Pesquisadores da UFSC apresentam nova hipótese para extinção da megafauna nos últimos 60 mil anos

13/11/2024 13:15

Estudo refuta a hipótese mais defendida até então, de que os humanos foram o principal fator responsável pelo processo de extinção da megafauna no Quartenário tardio. Foto: Thomas T. (CC BY-NC-SA)

Um estudo iniciado há 12 anos por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) revelou que as causas da extinção global de animais de grande porte — com mais de 44 kg — , conhecidos como megafauna, estão diretamente relacionadas com mudanças climáticas naturais que ocorreram entre os últimos 60 e 10 mil anos, durante o período geológico do Quaternário tardio. A conclusão refuta a hipótese mais defendida até então, de que a chegada dos grupos humanos aos continentes e ilhas foi o principal fator responsável pelo processo de extinção da megafauna no planeta.

O artigo Seasonality and desertification drove the global extinction of megafauna in the late Quaternary, ou Sazonalidade e desertificação levaram à extinção global da megafauna no Quaternário tardio em português, foi publicado em setembro deste ano na revista científica Quaternary Science Reviews. O estudo contou com a participação de seis pesquisadores brasileiros de universidades federais, três deles da UFSC: Maurício Graipel e Jorge Cherem, do Centro de Ciências Biológicas (CCB), e Paul Momsen Miller, do Centro de Ciências Agrárias (CCA). 

A pesquisa aponta que a dispersão humana nos continentes e ilhas ocorreu simultaneamente a momentos críticos nos parâmetros de obliquidade da Terra (ângulo de inclinação do planeta em relação ao Sol) e a baixos níveis atmosféricos de gás carbônico (CO2), que ocasionaram períodos de alta sazonalidade e desertificações no globo.
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Cine Ciência UFSC exibe ‘Jurassic Park’ nesta quarta-feira

19/09/2023 08:12

O Cine Ciência UFSC exibe o filme “Jurassic Park” nesta quarta-feira, 20 de setembro, às 19h. A exibição é aberta a todos e ocorre no auditório Elke Hering, da Biblioteca Universitária. Após o filme, haverá debate com a participação de Alanna Maylle Cararo Luiz, mestranda do Programa de Pós-graduação em Biotecnologia e Biociências. O tema do debate será: “É possível reconstituir organismos extintos?”

O projeto de extensão universitária Cine Ciência UFSC tem a proposta de exibir filmes com temática científica, gerando debates e divulgação científica de qualidade. A atividade é organizada pelo estudante Hilario Júnior, orientada pelo professor Felipe Arretche, do departamento de Física – com o apoio do professor Raphael Hora, do departamento de Matemática, e do voluntário Alyson F.B.
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Cinedebate provoca reflexão sobre extinção em massa de espécies

29/06/2016 19:48
Foto: David Doubilet/Divulgação

Foto: Divulgação

O VII Cinedebate Jaguatirica exibiu na terça-feira, 28 de junho, o documentário Corrida contra a extinção (Racing Extinction, EUA, 2015). A projeção foi seguida de debate, com a participação da professora do curso de Filosofia, Maria Alice da Silva, e do mestrando em Direito, Rafael Speck. O filme é dirigido pelo cineasta norte-americano Louie Psihoyos, vencedor do Oscar de melhor documentário em 2010 pelo filme A Enseada (The Cove, EUA, 2009). Sua obra mais recente denuncia mercados clandestinos de animais ameaçados de extinção e expõe o ritmo acelerado do desaparecimento de milhares de espécies. O filme argumenta que o ser humano contribui direta e indiretamente para esse processo de extinção em massa. O Antropoceno, “época dos humanos”, seria o período mais recente e mais devastador da história do planeta — as sucessivas e intensas interferências na natureza terão consequências irreversíveis.

Para além de denunciar, Corrida contra a Extinção também propõe soluções. A divulgação de informações e sensibilização da população seria um caminho para a transformação. O próprio documentário, inclusive, tem o propósito de ser um instrumento de mobilização. Um dos entrevistados argumenta: “O mundo hoje é altamente visual. A imagem é transformadora, atinge milhares de pessoas e provoca a mudança.” Diversos ambientalistas, ativistas e pesquisadores participam do filme. Entre eles, destacam-se a primatóloga inglesa Jane Goodall; a escritora Elizabeth Kolbert, autora de A sexta extinção: uma história não natural; o fotógrafo da National Geographic Joel Sartore, idealizador do projeto Photo Ark, que tem por objetivo documentar o maior número possível de espécies antes de serem extintas.

Foto: Ítalo Padilha/Agecom/UFSC

Foto: Ítalo Padilha/Agecom/UFSC

Durante o debate, Rafael destacou a importância das saídas alternativas, das “linhas de fuga”, apresentadas no documentário. “Não é apenas um documentário, é um movimento. Existe uma crise de percepção, que é sistêmica. A violência contra os animais é estrutural e envolve todos os indivíduos. É preciso romper com esse olhar dicotômico e disseminar um olhar mais inclusivo. Como a Jane Goodall diz no filme: devemos buscar esperança na desesperança. A sensibilização é um caminho e ações pontuais podem se multiplicar.”

Maria Alice ponderou alguns dos aspectos apresentados no documentário. Para a professora, um animal não deve ser considerado valioso apenas por pertencer a uma espécie ameaçada. “O problema central é o antropocentrismo. E considerar uma espécie mais valiosa do que outra é ainda um olhar antropocêntrico. Todas as espécies são dignas, independentemente  de estarem em extinção ou não. A luta pelos direitos animais não é uma luta pelas espécies, mas sim uma luta por cada indivíduo. Cada um tem um valor intrínseco, insubstituível.” Maria Alice explicou que a ética tem uma função muito importante na sociedade, que é regular nossa convivência, oferecer regras sobre como agir. Entretanto, nossa ética sempre foi em função de uma vida harmoniosa para os humanos. “É necessário incluir os animais em nossa esfera de consideração moral. Não devemos nos preocupar apenas com algumas espécies, mas sim com todos os animais. Não são as espécies que são vulneráveis, mas sim os indivíduos que estão dentro dela.”

Foto: Ítalo Padilha/Agecom/UFSC

Foto: Ítalo Padilha/Agecom/UFSC

Os debatedores reforçaram a importância do investimento em uma educação ambiental e moral, além da aproximação do conhecimento produzido na universidade com o poder público — considerando que o poder público nem sempre tem o conhecimento técnico necessário para promover a mudança. Além de estudantes da graduação e pós-graduação, estiveram presentes no Cinedebate representantes da comunidade civil e das ONGs Ama Garopaba e Sea Shepherd. A atividade foi promovida pelo Observatório da Justiça Ecológica (OJE), grupo de pesquisa interdisciplinar coordenado pelas professoras Letícia Albuquerque e Paula Brügger. A próxima edição do Cinedebate está prevista para agosto.

Mais informações sobre o Cinedebate Jaguatirica aqui.

Mais informações sobre o OJE no Facebook.

Daniela Caniçali/Jornalista da Agecom/UFSC

daniela.canicali@ufsc.br

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