
Foto: Arquivo Pessoal
Escritora e estudante do curso de Direito da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Amanda Arruda se torna a primeira surda nomeada imortal da Academia de Letras de Biguaçu, em evento que ocorre na segunda-feira, 21 de novembro, as 19h, no Salão da Igreja Matriz de Biguaçu. A pedido da autora, a cerimônia contará com uma equipe de intérpretes de Libras, e o evento também marca o lançamento da Antologia 2022 da Academia de Letras e a posse de dois novos acadêmicos. A escritora também irá discursar em homenagem ao Patrono Nereu Ramos e declamará uma poesia em Libras em ode às mulheres, aos jovens e aos surdos.
Aos 21 anos, Amanda, que é escritora, romancista, poetisa e contista, possui três livros publicados: A Heroína Que Virou Lenda (2017), romance sobre uma menina assassinada na Terceira Guerra Mundial após protestar em campo de batalha por um mundo de mais livros e menos guerras, e também as obras As Chantagens de Monalisa (2020) e O Badalar do Sino (2021). A escritora convida a todos para comparecer ao evento de sua posse.
Amanda conta que havia se inscrito no edital lançado pela Academia de Letras de Biguaçu no fim do ano passado e que o resultado demorou alguns meses para sair. “Eu estava no expediente do estágio e fui avisada pelo Whatsapp por meio de uma mensagem do vice-presidente da Academia”, comenta. “No momento da notícia, eu fiquei extremamente feliz e já fui contar para a minha mãe, meu pai, namorado, familiares próximos e afins”, completa.

Foto: Arquivo Pessoal
Ela conta que seu processo de alfabetização se iniciou muito cedo e que sua mãe, que era dona de casa, tinha o costume de ler e contar histórias para ela ao longo do dia. “Desde cedo peguei gostinho pela leitura, e isso só foi crescendo”, lembra Amanda, que afirma que já sabia que queria ser escritora desde pequena. “Creio que a juventude precisa muito da literatura, a fim de incentivar a sua própria criatividade, inventividade e pensamento crítico, assim como a literatura também precisa da juventude: essa vitalidade, essa determinação, a vontade de fazer acontecer e trabalhar duro. Eu acredito que quando a gente une literatura e a juventude, essa junção se torna muito promissora”, diz a jovem escritora que está prestes a receber um cadeira na Academia de Letras de Biguaçu.
A autora ainda ressalta a importância da presença da comunidade surda e dos intérpretes de Libras: “É necessário esse rompimento da barreira comunicativa para a inclusão dos surdos. É a primeira vez em 26 anos que os surdos poderão participar de um evento aberto da Academia após a derrubada da barreira linguística. Por isso, convido a todos os surdos para comparecerem e se juntarem a nós nessa noite de prestígio e poesia”.
Mais informações no Instagram da escritora.
Matheus Alves/estagiário de Jornalismo da Agecom/UFSC