Estudante da UFSC participa de estudo que busca desenvolver medicamentos contra obesidade

30/09/2024 13:21

Milena no Laboratório de Investigação de Doenças Crônicas (LIDoC) da UFSC. Foto: Acervo pessoal

A estudante do curso de Farmácia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Milena dos Santos Almeida é coautora de uma pesquisa publicada na revista científica NatureO estudo Dissociable hindbrain GLP1R circuits for satiety and aversion, ou Circuitos GLP1R dissociáveis ​​do tronco encefálico para saciedade e aversão em português, investigou regiões do cérebro ligadas à saciedade e à aversão alimentar e revelou que estas áreas possuem funções separáveis na aplicação de fármacos. A descoberta implica na possibilidade de desenvolvimento de novos medicamentos mais seguros e eficazes para a perda de peso, livres de sensação de náusea e vômito, efeitos colaterais comuns de remédios disponibilizados atualmente pela indústria farmacêutica, como Ozempic e Wegovy.

A pesquisa foi desenvolvida no Laboratório Alhadeff, coordenado pela professora Amber Alhadeff, no Monell Chemical Senses Center da Universidade da Pensilvânia (Upenn), nos Estados Unidos, e contou com a colaboração da professora Alice Adriaenssens da University College of London (UCL), de Londres, na Inglaterra.

Segundo Milena, o estudo partiu da discussão do uso de fármacos para a perda de peso que utilizam semaglutida, uma substância sintética análoga ao peptídeo semelhante ao glucagon (GLP1), um hormônio produzido pelo intestino que, dentre diversos efeitos fisiológicos, é responsável por sinalizar ao cérebro que estamos alimentados, reduzindo o apetite e aumentando a sensação de saciedade. “Se sabe que no cérebro há regiões com bastante concentração de receptores para o GLP1, que foram centrais para o nosso estudo, como o tronco encefálico, que é uma região mais posterior do cérebro, e o hipotálamo, que fica na porção mais central. Essas regiões estão muito envolvidas na questão da regulação da ingestão alimentar, no balanço entre a fome e a saciedade”, explica Milena.
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Pesquisadores da UFSC emitiram diferentes alertas sobre intensificação de extremos climáticos

07/05/2024 17:03

Zona norte de Porto Alegre atingida pelas cheias. Foto: Alex Rocha/PMPA/Divulgação

Em diferentes estudos, relatórios e entrevistas ao longo dos últimos meses, pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) lançaram dados, alertas e informações sobre a intensificação de eventos climáticos extremos, com ênfase nos riscos de inundações e secas nas diferentes regiões do país e na necessidade de preservação das florestas e em zerar emissões de carbono.  Em linhas gerais, esses alertas, geralmente realizados em parcerias com cientistas de instituições ao redor do mundo, traçam panoramas sobre como o aquecimento do planeta e fenômenos como o El Niño e as queimadas compõem esse sistema.

Temperatura recorde – O aumento da temperatura na terra é apontado por cientistas como principal causador dos eventos extremos. O ano de 2023 foi o mais quente já registrado na história, com 50% dos dias acima do limiar de perigo. Esse aquecimento gera efeito nos oceanos, que também aquecem. Isso provoca secas, inundações, além de ondas de calor e frio. O assunto foi abordado pelo relatório do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus (C3S).

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Retenção de carbono nos oceanos – O fenômeno tem a ver com o excesso de carbono que circula na atmosfera: 90% desses gases são retidos pelos oceanos. O calor nos oceanos, por sua vez, cada vez mais intenso, pode ocasionar mais fenômenos como ciclones e flutuações nas chuvas. Um grupo de cientistas do Programa Mundial de Pesquisa Climática (WCRP) da Organização Mundial de Meteorologia (WMO) liderado pela professora Regina Rodrigues, do Departamento de Oceanografia da UFSC, redigiu uma declaração alertando para o recorde recente. Os cientistas já mostravam que esses casos poderiam aumentar em frequência, duração e intensidade se não ocorrerem esforços dramáticos de mitigação e adaptação.
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UFSC participa de artigo da Nature que relaciona produção de enzima e estresse

06/03/2024 09:13

Um artigo publicado em fevereiro na Revista Nature relaciona a produção excessiva de uma enzima derivada de células do sistema imunológico a efeitos prejudiciais do estresse no cérebro. A publicação tem a professora Manuella Kaster, do Departamento de Bioquímica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) como coautora.

O artigo identifica interações entre o sistema imunológico e o cérebro em situação de estresse e na depressão. “O estresse tem efeitos profundos no corpo, incluindo no sistema imunológico e no cérebro. Embora um grande número de estudos associe alterações no sistema imunológico a distúrbios relacionados ao estresse, como a depressão, os mecanismos envolvidos ainda não eram bem compreendidos”, salienta a professora e pesquisadora. A equipe da pesquisa foi liderada por Scott Russo do Hospital Mount Sinai, em Nova York. Manuella atuou na instituição como pesquisadora visitante, com apoio da UFSC, CNPq e Fulbright, entre os anos de 2019 e 2023.

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Pesquisadores alertam para consequências ambientais e econômicas da mineração marinha

05/08/2022 11:22

A redução de oferta e encarecimento dos fertilizantes, como consequência da desindustrialização, fechamento das plantas de produção nacionais e da guerra entre Rússia e Ucrânia, têm comprometido a agricultura brasileira e mundial, podendo ser catastrófica para a alimentação global. Entretanto, pressionado para reduzir a dependência do Brasil, setores do governo e empresas apresentaram como sugestão a mineração marinha em grande escala, tendo como alvo extensos recifes de rodolitos da plataforma continental brasileira para uso como matéria-prima na produção de fertilizantes.

A eventual exploração destes ambientes é altamente preocupante, podendo ter consequências igualmente negativas e muito sérias a médio prazo, para o Brasil e para o planeta. A mineração desses habitats terá um grande impacto ecológico direto sobre toda a biodiversidade associada, bem como desdobramentos econômicos negativos para setores como o da pesca. Por outro lado, o uso de rodolitos para calagem da vasta extensão de solos ácidos do Brasil pode contribuir significativamente para as emissões de CO2 para a atmosfera.

O tema foi objeto de correspondência publicada na última edição da Revista Nature, liderada por pesquisadores da USP e da UFSC que, desde a década de 1980, estudam esse ambiente combinando trabalho de campo com o uso de mergulho autônomo com outras técnicas de laboratório, envolvendo análises que permitem determinar o destino do carbono. Dentro do grupo signatário da carta estão pesquisadores estrangeiros e com expertise nos processos biogeoquímicos relacionados ao balanço de dióxido de carbono, aos fluxos de carbono e armazenamento de carbonato associados aos bancos de rodolitos, como alternativas à mitigação e adaptação às mudanças climáticas.

Os Bancos de Rodolitos brasileiros têm sido evocados como patrimônios da humanidade, por prestarem benefícios ecossistêmicos fundamentais para a estabilidade biogeoquímica do Atlântico. Estes destacam-se como ecossistema marinho diferenciado que ocorre sobre a extensa plataforma continental brasileira, se distribuindo por cerca de 230 mil km2 do nosso litoral. Seus bioconstrutores são algas vermelhas calcificadas, conhecidas como algas calcárias, ou seja, capazes de depositar carbonatos na sua parede celular, tornando-se rígidas. O crescimento desses organismos, de apenas milímetros por ano, forma lentamente estruturas de topografia complexa e diversa, que parecem individualmente pequenos corais rosados. Boa parte da vida destes bancos extensos depende de uma delgada e vulnerável camada pigmentada, com micrômetros de espessura, que faz a fotossíntese e viabiliza o processo de calcificação. Estas pequenas preciosidades, “pedras” rosadas que formam verdadeiros oásis em meio às planícies arenosas submersas, são chamadas de rodolitos.
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