Peixes contaminados com mercúrio colocam saúde da população amazônica em risco, indica estudo

12/11/2024 14:09

Maioria dos peixes com maior concentração de mercúrio foi coletada em áreas de garimpo ilegal. Foto: Ibama

Um artigo publicado na revista científica internacional Journal of Trace Elements and Minerals alerta para o alto risco que a população da Amazônia apresenta de contaminação por exposição crônica ao metilmercúrio, uma das formas mais tóxicas do mercúrio, por meio do consumo de peixes da região. O estudo investigou os níveis de mercúrio total e metilmercúrio em peixes da Amazônia brasileira e realizou uma avaliação de exposição e caracterização de risco da população local. Como resultado, todos os cálculos de ingestão diária excederam – e muito – a dose de referência considerada segura para o consumo de metilmercúrio. Os cientistas também elaboraram um mapa georreferenciado, no qual é possível observar a relação entre o grau de contaminação dos peixes e as áreas de atividade de garimpo – principalmente do ilegal.

“O peixe faz parte da alimentação diária de boa parte da população amazônica, em especial a população ribeirinha. Dizer que há um elevado risco de exposição crônica ao metilmercúrio através do consumo de peixes amazônicos significa dizer que a população está ingerindo concentrações elevadas e diárias de metilmercúrio através do peixe, o que pode comprometer a sua saúde a longo prazo”, enfatiza a doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência dos Alimentos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Milena Dutra Pierezan, coautora do artigo.

A exposição crônica ao metilmercúrio pode levar a danos neurológicos graves e comprometer o desenvolvimento cognitivo, motor e sensorial, além de afetar a saúde cardiovascular e renal. A situação é ainda mais preocupante para gestantes e lactantes, já que o metilmercúrio pode atravessar a placenta e prejudicar o desenvolvimento do feto, levando à má-formação física ou funcional. O metilmercúrio também pode ser transferido ao leite materno e ser ingerido pelo bebê, que ainda não possui o organismo preparado para lidar com o contaminante.
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UFSC participa do mais amplo e inédito estudo sobre microplásticos no litoral

23/04/2024 13:29

Microplásticos são invisíveis a olho nu, mas podem se degradar de plásticos maiores. Foto: Sergei Tokmakov/Pixabay

Atualização: desde 6 de dezembro de 2024 a UFSC não integra mais o projeto MicroMar. O Laboratório de Biomarcadores de Contaminação Aquática e Imunoquímica, entretanto, segue realizando, publicando e divulgando suas pesquisas sobre o tema.

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) está participando do maior projeto já realizado no Brasil sobre a poluição por microplásticos nas praias brasileiras. O Laboratório de Biomarcadores de Contaminação Aquática e Imunoquímica (LABCAI), liderado pelo professor Afonso Celso Dias Bainy, é uma das referências no estudo sobre contaminantes no mar e irá analisar amostras coletadas em nove pontos, nas cidades de Florianópolis, Balneário Camboriú, Laguna, Penha, Garopaba e Palhoça. O projeto envolve colaboração com instituições do país e do mundo e tem apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações e se alinha ao Programa Ciência no Mar e ao Plano Nacional de Combate ao Lixo no Mar.

Os microplásticos são partículas de tamanho entre 1µm (a milésima parte de um milímetro) e 5 mm e passam facilmente pelos sistemas de filtragem de água porque as estações de tratamento de esgoto não possuem eficiência de remoção total. Por isso, chegam aos rios, lagos e oceanos, representando uma ameaça potencial à vida aquática e afetando também a vida humana.

No projeto MicroMar, coordenado pelo professor Guilherme Malafaia, do Instituto Federal Goiano, mais de 6.700 amostras de areia e água em 750 praias localizadas em 300 municípios do litoral serão analisadas para gerar um diagnóstico atual, abrangente e inédito sobre essa temática no Brasil.

A parceria com a UFSC surgiu, segundo o professor Afonso Bainy, por conta do histórico do trabalho do laboratório em investigar os mecanismos moleculares e bioquímicos da interação entre contaminantes emergentes e as respostas dos organismos aquáticos. Um dos estudos que deu início a essa parceria foi desenvolvido a partir de uma tese com moluscos bivalves, mais precisamente das ostras, organismos filtradores que, acabam capturando esses contaminantes com mais facilidade.
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Informe Necat: aumento da contaminação por covid-19, novos óbitos e diminuição de casos ativos

19/07/2022 09:46

O Núcleo de Estudos de Economia Catarinense (Necat) publicou o Informe Semanal de acompanhamento da covid-19 em Santa Catarina, relativo ao período de 9 a 15 de julho. No levantamento são considerados apenas três principais indicadores, sendo eles: o número total de casos, os casos ativos e os óbitos. 

O contínuo aumento do contágio fez com que a média diária de novos casos atingisse 1.677/dia na última semana, número considerado elevado comparativamente ao comportamento do mesmo indicador verificado nos meses finais de 2021, quando essa média se situava entre 350 a 400 registros diários.  Já os casos ativos sofreram uma redução de 6% no agregado estadual, indicando que apenas 820 pessoas deixaram de fazer parte do contingente de contaminados existentes no estado, que somava 12.144 pessoas ao final do período considerado.

A região da Grande Florianópolis passa a responder por 21,90% do total estadual, percentual que em termos absolutos somava 2.667 pessoas positivadas – o maior número absoluto dentre todas as regiões do estado. Além dessa região, merecem destaque também as regiões do Planalto Norte-Nordeste, com 19,68% agregado estadual, e a região do Vale do Itajaí, que passou a responder por 14,04% do número de pessoas positivadas.

Já os óbitos apresentaram uma oscilação superior àquela registrada na semana anterior, fazendo com que a média diária se situe no patamar de 8,5 óbitos diários, representando a ocorrência de mais 60 mortes pela doença. Mesmo diante desse cenário de expansão da contaminação da população catarinense pela covid-19, nota-se que tal situação não está causando maiores impactos sobre a estrutura hospitalar estadual de saúde. 

A análise publicada pelo Informe Semanal descreve que o cenário de baixa ocupação da estrutura hospitalar por pessoas acometidas pela covid-19 é creditado aos efeitos benéficos da vacinação completa. “Decorre daí a importância de que todos procurem manter seu calendário vacinal em dia”, ressalta o documento. 

Mais informações no site do Necat.

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Infectologista do HU/UFSC fala sobre doenças provocadas por alagamento e dá dicas para moradores de áreas afetadas

02/02/2021 09:00

Os moradores da Grande Florianópolis e alguns pontos de Santa Catarina enfrentaram, nos últimos dias, os alagamentos provocados pelas chuvas. Esta situação traz à tona uma preocupação dos moradores e das autoridades de saúde: as doenças provocadas pelo contato com água e alimentos contaminados.

O médico infectologista do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago (HU/UFSC), Alexandre Boschiroli, explicou quais são as doenças mais comuns, as situações de risco e como proceder para minimizar possíveis malefícios diante de uma situação de alagamento.

Segundo ele, a necessidade de cuidado não se limita ao período de chuvas e alagamento, pois a água e a lama remanescentes são ricas em micro-organismos que sobrevivem por semanas. Além disso, há o risco de contaminação da rede de abastecimento de água, de acidentes com animais peçonhentos e, principalmente no cenário atual de pandemia, os problemas decorrentes de aglomeração de pessoas em alojamentos, por exemplo.

Boschiroli aponta algumas medidas que podem ser adotadas, como: evitar o contato direto com as águas e, caso seja inevitável o contato, como proteger-se; evitar consumo de água e alimentos contaminados; proteger-se de acidentes com animais peçonhentos; procurar ajuda em postos de saúde em caso de adoecimento; manter a rede de drenagem livre de detritos; e estar em dia com a carteira de vacinação.

Quais são as doenças mais comuns decorrentes destas situações de alagamentos que acontecem com frequência em várias cidades do Brasil?

– Doenças diarreicas por vírus, bactérias (gastroenterites) e doenças parasitárias: Sua ocorrência aumenta com a ingestão de água ou alimentos contaminados. A falta de água ou a contaminação da água da rede de abastecimento e a falta de energia comprometendo a conservação de alimentos, além de precárias condições de higiene em situações de calamidade, favorecem as doenças de disseminação hídrica e alimentar.
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Presidente da Petrobras Biocombustível visita Laboratório de Remediação de Águas Subterrâneas

25/04/2012 18:15

Depois de ministrar a palestra “Novas oportunidades profissionais no campo energético no Brasil”, durante o Seminário Energia + Limpa: conhecimento, sustentabilidade e integração”, o presidente da Petrobras Biocombustível, Miguel Rosseto, visitou nesta quarta-feira, 25 de abril, as novas instalações do Laboratório de Remediação de Águas Subterrâneas da UFSC.

Coordenado pelo professor Henry Xavier Corseuil, do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental, desde 1994 o laboratório desenvolve pesquisas em parceria com Petrobras. A nova sede, localizada na Fazenda da Ressacada (área no Sul da Ilha que pertence à Universidade) leva em conta conceitos da construção sustentável e será inaugurada nos próximos meses.

Antes de chegar ao “Prédio Verde”, o presidente da Petrobras Biocombustível conheceu experimentos de campo, com liberação controlada no solo de diferentes combustíveis e adições (gasolina; gasolina com etanol; diesel com etanol; biodiesel de soja puro e em diferentes proporções, entre outras misturas). Com os testes, o grupo estuda o impacto de vazamentos no solo e em águas subterrâneas, assim como processos naturais de recuperação. “No experimento mais antigo estamos há 13 anos monitorando a remediação natural de derivados do petróleo. Não há outro teste semelhante em qualquer lugar do mundo”, orgulhou-se o professor Henry.

A equipe investiga também tecnologias para acelerar a recuperação de áreas contaminadas, a partir da injeção nos experimentos de diferentes substâncias (entre elas sulfato e acetato). Análises químicas, biológicas e biomoleculares permitem a avaliação e o monitoramento de amostras periodicamente coletadas em diferentes profundidades, gerando conhecimento sobre o comportamento do combustível derramado e subsídios para controle de casos reais. Durante a visita, estudantes de graduação, mestrandos, doutorandos e técnicos estavam nos diferentes experimentos, demonstrando a dinâmica das pesquisas a representantes da Petrobras que acompanhavam a visita.

Em seguida, Miguel Rosseto conheceu o Laboratório de Remediação de Águas Subterrâneas. “Queríamos um prédio-conceito, que fosse autosuficiente na geração de sua energia e de sua água”, explicou o professor Henry, lembrando que o projeto prevê a instalação de células fotovoltaicas para geração de energia solar, e uma estrutura para geração de energia eólica deve ser integrada em colaboração com grupo do Departamento de Engenharia Mecânica. O projeto do laboratório foi desenvolvido pelo professor Américo Ishida, do Departamento de Arquitetura e Urbanismo, com a participação de estudantes de diferentes áreas.

“Essa é a primeira reunião oficial nestas instalações. Estamos entusiasmados para a mudança”, comemorou o professor, que fez uma apresentação sobre os avanços das pesquisas desenvolvidas em parceria com a Petrobras. Entre os destaques, citou o desenvolvimento do software SCBR (Solução Corretiva Baseada em Risco).

Implementado com a colaboração de empresas de base tecnológica da Grande Florianópolis, o modelo matemático tem como base o conhecimento gerado pela equipe em campo. Em sua versão 2.0, o software que mostra, por exemplo, como se comporta uma “pluma” de combustível derramado em diferentes condições, está sendo implementado em 20 unidades da Petrobras. A expectativa é de que colabore com a previsão de acidentes e ofereça apoio na tomada de decisão para controle da poluição do solo e de águas subterrâneas

O coordenador do laboratório citou outros trabalhos, como a avaliação da eficiência de bacias de contenção em terminais da Petrobras. E desafios futuros, como a implantação de um laboratório de última geração para monitorar a efetividade do armazenamento do CO2 no solo.

Miguel Rosseto destacou que o trabalho atende expectativas da Petrobras, “uma grande empresa de energia que sabe das exigências que deve à sociedade em relação ao impacto ambiental”. “Em depoimento recente, a presidente da Petrobras, Maria das Graças Silva Foster, falou da audaciosa ideia de vazamento zero, e sabemos que estas preocupações não são adereços, mas devem organizar e dar vida a nossas atividades”, salientou, elogiando a seriedade da equipe. “Nesta grande casa verde pulsa compromisso, o que nos traz orgulho e confiança para apoiar e renovar projetos”, ressaltou o presidente da Petrobras Biocombustível.

Mais informações: (48) 3721-7569

Por Arley Reis / Jornalista da Agecom

 

 

 

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