivamente, orientador e coorientador de Eduarda.
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Doutora pela UFSC vence prêmio sobre inovação em tecnologias ambientais

30/04/2013 16:40

A professora Lucila Adriani Coral, doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental (PPGEA) da Universidade Federal de Santa Catarina, foi a vencedora do Prêmio Enfil “Inovação em Tecnologias Ambientais”. Sua tese foi defendida em dezembro de 2012 e tem como título “Avaliação da Pré-ozonização no controle de Cianobactérias e degradação de Microcistinas”.

A tese enfoca a purificação de água superficiais, em ambientes com excesso de nutrientes e com presença de cianobactérias. Seu diferencial foi aplicar o ozônio como uma etapa de pré-tratamento, como alternativa para evitar que a presença de cianotoxinas e reduzir o número de células ao final do tratamento das águas.

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