Pós em Ecologia recebe inscrições para mestrado e doutorado até 24 de novembro

09/11/2023 15:02

O Programa de Pós-Graduação em Ecologia da UFSC está com inscrições abertas até 24 de novembro. Para a inscrição, os candidatos devem enviar os documentos listados no edital para o endereço eletrônico da Secretaria Integrada de Pós-graduação do CCB (SIPG) – ppgecologia@contato.ufsc.br. As inscrições são gratuitas. São ofertadas até 15 vagas para o nível de mestrado e até 10 para o nível de doutorado.

O resultado final da seleção será divulgado até 18 de dezembro, podendo ser publicado antes dessa data. O início do curso está previsto para março de 2024.  O processo de seleção será realizado nas seguintes etapas:

  1. Recomendação do projeto pelo(a) orientador(a) pretendido(a) (etapa às cegas);
    2. Análise do pré-projeto e/ou do projeto de pesquisa escritos (em português ou inglês) por uma comissão de três avaliadores(as) (análise a cegas);
    3. Arguição oral de defesa do projeto e de conhecimentos de Ecologia. A arguição sobre o projeto, e de perguntas de Ecologia, constará de perguntas formuladas por uma comissão examinadora constituída por três professores(as), e com duração máxima de 40 minutos. Esta fase será feita de forma remota em plataforma de videoconferência;
    4. Análise de Curriculum Vitae. A pontuação será atribuída segundo os critérios de formação acadêmica, experiência profissional, publicações e demais produções acadêmicas dos últimos 10 anos.

Ações afirmativas

Serão asseguradas no mínimo 30% das vagas de ingresso por Ações Afirmativas para pessoas negras (pretas e pardas) e indígenas, totalizando cinco vagas de mestrado e três de doutorado – pelo menos uma vaga para pessoa indígena para cada nível. Serão asseguradas no mínimo 20% das vagas para pessoas com deficiência e outros grupos em vulnerabilidade social, totalizando três vagas de mestrado e duas de doutorado para Quilombolas, Pessoas com deficiência, Transexuais, travestis, refugiados/solicitantes de refúgio e portadores de visto humanitário e inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais ou beneficiários comprovados de programas semelhantes em países estrangeiros.

Formação

O Programa de Pós-Graduação em Ecologia (PPGECO), em níveis de mestrado e doutorado, tem como objetivo contribuir com atitudes, conceitos, técnicas e metodologias para desenvolver pesquisas e subsidiar debates que, incorporados à qualificação profissional, procurem responder aos desafios atuais na área ambiental. O PPGECO oferece uma formação sólida aos acadêmicos, qualificando-os para a docência em nível superior, à pesquisa e como profissional especializado em Ecologia, colaborando também com políticas públicas e/ou com produtos que favoreçam o manejo ou conservação de sistemas ecológicos.

O programa está organizado em um conjunto integrado de disciplinas, atividades de pesquisa, extensão e acadêmicas, destacando -se o curso de campo multidisciplinar, as disciplinas internacionais, as experiências com docência e recentemente as ações de divulgação científica. O programa preocupa-se com a sustentabilidade ambiental e inclusão social em todas as suas atividades.

Em 2023, o PPG Ecologia completou 15 anos de atuação. Aliando a recomendações oriundas do processo de avaliação do comitê de Biodiversidade e discussões internas ao programa, consolidou a reformulação das linhas de pesquisa, que passaram da organização anterior  por ecossistemas (terrestres ou marinhos; mais detalhes no Histórico, abaixo), para uma nova organização temática e relacionada ainda com os distintos níveis de organização ecológica em quatro linhas:

Ecologia de Organismos e Populações
Ecologia de Comunidades e Ecossistemas
Ecologia Evolutiva, Macroecologia e Biogeografia
Ecologia Humana, Manejo e Conservação da Biodiversidade

Mais informações  pelo e-mail ppgecologia@contato.ufsc.br

 

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Sala Verde UFSC promove exposição sobre educação ambiental e oficina de EcoCaderno

25/09/2023 10:13

A Sala Verde da Universidade Federal de Santa Catarina promove a 2ª  Exposição da Sala Verde e oficina de EcoCaderno no CCA – Educação Socioambiental na Prática, entre segunda-feira e quinta-feira, 25 e 28 de setembro, a partir das 9h. O evento ocorre na biblioteca do Centro de Ciências Agrárias da UFSC, no bairro Itacorubi. Com foco na conscientização e na busca por soluções ecologicamente corretas, a exposição exibe diversos itens feitos a partir da reutilização de materiais.

No terceiro dia da exposição, quarta-feira, 27 de setembro, das 10h às 11h30, uma oficina aberta de ecocaderno será oferecida aos visitantes. O evento é gratuito e aberto a toda comunidade. Para mais informações acesse o site e o instagram.

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Chumbo no chá? Pesquisa da UFSC identifica impacto da mineração em alimentos

01/09/2023 10:32

Áreas de mineração estão cobertas de produtos utilizados na alimentação (Foto: Graziela Blanco)

Plantas usadas como alimentos e chás podem estar contaminadas pelos chamados “elementos traço” em áreas da região carbonífera, no sul de Santa Catarina. A constatação foi divulgada em uma série de artigos e na tese da cientista Graziela Dias Blanco, do Programa de Pós-Graduação em Ecologia da Universidade Federal de Santa Catarina. O impacto das atividades de mineração, além dos prejuízos ao meio ambiente, também pode chegar à saúde. O estudo Soberania, segurança alimentar e ecotoxicidade de alimentos e plantas medicinais consumidos por comunidades locais em áreas de mineração foi orientado pela professora Natalia Hanazaki, com co-orientação da professora Mari Lucia Campos.

Pelo menos 65% dos habitantes da região mapeada pela pesquisa relataram coletar plantas para uso medicinal e alimentar diretamente de áreas contaminadas pela atividade mineradora. “As pessoas que vivem nas proximidades de áreas contaminadas pela mineração usam e consomem plantas destes ambientes e as pessoas sabem pouco sobre o potencial perigo dessa contaminação em seus alimentos e o risco desses contaminantes para sua saúde”, assinala, no estudo.

Graziela se interessou pelo assunto quando foi visitar a região de Criciúma, Lauro Muller e Siderópolis em busca de dados para uma pesquisa sobre plantas medicinais. No entanto, ao chegar ao local, percebeu um mosaico de áreas impactadas pela atividade mineradora e mudou o objeto de investigação. “A gente vê, por exemplo, moradias na cidade de Criciúma muito próximas à área de mineração abandonada, sem avisos ou preocupação. É uma situação extremamente grave”, analisa.

Ela fez 195 entrevistas com moradores de 14 áreas próximas a minas abandonadas nos principais municípios da região carbonífera catarinense. “Perguntamos a cada entrevistado sobre o tempo que morava na região, sua percepção da qualidade do ambiente, quais espécies de plantas eram utilizadas e com que finalidade”, conta. Carqueja, goiabeira e erva-doce foram algumas das espécies citadas.

Nas entrevistas, ela também identificou que todos os homens e nenhuma das mulheres trabalhavam ou já haviam trabalhado em mineradoras. Em Santa Catarina, existe um plano de recuperação para essas áreas em razão de uma ação do Ministério Público Federal, que exigiu que as empresas e a União recuperassem as áreas degradadas pela mineração, áreas com depósitos de rejeitos e minas abandonadas. Os recursos hídricos das bacias dos rios Araranguá, Urussanga e Tubarão também foram indicados como foco da ação.
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Seminário ‘Justiça Ecológica e Climática no Antropoceno’ ocorre dia 9 de agosto

26/07/2023 10:45

O Observatório de Justiça Ecológica (OJE), grupo de pesquisa vinculado ao Programa de Pós-graduação em Direito da Universidade Federal de Santa Catarina (PPGD/UFSC), promove o seminário “Justiça Ecológica e Climática no Antropoceno: pesquisa, política e ativismo” no dia 9 de agosto. A participação é gratuita e não é necessário se inscrever. O evento ocorre das 16h às 18h, no auditório do PPGD.

O seminário terá como convidado especial o professor Patryck de Araújo Ayala, da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), que abordará o tema “O direito ambiental pode proteger o clima?”. O evento também pretende apresentar as pesquisas atuais dos integrantes do OJE, bem como o trabalho desenvolvido no projeto de extensão da Clínica de Justiça Ecológica, estimulando práticas e métodos para superar as divisões entre pesquisa e prática de justiça ambiental, entre ativismo e estudo científico, entre tomada de decisão coletiva e individual. Será um espaço para aprofundar coletivamente o trabalho transdisciplinar e a pesquisa ativista para um futuro mais justo e equitativo.
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Projeto da UFSC Curitibanos trabalha para restauração de 302 hectares de Mata Atlântica

14/07/2023 08:05

Uma iniciativa que prevê, entre outras ações, a restauração de 302 hectares de Mata Atlântica em áreas nas regiões do Meio-Oeste e do Planalto Catarinense começou a ganhar ritmo há alguns dias. A atividade faz parte do projeto Restauração Ecológica da Floresta Ombrófila Mista (Reforma), idealizado por professores do Centro de Ciências Rurais (CCR), do Campus de Curitibanos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O projeto prevê a construção do Centro Reforma, obra iniciada em junho

A construção do Centro Reforma teve início em junho. Fotos: Divulgação/Agecom/UFSC

O centro vai oferecer capacitação e a formação de recursos humanos especializados em restauração ecológica. O Reforma é um projeto da UFSC e da Fundação de Amparo à Pesquisa e Extensão Universitária (Fapeu), com financiamento do Fundo Social do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e gestão financeira da Fapeu. A iniciativa envolve 13 professores do CCR do Campus de Curitibanos, além de alunos bolsistas dos cursos de Graduação em Engenharia Florestal e Agronomia e mestrandos em Ecossistemas Agrícolas e Naturais. Os colaboradores apresentam atividades de pesquisa e atuam nas etapas de diagnóstico, implantação das técnicas de restauração e monitoramento. 

A restauração é prevista em dois perfis de áreas : 92 hectares da Unidade de Conservação Parque Estadual do Rio Canoas (Paerc), em Campos Novos, e 210 hectares do assentamento da reforma agrária Índio Galdino, nas cidades de Curitibanos e Frei Rogério. A área total de 302 hectares beneficiados pelo projeto equivale a cerca de 420 campos de futebol. O projeto Reforma também conta com as parcerias do Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA), do Grupo de Apoio à Gestão do Parque Estadual das Araucárias (Oscip Grimpeiro), do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
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Seminário de Pesquisa da pós-graduação em Ecologia ocorre nesta terça e quarta

04/07/2023 13:58

Nesta terça e quarta-feira, dias 4 e 5 de julho, ocorre o XIII Seminário de Pesquisa da Pós-graduação em Ecologia da Universidade Federal de Santa Catarina (XIII Sapeco/UFSC). A atividade, que é organizada pelo Programa de Pós-graduação em Ecologia (PPGECO), ocorre no auditório do Centro de Ciências Biológicas (CCB), das 9h às 17h.
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Sala Verde UFSC promove exposição com foco na conscientização ecológica e oficina de ecocaderno

03/07/2023 14:44

A Sala Verde da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) promove a 1ª Exposição da Sala Verde UFSC, entre segunda-feira e sexta-feira, 3 e 7 de julho, nos períodos matutino e vespertino, no hall da Reitoria I do Campus de Florianópolis, no bairro Trindade. Com foco na conscientização e na busca por soluções ecologicamente corretas, a exposição exibe diversos itens feitos a partir da reutilização de materiais, além de apresentar um minhocário e itens de higiene conscientes. 

No segundo dia da exposição, terça-feira, 4 de julho, das 10h às 12h, uma oficina aberta de ecocaderno será oferecida aos visitantes. O evento é gratuito e aberto a toda comunidade. Para mais informações acesse o site e o instagram.

 

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Quarta-Feira Verde tem feira de adoção de animais e troca de mudas na UFSC

30/05/2023 17:09

Feira de adoção de animais será em frente à Reitoria I, em Florianópolis. Foto: divulgação.

Feira de adoção de animais, troca de mudas medicinais e de plantas alimentícias não-convencionais, visitas ao Parque Estadual do Rio Vermelho e à Cidade das Abelhas, aula de biodanza, exibição de cinema e apresentação musical estão entre as atrações da Quarta-Feira Verde, que integra a programação da nona edição da Semana do Meio Ambiente da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Os eventos serão promovidos nesta quarta-feira, 31 de maio, a partir das 8h – com as visitas técnicas. Nesta edição, a Semana do Meio Ambiente da UFSC soma mais de 40 atividades e 80 horas de programação divididas em seis dias de evento, em Florianópolis, Araranguá, Blumenau e Joinville.

A feira de adoção de animais e a troca de mudas medicinais e plantas alimentícias não-convencionais vão das 9h30 às 16h, em frente à Reitoria I, no Campus de Florianópolis. Às 12h30, no mesmo local, haverá apresentação do trio instrumental Grillo e os Mosquitos, como parte do Projeto 12:30, promovido pelo Departamento Artístico Cultural (DAC) da Secretaria de Cultura Arte e Esporte (Secarte) da UFSC.

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Departamento de Serviço Social da UFSC promove evento para debater o Plano Diretor de Florianópolis

21/03/2023 10:24

A mesa-redonda sobre A Queima do Futuro: Impactos do Projeto de Lei Complementar de revisão do Plano Diretor de Florianópolis será realizada na próxima quarta-feira, dia 29 de março, às 19h, no Auditório do Centro Socioeconômico da Universidade Federal de Santa Catarina. A atividade é organizada pelo Grupo de Pesquisa e Extensão Terra, Trabalho e Resistência, do Departamento de Serviço Social, pelo Conselho Regional de Biologia – 9ª Região e pela Rede de ONGs da Mata Atlântica. Ainda conta com o apoio de outros núcleos de pesquisa, estudos e extensão da UFSC e de movimentos sociais.

O evento terá participação do ecologista Gert Schinke e de João de Deus Medeiros, professor aposentado do Departamento de Botânica da UFSC. A atividade pretende discutir e divulgar a conjuntura político-ambiental que envolve a votação do Projeto de Lei Complementar que trata sobre o Plano Diretor de Florianópolis e os seus impactos, especialmente em médio e longo prazos, tanto à questão ambiental, quanto de acesso à cidade enquanto direito — em sua concepção ampliada. Mais informações no Instagram do Grupo Terra, Trabalho e Resistência.

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UFSC na mídia: projeto quer usar biodiversidade para recuperar Lagoa da Conceição

27/02/2023 18:20

Ao analisar gramas marinhas, algas e outras amostras da biodiversidade da Lagoa da Conceição, em Florianópolis, pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) pretendem entender melhor a situação da vida no local e propor soluções para sua recuperação ambiental. O assunto foi tema do programa Balanço Geral, da NDTV, na sexta-feira, 24 de fevereiro.

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CCB recebe exposição fotográfica de estudantes da Pós-Graduação em Ecologia

01/09/2022 08:31

O hall do auditório do Centro de Ciências Biológicas (CCB) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) recebe até 27 de setembro a exposição fotográfica dos alunos do Programa de Pós-Graduação em Ecologia (PPGEco), em parceria com o Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração Biodiversidade de Santa Catarina (PELD/BISC).

O projeto é realizado pelos estudantes da disciplina Fotografia na Pesquisa e Divulgação Científica, ministrada pelo professor Áthila Bertoncini no primeiro semestre de 2022. A mostra exibe imagens feitas no campus da UFSC na Trindade, em Florianópolis, e durante uma visita ao Parque Estadual da Serra Furada (PASEF), onde os alunos experimentaram, além da fotografia da natureza, técnicas que lightpainting e de luz estroboscópica, expostas aqui sobre fundo preto.
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Piape promove apresentação de pesquisas sobre ecologia e sustentabilidade

05/07/2022 10:41

O Programa Institucional de Apoio Pedagógico aos Estudantes (Piape) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) organiza nesta quarta-feira, 6 de julho, a apresentação dos Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC), projetos de dissertação ou tese com a temática de Ecologia e Sustentabilidade. A atividade tem início às 17h e transmissão pelo canal do Piape no Youtube.

O objetivo desta ação é socializar trabalhos já realizados com estudantes de graduação, oferecendo subsídios teórico-metodológicos referentes à estrutura e ao processo de elaboração dos projetos de pesquisa e TCCs.

Confira os trabalhos a serem apresentados:

– Distúrbios causados pelo manejo com pastejo e fogo alteram a distribuição de uma espécie chave e a dinâmica floresta-campo na região altomontana do Sul do Brasil – Fernando Rosa

– Ecologia e manejo pesqueiro em uma perspectiva da teoria dos jogos – Eric Azavedo

– Ecologia da Paisagem da Planície Entre Mares na Ilha de Santa Catarina: Conectividade entre fragmentos de vegetação através de corredores ecológicos – Talita Goes

– Monitoramento da Mastofauna de Médio e grande porte no parque estadual Rio Canoas – Monalisa Camargo

O link para assistir à atividade: 

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Doutoranda da UFSC faz parte da equipe premiada em maratona para a conservação de toninhas

08/11/2021 09:50

Um projeto premiado em segundo lugar na Toninhathon, a maratona nacional de desenvolvimento de soluções para desafios de conservação das toninhas, teve participação da doutoranda em ecologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Larissa Dalpaz. A equipe de Larissa, a Aysú Toninha, desenvolveu um equipamento esférico de acrílico para ser acoplado em redes de pesca, de maneira a auxiliar o animal na identificação da presença destas ao seu redor e prevenindo que as toninhas fiquem acidentalmente presas. O projeto participará de uma incubação no Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), recebendo orientação e suporte para desenvolvimento, testagem e aplicação dos protótipos.

Foto: Projeto Toninhas

A toninha (Pontoporia blainvillei) é o golfinho costeiro mais ameaçado no Brasil, e as capturas acidentais em redes de pesca são a principal ameaça à espécie, trazendo prejuízos tanto aos animais quanto aos pescadores. Uma das hipóteses para que as toninhas sofram tanto com as capturas acidentais é de que elas não consigam perceber e localizar as redes. O animal enxerga o ambiente por meio da ecolocalização, que consiste na emissão de sons de alta frequência, chamados de cliques, atingindo os objetos e retornando na forma de eco. A partir desses ecos, as toninhas conseguem perceber o que está ao seu redor. 

Larissa e seus colegas de equipe, estudantes da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), propuseram o desenvolvimento de esferas de acrílico que seriam acopladas à rede de pesca. “O acrílico é um material com bastante refletividade acústica, ou seja, é um material que geraria bastante retorno de ecos para o animal, quando seus cliques atingirem estas esferas”, explicam. A presença das esferas aumentaria a chance de as redes serem detectadas pelas toninhas, além de serem uma opção de baixo custo, não aumentarem o peso das redes e não afetarem a captura dos peixes-alvo.

Outra iniciativa proposta pelo grupo é o selo “Amigo da Toninha”, que será fornecido às cooperativas de pesca e aos estabelecimentos que adquirirem peixes de pescadores e pescadoras parceiras do projeto. O objetivo do selo é incentivar o uso das esferas nas redes e agregar valor à cadeia produtiva desse pescado, fortalecendo uma economia local e socioambientalmente justa.

A Toninhathon foi uma realização da Associação MarBrasil e do Laboratório de Ecologia e Conservação da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Para conferir outros projetos premiados e ações em prol da conservação da toninhas e sustentabilidade das atividades pesqueiras, acesse o site www.toninhathon.com.br.

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Uma ave inédita e muita riqueza: conheça a fauna do Distrito do Saí que deve ser protegida por Refúgio de Vida Silvestre

30/09/2021 10:00

Ave bordada com bico robusto, segundo o Wiki Aves, é o significado para a nomenclatura científica do Pachyramphus marginatus, ou apenas “Caneleiro-Bordado”. O pequeno animal, que mede até 14 cm e pesa não mais que 18 gramas, tinha sua distribuição registrada desde Pernambuco até o Paraná, mas em dezembro de 2019 foi visto pela primeira vez ainda mais ao Sul, especificamente na região do Distrito do Saí.

Os ornitólogos que o reconheceram são da equipe da Universidade Federal de Santa Catarina responsável pelo levantamento socioambiental para a criação de uma unidade de conservação em São Francisco do Sul, litoral Norte de Santa Catarina. Primeiro, a equipe identificou o macho. Alguns meses depois, uma fêmea também foi vista pela primeira vez, consolidando a hipótese de que a floresta tem muito a apresentar, inclusive em termos de turismo ecológico.

Caneleiro bordado no Distrito do Saí

De acordo com o professor Guilherme Renzo Rocha Brito, do Departamento de Ecologia e Zoologia da UFSC, esses primeiros registros estendem a espécie por cerca de 40 km ao sul de sua área de distribuição conhecida, e embora não seja possível afirmar com toda certeza se outros exemplares já haviam voado mais ao Sul, trata-se de um dado relevante para a compreensão da avifauna do Saí. A equipe identificou pelo menos 252 espécies diferentes na região, de 59 famílias – dados que a elevam como uma das regiões mais ricas do estado.

“É uma das áreas mais ricas de aves da Mata Atlântica do Estado. Dali para baixo começa a diminuir um pouco, por questões climáticas, por conta do frio. Em termos comparativos, é possível que haja números semelhantes nas matas de araucárias, mas desconfio que não chegue muito perto da riqueza que encontramos ali”, explica.

O professor conta que aves são animais de ambientes muito específicos, ou seja, de acordo com o tipo de ambiente é possível encontrar uma comunidade que se adequa somente aquela região. “Num manguezal, por exemplo, você encontra aves que estão somente nesse ambiente. Já nas florestas vai encontrar uma comunidade um pouco diferente. Mas no caso do Distrito do Saí, naquela região há um mosaico de vários tipos”, comenta. Cercada por baía, manguezais, florestas e morros, a área tem pássaros de cores, tipos e padrões diferentes – um registro de biodiversidade e da urgência de conservação.”Pouco mais acima, na divisa do Paraná e de São Paulo, por exemplo, vai haver uma riqueza um pouco maior por ser um núcleo maior de florestas. O que vemos no Saí é um potencial bastante interessante”.

Como as aves são bastante sensíveis a alterações no seu ambiente e muito dependentes de habitat florestal, a riqueza na área também é um indicativo de que as florestas da região do Distrito do Saí sustentam uma comunidade relativamente saudável, inclusive com alto número de endemismos e espécies raras e ameaçadas. Além do Caneleiro-Bordado, a equipe identificou também espécies como o Jaó-do-Sul, da família dos macucos, um animal relativamente grande, que parece uma galinha e é muito caçado, buscado para servir de alimento. Um Curió de vida livre também foi identificado, uma espécie mais rara muito procurada por gaioleiros no passado só encontrada em áreas de vida selvagem preservada e pouco perturbada.

Curió Sporophila é ameaçado de extinção

“O recado é que é uma comunidade muito complexa, com muitos agentes e muitos exemplos. E quanto mais complexa a comunidade, mais complexas são as interações, pois para sustentar uma comunidade dessas é preciso um ambiente muito saudável, com muitos recursos. Mais de 50% dessas aves são insetívoras, por exemplo, dependentes de insetos”, ilustra.

Um desdobramento efetivo dessa análise sobre a avifauna foi bastante comentado junto à comunidade do Distrito do Saí, já que essa característica pode levar à criação de projetos turísticos relacionados à observação de pássaros. “O Distrito do Saí é uma das únicas áreas no estado de Santa Catarina com a possibilidade de observação e registro de muitas espécies. Essa beleza cênica fomenta o turismo de natureza”, indica o relatório da UFSC. “A recepção da comunidade quanto a essa possibilidade foi muito boa. Proprietários de pousada, por exemplo, ficaram empolgados com essa questão, pois apareceu como um novo potencial”, reforça o professor.

Exemplo de biodiversidade
A região, segundo o levantamento de fauna, tem uma importância ecológica inegável. De acordo com o professor Selvino Neckel de Oliveira, do Departamento de Ecologia e Zoologia da UFSC, que coordenou o estudo, o primeiro passo para a conservação é o conhecimento da área e do que ela tem de biodiversidade, pois assim é possível avaliar cada espécie e suas características determinadas. “A partir desse dado você consegue ter uma dimensão do estado de conservação, por exemplo, se você está diante de uma espécie que tem distribuição restrita naquela área ou se ela nunca foi registrada naquele ambiente”.

Piaya cayana

 

No caso da Mata Atlântica, que foi reduzida a cerca de 7% do que ela já foi originalmente no passado, sua posterior recuperação ocasionou uma paisagem com habitats fragmentados, ou seja, manchas de áreas florestais separadas por cidades ou sistemas agrícolas que isolaram determinadas espécies que, como consequência, podem ser extintas. “Num contexto de fragmentação, mesmo as espécies que conseguem permanecer se tornam inviáveis, pois as populações vão diminuindo, já que não há troca de material genético entre as populações”, explica.

 

Haematopus palliatus

 

Oliveira explica que é necessário estudar o ambiente, saber o que ele dispõe e avaliar o seu estado de conservação. “Nosso levantamento de fauna mostrou que o Distrito do Saí é um dos lugares mais ricos de espécies da nossa Mata Atlântica, com uma quantidade de espécies muito alta, comparado à unidade de área”, pontua.”E por que esse ambiente é rico? Porque a parte Norte de Santa Catarina é uma região de conexão de fauna e flora que vem do Sudeste/Nordeste brasileiro e da parte Sul do Brasil. Então, temos elementos da fauna e flora do Sul se encontrando com elementos das regiões Sudeste e Nordeste do Brasil.

Um exemplo que a equipe incluiu nas suas análises é o do Veado Bororo, espécie registrada na mata do Distrito do Saí há cerca de dois anos e cuja ocorrência era mais comum na porção da Mata Atlântica da região de São Paulo e dali para o Nordeste. Espécies de anfíbios observadas na floresta também são exemplos de uma região com uma fauna heterogênea, com elementos que tiveram suas origens mais ao sul ou mais ao norte do Saí. “O que ocorre é que o limite de distribuição dessa inúmeras espécies ocorre aqui na na região do Saí”.

Eira: exemplar da mastofauna no Distrito do Saí

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O professor lembra que aquilo que a equipe levantou na região é uma pequena amostra, fruto de cerca de 20 dias de campo, por conta do contexto pandêmico. Mesmo assim, observou-se uma grande diversidade. “Imagina se tivesse uma estação de estudo nesse local há 20, 30 anos e a importância que teriam estes registros a longo prazo. Ficamos impressionados, pois em pouco tempo conseguimos comprovar essa biodiversidade”, completa.

Os dados – que no relatório são divididos por grupos (peixes, anfíbios, reptéis, mamíferos, avese insetos dipteros) – não permitem que a equipe lance hipóteses sobre a possível perda de biodiversidade ocasionada pela ação humana, por exemplo. Mas o pesquisador observa que a região tem perdido áreas de floresta, além de ser ameaçada constantemente por obras, como as de ampliação portuária. “O veado, por exemplo, a gente registrou um indivíduo apenas. Será que não havia mais há dez ou cem anos atrás? Ou mesmo o macaco Bugio, que antes era visto com certa frequência e agora praticamente não se vê mais nessa região”.

Para ele, o que mais chama a atenção na fauna do Distrito do Saí é o conjunto da obra, identificado por meio da observação dos elementos da floresta atlântica que estão bem representados em diversos pontos do polígono e que são essenciais para a justificativa de uma unidade de conservação. “São muitos componentes da biodiversidade: o meio físico, com as nascentes com água de boa qualidade, o componente biótico, como árvores imensas; poucas, mas existem, e árvores que produzem muitos frutos para fauna. Os componentes da biodiversidade da Mata Atlântica estão todos ali”.

 

Releia a série acessando a tag ‘Nascentes do Saí’ ou clicando aqui

Amanda Miranda/Jornalista da Agecom

Tags: conservaçãoecologiaMata Atlânticameio ambienteNascentes do SaíProjeto Nascentes do SaíRefúgio de Vida Silvestre

Água abundante e floresta regenerada serão preservadas com criação de Refúgio de Vida Silvestre em São Chico

29/09/2021 10:00


A abundância hídrica e a riqueza de espécies na floresta do Distrito do Saí reforçam aquilo que os pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina já reconheciam a partir da literatura e de outros trabalhos na localidade: é necessário promover a conservação da biodiversidade e potencializar o turismo sustentável na região. A criação de um Refúgio de Vida Silvestre irá possibilitar que a Mata Atlântica permaneça protegida, o que garante, também, água de qualidade e outros benefícios às comunidades.

“A garantia da preservação da floresta confere um papel importante de conexão das pessoas com a natureza, de entrarem na mata e se sentirem confortáveis. A mata promove uma sensação muito agradável: sensação térmica, estética, de andar numa floresta e conseguir enxergar flores, aves, insetos. Para esse turismo mais voltado para o desfrute do meio ambiente é importante que a mata esteja muito bem preservada”, explica o professor Pedro Fiaschi, do departamento de Botânica.

Euterpe edulis, popularmente conhecida como ‘juçara'(Foto: acervo do projeto Nascentes do Saí)

A mata do Distrito do Saí, segundo Fiaschi, tem características que chamam a atenção. A área é coberta por Mata Atlântica em estágio avançado de regeneração. “Temos nesta região árvores altas e com diâmetro grande, além de estruturação em vários níveis: desde as árvores muito grandes, até as camadas inferiores. São vários extratos de floresta com indício de que estão em estado avançado de regeneração”, explica. Além disso, há também trechos que podem ser matas primárias – ou seja, que nunca sofreram impacto e preservam suas características originais desde antes mesmo da chegada da espécie humana.

Segundo o relatório de 2020 da SOS Mata Atlântica, esse bioma abrange cerca de 15% do território do Brasil, o que equivale a 17 estados. Além disso, é o lar de 72% da população, abrigando três dos maiores centros urbanos do continente sul-americano. Os dados sobre seu desmatamento também chamam a atenção: de 2018 para 2019, foram 14.502 hectares – ou 14 mil campos de futebol suprimidos, ameaçando sua rica biodiversidade.

No Distrito do Saí, no entanto, o relatório dos pesquisadores da UFSC indica uma área relativamente preservada, o que aumenta a relevância de medidas de conservação. De acordo com o professor, muitas áreas da Mata Atlântica sofreram impacto da ação humana ao longo do processo de ocupação urbana, o que é menos evidente na região do Saí. “Tudo isso sugere que essa região deva ser preservada. Uma floresta muito bem conservada vai ter uma quantidade de espécies muito maior e vai abrigar também muitas espécies de animais. Quanto mais espécies houver na flora, mais rica será a fauna associada”.

Esses indícios, entretanto, não sugerem que não tenha havido impactos da ação humana na floresta nativa. De acordo com o pesquisador, é possível que tenha existido, na localidade, um histórico de corte raso em alguns trechos, com a remoção da floresta, e também a remoção seletiva de algumas espécies, tais como jequetibá e canela-preta. Assim, ainda que a floresta seja considerada em estágio avançado de regeneração e seja rica em espécies, há outras regiões, mesmo em Santa Catarina, que se encontram em melhor estado de conservação, especialmente aquelas localizadas em regiões mais íngremes, cujo acesso à ação humana é dificultado.

Riqueza florística

O jequetibá é uma árvore de tronco largo, grande e vistosa, dessas que são impossíveis de não se reparar. Por isso, é difícil que passem despercebidas mesmo por olhos leigos. No trabalho de campo da UFSC, um aluno do professor Pedro Fiaschi identificou um indivíduo jovem. “Ele coletou um ramo e nos mostrou. É possível que haja mais pela floresta, mas esse que identificamos é um indivíduo jovem”, explica. A espécie é considerada ameaçada de extinção, mas pode ser encontrada no Distrito do Saí.

Segundo o professor, essa espécie não é encontrada em outras regiões do estado. Em Florianópolis, por exemplo, não há registro de jequetibás. Isso ocorre porque as florestas mais ao norte, no caso da Mata Atlântica, costumam ter registros de espécies que não ocorrem em áreas mais ao sul do estado. O Distrito do Saí, portanto, tem mais esse diferencial: por estar no Litoral Norte, vai apresentar algumas espécies características de uma região com chuvas mais abundantes e clima um pouco menos sazonal que o de Florianópolis, por exemplo. Este foi um ponto destacado pela equipe que fez o levantamento no relatório do projeto: as florestas do Distrito do Saí caracterizam- se como importantes componentes florísticos do estado por conta dessa característica, “contribuindo para a riqueza biológica de Santa Catarina e proporcionando habitat para uma fauna silvestre igualmente biodiversa”, tal como consta no relatório.

Rudgea jasminoides: registro de uma espécie que ocorre no interior de florestas bem conservadas

Para os pesquisadores, a existência de muitas espécies de bromélias, samambaias e outras epífitas na região do Distrito do Saí não surpreende. Essas espécies são comuns na Mata Atlântica e muitas não são encontradas em outros biomas brasileiros.”Sobre as bromélias, quando você vai a uma floresta e olha para cima das árvores, observa muitas espécies crescendo sobre o tronco das árvores, o que não surpreende em florestas bem estruturadas situadas em morros, com árvores de grande porte e penetração de luz sob vários ângulos”, resume.

De acordo com o professor, a beleza dessas plantas pode ser um atrativo para os turistas, já que elas atraem também muitas espécies de aves e outros polinizadores. “Como muitas outras plantas, as bromélias têm muita interação com polinizadores, que são muito importantes para sua reprodução, enquanto outras plantas dependem de animais para a dispersão das suas sementes, o que é essencial para a manutenção da floresta, já que permite o repovoamento de outras áreas”.

Já as samambaias também aparecem como parte do relatório do projeto. Algumas espécies são mais raras e conhecidas em poucas localidades. “No Distrito do Saí identificamos muitas espécies de samambaias, muito mais do que acharíamos em Florianópolis, por exemplo. Elas são um grupo que está associados a florestas úmidas e geralmente ocorrem onde há muitos corpos de água e chuvas bem distribuídas ao longo do ano”, explica.

A formação florestal, portanto, destaca-se na paisagem do Distrito do Saí. De acordo com o levantamento da equipe do professor Orlando Ferretti, mais de 90% do solo da região estudada tem essa composição – e apenas 1,14% seria floresta exótica, plantada. “A gente já imaginava que o Distrito é uma região importantíssima do ponto de vista da biodiversidade. Claro que dentro dele há áreas que sofreram modificação recente, por conta de ocupações que estão mais a margem. Inclusive, a área de entorno da unidade de conservação registra que a ocupação urbana está encostando no polígono”, explica.

Essa biodiversidade, segundo aponta o professor, é tributária também das formações da Serra do Mar, cadeia montanhosa composta por inúmeras reservas. A vegetação da região, explica ele, foi transformada pelo menos há cerca de 50 anos, com o corte seletivo em alguns lugares. “Mesmo assim, a gente percebe que está no estado de regeneração bem interessante, com topos de morro e encostas bastante recuperadas, o que também dá qualidade para a água da região, em mais de 150 pontos de nascente”.

Água

A relação da floresta com a água também diz muito sobre a qualidade de uma e de outra. De acordo com o relatório 2020 da ONG SOS Mata Atlântica, o bioma fornece água para mais de 60% da população brasileira. Não é diferente no Litoral Norte de Santa Catarina e particularmente em São Francisco do Sul. O próprio nome do projeto da UFSC, Nascentes do Saí, remete à característica hidrológica da região.

De acordo com o professor Nei Kavaguichi Leite, do Departamento de Ecologia e Zoologia, é possível recorrer ao ciclo da água para entender o papel da floresta com relação a esse aspecto. Uma das imagens ilustrativas do fenômeno é quando parte da água da chuva fica retida na copa das árvores, o que faz com que o solo a absorva de uma forma mais lenta, recarregando aquíferos que alimentam os rios. A falta de cobertura florestal, por outro lado, acelera este processo e faz com que o solo fique rapidamente saturado de água. “Isso gera um alto escoamento superficial que pode acarretar em um rápido aumento do nível dos rios e riachos, com consequente inundação, ou mesmo resultar em assoreamento devido ao aporte de grande quantidade de sedimento nos cursos d`água”.

Conservar a floresta garante qualidade da água

 

O estudo da equipe de hidrologia do projeto abrangeu nove bacias hidrográficas, com o interesse em compreender a disponibilidade hídrica nessas áreas, verificando também sua distribuição e abundância. Outro ponto importante a ser considerado é que essas águas são responsáveis por parte do abastecimento dos municípios de São Francisco do Sul e Itapoá, garantindo qualidade de vida à população. Cinco dos oito pontos de captação da empresa Águas de São Francisco estão na região.

Conforme o relatório, as bacias hidrográficas analisadas têm área de aproximadamente 26,7 km2, com monitoramento realizado pela equipe de hidrologia cobrindo cerca de 77% da área de estudo, em um total aproximado de 57 nascentes. As nascentes são o ponto por onde começa um curso de água e estão localizadas nas regiões mais altas.

A abundância hídrica do Distrito do Saí também foi corroborada pelo alto índice de chuvas, com uma média anual de 2.363 mm, acima da que é registrada em Santa Catarina, que é de 1.506 mm. Também se destacaram, na análise, a extensa cobertura de mata nativa, o que assegura a urgência de medidas de conservação. “Tem riachos que estão em regiões com certo grau de antropização, mas um aspecto bastante relevante é a manutenção das matas ciliares, que margeiam os rios. São matas que servem de refúgio para a biodiversidade, garantem a estabilidade dos barrancos e controlam a água que chega nos riachos. Em muitos desses riachos que estudamos, as matas ciliares disponibilizam alimentos para muitas espécies e servem também de recreação”, pontua Nei.

O professor lembra, ainda, que a manutenção dessas matas e da floresta, de um modo geral, também são medidas preventivas para deslizamentos ocasionados pelo forte índice pluviométrico. “A falta de cobertura vegetal pode acarretar em erosão e até mesmo assoreamento de riachos. Em locais com pequenas modificações, como a queda de uma árvore, em algum momento, já se detecta esse fenômeno. Mudar completamente as características da região pode gerar um impacto bem grande”, pondera.

O alerta também surge do professor Orlando Ferretti. Segundo ele, apesar da grande biodiversidade e da grande quantidade de florestas, a área apresenta riscos de deslizamento caso a floresta não seja conservada e não se torne alvo de políticas ambientais. “Quando se percebe o tipo de solo que existe lá, suscetível a riscos geológicos, e também a quantidade de chuva, pode-se falar até em um risco mais imediato, já que a área urbana está crescendo”.

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Amanda Miranda/Jornalista da Agecom

Tags: conservaçãoDistrito do SaíecologiaNascentes do SaíProjeto Nascentes do SaíRefúgio de Vida Silvestre

UFSC e comunidade de São Francisco do Sul sugerem criação de Refúgio de Vida Silvestre no Distrito do Saí

28/09/2021 10:00

Por dentro das matas no alto de um morro no Litoral Norte de Santa Catarina, um pequeno caneleiro-bordado está pronto para desbravar um mundo novo. Poderia ser personagem de um desenho animado, mas é uma ave observada pela primeira vez em um Estado onde não costuma ser vista. A região escolhida é cheia de características atrativas: com espécies diversificadas e água em abundância, deve se tornar a primeira unidade de conservação da parte continental de São Francisco do Sul, por recomendação de um extenso trabalho que uniu a ciência e as comunidades do Distrito do Saí.

A parceria começou após a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) ser contratada pela Prefeitura de São Francisco do Sul para estudar a região. Os recursos vieram como parte de uma multa recolhida pelo Ministério Público Federal e foram aplicados para que se analisasse as características para a criação de uma unidade de conservação municipal, em um polígono previamente estabelecido. O estudo resultou em um relatório com mais de 700 páginas, que organiza o conhecimento sobre aspectos como a hidrologia, a geologia, a fauna e a flora da região e ainda apresenta um histórico socioantropológico da área, recomendada para ser um Refúgio de Vida Silvestre.

Caneleiro bordado: espécie foi vista pela primeira vez e indica o quanto a mata pode ter riquezas desconhecidas (Foto: Fernando Farias)

O Projeto Nascentes do Saí traça uma imagem panorâmica e também o raio-x de um lugar repleto de particularidades, que tem urgência na preservação da sua biodiversidade e também pode servir como ponto de turismo ecológico por conta de suas características. O território do Distrito do Saí possui 116 km2, água, floresta e animais em abundância e um patrimônio cultural cheio de histórias. Transformá-lo em unidade de conservação vai contribuir com a proteção e exploração sustentável dos seus encantos turísticos.

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“A região de morros do Distrito do Saí nos surpreendeu com a sua riqueza de espécies, tanto de flora, como de fauna. É um remanescente de Mata Atlântica muito importante para o Estado, tendo a sua maior parte em estágio avançado de regeneração, além de ser fundamental para a segurança hídrica do município por causa dos seus mananciais”, explica o professor Rodrigo de Almeida Mohedano, do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental e coordenador do projeto. “Além dessa tomada de informações, de dados, o projeto é pautado em um processo de governança com a comunidade, porque entendemos que essas ações muito verticais, de cima para baixo, não têm muita efetividade. É preciso que a comunidade participe desde o começo”, contextualiza o professor.

De início, não foi um processo fácil, pois, no senso comum, unidades de conservação costumam ser temidas por, em alguns casos, enrijecerem determinadas regras de ocupação. Mas mesmo com uma pandemia imprevista pelo caminho, a equipe conseguiu construir, com base no diálogo, uma proposta e uma minuta de lei para criar o que se denomina Refúgio da Vida Silvestre.

O polígono inicialmente delimitado pela prefeitura transformou-se em uma área maior, de aproximadamente 6.702 hectares, segundo explica o professor Orlando Ferretti, responsável pela caracterização geográfica. O traçado passou a abranger, também, áreas de maiores altitudes, na divisa com Itapoá e Garuva, onde não há ocupação, mas há floresta.

Segundo Ferretti, a proposta de criação de uma unidade no local remonta à década de 1980, quando a Unesco criou o conceito de Reserva da Biosfera, com o objetivo de dar sustentação à preservação dos diferentes biomas espalhados pelo mundo. No Brasil, esse processo se estendeu entre final de 1990 e início de 2000, onde se estabeleceram as possíveis reservas para as áreas de Mata Atlântica. “Foi uma designação muito mais de uma política internacional, de observar nos diferentes biomas quais as áreas que deveriam ser mais cuidadas e ter mais trabalhos científicos e áreas protegidas”, contextualiza.

Hoje, a Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA), a primeira criada no Brasil, passou por diversas ampliações. De acordo com informações da Unesco, ela cobre porções territoriais de vegetação de Mata Atlântica ao longo de 89.687.000 hectares. Isso forma um corredor ecológico por 17 estados, incluindo Santa Catarina. A RBMA é a maior e uma das mais importantes unidades da Rede Mundial da Unesco.

Dentro do próprio bioma de Mata Atlântica, explica o professor, foram criadas inúmeras reservas, parte delas na região Sul – e a mais importante hoje denominada Parque Estadual da Serra do Tabuleiro. “No Norte, há áreas de serra do mar, nas regiões de Joinville, Campo Alegre, Garuva, São Chico. Ali há uma grande indicação da importância e da biodiversidade nessas áreas, balizadas pela Unesco”, comenta. A região de São Francisco do Sul, desde os anos 2000, é reconhecida como altamente importante, mas ainda não tem uma unidade de conservação em sua área continental.

A ideia de criar a primeira unidade de conservação de proteção integral na região tem uma importância adicional: somado às outras áreas protegidas do entorno, esse polígono seria uma espécie de corredor ecológico e garantiria mais trocas genéticas nas populações de animais ou de plantas que vivem em outras reservas. “É importante que haja muita unidade de conservação para que haja conexão entre os diferentes fragmentos, para que as espécies possam circular entre as áreas, tendo essa facilidade para o fluxo genético”, reforça Rodrigo.

Equipe de pesquisa em ação

O professor Ferretti também reforça a possibilidade de uma nova reserva se agregar a um chamado mosaico de áreas protegidas, que garante uma maior cobertura de proteção legal, com uma intensa variedade de ambientes, tais como serra e planície, por exemplo. Isso possibilita que haja ligação possível com corredores, seja pela água, seja pela terra, fazendo com que os animais façam a passagem de um ponto a outro. “É urgente a criação de unidades também para não isolar esses animais”, pontua.

Unindo saberes

Trabalho com a comunidade começou antes da pandemia (Fotos: acervo do projeto)

Segundo o professor Rodrigo, o Núcleo de Educação Ambiental (NEAmb) foi um dos vértices de todo esse processo. Além de já ter, no histórico, a execução de um trabalho semelhante, realizado na cidade de Itapema, o NEAmb potencializou conhecimentos multidisciplinares para o estudo. “O nosso diferencial foi trabalhar com as comunidades, empoderar a comunidade com conhecimento e incluí-la no processo, com metodologias de educação ambiental e de governança”.

A proposta de unir os saberes locais da comunidade e os saberes técnicos que a equipe da UFSC propunha fez com o que o projeto Nascentes do Saí fosse um trabalho coletivo. “Não adianta vir alguém de fora, da universidade ou do poder público e impor a criação de uma Unidade de Conservação, pois sem a apropriação desta pela comunidade, ela ficaria apenas no papel”, destaca Luiz Gabriel Catoira Vasconcelos, responsável pela governança. “O conceito de governança que trazemos do professor Daniel Silva é justamente esse: aumentar a capacidade das comunidades de participar da gestão do seu território e seus bens comuns”.

O pesquisador lembra que foi um desafio romper as opiniões pré-estabelecidas, já que muitos moradores identificavam o projeto como uma espécie de inimigo. A falta de confiança no poder público e até mesmo um preconceito com iniciativas ambientais são apontados como duas das possíveis causas desse afastamento inicial. “A efetividade da gestão de bens comuns como as águas, florestas e o meio ambiente equilibrado depende da existência de diálogo e cooperação entre todos atores envolvidos. Do contrário, a competição individualista leva à intensificação da degradação e eventualmente a um colapso irreversível”, aponta.

Justamente por isso, a equipe buscou cultivar e construir relações de confiança. A comunidade foi chamada a participar desde o primeiro momento, em conversas, depois em grupos virtuais, por conta da pandemia, e também nas três audiências públicas executadas para apresentar o que estava sendo coletado e ouvir o que os moradores tinham a dizer. As oficinas de construção participativa da proposta da Unidade de Conservação colocaram em diálogo pessoas com concepções divergentes trabalhando de modo cooperativo.

“Certamente a participação de cada um enriqueceu o processo e contribuiu para a qualidade e legitimidade das decisões tomadas. Mais do que isso, foi um alento de que ainda pode ser possível regenerar a capacidade de diálogo e cooperação em nossa sociedade”, pontua Vasconcelos, que viu a comunidade exercer a autonomia para a proposição da categoria Refúgio de Vida Silvestre, uma recomendação coletiva, que conciliou os saberes técnicos da equipe da UFSC com os interesses e saberes da comunidade. “É claro que também houve os momentos objetivos e metodológicos das oficinas, mas eles foram resultado de meses de escuta, conversa, afeto e perseverança no diálogo, especialmente quando este era mais difícil”.

Proteção também à cultura e às tradições

A comunidade, ativamente participante das decisões sobre a unidade de conservação do Distrito do Saí, também integrou o projeto em outra frente: compartilhando suas memórias, contando suas histórias e apresentando suas práticas, o que permitiu à equipe da UFSC realizar um inventário socioantropológico da região. Para a pesquisadora Elis do Nascimento Silva, coordenadora do estudo, é importante considerar que a criação de uma UC em um território não envolve apenas a proteção do ambiente natural e sua biodiversidade, mas articula-se também com a vida dos povos e comunidades.

Entrevistas fizeram parte do levantamento realizado pela UFSC

“A abordagem sociológica, histórica e antropológica se faz necessária desde o momento inicial do estudo e dos levantamentos dos dados primários e secundários que nos permitem compreender o histórico de ocupação da região, as atividades e práticas produtivas das comunidades que dependem das áreas destinadas à criação da UC e, sobretudo, os vínculos afetivos e modos tradicionais das pessoas interagirem com esses ambientes há algumas gerações”, resume Elis.

Uma das coisas que mais chamou a atenção da equipe foi a riqueza do histórico de ocupação naquela área, desde o período pré-colonial, sinalizada pelos vestígios dos sambaquis, que comprovam que existe a presença humana na região há pelo menos 6.000 anos antes do presente.

Há outros pontos da história que mereceram o registro atento das pesquisadoras da UFSC como parte do esforço de registrar as memórias e os acontecimentos da comunidade: a chegada dos franceses em 1504 e a experiência do Falanstério do Saí em 1842 para implantação de um sistema coletivista de trabalho baseada na livre associação e cooperativismo, por exemplo, também é um momento que diferencia o Distrito do Saí de outras áreas. Outras heranças socioculturais são atribuídas à presença histórica do povo Guarani, dos portugueses, espanhóis, alemães e dos afrodescendentes escravizados.

O reconhecimento e a valorização da pesca artesanal como um importante patrimônio cultural imaterial do Distrito do Saí é outro destaque que a pesquisadora faz ao estudo. De acordo com ela, mesmo com um certo enfraquecimento da prática desta atividade entre as novas gerações, trata-se de uma tradição do lugar que está presente na memória da maioria das famílias. “Relacionada à pesca artesanal, também estão a cultura dos engenhos de farinha e as festividades – tradicionais e contemporâneas – que são celebradas atualmente no Distrito do Saí, como a Festa da Nossa Senhora da Glória e a Festa do Camarão”, pontua.

Para Elis, a existência de uma unidade de conservação no Distrito pode envolver ainda mais a comunidade ao território, sendo capaz de fortalecer a identidade cultural e gerar um sentimento de pertencimento por conta da valorização da biodiversidade por parte do poder público e dos turistas. “Com a criação da UC, prevemos que ela poderá ser mais um atrativo turístico para a região e que, a partir do interesse e organização da comunidade, seus patrimônios culturais materiais e imateriais podem ser melhor geridos e valorizados como potenciais do Distrito do Saí, não só histórico-culturais mas também movimentando ainda mais a economia local”, acrescenta a pesquisadora.

 

Água abundante e floresta regenerada

A abundância hídrica e a riqueza de espécies na floresta do Distrito do Saí reforçam aquilo que os pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina já reconheciam a partir da literatura e de outros trabalhos na localidade: é necessário promover a conservação da biodiversidade e potencializar o turismo sustentável na região. A criação de um Refúgio de Vida Silvestre irá possibilitar que a Mata Atlântica permaneça protegida, o que garante, também, água de qualidade e outros benefícios às comunidades.

“A garantia da preservação da floresta confere um papel importante de conexão das pessoas com a natureza, de entrarem na mata e se sentirem confortáveis. A mata promove uma sensação muito agradável: sensação térmica, estética, de andar numa floresta e conseguir enxergar flores, aves, insetos. Para esse turismo mais voltado para o desfrute do meio ambiente é importante que a mata esteja muito bem preservada”, explica o professor Pedro Fiaschi, do departamento de Botânica.

Euterpe edulis, popularmente conhecida como ‘juçara'(Foto: acervo do projeto Nascentes do Saí)

A mata do Distrito do Saí, segundo Fiaschi, tem características que chamam a atenção. A área é coberta por Mata Atlântica em estágio avançado de regeneração. “Temos nesta região árvores altas e com diâmetro grande, além de estruturação em vários níveis: desde as árvores muito grandes, até as camadas inferiores. São vários extratos de floresta com indício de que estão em estado avançado de regeneração”, explica. Além disso, há também trechos que podem ser matas primárias – ou seja, que nunca sofreram impacto e preservam suas características originais desde antes mesmo da chegada da espécie humana.

Segundo o relatório de 2020 da SOS Mata Atlântica, esse bioma abrange cerca de 15% do território do Brasil, o que equivale a 17 estados. Além disso, é o lar de 72% da população, abrigando três dos maiores centros urbanos do continente sul-americano. Os dados sobre seu desmatamento também chamam a atenção: de 2018 para 2019, foram 14.502 hectares – ou 14 mil campos de futebol suprimidos, ameaçando sua rica biodiversidade.

No Distrito do Saí, no entanto, o relatório dos pesquisadores da UFSC indica uma área relativamente preservada, o que aumenta a relevância de medidas de conservação. De acordo com o professor, muitas áreas da Mata Atlântica sofreram impacto da ação humana ao longo do processo de ocupação urbana, o que é menos evidente na região do Saí. “Tudo isso sugere que essa região deva ser preservada. Uma floresta muito bem conservada vai ter uma quantidade de espécies muito maior e vai abrigar também muitas espécies de animais. Quanto mais espécies houver na flora, mais rica será a fauna associada”.

Esses indícios, entretanto, não sugerem que não tenha havido impactos da ação humana na floresta nativa. De acordo com o pesquisador, é possível que tenha existido, na localidade, um histórico de corte raso em alguns trechos, com a remoção da floresta, e também a remoção seletiva de algumas espécies, tais como jequetibá e canela-preta. Assim, ainda que a floresta seja considerada em estágio avançado de regeneração e seja rica em espécies, há outras regiões, mesmo em Santa Catarina, que se encontram em melhor estado de conservação, especialmente aquelas localizadas em regiões mais íngremes, cujo acesso à ação humana é dificultado.

Riqueza florística

O jequetibá é uma árvore de tronco largo, grande e vistosa, dessas que são impossíveis de não se reparar. Por isso, é difícil que passem despercebidas mesmo por olhos leigos. No trabalho de campo da UFSC, um aluno do professor Pedro Fiaschi identificou um indivíduo jovem. “Ele coletou um ramo e nos mostrou. É possível que haja mais pela floresta, mas esse que identificamos é um indivíduo jovem”, explica. A espécie é considerada ameaçada de extinção, mas pode ser encontrada no Distrito do Saí.

Segundo o professor, essa espécie não é encontrada em outras regiões do estado. Em Florianópolis, por exemplo, não há registro de jequetibás. Isso ocorre porque as florestas mais ao norte, no caso da Mata Atlântica, costumam ter registros de espécies que não ocorrem em áreas mais ao sul do estado. O Distrito do Saí, portanto, tem mais esse diferencial: por estar no Litoral Norte, vai apresentar algumas espécies características de uma região com chuvas mais abundantes e clima um pouco menos sazonal que o de Florianópolis, por exemplo. Este foi um ponto destacado pela equipe que fez o levantamento no relatório do projeto: as florestas do Distrito do Saí caracterizam- se como importantes componentes florísticos do estado por conta dessa característica, “contribuindo para a riqueza biológica de Santa Catarina e proporcionando habitat para uma fauna silvestre igualmente biodiversa”, tal como consta no relatório.

Rudgea jasminoides: registro de uma espécie que ocorre no interior de florestas bem conservadas

Para os pesquisadores, a existência de muitas espécies de bromélias, samambaias e outras epífitas na região do Distrito do Saí não surpreende. Essas espécies são comuns na Mata Atlântica e muitas não são encontradas em outros biomas brasileiros.”Sobre as bromélias, quando você vai a uma floresta e olha para cima das árvores, observa muitas espécies crescendo sobre o tronco das árvores, o que não surpreende em florestas bem estruturadas situadas em morros, com árvores de grande porte e penetração de luz sob vários ângulos”, resume.

De acordo com o professor, a beleza dessas plantas pode ser um atrativo para os turistas, já que elas atraem também muitas espécies de aves e outros polinizadores. “Como muitas outras plantas, as bromélias têm muita interação com polinizadores, que são muito importantes para sua reprodução, enquanto outras plantas dependem de animais para a dispersão das suas sementes, o que é essencial para a manutenção da floresta, já que permite o repovoamento de outras áreas”.

Já as samambaias também aparecem como parte do relatório do projeto. Algumas espécies são mais raras e conhecidas em poucas localidades. “No Distrito do Saí identificamos muitas espécies de samambaias, muito mais do que acharíamos em Florianópolis, por exemplo. Elas são um grupo que está associados a florestas úmidas e geralmente ocorrem onde há muitos corpos de água e chuvas bem distribuídas ao longo do ano”, explica.

A formação florestal, portanto, destaca-se na paisagem do Distrito do Saí. De acordo com o levantamento da equipe do professor Orlando Ferretti, mais de 90% do solo da região estudada tem essa composição – e apenas 1,14% seria floresta exótica, plantada. “A gente já imaginava que o Distrito é uma região importantíssima do ponto de vista da biodiversidade. Claro que dentro dele há áreas que sofreram modificação recente, por conta de ocupações que estão mais a margem. Inclusive, a área de entorno da unidade de conservação registra que a ocupação urbana está encostando no polígono”, explica.

Essa biodiversidade, segundo aponta o professor, é tributária também das formações da Serra do Mar, cadeia montanhosa composta por inúmeras reservas. A vegetação da região, explica ele, foi transformada pelo menos há cerca de 50 anos, com o corte seletivo em alguns lugares. “Mesmo assim, a gente percebe que está no estado de regeneração bem interessante, com topos de morro e encostas bastante recuperadas, o que também dá qualidade para a água da região, em mais de 150 pontos de nascente”.

Qualidade da floresta

A relação da floresta com a água também diz muito sobre a qualidade de uma e de outra. De acordo com o relatório 2020 da ONG SOS Mata Atlântica, o bioma fornece água para mais de 60% da população brasileira. Não é diferente no Litoral Norte de Santa Catarina e particularmente em São Francisco do Sul. O próprio nome do projeto da UFSC, Nascentes do Saí, remete à característica hidrológica da região.

De acordo com o professor Nei Kavaguichi Leite, do Departamento de Ecologia e Zoologia, é possível recorrer ao ciclo da água para entender o papel da floresta com relação a esse aspecto. Uma das imagens ilustrativas do fenômeno é quando parte da água da chuva fica retida na copa das árvores, o que faz com que o solo a absorva de uma forma mais lenta, recarregando aquíferos que alimentam os rios. A falta de cobertura florestal, por outro lado, acelera este processo e faz com que o solo fique rapidamente saturado de água. “Isso gera um alto escoamento superficial que pode acarretar em um rápido aumento do nível dos rios e riachos, com consequente inundação, ou mesmo resultar em assoreamento devido ao aporte de grande quantidade de sedimento nos cursos d`água”.

Conservar a floresta garante qualidade da água

 

O estudo da equipe de hidrologia do projeto abrangeu nove bacias hidrográficas, com o interesse em compreender a disponibilidade hídrica nessas áreas, verificando também sua distribuição e abundância. Outro ponto importante a ser considerado é que essas águas são responsáveis por parte do abastecimento dos municípios de São Francisco do Sul e Itapoá, garantindo qualidade de vida à população. Cinco dos oito pontos de captação da empresa Águas de São Francisco estão na região.

Conforme o relatório, as bacias hidrográficas analisadas têm área de aproximadamente 26,7 km2, com monitoramento realizado pela equipe de hidrologia cobrindo cerca de 77% da área de estudo, em um total aproximado de 57 nascentes. As nascentes são o ponto por onde começa um curso de água e estão localizadas nas regiões mais altas.

A abundância hídrica do Distrito do Saí também foi corroborada pelo alto índice de chuvas, com uma média anual de 2.363 mm, acima da que é registrada em Santa Catarina, que é de 1.506 mm. Também se destacaram, na análise, a extensa cobertura de mata nativa, o que assegura a urgência de medidas de conservação. “Tem riachos que estão em regiões com certo grau de antropização, mas um aspecto bastante relevante é a manutenção das matas ciliares, que margeiam os rios. São matas que servem de refúgio para a biodiversidade, garantem a estabilidade dos barrancos e controlam a água que chega nos riachos. Em muitos desses riachos que estudamos, as matas ciliares disponibilizam alimentos para muitas espécies e servem também de recreação”, pontua Nei.

O professor lembra, ainda, que a manutenção dessas matas e da floresta, de um modo geral, também são medidas preventivas para deslizamentos ocasionados pelo forte índice pluviométrico. “A falta de cobertura vegetal pode acarretar em erosão e até mesmo assoreamento de riachos. Em locais com pequenas modificações, como a queda de uma árvore, em algum momento, já se detecta esse fenômeno. Mudar completamente as características da região pode gerar um impacto bem grande”, pondera.

O alerta também surge do professor Orlando Ferretti. Segundo ele, apesar da grande biodiversidade e da grande quantidade de florestas, a área apresenta riscos de deslizamento caso a floresta não seja conservada e não se torne alvo de políticas ambientais. “Quando se percebe o tipo de solo que existe lá, suscetível a riscos geológicos, e também a quantidade de chuva, pode-se falar até em um risco mais imediato, já que a área urbana está crescendo”.

Uma ave inédita 

Ave bordada com bico robusto, segundo o Wiki Aves, é o significado para a nomenclatura científica do Pachyramphus marginatus, ou apenas “Caneleiro-Bordado”. O pequeno animal, que mede até 14 cm e pesa não mais que 18 gramas, tinha sua distribuição registrada desde Pernambuco até o Paraná, mas em dezembro de 2019 foi visto pela primeira vez ainda mais ao Sul, especificamente na região do Distrito do Saí.

Os ornitólogos que o reconheceram são da equipe da Universidade Federal de Santa Catarina responsável pelo levantamento socioambiental para a criação de uma unidade de conservação em São Francisco do Sul, litoral Norte de Santa Catarina. Primeiro, a equipe identificou o macho. Alguns meses depois, uma fêmea também foi vista pela primeira vez, consolidando a hipótese de que a floresta tem muito a apresentar, inclusive em termos de turismo ecológico.

Caneleiro bordado no Distrito do Saí

De acordo com o professor Guilherme Renzo Rocha Brito, do Departamento de Ecologia e Zoologia da UFSC, esses primeiros registros estendem a espécie por cerca de 40 km ao sul de sua área de distribuição conhecida, e embora não seja possível afirmar com toda certeza se outros exemplares já haviam voado mais ao Sul, trata-se de um dado relevante para a compreensão da avifauna do Saí. A equipe identificou pelo menos 252 espécies diferentes na região, de 59 famílias – dados que a elevam como uma das regiões mais ricas do estado.

“É uma das áreas mais ricas de aves da Mata Atlântica do Estado. Dali para baixo começa a diminuir um pouco, por questões climáticas, por conta do frio. Em termos comparativos, é possível que haja números semelhantes nas matas de araucárias, mas desconfio que não chegue muito perto da riqueza que encontramos ali”, explica.

O professor conta que aves são animais de ambientes muito específicos, ou seja, de acordo com o tipo de ambiente é possível encontrar uma comunidade que se adequa somente aquela região. “Num manguezal, por exemplo, você encontra aves que estão somente nesse ambiente. Já nas florestas vai encontrar uma comunidade um pouco diferente. Mas no caso do Distrito do Saí, naquela região há um mosaico de vários tipos”, comenta. Cercada por baía, manguezais, florestas e morros, a área tem pássaros de cores, tipos e padrões diferentes – um registro de biodiversidade e da urgência de conservação.”Pouco mais acima, na divisa do Paraná e de São Paulo, por exemplo, vai haver uma riqueza um pouco maior por ser um núcleo maior de florestas. O que vemos no Saí é um potencial bastante interessante”.

Como as aves são bastante sensíveis a alterações no seu ambiente e muito dependentes de habitat florestal, a riqueza na área também é um indicativo de que as florestas da região do Distrito do Saí sustentam uma comunidade relativamente saudável, inclusive com alto número de endemismos e espécies raras e ameaçadas. Além do Caneleiro-Bordado, a equipe identificou também espécies como o Jaó-do-Sul, da família dos macucos, um animal relativamente grande, que parece uma galinha e é muito caçado, buscado para servir de alimento. Um Curió de vida livre também foi identificado, uma espécie mais rara muito procurada por gaioleiros no passado só encontrada em áreas de vida selvagem preservada e pouco perturbada.

Curió Sporophila é ameaçado de extinção

“O recado é que é uma comunidade muito complexa, com muitos agentes e muitos exemplos. E quanto mais complexa a comunidade, mais complexas são as interações, pois para sustentar uma comunidade dessas é preciso um ambiente muito saudável, com muitos recursos. Mais de 50% dessas aves são insetívoras, por exemplo, dependentes de insetos”, ilustra.

Um desdobramento efetivo dessa análise sobre a avifauna foi bastante comentado junto à comunidade do Distrito do Saí, já que essa característica pode levar à criação de projetos turísticos relacionados à observação de pássaros. “O Distrito do Saí é uma das únicas áreas no estado de Santa Catarina com a possibilidade de observação e registro de muitas espécies. Essa beleza cênica fomenta o turismo de natureza”, indica o relatório da UFSC. “A recepção da comunidade quanto a essa possibilidade foi muito boa. Proprietários de pousada, por exemplo, ficaram empolgados com essa questão, pois apareceu como um novo potencial”, reforça o professor.

Exemplo de biodiversidade

A região, segundo o levantamento de fauna, tem uma importância ecológica inegável. De acordo com o professor Selvino Neckel de Oliveira, do Departamento de Ecologia e Zoologia da UFSC, que coordenou o estudo, o primeiro passo para a conservação é o conhecimento da área e do que ela tem de biodiversidade, pois assim é possível avaliar cada espécie e suas características determinadas. “A partir desse dado você consegue ter uma dimensão do estado de conservação, por exemplo, se você está diante de uma espécie que tem distribuição restrita naquela área ou se ela nunca foi registrada naquele ambiente”.

Piaya cayana

 

No caso da Mata Atlântica, que foi reduzida a cerca de 7% do que ela já foi originalmente no passado, sua posterior recuperação ocasionou uma paisagem com habitats fragmentados, ou seja, manchas de áreas florestais separadas por cidades ou sistemas agrícolas que isolaram determinadas espécies que, como consequência, podem ser extintas. “Num contexto de fragmentação, mesmo as espécies que conseguem permanecer se tornam inviáveis, pois as populações vão diminuindo, já que não há troca de material genético entre as populações”, explica.

 

Haematopus palliatus

 

Oliveira explica que é necessário estudar o ambiente, saber o que ele dispõe e avaliar o seu estado de conservação. “Nosso levantamento de fauna mostrou que o Distrito do Saí é um dos lugares mais ricos de espécies da nossa Mata Atlântica, com uma quantidade de espécies muito alta, comparado à unidade de área”, pontua.”E por que esse ambiente é rico? Porque a parte Norte de Santa Catarina é uma região de conexão de fauna e flora que vem do Sudeste/Nordeste brasileiro e da parte Sul do Brasil. Então, temos elementos da fauna e flora do Sul se encontrando com elementos das regiões Sudeste e Nordeste do Brasil.

Um exemplo que a equipe incluiu nas suas análises é o do Veado Bororo, espécie registrada na mata do Distrito do Saí há cerca de dois anos e cuja ocorrência era mais comum na porção da Mata Atlântica da região de São Paulo e dali para o Nordeste. Espécies de anfíbios observadas na floresta também são exemplos de uma região com uma fauna heterogênea, com elementos que tiveram suas origens mais ao sul ou mais ao norte do Saí. “O que ocorre é que o limite de distribuição dessa inúmeras espécies ocorre aqui na na região do Saí”.

Eira: exemplar da mastofauna no Distrito do Saí

O professor lembra que aquilo que a equipe levantou na região é uma pequena amostra, fruto de cerca de 20 dias de campo, por conta do contexto pandêmico. Mesmo assim, observou-se uma grande diversidade. “Imagina se tivesse uma estação de estudo nesse local há 20, 30 anos e a importância que teriam estes registros a longo prazo. Ficamos impressionados, pois em pouco tempo conseguimos comprovar essa biodiversidade”, completa.

Os dados – que no relatório são divididos por grupos (peixes, anfíbios, reptéis, mamíferos, avese insetos dipteros) – não permitem que a equipe lance hipóteses sobre a possível perda de biodiversidade ocasionada pela ação humana, por exemplo. Mas o pesquisador observa que a região tem perdido áreas de floresta, além de ser ameaçada constantemente por obras, como as de ampliação portuária. “O veado, por exemplo, a gente registrou um indivíduo apenas. Será que não havia mais há dez ou cem anos atrás? Ou mesmo o macaco Bugio, que antes era visto com certa frequência e agora praticamente não se vê mais nessa região”.

Para ele, o que mais chama a atenção na fauna do Distrito do Saí é o conjunto da obra, identificado por meio da observação dos elementos da floresta atlântica que estão bem representados em diversos pontos do polígono e que são essenciais para a justificativa de uma unidade de conservação. “São muitos componentes da biodiversidade: o meio físico, com as nascentes com água de boa qualidade, o componente biótico, como árvores imensas; poucas, mas existem, e árvores que produzem muitos frutos para fauna. Os componentes da biodiversidade da Mata Atlântica estão todos ali”.

Amanda Miranda/Jornalista da Agecom/UFSC

Tags: Distrito do SaíecologiaMata Atlânticameio ambienteNascentes do SaíUnidade de Conservação

Trabalho da UFSC recomenda a criação de unidade de conservação no Norte de SC; leia a série ‘Nascentes do Saí’

27/09/2021 10:00

 

Uma Mata Atlântica ameaçada, uma equipe de pesquisadores e pesquisadoras e uma comunidade interessada em compartilhar seus saberes e em debater a conservação da região. O projeto Nascentes do Saí, formalmente intitulado Diagnóstico Socioambiental para Criação de Unidade de Conservação na Vila da Glória, município de São Francisco do Sul/SC, deu origem a um relatório de mais de 700 páginas que destaca uma recomendação ao poder público: é preciso conservar legalmente o polígono que envolve florestas, morros, nascentes de rio e centenas de espécies antes que ele seja destruído.

Para cumprir o objetivo de traçar um diagnóstico socioambiental da região, o projeto de caráter multidisciplinar contou com uma equipe de professores e estudantes de diversos centros da Universidade Federal de Santa Catarina e também da Univille para realizar estudos sobre fauna, flora, geologia e geomorfologia, socioantropologia, levantamento fundiário e caracterização geográfica.  Suas diretrizes envolviam desde a preservação dos recursos hídricos até disponibilização de recursos naturais à pesquisa científica, passando também pela criação de programas de educação ambiental e pela proposição de um plano para construção da Política de Conservação e Gestão Territorial da unidade.

A partir desta terça-feira, a Agência de Comunicação da UFSC irá apresentar três reportagens que sintetizam a importância da parceria entre a universidade, a ciência e a sociedade e ajudam a apresentar uma das regiões mais ricas do Estado, em que as chuvas abundantes e as condições geográficas geram um “combo” que pode beneficiar a comunidade com iniciativas de turismo ecológico.

A série está dividida em três blocos de assuntos, que serão apresentados entre terça e quinta-feira: na primeira reportagem há uma apresentação geral de como se deu o projeto e do envolvimento da comunidade em todas as suas etapas; na segunda, o foco é a apresentação da floresta, suas matas e nascentes e, por fim, a fauna ganha destaque, reforçando-se a importância da correlação desta com a conservação.


Acompanhe pelo calendário

Terça-feira (28/09) – UFSC e comunidade de São Francisco do Sul sugerem criação de Refúgio de Vida Silvestre no Distrito do Saí

Quarta-feira (29/09) – Água abundante e floresta regenerada serão preservadas com criação de Refúgio da Vida Silvestre em São Chico

Quinta-feira (30/09) – Uma ave inédita e muita riqueza: conheça a fauna do Distrito do Saí que deve ser protegida por Refúgio da Vida Silvestre


Mais sobre o Projeto Nascentes do Saí:

Textos: Amanda Miranda/Jornalista da Agecom/UFSC
Artes: Coordenadoria de Design e Programação Visual / Agecom
Fotos: Acervo do Projeto Nascentes do Saí

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Palestra aborda a restauração ecológica e as redes de sementes no Brasil

23/06/2021 09:31

O Programa de Pós-Graduação em Biologia de Fungos, Algas e Plantas da Universidade Federal de Santa Catarina (PPGFAP/UFSC) realiza nesta sexta-feira, 25 de junho, às 13h, a palestra Restauração ecológica e as redes de sementes no Brasil. O evento conta com a participação de Eduardo Malta Campos Filho, biólogo do Instituto Socioambiental. A palestra é aberta para toda comunidade e será transmitida pelo canal do PPGFAP no Youtube.

O desenvolvimento das redes de sementes no Brasil se dá em resposta à disseminação da semeadura direta como mais uma técnica para restauração ecológica, que pode ser associada ao plantio de mudas, à nucleação e às agroflorestas. Essas redes trazem o diferencial de gerar renda a centenas de famílias do interior do país, além de disponibilizar sementes com grande variabilidade genética, rastreabilidade e em grandes quantidades.

Mais informações no Instagram e no Facebook do PPGFAP.

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Artigo de pesquisadores da UFSC aborda uma antiga interação entre humanos e plantas comestíveis

10/06/2021 15:13

Foto: Carolina Levis

Em artigo publicado na revista Science nesta quinta-feira, 10 de junho, os pós-doutorandos do Programa de Pós-Graduação em Ecologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Bernardo Flores e Carolina Levis descreveram uma antiga interação entre povos indígenas e plantas comestíveis em florestas tropicais. Por um lado, as comunidades locais se beneficiam dos alimentos encontrados nesses ambientes e, por outro, ajudam a aumentar a abundância das plantas que os fornecem. Essa relação é bastante antiga e tem o potencial de ajudar a aumentar a segurança alimentar nos trópicos.

Há pelo menos 12 mil anos, as florestas tropicais têm sido o lar de pessoas que domesticaram paisagens e populações de plantas. Vastas extensões de floresta ficaram repletas de frutas, castanhas e raízes a partir dessa interação com as populações humanas. A castanha-do-pará, por exemplo, é cultivada por indígenas há milênios e hoje é uma espécie dominante na bacia amazônica. Algo semelhante aconteceu com o pinhão: o cultivo por povos originários ampliou a distribuição da araucária pela Mata Atlântica.

Foto: Edilson Villegas Ramos/ISA

Os pesquisadores apontam, contudo, que, sem a presença de povos locais, as espécies comestíveis se tornam menos competitivas e podem desaparecer com o tempo. Monoculturas industriais, pastagens, mineração, entre outras atividades, destroem o ecossistema e também o antigo conhecimento indígena e local. Como resultado, as florestas tropicais estão perdendo suas identidades biológicas e culturais. Para que esses ecossistemas continuem ricos em recursos alimentares, portanto, povos indígenas e comunidades locais precisam continuar gerenciando a paisagem, salientam os cientistas.

O artigo destaca, ainda, que, em todo o mundo, mais de um bilhão de pessoas dependem dos recursos florestais para nutrição e saúde, especialmente nas regiões tropicais em desenvolvimento. O feedback positivo entre os povos locais e a disponibilidade de alimentos revela a possibilidade de conservar as florestas tropicais e, ao mesmo tempo, aumentar a segurança e a soberania alimentar. Essa é uma oportunidade para desenvolver sistemas sustentáveis ​​de produção de alimentos, protegendo os ecossistemas florestais e promovendo a justiça socioambiental, ressaltam os pós-doutorandos.

Leia o artigo na íntegra.

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Estudo revela que savanas nativas se expandem no coração da Amazônia após incêndios florestais 

05/03/2021 16:48

Incêndios têm provocado alterações na abundância de espécies de árvores e na composição do solo. Foto: Katie Maehler/Mídia Ninja [CC-BY-NC]

Florestas no coração da Amazônia já estão sendo substituídas por savanas nativas devido a incêndios florestais recorrentes, revela um estudo publicado na última quarta-feira, 3 de março, na revista científica internacional Ecosystems. A partir de imagens de satélites dos últimos 40 anos e de pesquisas de campo, os cientistas constataram uma série de mudanças na composição do solo e na distribuição de espécies de árvores. O trabalho foi conduzido por Bernardo M. Flores, pós-doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ecologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e Milena Holmgren, professora da Universidade Wageningen, na Holanda.

Os autores destacam que, por muito tempo, as partes periféricas da Floresta Amazônica foram consideradas as mais vulneráveis, à medida que as atividades humanas avançavam ao longo do Arco do Desmatamento – região que vai de leste e sul do Pará em direção oeste, passando por Mato Grosso, Rondônia e Acre. O artigo divulgado nesta semana, contudo, refere-se a uma paisagem de ecossistemas inundáveis no médio Rio Negro, uma região remota, longe da fronteira agrícola, na qual manchas de savana de areia branca ocorrem espalhadas em meio a áreas bem preservadas.

Os pesquisadores mapearam, por meio de imagens de satélite, quatro décadas de incêndios florestais e coletaram informações detalhadas em campo, visando avaliar alterações na abundância de espécies de árvores e nas propriedades do solo em florestas queimadas em diferentes momentos do passado. Eles salientam que os incêndios florestais mataram praticamente todas as árvores, permitindo que a camada superficial do solo, rica em argila, sofresse erosão com as inundações anuais e se tornasse gradualmente arenosa. Além disso, os tipos de árvores mudaram à medida que as espécies típicas das savanas de areia branca se tornaram cada vez mais dominantes nas florestas queimadas, junto com as plantas herbáceas nativas.
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Pesquisa interdisciplinar busca medir vulnerabilidades e resiliência da Amazônia

02/03/2021 12:14

Estudo envolve especialistas em matemática, computação, ecologia e processos hidrológicos. Foto: Deliane Penha

Em seus mais de 5 milhões de quilômetros quadrados, a Amazônia é bastante heterogênea. Suas milhares de espécies de plantas habitam ambientes diversos, repletos de particularidades e sujeitos a variados tipos de perturbações de origens naturais e humanas – como secas, queimadas e desmatamentos. Entender como esses distúrbios afetam o crescimento e a morte da vegetação é essencial tanto para a implementação de políticas de conservação e recuperação do bioma quanto para sabermos o que esperar do futuro da maior floresta tropical do mundo.

É justamente com a intenção de desenvolver ferramentas que possam colaborar com essa compreensão que um grupo interdisciplinar de pesquisadores se uniu, sob coordenação da professora do Departamento de Física da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Marina Hirota. A proposta da equipe é identificar os mecanismos relacionados às respostas de diferentes espécies de plantas à falta de água para, então, desenvolver um framework – uma espécie de modelo que possa ser aplicado para medir a resiliência da floresta, ou seja, sua capacidade de resistir e recuperar-se diante de situações adversas. O projeto de pesquisa é financiado pelo Instituto Serrapilheira, instituição privada de fomento à ciência, e conta com a participação de especialistas em matemática, computação, ecologia e processos hidrológicos da UFSC, da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), da Rutgers University (Estados Unidos), da University of Birmingham (Inglaterra) e da Universidade de Santiago de Compostela (Espanha).

Marina explica que a seca na Amazônia tem se intensificado de forma recorde nos últimos anos. As mudanças climáticas e de uso da terra e o aumento do desmatamento já provocam alterações no regime de chuvas, na vulnerabilidade da floresta ao fogo e na mortandade de espécies. E, se nada for feito, essas questões só irão se exacerbar. A previsão dos cientistas é que o aumento da temperatura e a diminuição das chuvas provoquem secas cada vez mais prolongadas e severas – daí a necessidade de contarmos com dados confiáveis e a capacidade de fazer previsões.
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Pesquisadores da UFSC alertam para danos ambientais da enxurrada na Lagoa da Conceição

27/01/2021 12:17

Foto mostra impacto da enxurrada e sedimentos na Lagoa da Conceição (Foto: Divulgação)

Uma nota técnica assinada por pesquisadores dos projetos Ecoando Sustentabilidade e Veleiro Eco e dos laboratórios de Ficologia (Lafic), de Oceanografia Química e Biogeoquímica Marinha (Loqui) e do Núcleo de Estudos do Mar (Nemar) alerta para os possíveis prejuízos ambientais e riscos para a saúde humana do despejo de grande volume de esgoto tratado na Lagoa da Conceição, provocado pelo rompimento de uma lagoa de decantação da Casan. O incidente ocorreu na última segunda-feira, 25 de janeiro.

Na nota, os pesquisadores sugerem a realização de análises e o monitoramento “químico, biológico e ecológico” na laguna, para mensurar os impactos do derrame e subsidiar a adoção de medidas de mitigação e restauração ecológica.

O documento destaca que “a retenção de esgotos tratados em lagoas de maturação, decantação, evaporação ou infiltração é uma prática tecnicamente correta, desejável e preferível ao lançamento direto e contínuo dos efluentes em corpos de água naturais”. Alerta porém que é necessário o monitoramento da qualidade dessas águas e da estabilidade dos taludes e barragens associadas.

Apesar da alta eficiência do tratamento do esgoto in natura, o grande volume de esgoto tratado contido no reservatório, “ao ser despejado pontualmente e bruscamente, representa uma entrada altamente impactante de compostos químicos e componentes biológicos estranhos à Lagoa da Conceição”. Esse despejo atípico de nutrientes e matéria orgânica “pode quebrar a resiliência ecológica remanescente e acelerar o processo de eutrofização, com consequente expansão das zonas mortas já observadas nas regiões mais profundas da lagoa”. A eutrofização é o crescimento exagerado de algas, levando à diminuição do oxigênio na água.

Os pesquisadores destacam que a variação de salinidade decorrente da intrusão rápida de grande quantidade de água doce pode ter efeitos sobre organismos como plâncton, nectos e bentos (organismos que vivem no fundo da lagoa). As comunidades bênticas, consideradas de elevada importância para o equilíbrio ecológico do sistema, podem ser afetadas também pelos sedimentos (areia) arrastados pela enxurrada.

Além dos prejuízos ambientais, o derrame também pode apresentar riscos à saúde humana. Conforme a nota técnica, ainda que o líquido extravasado seja de esgoto tratado, não se descarta a possível presença de patógenos residuais. Por isso será necessário analisar a qualidade da água, para monitorar a presença de patógenos já identificados na região, como o vírus da hepatite A. O documento sugere que, por precaução, seja limitado ou proibido o contato de pessoas nas áreas afetadas e entorno “até que seja realizada caracterização detalhada do evento, por meio de análises químicas e biológicas da água e do sedimento”.

Veja a íntegra da Nota Técnica

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Florestas ripárias do Cerrado e Pantanal ameaçadas por incêndios

14/12/2020 08:00

Grandes incêndios são cada vez mais comuns em savanas tropicais, como o Cerrado e o Pantanal. Novas descobertas científicas revelam que esses incêndios podem representar uma ameaça aos sensíveis ecossistemas de floresta ripária. Em outubro de 2017, um grande incêndio se espalhou pelas savanas do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, queimando mais de 86 mil hectares de vegetação nativa e preservada (80% da área original do parque).

Agora, um estudo publicado na revista britânica Journal of Applied Ecology mostrou que esse grande incêndio causou uma alta mortalidade de árvores em algumas florestas ripárias do parque. “Para nossa surpresa, as florestas mais impactadas foram aquelas que inundam durante a estação chuvosa”, explica Bernardo Flores, primeiro autor do artigo e pesquisador colaborador do Laboratório Interdisciplinary Environmental Studies (IpES/UFSC). Em algumas florestas, o incêndio causou um impacto leve, mas em outras, o incêndio foi destrutivo, matando quase todas as árvores e permitindo que gramíneas invasoras e outras plantas oportunistas, como cipós e samambaias, em poucos meses começassem a dominar o ecossistema. O incêndio também liberou nutrientes da floresta sobre o solo, que agora ficarão expostos à erosão.

O estudo surgiu de uma demanda dos gestores do parque, preocupados com os impactos do incêndio de 2017, e envolveu a colaboração de 20 cientistas de diferentes instituições brasileiras e internacionais. Primeiro, os autores usaram imagens disponíveis pelo Google Earth para quantificar a perda de cobertura florestal na paisagem entre 2003 a 2019, em uma área de 90 hectares. As imagens de satélite foram comparadas com dados de campo, coletados em 36 florestas espalhadas pela paisagem queimada, incluindo informações detalhadas sobre todas as árvores, plantas herbáceas e o solo.

A floresta ripária é um habitat vital para grandes animais, como as onças, pois servem de abrigo em meio às savanas abertas. Florestas ripárias acompanham e protegem rios e outros tipos de cursos d’água, explica a professora da UFSC e também co-autora do artigo, Michele Dechoum. Quando incêndios reduzem a cobertura dessas florestas, eles podem desequilibrar cadeias alimentares e gerar efeitos em cascata, alterando ecossistemas inteiros. “Uma parte dessas florestas ripárias fica inundada na estação chuvosa, mas outras não. E nós comparamos o efeito desse incêndio entre esses dois tipos de florestas – as inundadas e as não inundadas – para saber se os efeitos variavam, onde seriam mais drásticos. As florestas temporariamente inundadas são mais impactadas do que as não inundadas – em algumas florestas inundadas, a mortalidade de árvores chega a 100% e o solo superficial foi queimado, levando à perda de nutrientes e a processos erosivos”, explica Michele.
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Projeto de extensão lança série de vídeos ‘Invasões biológicas na pandemia’

19/11/2020 12:40

Laboratório de Ecologia de Invasões Biológicas, Manejo e Conservação (Leimac) da UFSC, coordenado pela professora Michele Dechoum, lançou a série de vídeos “Invasões biológicas na pandemia”. A série faz parte do projeto de extensão “Envolvimento comunitário para a restauração da diversidade biológica“, no qual as graduandas em Ciências Biológicas Mariana Adami Borgert e Gabriela Moraes da Silva estão envolvidas.

“Havíamos previsto atividades em escolas e centros comunitários no município de Florianópolis, mas, com a pandemia, tivemos que adequar as atividades previstas e destinamos nossos esforços para a elaboração de jogos e outros materiais educativos” explica Michele. Todos os materiais produzidos estão disponíveis para download no site do laboratório.

A série de vídeos foi criada com o intuito de servir de apoio para professoras e professores, para que o tema de invasões biológicas esteja presente no conteúdo de Ecologia trabalhado nas aulas de Ciências do ensino fundamental. Os vídeos também são indicados para qualquer pessoa interessada em obter conhecimentos sobre conceitos ecológicos e invasões biológicas.

Cada vídeo trata de um tema específico relacionado à problemática de invasões biológicas – no primeiro deles são apresentados conceitos e definições básicas sobre a problemática. “Estamos tentando abordar o tema de forma leve e bem ilustrada, em linguagem acessível e com tradução em libras, de modo que o tema possa atingir o maior número de pessoas” explica Michele.

Mais informações na página do Leimac.

 

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Curso sobre bases para cultura oceânica em SC começa nesta quarta-feira

14/10/2020 12:21

Iniciam nesta quarta-feira, 14 de outubro, as aulas do curso Bases para cultura oceânica em Santa Catarina, desenvolvido pelo projeto Ecoando Sustentabilidade em parceria com a Fundação Municipal do Meio Ambiente (Floram). O projeto tem finalidade de aproximar a comunidade do meio acadêmico, com abordagens de diferentes aspectos relacionados com as áreas de Biologia, Geografia, Ecologia e Oceanografia.

As aulas serão semanais e transmitidas pelo canal do Ecoando Sustentabilidade no YouTube, com um total de 10 encontros, que ocorrem até 16 de dezembro. Será fornecido certificado aos que tiverem, no mínimo, 75% de participação.

Inscrições e mais informações pelo formulário.

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