Aditivos alimentares têm risco potencial à saúde das crianças

14/06/2022 10:00

Em recente estudo publicado na Revista de Saúde Pública acerca do consumo de aditivos alimentares na infância (Aditivos alimentares na infância: uma revisão sobre consumo e consequências à saúde), é apontado que os aditivos comumente usados não costumam ser avaliados em conjunto, ou seja, cada pesquisa examina um tipo de aditivo separadamente. Logo, com as evidências científicas disponíveis, ainda não existe conhecimento sobre os efeitos à saúde, decorrentes do consumo diário de alimentos que tenham dois ou mais aditivos diferentes que interagem entre si e com os outros componentes do alimento industrializado.

Apesar disso, é com base nos poucos estudos existentes que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), agência reguladora ligada ao Ministério da Saúde, que atua com base nas recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), decide quais aditivos podem ser usados nos alimentos e qual quantidade é segura para consumo humano.

Estes aditivos alimentares são substâncias químicas adicionadas nos alimentos para fins tecnológicos, isto é, conservar, colorir ou intensificar a cor, melhorar textura, intensificar o sabor, controlar acidez, entre outras funções. Logo, os aditivos não conferem aos alimentos qualquer atribuição nutricional. No Brasil, há 23 classes de aditivos permitidas e, portanto, 23 funções diferentes que estas substâncias podem desempenhar nos alimentos. Todos eles são devidamente aprovados pela Anvisa.

Por trabalhar com dados científicos para produzir suas recomendações, a falta de evidência neste assunto dificulta a tarefa da Anvisa de estabelecer regras e instruções sobre o uso de aditivos em alimentos industrializados. No momento, os valores considerados seguros para o consumo humano são determinados pela quantidade de aditivo em relação ao peso corporal. Considerando que as crianças apresentam peso corporal proporcionalmente menor do que os adultos, a toxicidade dos aditivos pode ser maior nessa faixa etária.

“As crianças estão consumindo aditivo, desde o primeiro dia de vida delas”, relata a nutricionista Mariana Kraemer, autora do estudo, atuante no Núcleo de Pesquisa de Nutrição em Produção de Refeições e doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Nutrição da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) com bolsa da Capes.

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