Os meses de setembro e outubro foram marcados, principalmente, pelos acontecimentos que levaram à prisão do reitor Luiz Carlos Cancellier de Olivo e o seu suicídio. O luto foi acompanhado de uma atmosfera de incerteza sobre o futuro da UFSC. O dramático período que se seguiu, no entanto, encontrou resiliência da comunidade universitária, marcando o cotidiano do campus. Simultaneamente às atividades referentes aos fatos que culminaram na morte do reitor, foram realizados diversos eventos artístico-culturais e socioambientais, palestras, ações contra os cortes de verbas, e a 17ª Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão (Sepex), desenvolvidos enquanto a universidade buscava formas de lidar com o mais marcante acontecimento do ano.
A Operação “Ouvidos Moucos” da Polícia Federal, que culminou na prisão temporária do reitor Luiz Carlos Cancellier e outros professores e técnicos-administrativos da instituição, foi deflagrada dia 14 de setembro. A Operação tinha como objetivo a investigação de desvios de verbas dos cursos de Educação a Distância (EaD), oferecidos pelo programa Universidade Aberta do Brasil (UAB). A medida cautelar foi criticada por entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Sociedade Brasileira de Física (SBF), por ser entendida como desproporcional e contrária à
Reitor foi velado no hall da reitoria. (Foto: Jair Quint/Agecom/UFSC).
presunção de inocência. No dia seguinte à prisão, foi emitido um despacho que revogou a prisão dos sete investigados na Operação, mas foi mantida a decisão anterior pelo afastamento dos cargos públicos. Com isso, no dia 18 de setembro, a vice-reitora Alacoque Lorenzini Erdmann assume a administração da UFSC. No final do mês, o então reitor, agora afastado pelas investigações, tem artigo publicado pelo jornal O Globo. No texto, ele analisou os acontecimentos que envolveram a universidade, as investigações que incluíam seu nome e o interesse da universidade em esclarecer a questão.
O mês de outubro inicia com o fato mais impactante de 2017. No segundo dia do mês, a UFSC virou notícia nacional, a partir do trágico falecimento do reitor Luiz Carlos Cancellier de Olivo. O velório foi realizado na universidade – um ato simbólico devido à decisão judicial que impedia o reitor de entrar na universidade. “O caixão chega pela porta da frente, que é o lugar por onde ele entrou nessa instituição como reitor. É justo que, nesse ato de despedida e homenagem, ele retorne pela porta da frente”, afirmou na ocasião o chefe de gabinete, Áureo Moraes.
No dia seguinte, o corpo do reitor foi levado ao auditório Garapuvu, do Centro de Cultura e Eventos da UFSC, para a Sessão Solene Fúnebre do Conselho Universitário e do Conselho de Curadores. Nesta última homenagem, os discursos destacaram os aspectos da personalidade de Cancellier que faziam de sua gestão um espaço plural, que valorizava as diversidades e buscava o diálogo. Mas as falas também expressaram críticas à ação da Operação “Ouvidos Moucos” e à cobertura midiática desses eventos, ressaltada como irresponsável e desproporcional.
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