Curso de animação lançou novas possibilidades para jovens (Fotos: Divulgação)
Uma porta de entrada para o futuro. Assim podem ser descritos os cursos de computação para jovens estudantes oferecidos pelo projeto Computação na Escola, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que tem mergulhado em tópicos como Inteligência Artificial, Animação 3D, e mais recentemente, integração do ChatGPT a aplicativos. A iniciativa está atendendo, hoje, cerca de 100 estudantes entre 14 e 18 anos pelo projeto Pode Crer, do Instituto Vilson Groh, mas tem mais de 250 jovens já inspirados pelas suas ferramentas.
Além do Instituto Vilson Groh, alunos de escolas públicas de ensino fundamental e de institutos federais no ensino médio também acessam o conteúdo oferecido pelo projeto da UFSC, que é vinculado ao Departamento de Informática e Estatística. “Nossa visão é que todos os alunos em todas as escolas devem ter a oportunidade de aprender computação”, pontua a professora Christiane Gresse von Wangenheim.
O sucesso da iniciativa fez com que o projeto disponibilizasse seu conteúdo para possibilitar um amplo aproveitamento do resultado das pesquisas, de forma gratuita e online (aqui). “Levando em consideração a importância tanto da computação de forma geral quanto da Inteligência Artificial nas nossas vidas é essencial democratizar o conhecimento sobre estas tecnologias para possibilitar os jovens a não somente usar essas tecnologias de forma consciente mas também para capacitar os alunos a se tornarem criadores de artefatos de TI”, complementa a professora.
De acordo com Christiane, a iniciativa aposta no ensino de conceitos de algoritmos e programação, design de interface, engenharia de software ágil e animação. Mais recentemente, diante da crescente importância da Inteligência Artificial também passou a trabalhar com os conceitos de Machine Learning.
A proposta tem como base as metodologias ativas: os estudantes aprendem de forma prática. Ao final, além de criar seus próprios modelos de Machine Learning, eles podem desenvolver aplicações inteligentes para resolver problemas criativamente e discutir criticamente questões éticas e seus impactos “Pelo avanço muito rápido principalmente na área de Inteligência Artificial estamos constantemente atualizando e complementando estes cursos com novas tecnologias e soluções que estão surgindo”, conta.
Cooperacão
Com relação ao projeto Pode Crer, a professora destaca que a cooperação também promove a inclusão social. “Os primeiros resultados mostram que a aproximação com a iniciativa Computação na Escola da UFSC motivou os alunos a procurar em maiores números o vestibular para cursos superiores na UFSC, como também fornecendo oportunidades como a seleção de jovens aprendizes e contratação em empresas de TI em Florianópolis”, pontua.
O projeto atende jovens de 11 a 24 anos por meio do desenvolvimento de liderança, criatividade, pensamento crítico e solução de problemas. O Pode Crer é gratuito e aberto a todos os jovens de famílias de baixa renda. “O objetivo da rede Vilson Groh é abrir caminhos para que os jovens em vulnerabilidade social assumam a liderança de suas próprias vidas e tenham a oportunidade de acessar universidades e o mercado de trabalho, lutar por seus direitos, viver uma vida com dignidade e permitir que os jovens sonhem e transformem esses sonhos em realidade”, explica Christiane.
Site apresenta cursos
Em julho, mais de 80 estudantes do projeto foram apresentados ao mundo da animação 3D com captura de movimento. Usando o DeepMotion, uma ferramenta online alimentada por IA, eles aprenderam a criar animações em 3D capturando seus movimentos a partir de vídeos gravados com seus smartphones. No segundo semestre as atividades continuam, com cursos disponíveis e acessíveis no site https://cursos.computacaonaescola.ufsc.br/
“Além de uma nova experiência, é algo fácil, não é preciso de muito para aprender, simples e prático, recomendaria para todo mundo que queira iniciar algo relacionado à animação”, avaliou uma aluna após a conclusão do curso de animação. “Antes do Pode Crer, eu via a tecnologia como algo apenas por diversão, mas depois de começar o curso, percebi que poderia ser a minha carreira profissional, meu futuro”, assinalou outro jovem, concluinte do curso de Machine Learning.
A iniciativa também vai ao encontro de uma demanda do mercado. Em julho, um estudo divulgado pela Google indicou um déficit de 530 mil profissionais de Tecnologia da Informação no Brasil. “Oportunizar esses temas é importante inclusive para a participação social e econômica dos jovens, considerando também as emergentes oportunidades para profissionais de IA”, pontua a professora.