UFSC estuda caminho da chuva na Floresta Amazônica para entender mudanças climáticas

13/05/2025 14:34

Dossel da Floresta tem impacto no ciclo hidrológico e ajuda a compreender mudanças climáticas (Divulgação)

Um projeto da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em parceria com o Instituto Mamirauá, que investe em ciência, tecnologia e inovação para a conservação e uso sustentável da biodiversidade da Amazônia, vai permitir que se compreenda melhor os efeitos das mudanças climáticas nas áreas de várzea da região, especialmente no Médio Solimões. O objetivo é estimar quanto da chuva que atinge o dossel da floresta chega efetivamente ao solo e qual percentual retorna à atmosfera por evaporação.

O  dossel é a parte superior da floresta, formada pelas copas das árvores, uma espécie de teto natural que cobre o solo da floresta.  A iniciativa faz parte do esforço do Instituto Mamirauá para consolidar uma rede de monitoramento hidrometeorológico na região. “A parceria com o Laboratório de Hidrologia (LabHidro) da UFSC surgiu a partir de um interesse comum: entender como a vegetação influencia o ciclo hidrológico regional por meio da interceptação da chuva”, explica o pesquisador Luiz Felipe Pereira de Brito, mestrando na pós-graduação em Engenharia Ambiental e um dos responsáveis pelo projeto.

Entender como a chuva é interceptada pelo dossel florestal é essencial para avaliar o balanço hídrico nas várzeas amazônicas, onde o regime de cheia e seca define o funcionamento dos ecossistemas e impacta diretamente a vida das comunidades ribeirinhas. Segundo Brito, a água da chuva tem papel decisivo na recarga dos corpos d’água, na umidade do solo e na disponibilidade de recursos naturais como alimentos e água potável. “Saber o quanto da chuva realmente chega ao solo e o quanto retorna à atmosfera por evaporação ajuda a melhorar modelos hidrológicos, prever secas e cheias e compreender como o funcionamento da floresta pode ser afetado pelas mudanças climáticas”.

Equipamentos de medição são feitos com objetos de baixo custo

Para estimar a interceptação, os pesquisadores monitoram três variáveis principais: a chuva total (que atinge a copa das árvores), a chuva interna (que atravessa o dossel e chega ao solo) e o escoamento pelo tronco (água que escorre pelos troncos das árvores até o chão). Os equipamentos utilizados — como pluviômetros artesanais, calhas de PVC e mangueiras espiraladas — foram elaborados com materiais de baixo custo, o que facilita a replicação do experimento em outras áreas.  Em abril, os pesquisadores desenvolveram uma oficina de confecção dos dispositivos com os alunos do ensino fundamental da Escola Municipal Divino Espírito Santo do Jarauá, em Alvarães, com o objetivo de compreender a distribuição espacial da chuva na comunidade.

“Tivemos a oportunidade de interagir com os alunos da escola e construir juntos pluviômetros artesanais com garrafas PET. Além do aprendizado prático sobre como medir a chuva, a atividade gerou curiosidade e engajamento com a ciência. Foi também uma forma de valorizar o conhecimento local e aproximar a pesquisa científica da realidade das comunidades ribeirinhas”, pontua o pesquisador.
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Pesquisador da UFSC planta 4.300 árvores nativas na Amazônia

18/06/2024 12:55

Plantio ocorreu em região inundada. Bernardo (chapeu azul) contou com o apoio de moradores da região. Fotos: Acervo pessoal

Os sucessivos incêndios florestais na Amazônia e a dificuldade das árvores de se recuperarem a partir do impacto que as queimadas causam nos ecossistemas levaram o pesquisador Bernardo Flores, pós-doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ecologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a plantar 4.300 de árvores em meio às planícies aluviais, periodicamente invadidas por inundações, na Amazônia.

O experimento foi iniciado na região de Barcelos, cidade histórica a cerca de 400 quilômetros de Manaus, no Amazonas, e com o plantio tendo iniciado em janeiro de 2014. O trabalho nos igapós do Rio Negro, principal afluente do Rio Amazonas, foi documentado em parceria com a professora Milena Holmgren, da Universidade de Wageningen, da Holanda, em 2021, no Journal of Ecology, e demonstra a complexidade de se recuperar um ambiente degradado e a importância da restauração dessas áreas.

A recuperação das florestas após o impacto das queimadas é uma das preocupações de cientistas e ambientalistas, inclusive por conta da sua relação direta com o aquecimento da Terra e com desastres ambientais que atingem territórios como o Sul do Brasil, como as recentes inundações no Rio Grande do Sul. O experimento de Bernardo contou com diferentes etapas, desde a coleta das sementes até a análise das espécies que haviam crescido com sucesso.

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Estudo da UFSC na Nature traz de forma inédita os limites para se evitar colapso na Amazônia

14/02/2024 20:49

Vista de drone do Rio Amônia e floresta amazônica, no Peru (Foto: Andre Dib)

Uma abordagem inédita e holística sobre a resiliência da Floresta Amazônica desenvolvida por uma equipe de cientistas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e de outras instituições é destaque na revista Nature, um dos periódicos científicos mais relevantes do mundo. A pesquisa faz uma revisão de dados completa e traça cenários a partir do mapeamento de cinco elementos de stress que afetam a região: o aquecimento global, a chuva anual, a intensidade da sazonalidade das chuvas, a duração da estação seca e o desmatamento acumulado. Além disso, aponta caminhos possíveis para uma mudança de cenário que possa evitar o colapso. A estimativa é de que, nos próximos 25 anos, de 10% a 47% da Amazônia possam chegar a um ponto de não retorno, com transições inesperadas na paisagem.

A pesquisa é liderada pelo cientista Bernardo Monteiro Flores, que faz pós-doutorado em Ecologia na UFSC, com supervisão da professora Marina Hirota, co-autora do estudo. Além deles, Catarina Jakovac, do Departamento de Fitotecnia, e Carolina Levis, do Programa de Pós-Graduação em Ecologia, também assinam o artigo, que conta com a autoria de cientistas renomados, incluindo um dos especialistas brasileiro em climatologia mais citados no mundo, Carlos Nobre.
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Professora da UFSC participa de estudo que aponta mudança climática como causa da seca amazônica

24/01/2024 14:49

A mudança climática causada pelo ser humano foi a principal causa da seca histórica que atingiu a região Amazônica em 2023, enquanto o El Niño – fenômeno climático natural que geralmente traz condições secas para a região – teve uma influência muito menor. A conclusão faz parte da análise rápida de atribuição realizada pelo World Weather Attribution (WWA), grupo internacional de cientistas especializados em pesquisas sobre o clima, do qual faz parte a pesquisadora Regina Rodrigues, professora de Oceanografia Física e Clima da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O estudo está disponível aqui.
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Nova edição da revista Qorpus aborda ética aplicada à literatura e à escrita

27/04/2023 15:27

Está no ar mais uma edição da revista Qorpus, desta vez trazendo discussões sobre a ética aplicada à leitura e à escrita, além de englobar temáticas sobre tradução e criatividade. Neste número, os leitores podem conferir textos de viajantes que percorreram a Floresta Amazônica, reflexões éticas inerentes ao ofício de escrever e ler e debates sobre a etnopoética, técnica que, no século passado, propôs um método inovador para coletar e traduzir textos ameríndios.

A Qorpus é uma revista digital vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução da Universidade Federal de Santa Catarina (PPGET/UFSC). O periódico publica três edições regulares anuais. Seu principal objetivo é divulgar trabalhos acadêmicos nas áreas de Estudos da Tradução, Literatura, Dramaturgia e Artes. Para mais informações, acesse a página da Qorpus.

 

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