Retrospectiva UFSC 2017: julho e agosto

05/02/2018 13:28

Os meses de julho e agosto de 2017 foram caracterizados, na UFSC, por antônimos como tranquilidade e agitação, silêncio e burburinho, sossego e movimento. No início de julho encerrou-se o primeiro semestre e a Universidade teve pouco mais de 20 dias de pausa — a calmaria precedeu o alvoroço que veio em seguida, quando a UFSC recebeu mais de oito mil mulheres no maior evento mundial dos estudos de gênero.

O 13º Congresso Mundos de Mulheres e o 11º Seminário Internacional Fazendo Gênero ocorreram simultaneamente, de 30 de julho a 4 de agosto. Antes disso, o debate sobre os temas de gênero

Graça Samo, moçambicana coordenadora da Marcha Mundial de Mulheres.

começaram com a apresentação dos dados sobre sexo e gênero na comunidade universitária da UFSC, levantamento realizado pela Secretaria de Ações Afirmativas e Diversidades (Saad).

O levantamento mostrou que há um certo equilíbrio quando os números são analisados de forma geral: das 44.735 pessoas da comunidade universitária, temos 51,4% de homens e 48,6% de mulheres. No entanto, eles são maioria nas ciências exatas (CFM) e engenharias (CTC, Joinville e Araranguá), na graduação e no corpo docente. Elas lideram os números nas áreas de comunicação e expressão (CCE), educação (CED) e saúde (CCS), além de serem a maioria na pós-graduação, no Hospital Universitário e no corpo técnico-administrativo da UFSC.

Um clima de protesto e emoção marcou a abertura do 11º Fazendo Gênero e 13º Mundos de Mulheres começaram. Com brados de todos os lados, o evento proporcionou o encontro entre a academia e os movimentos feministas. Com mais de 8500 inscrições, reuniu pesquisadoras, estudantes, trabalhadoras e militantes de todo o Brasil e de diversos outros países.
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Pesquisadores da UFSC lançam livro de divulgação científica sobre a Reserva do Arvoredo

21/08/2017 23:08

Foto: João Paulo Krajewski/Divulgação

Três anos de pesquisa; cerca de 130 expedições ao mar; mais de 140 pessoas de diferentes campos do conhecimento trabalhando em uma área com biodiversidade única. Estes números sintetizam a amplitude do Projeto de Monitoramento Ambiental da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e Entorno (MAArE/UFSC), que mapeou dados biológicos e oceanográficos deste patrimônio natural catarinense. Parte dos resultados, incluindo o alerta para os riscos da ação humana, pode ser conferido no livro que será lançado nesta quarta-feira e estará disponível para download na página do projeto.

O MAArE é resultado de uma condicionante ambiental do Processo de  Licenciamento dos Campos Petrolíferos de Baúna e Piracaba, na Bacia de Santos, a cerca de 300 quilômetros da costa de Santa Catarina. O Instituto Chico Mendes para Conservação da Biodiversidade (ICMBio) solicitou que a Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (Rebio Arvoredo), localizada entre Florianópolis e Bombinhas, fosse estudada como subsídio à gestão da Unidade de Conservação que possui uma área de 17.600  hectares − aproximadamente 40% do tamanho da Ilha de Santa Catarina. O projeto foi coordenado por pesquisadoras do Departamento de Ecologia e Zoologia da UFSC.

Foto: João Paulo Krajewski/Divulgação

Os dados foram coletados entre 2014 e 2016 e compilados em relatórios técnicos e científicos, que geraram diversos trabalhos acadêmicos, como artigos, dissertações e teses. O livro, no entanto, foi planejado para ser acessível ao público mais amplo, que possa se interessar pelo monitoramento ambiental e pela conservação da natureza. A linguagem é simples e inclui gráficos, aquarelas e muitas fotografias. “Este livro resume o estado atual da Rebio Arvoredo como uma ‘fotografia’ científica e artística do patrimônio que estas ilhas guardam”, afirma João Paulo Krajewski, biólogo e doutor em ecologia de peixes marinhos, que viaja pelo mundo fotografando e filmando a natureza. Ele é responsável por grande parte das fotografias e por um capítulo do livro.

Segundo a professora Bárbara Segal, coordenadora do projeto e responsável pela parte biológica do MAArE, a pesquisa mostra a importância da unidade de conservação. De forma geral, há muito mais biodiversidade dentro da Rebio Arvoredo que no seu entorno. No caso de peixes como as garoupas, por exemplo, dentro da reserva eles são encontrados em maior número e tamanho, muitas vezes passando de 50 centímetros. “Esse status de conservação gera um panorama onde os peixes possuem um tamanho maior e consequentemente produzem mais ovos do que no entorno onde ocorre a pesca. Isso mostra claramente a importância de ter áreas reservadas para poder contribuir com as áreas que estão sendo pescadas no entorno”, avalia a pesquisadora.

Foto: João Paulo Krajewski/Divulgação

O projeto também ajudou a identificar o coral-sol, uma espécie invasora que, por não ter um predador natural, prolifera-se rapidamente e ocupa o espaço das populações locais. Além de identificar o invasor e informar ao ICMBio, os pesquisadores-mergulhadores ajudaram a removê-lo. “A gente detectou, mapeou, e a ação foi feita em um momento em que as populações ainda não estavam muito espalhadas. Há ainda um foco em uma fenda pouco acessível, mas o ICMBio está fazendo o  manejo. Não conseguiu erradicar, mas está com um controle relativamente bom”, afirmou Bárbara.

Foto: João Paulo Krajewski/Divulgação

A região corre outros riscos. Um deles é em relação às mudanças climáticas. De acordo com a professora Andrea Santarosa Freire, vice-coordenadora e responsável pela parte oceanográficado projeto, com o  forte El Niño de 2015/2016, que aquece o Oceano Pacífico, as águas catarinenses ficaram muito frias. “O fato é que não necessariamente as mudanças globais vão fazer com que as temperaturas fiquem mais quentes. Aqui pode ficar até mais frio, como aconteceu em 2016. E se ficar mais frio, esta fauna da Rebio vai sofrer porque é tropical e pode não resistir a baixas temperaturas”, explicou.

Há outros perigos mais próximos. O projeto detectou altos índices de poluição em dois locais da região: na baía norte, em Florianópolis, e na baía de Tijucas, em Tijucas. Esses espaços apresentam baixo índice de biodiversidade e podem, no futuro, afetar a Rebio. “Qual a tendência? Se não cuidarmos do entorno, essa poluição e essa baixa diversidade vão ocorrer dentro da reserva. O MAArE serve como um alerta. Os municípios no entorno precisam cuidar, todos têm uma responsabilidade em relação à reserva”, afirmou Andrea.

Foto: João Paulo Krajewski/Divulgação

Além do livro, que estará disponível na página do projeto, também será lançado um banco de dados considerado de vanguarda no Brasil, que armazenará informações sobre os indicadores monitorados. Os gestores da Rebio Arvoredo e o público em geral terão acesso aos dados, que poderão ser usados tanto no presente, como no futuro. Outras Unidades de Conservação e outros projetos também poderão usar o sistema para armazenar e utilizar dados de monitoramentos ambientais.

Mais informações sobre o projeto MAArE podem ser solicitadas pelo e-mail gerenciamento.maare@gmail.com ou pelo telefone (48) 3721-6160.

Confira outra reportagem sobre o projeto MAArE.

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