“Loteria!”: Pesquisador da UFSC localiza ave rara em campo; registro é o quinto do Brasil

08/12/2023 14:11

Fotos: Débora Malu Marquato

“Posso dizer que o registro dessa ave foi como ganhar na loteria” – com essas palavras, o pesquisador Mateus Ribas, doutorando em Farmácia na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) descreve o seu encontro com o papa-lagarta-de-bico-preto, o Coccyzus erythropthalmus, espécie migratória dificilmente encontrada no Brasil e ainda mais rara em Santa Catarina. Este é o quinto registro histórico da espécie para todo o país, o segundo para o sul e o primeiro para o Estado.

Mateus estuda o impacto de ações realizadas pelo homem no entorno da Lagoa da Conceição na saúde humana, animal e ambiental. Ele se deparou com a espécie durante trabalho de campo realizado no fim de novembro, logo após um período de fortes chuvas em Santa Catarina. A captura de aves silvestres é realizada para a coleta de material biológico, tema mais direto da pesquisa de Mateus.

O estudo ocorre no Parque Municipal Natural das Dunas da Lagoa da Conceição e também no Parque Estadual do Rio Vermelho, justamente para avaliar se atividades humanas próximas a Lagoa da Conceição podem afetar a microbiota desses animais. O projeto faz parte do Laboratório de Microbiologia Molecular Aplicada e é orientado pelas professoras Jussara Kasuko Palmeiro e Thaís Cristine Marques Sincero. A captura das aves é realizada em parceria com o Laboratório de Ornitologia e Bioacústica catarinense (laboac), coordenado pelo professor Guilherme Brito.

O papa-lagarta-de-bico-preto, segundo ele, é reconhecido por sua plumagem predominantemente marrom, com um ventre branco e uma listra vermelha ao redor dos olhos dos adultos. Apesar das raríssimas aparições no Brasil, não é um animal ameaçado. “Sua capacidade de se adaptar a diferentes ambientes e sua ampla distribuição contribuem para a sua relativa estabilidade populacional na América do Norte”, comenta.

A ave é migratória – ou seja, estava viajando quando foi encontrada por Mateus. O pesquisador comenta que uma equipe comandada pela pesquisadora Marina Somenzari em 2018 explicou que o animal realiza seu processo de nidificação no Canadá e nos Estados Unidos, passando o inverno na região noroeste e centro-oeste-central da América do Sul. “Até o momento, os escassos registros dessa espécie no Brasil foram categorizados como incidentais. Contudo, são necessárias mais pesquisas para esclarecer o padrão de migração dessa espécie no território brasileiro”, argumenta.

O trabalho de campo do pesquisador com a captura das aves durou um ano e é realizado por meio de quatro redes-de-neblinas instaladas na área escolhida. As redes são finas e feitas de material leve, como nylon. A captura de aves ou morcegos ocorre de forma temporária para fins de pesquisa. Segundo Mateus, as redes eram instaladas pouco antes da aurora e permaneciam ao longo de aproximadamente seis horas. A cada 15 ou 20 minutos as quatro redes eram checadas para verificar se alguma ave havia sido capturada.

Encontro inesperado

“Por volta das 9h da manhã, durante uma das últimas vistorias em rede-de-neblina, avistamos uma ave emaranhada nos bolsões da rede. De longe parecia um Sabiá-Poca, uma das aves mais comuns que capturávamos em campo. Quando íamos nos aproximando vimos que não era um sabiá, mas sim um Papa-Lagarta”, relembra o pesquisador.

Ele comenta que a equipe ficou muito feliz, pois os papa-lagartas são aves migratórias e por si só são raras para a Ilha de Santa Catarina. “Por algumas vezes, eu e o Dani Capella, membro da equipe de campo, tivemos conversas proféticas que em algum momento, um papa-lagarta cairia na rede. Claro que conversávamos sem imaginar que isso, de fato, poderia acontecer, eram apenas brincadeiras de campo”.

Após a captura, Mateus e os colegas de campo fizeram todos os procedimentos padrões para retirar o animal da rede-de-neblina. Com ajuda do professor Guilherme Brito e do biólogo Guilherme Willrich, a ave foi identificada como sendo um indivíduo jovem de Papa-lagarta-de-bico-preto.”Coletamos o material biológico da ave, o anilhamos e devolvemos a ave para a natureza para que pudesse seguir seu ciclo migratório”.

A ave foi a penúltima capturada em rede de neblina como parte do projeto e o coroou com chave de ouro. “Ao longo de todo este ano de estudo tivemos capturas bem interessantes nas dunas, como a captura do Tautó-Míudo (Accipter striatus) e da espécie migratória Guararacava-de-crista-branca (Elaenia chilensis), mas nada comparado com a captura do Papa-Lagarta-de-Bico-Preto. A cada ida a campo, eu e a equipe brincávamos – ‘Se preparem que hoje vai cair na rede-de-neblina uma ave rara’ – Mas isso foi acontecer somente nos 45 minutos do segundo tempo”, brinca.

Sentinelas em perigo

O título do estudo de Mateus é Impacto de ações antrópicas no entorno da Lagoa da Conceição sobre a saúde humana, animal e ambiental: Vigilância sentinela da disseminação de patógenos resistentes aos antimicrobianos e detecção de fármacos micropoluentes. Ele avalia bactérias resistentes aos antimicrobianos e micropoluentes na água e sedimento de diferentes pontos ao longo da Lagoa da Conceição.

 

 

O pesquisador explica que bactérias resistentes aos antimicrobianos costumavam ser encontradas apenas em ambientes hospitalares. “Com o avanço da urbanização, uso exagerado de antimicrobianos e vazamento de esgoto em ambientes naturais, hoje, estas bactérias acabam atingindo diversos ambientes, como a Lagoa da Conceição e seu entorno, os oceanos e aqueles que interagem com estes ambientes, sejam pessoas ou animais”.

A consequência disso, de acordo com ele, é que as bactérias resistentes podem colonizar a microbiota humana e animal. Em casos de infecções, o tratamento pode se tornar difícil, mais caro e letal. A ideia de estudar as aves surgiu porque são animais que interagem bastante com ambientes naturais e também com ambientes urbanos.

“As aves acabam se contaminando com bactérias de origem antrópica, e, devido a sua capacidade de voo e migração, no caso de aves migratórias, acabam levando estas bactérias para novas áreas e para novos hospedeiros. Por este motivo, estes animais são importantes sentinelas epidemiológicos da disseminação de bactérias resistentes aos antimicrobianos”, pontua.

A pesquisa, bem como todas as etapas do trabalho foram autorizadas pelo Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade (SISBIO), CEMAVE, Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA-SC), Fundação Municipal do Meio Ambiente de Florianópolis (FLORAM), e pela Comissão de Ética no Uso de Animais da UFSC.

No caso específico do papa-lagarta-de-bico-preto, Mateus explica que as análises microbiológicas não detectaram nenhuma bactéria resistente. O registro desta ave, contudo, poderá render novas informações sobre o padrão de migração da espécie. “Pelo fato desta ave ter sido anilhada, registros fotográficos e até mesmo novas capturas ao longo da migração deste indivíduo podem revelar novas informações sobre esta espécie tão interessante”.

 

Amanda Miranda, jornalista da Agecom/UFSC

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Centro Socioeconômico do Campus de Florianópolis da UFSC recebe intervenção artística

08/12/2023 11:22

Estudantes e professor Marcos Bosquetti que organizaram o projeto Arte Vista no Centro Socioeconômico. (Foto: Divulgação/CSE)

O Centro Socioeconômico (CSE) da UFSC recebeu, no último sábado, 2 de dezembro, um grupo de artistas locais e estudantes do Centro para uma intervenção artística em áreas externas e internas. O dia de trabalho resultou em diversos murais, uma iniciativa da diretora do CSE, Maria Denize Casagrande, inspirada pelo trabalho realizado pelo professor Marcos Bosquetti, do Curso de Administração. O projeto, chamado de “Arte Vista” foi realizado por 14 estudantes do curso, na disciplina de Gestão de Projetos, ministrada pelo professor Bosquetti.

A disciplina tem o objetivo de desenvolver com os alunos projetos de natureza social. Ao longo de 16 semestres, já foram 62 projetos sociais organizados, planejados e executados pelos estudantes. A gerente do projeto de colorir o CSE foi Dyessa de Camargo, e a líder da equipe de captação, Kauany Duarte. Na metodologia de aprendizagem experiencial, adotada pelo professor, os estudantes têm autonomia para definir o tema, formar os times, idealizar, modelar e implementar um projeto social ao longo do semestre aplicando as principais ferramentas de gestão ágil de projetos e lidando com problemas reais, gestão de conflitos, negociação, captação de recursos, decisão participativa, avaliação 360 de desempenho e relacionamento com a comunidade.
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Técnica desenvolvida na UFSC pode transformar substância do Ipê Roxo em tratamento contra câncer

07/12/2023 13:10

Extraída do Ipê Roxo, molécula β-lapachona tem conhecidas propriedades anticancerígenas. Foto: Ojsandeus/Wikimedia Commons

Uma nova reação química, desenvolvida em um laboratório da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), pode transformar uma substância extraída de uma árvore nativa da América do Sul em um medicamento para tratamento de câncer. A pesquisa ainda está em fase inicial, mas os primeiros resultados são promissores. Realizado no Laboratório de Catálise Biomimética (Lacbio) em parceria com instituições da Inglaterra, de Portugal e da Espanha, o trabalho fez parte da tese de doutorado de Gean Michel Dal Forno, realizada no Programa de Pós-Graduação em Química sob orientação do professor Josiel Barbosa Domingos, e já rendeu uma menção honrosa no Prêmio Capes de Tese, duas publicações em revistas científicas internacionais e um registro de patente.

Com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento de terapias contra o câncer que tenham menos efeitos colaterais que os tratamentos convencionais, os pesquisadores criaram uma nova metodologia de ativação de uma molécula chamada β-lapachona, encontrada no Ipê Roxo. A substância tem baixo custo de extração e conhecidas propriedades anticancerígenas, no entanto, não pode ser usada em sua forma natural. “Por que a β-lapachona nunca avançou em testes? Porque ela não ataca só a célula do câncer. Ela também ataca outras células do corpo humano, fazendo com que se tenha efeitos colaterais muito graves. Então não vale a pena usar ela como um fármaco”, comenta Gean. 

Por isso, foi preciso buscar uma maneira de fazer com que a β-lapachona afetasse somente as células do câncer. O primeiro passo foi desativar a molécula, transformando-a em um pró-fármaco, uma substância que entra no corpo de forma inativa, para ser ativada depois, em condições específicas – no caso dessa pesquisa, somente quando em contato com o tumor. “O que a gente faz é pegar essa molécula e fazer uma transformação química. Então, no laboratório, a gente desenvolve uma reação que vai fazer uma pequena alteração na estrutura e faz com que essa molécula deixe de ser um fármaco. Nesse caso, eu tenho pró-fármaco, que é um fármaco que foi modificado para perder sua atividade contra o alvo”, resume o pesquisador.
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Cerimônia de comemoração dos 63 anos da UFSC é marcada por homenagens a professores

06/12/2023 14:18

Evento contou com diversas apresentações artísticas. Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) completa 63 anos de atividades no dia 18 de dezembro. Para celebrar, o Conselho Universitário (CUn) realizou uma sessão solene na tarde desta terça-feira, 5 de dezembro, voltada a homenagear professores que contribuíram para a excelência da Universidade.

Além de contar com apresentações artísticas de dança, do Coral e da Orquestra da UFSC, cinco professores receberam as dignidades universitárias de Professor Emérito, concedida a membro de pessoal docente aposentado, e de Mérito Universitário, destinada a personalidades nacionais ou estrangeiras cuja contribuição ao ensino, à pesquisa, à extensão ou à causa universitária seja considerada de alta valia à coletividade ou à UFSC. As honrarias foram destinadas a três professores in memorian, já falecidos, e dois que receberam a homenagem em vida.

No inicio do evento, o reitor fez a entrega dos títulos eméritos aos professores ou seus representantes. Receberam a diplomação quatro professores eméritos: Ubaldo Cesar Balthazar, do Departamento de Direito, Adilson José Curtius (in memoriam), do Departamento de Química, Paulo Henrique Freire Vieira (in memoriam), do Departamento de Sociologia e Ciência Politica, e César Zucco, do Departamento de Química. Bernhard Welz (in memoriam), também do Departamento de Química, recebeu o título de Mérito Universitário.

“Hoje, ao receber o titulo de professor emérito, vejo não apenas como um reconhecimento pessoal, mas como a própria valorização da educação nesse país. Que a busca pelo conhecimento continue a transformar e a salvar vidas”, destacou o ex-reitor Ubaldo Cesar Balthazar.

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Pesquisadores da UFSC fazem alertas de mudanças sem precedentes em meio à COP 28

06/12/2023 08:21

Ecossistema marinho está ameaçado (Imagem de Lisa por Pixabay)

Três pesquisadores da UFSC estão entre os autores de alertas de mudanças sem precedentes emitidos pela comunidade científica em meio a Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, a COP 28, evento que ocorre até terça-feira, 12 de dezembro, em Dubai. As professoras Marina Hirota, do departamento de Física, e Regina Rodrigues, da coordenadoria de Oceanografia, projetam um cenário cada vez mais agravado e de emergência no mundo e também nas diferentes regiões do país.

Marina é co-autora do Global Tipping Points Report 2023, um relatório sobre os chamados “pontos de não retorno” coordenado pela Universidade de Exeter, com mais de 200 pesquisadores, entre eles o também pesquisador da UFSC Bernardo Flores, do Programa de Pós-graduação em Ecologia. Já Regina integra o comitê editorial do New Insights in Climate Science, do World Climate Research Programme.

Os dois documentos traçam um panorama baseado no aumento de 1,5 graus de temperatura na Terra, que causa uma série de efeitos para os ecossistemas e que leva o planeta a um patamar no qual não seria mais possível um retorno ao que existia antes do aquecimento. Esse cenário, que no Brasil está sendo visualizado a partir da intensificação de secas e de inundações provocadas pelo alto volume de chuvas, é mapeado pelos cientistas, que apontam também medidas urgentes a serem tomadas.

No relatório global dos pontos de não retorno – a avaliação mais abrangente realizada até hoje pela comunidade científica –, a constatação é de que “a humanidade está atualmente numa trajetória desastrosa”. O documento indica que as ações atuais são inadequadas para a escala do desafio, em que há, pelo menos, cinco pontos de ruptura do sistema terrestre – incluindo o colapso de grandes mantos de gelo e a mortalidade generalizada dos recifes de coral de águas quentes. O prejuízo para a agricultura e a alimentação são certos. “À medida que os pontos de ruptura do sistema Terra se multiplicam, existe o risco de uma perda catastrófica da capacidade de cultivo de culturas básicas”
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UFSC celebra 63 anos com programação cultural e homenagens a Cancellier em dezembro

30/11/2023 18:19

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) completa neste mês de dezembro de 2023 seus 63 anos. Para celebrar o aniversário, a instituição promove, a partir desta sexta-feira, 1° de dezembro, uma série de atividades culturais e homenagens abertas a toda população. A programação contempla shows musicais, peças de teatro, reinauguração de esculturas no Campus de Florianópolis, sessão solene, entre outras atividades – como a inauguração da praça em homenagem ao ex-reitor Luiz Carlos Cancellier de Olivo.

Para iniciar as celebrações, a sambista catarinense Dada Varella se apresenta, nesta sexta-feira, 1º de dezembro, no Auditório Garapuvu do Centro de Cultura e Eventos, no bairro Trindade. O show, que faz parte do I Festival Literário da UFSC (Flusc), começa às 20h. A apresentação é gratuita e aberta a toda a comunidade.

Ao longo do mês de dezembro haverá ainda outros shows e peças de teatro. A programação cultural completa pode ser acompanhada na agenda da Secretaria de Cultura, Arte e Esportes da UFSC.

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UFSC vai mapear diversidade em museus brasileiros e propor novas políticas de documentação

29/11/2023 15:48

Política cultural é inédita no país e contribui para o acesso a patrimônios diversos; acordo com o Instituto Brasileiro de Museus deve ser fechado até final de 2023, diz coordenadora

Para ler a reportagem especial em formato multimídia, clique aqui.

Acervo da exposição Franklin Cascaes – Artista no Museu de Arqueologia e Etnologia (MArquE/UFSC). Foto: Rafaela Souza.

Uma pesquisa de impacto nacional, com previsão de início a partir de 2024, resultará de parceria inédita entre a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). Sob coordenação das professoras Renata Padilha e Thainá Castro, do curso de Museologia, o projeto pretende desenvolver padrões para a documentação museológica nacional e diagnósticos sobre a diversidade étnica, racial e de gênero do acervo brasileiro. Trata-se de uma iniciativa pioneira no país, com duração de 18 meses.

O estudo atualiza e amplia o escopo de uma resolução normativa de 2014 do Ibram –  revogado em 2021, o documento estabelecia elementos para a descrição dos acervos museológicos. “Agora, vamos pensar formas de representação a nível nacional e com tipologias variadas”, explica Renata.
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Estudo da UFSC indica que consumo de juçara pode melhorar desempenho de atletas

28/11/2023 15:58

Parecido com o açaí, o fruto juçara é rico em substâncias bioativas e compostos antioxidantes. Foto: Vannuchi et al

Uma pesquisa desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Nutrição (PPGN) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) demonstrou que o consumo do fruto juçara tem efeitos antioxidantes e pode trazer benefícios para o desempenho de atletas. Os testes foram realizados com 20 ciclistas treinados e fizeram parte da tese de doutorado de Cândice Laís Knöner Copetti, orientada pela professora Patricia Faria Di Pietro, coordenadora do Grupo de Estudos em Nutrição e Estresse Oxidativo (Geneo), e coorientada pelo professor Fernando Diefenthaeler, do Programa de Pós-Graduação em Educação Física.

Nativa da Mata Atlântica, a juçara é um alimento parecido com o açaí em aparência e sabor. Altamente nutritivo, o fruto é rico em compostos bioativos (substâncias que não são essenciais para o funcionamento do corpo, mas fazem bem para a saúde), especialmente em antocianinas. 

“As antocianinas são pigmentos encontrados em vegetais, frutas e flores, responsáveis pelas cores vermelha, azul e roxa, e têm sido associadas a benefícios para saúde pelos seus efeitos antioxidantes”, explica Cândice. Outros estudos já indicaram que as antocianinas aumentam o fluxo sanguíneo durante o exercício, reduzem os efeitos dos mecanismos de fadiga e melhoram o consumo de oxigênio e o desempenho, especialmente de exercícios praticados por um longo período de tempo.
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Charlatões quânticos são assunto do podcast Flash UFSC 

23/11/2023 14:02

Arte: Audrey Schmitz

Publicado pela Agência de Comunicação da Universidade Federal de Santa Catarina (Agecom/UFSC) nesta quinta-feira, 23 de novembro, o novo episódio do podcast Flash UFSC fala sobre terapias quânticas, colchões quânticos, coaches quânticos e outras práticas de charlatanismo que distorcem conceitos da física quântica para vender curas milagrosas.

A convidada desta edição é a professora do Departamento de Física Débora Peres Menezes, que explica o que é a física quântica e como podemos evitar cair em armadilhas feitas pelos charlatões. O episódio foi produzido pelos estudantes de Jornalismo e estagiários da Agecom Kauê Alberguini e Mateus Mendonça. 

A cada duas semanas, o Flash UFSC traz informações sobre ciência, cultura e arte em episódios de até sete minutos de duração. Ouça no site, pelo Spotify ou em outras plataformas.

Tags: AgecomFísica quânticaFlash UFSCpodcastUFSCUniversidade Federal de Santa Catarina

Cursos de Medicina são os mais procurados da UFSC na relação candidato/vaga do Vestibular 2024

22/11/2023 11:49

Foto: Amanda Miranda/Agecom/UFSC

Com 79.34 candidatos por vaga no campus de Florianópolis e 54.10  candidatos por vaga no campus de Araranguá, os cursos de Medicina são os mais procurados da Universidade Federal de Santa Catarina no Vestibular Unificado da UFSC, do Instituto Federal de Santa Catarina (IFC) e do Instituto Federal Catarinense (IFC). Ao todo, 26.040 estão inscritos no processo. A lista completa com a relação candidato/vaga e os locais de prova estão disponíveis em https://vestibularunificado2024.ufsc.br/. A relação de candidatos/vaga da UFSC está disponível aqui.

Cursos da área da saúde também são os mais procurados no IFSC, no qual o curso de Enfermagem tem a procura de 9,0 candidatos por vaga. Já no IFC,  Medicina Veterinária de Concórdia se destaca com o índice é de 5,75. O número de inscritos que concorrem a vagas na UFSC e IFSC aumentou em relação ao ano passado. Considerando também o IFC, que participa pela primeira vez do Vestibular Unificado, houve um aumento de 11% no número total de inscritos.

O Vestibular Unificado representa a oferta de cerca de 6.700 vagas, disponibilizadas em 35 municípios catarinenses e distribuídas em 200 cursos de graduação, sendo 100 da UFSC, 55 do IFSC e 45 do IFC. As provas serão realizadas nos dias 9 e 10 de dezembro das 14h às 19h.

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Levantamento destaca pioneirismo do Vestibular da UFSC na inclusão de autores negros e mulheres

21/11/2023 14:09

Imagem: reprodução Folha de S. Paulo / Fonte dos dados: Análise do DeltaFolha. Clique para ampliar.

Uma reportagem de Nicholas Pretto e Walter Porto para a Folha de S. Paulo detalha um levantamento que coloca a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) entre as duas principais universidades brasileiras a incluir obras de escritoras nas leituras obrigatórias para o Vestibular, junto com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Autoras como Conceição Evaristo e Maria Firmina dos Reis são citadas como exemplos de livros obrigatórios no Vestibular da UFSC e que incentivaram, nos últimos anos, não só o resgate de obras de mulheres como também de pessoas negras no mercado nacional.

O levantamento feito pela Folha é inédito e é baseado no histórico de todas as leituras obrigatórias já exigidas pelas universidades públicas mais bem qualificadas no ranking universitário elaborado pelo jornal, o RUF. Das dez universidades nas posições mais altas, só cinco solicitam obras literárias específicas aos inscritos e foram analisadas — além da UFSC e da UFRGS, a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Universidade Federal do Paraná (UFPR). A maior parte das outras universidades no topo do ranking usa como método primário de ingresso o Enem, uma prova sem lista própria de leituras.
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Com referencial pioneiro, pesquisadoras da Rede Trans impactam políticas da UFSC

21/11/2023 10:21

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Mirê, Mariana e Melina, em agenda, na UFSC, com o ministro dos Direitos Humanos (Arquivo pessoal)

Mirê, Mariana e Melina têm muito mais em comum do que a inicial dos seus nomes e um percurso marcado por lutas e pioneirismo. As três, partes ativas e atuantes de uma rede que nasceu de um coletivo de estudantes da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), são também fundadoras de um movimento intelectual com trabalhos sobre suas condições identitárias e pertencimento social como pessoas trans.

Ao mesmo tempo em que desenvolviam os estudos – marcados por uma ausência de referenciais teóricos de pessoas trans -, articulavam sua militância na Rede Trans – a rede de estudantes trans, travestis e não binárias da UFSC. No mês de junho – celebrado como o mês do Orgulho LGBTQIAPN+ – foram homenageadas com um post no Instagram ressaltando seus papéis em processos de mobilização, luta e resistência que resultaram, entre outras coisas, na política de acesso, inclusão e permanência para pessoas trans, travestis e não binárias da instituição.

As hoje assistentes sociais Mirê Chagas e Mariana Franco também foram pioneiras em outra frente: pela primeira vez em sua história uma turma da UFSC diplomou duas estudantes trans. “Acredito que a escassez das produções em relação aos trabalhos que trazem a questão da transgeneridade nas universidades federais se dá a partir da falta de pessoas trans dentro desses espaços de formação crítica e de ensino superior”, pontua Mirê, formada no curso de Serviço Social.

Ela defendeu o trabalho de conclusão de curso intitulado Trans-cidadanias: corpos políticos e a desproteção do Estado brasileiro, sob orientação da professora Maria Regina de Ávila. “A ideia de escrever este trabalho surge a partir do momento em que eu começo a realizar a transição de gênero e me surge ideias acerca do quão o Estado brasileiro não cumpre com a relação de proteção desses corpus políticos que são os nossos corpos trans e negros”, registra.
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UFSC e JBS assinam acordo para desenvolvimento de pesquisas sobre proteína cultivada

20/11/2023 19:03

Protocolo de intenções prevê pesquisa na área de biotecnologia de alimentos. Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a JBS Biotech Innovation Center assinaram nesta segunda-feira, 20 de novembro, um protocolo de intenções para o desenvolvimento de ações conjuntas voltadas para pesquisa, desenvolvimento e inovação na área de biotecnologia de alimentos, em especial para a produção de proteína cultivada. O documento foi assinado pelo reitor, Irineu Manoel de Souza, e pelo CEO global da JBS, Gilberto Tomazoni, egresso do curso de Engenharia Mecânica da UFSC.

A proteína cultivada é basicamente um produto obtido através da multiplicação celular induzida a partir de uma pequena quantidade de células retiradas de um animal, sem necessidade de abate. As pesquisas têm o objetivo de chegar a um produto com textura e propriedades nutricionais semelhantes aos da proteína animal convencional.

Participaram da assinatura, realizada no gabinete da Reitoria, Gilberto Tomazoni, Luismar Porto, presidente do JBS Innovation Center e Fernanda Vieira Berti, vice-presidente do JBS Innovation Center e também egressa da pós-graduação da UFSC. Pela Universidade, além do reitor Irineu Manoel de Souza, o evento teve a presença do pró-reitor de Pesquisa e Inovação, Jacques Mick.

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Podcast apresenta legado de mulheres negras que fizeram e que fazem a história de SC

20/11/2023 14:01

Arte: Audrey Schmitz, sobre obra de Valda Costa

Neste 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, o podcast UFSC Ciência apresenta algumas das mulheres negras que fizeram e que fazem a história de Santa Catarina. Produzido pela Agência de Comunicação da Universidade Federal de Santa Catarina (Agecom/UFSC), o episódio Legado delas, fala sobre as trajetórias de sete mulheres que impactam a arte, a educação, a ciência e a política:

  • Antonieta de Barros (1901-1952) foi professora, jornalista e a primeira mulher negra a ser eleita deputada no Brasil;
  • Neide Maria Rosa (1936-1994) foi uma cantora de projeção nacional que deixou músicas que tratam de questões raciais, de exaltação ao samba e ao morro e de autoafirmação;
  • Valda Costa (1951-1993) foi enfermeira, cabeleireira, mãe e talentosa artista plástica que retratou a população dos morros de Florianópolis;
  • Jaqueline Conceição da Silva é pedagoga, mestre em educação, pesquisadora no doutorado em Antropologia da UFSC e empreendedora no Coletivo Di Jeje;
  • Maiara Gonçalves, doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Biologia de Fungos, Algas e Plantas da UFSC, pesquisa segurança alimentar e relação com as plantas na Comunidade Remanescente de Quilombo São Roque;
  • Tânia Ramos, além de ser a primeira vereadora negra da história de Florianópolis, já trabalhou em diversas funções na escola de samba Unidos da Coloninha, desde a costura até a presidência;
  • Tercília dos Santos é artista e uma das grandes referências em arte naïf no Brasil.

O episódio é uma produção das estudantes de Jornalismo e estagiárias da Agecom Letícia Schlemper e Suellen Lima. Ouça no site, pelo  Spotify ou em outras plataformas.

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UFSC transfere processos seletivos para domingo, 26

17/11/2023 22:46

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) , considerando a situação climática presente nos últimos dias, no estado de Santa Catarina, atingindo regiões em que seriam realizados os processos seletivos de vestibular de Vagas suplementares para Indígenas e Quilombolas – UFSC; Educação do campo e Pedagogia com ênfase em Educação do campo – UFSC/IFC; Letras-Libras e Pedagogia Bilingue – UFSC/IFSC, atendendo demandas de comunidades atingidas, buscando preservar a integridade e o bem-estar de todos os candidatos inscritos nesses processos seletivos, resolve transferir os respectivos eventos para o dia 26 de novembro.

A Coperve /UFSC se coloca a disposição para dirimir qualquer dúvida, através de seu e-mail institucional.

Mais informações aqui.

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UFSC é a quarta melhor federal do país, segundo Ranking Universitário Folha 2023

17/11/2023 10:49

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) é a quarta melhor universidade federal brasileira, atrás apenas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) de acordo com o Ranking Universitário da Folha (RUF), publicado na noite desta quinta-feira, 12 de outubro, pelo jornal Folha de S.Paulo.

Na listagem geral, que considera ainda as instituições estaduais e privadas, a UFSC figura na sétima colocação geral (ver tabela abaixo). Na edição deste ano, estão no topo do ranking a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Entre as dez melhores instituições brasileiras, a maioria continua localizada no Sudeste e no Sul do país. Fora dessas regiões, a primeira a se destacar é a Universidade de Brasília (UnB), em nono lugar, e a  Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em décimo lugar. E a melhor instituição privada, a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC/RS), aparece somente em 19º lugar.
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Semana Institucional do Novembro Negro UFSC tem eventos culturais e acadêmicos

16/11/2023 08:05

* editado em 28/11/2023 às 16h30 para incluir alteração do local do evento.

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) promove, dentre as atividades voltadas à temática antirracista, a Semana Institucional do Novembro Negro, com uma mostra nos dias 21 e 22 de novembro e uma mesa temática no dia 30 de novembro. As atividades são organizadas pela Pró-Reitoria de Ações Afirmativas e Equidade (Proafe) e demais estruturas administrativas e acadêmicas da Universidade.

Além da mostra e mesa temática, haverá apresentações artístico-culturais. Confira a programação:

21 e 22 de novembro, das 10h às 17h30, Centro de Cultura e Eventos Reitor Luiz Carlos Cancellier de Olivo – 2º andar
Mostra de trabalhos acadêmicos: projetos de pesquisa, extensão e artístico-culturais

Apresentação de projetos, trabalhos e atividades de pesquisa, extensão e artístico-culturais durante o evento Novembro Negro na UFSC. A atividade deverá contar com 12 apresentações de banners (trabalhos de pesquisa e extensão), duas exposições fotográficas, seis exibições de vídeos e mesas de debate, uma apresentação de teatro (do Colégio de Aplicação) e duas apresentações musicais (que se apresentarão junto com o Projeto 12:30).

Cronograma de exibições de vídeos e mesas de debate:

21 de novembro (hall do 2º andar do Centro de Eventos):
Exposições fotográficas “Campo, território vivo” e “Laroiê”(Luz Mariana Blet) e “Olhares” (Igor Henrique da Silva)
Apresentação do “Guia de Estudos Antirracistas para Assistentes Sociais e Demais Interessados/as/es” (Cristiane Sabino)
Apresentação de banners
10h: Abertura oficial
10h30: Exibição artística audiovisual “Oxum – Ventre Negro, Cabaça Sagrada Ancestral” e roda de conversa sobre assistência integrativa à mulher negra durante a gestação e o parto (Janaina Trasel Martins e Nassandra Couto).
11h30: Exibição de vídeo e roda de conversa “Quilombo, saúde e território: Relato de experiência de apoio psicossocial ao Quilombo Vidal Martins.-SC” (Matheus Calixto Corrêa)

22 de novembro (hall do 2º andar do Centro de Eventos):
Exposições fotográficas “Campo, território vivo” e “Laroiê”(Luz Mariana Blet) e “Olhares” (Igor Henrique da Silva)
Apresentação “Guia de estudos antirracistas para assistentes sociais e demais interessados/as/es” (Cristiane Sabino)
Apresentação de banners
10h: Exibição de vídeo e roda de conversa “Eu também falo português” (Abílio Alfredo Francisco)
11h: Roda de conversa com o Núcleo de Estudos Afro-latino-americanos, dos Povos Originários, Quilombolas e Diversidades (NEABI – Araranguá) (Jéssica Saraiva)
12h: Apresentações artísticas com o Projeto 12:30

30 de novembro, 14h, na Sala dos Conselhos, prédio da Reitoria da UFSC
Mesa Temática: A Implementação da Política de Enfrentamento ao Racismo Institucional da UFSC

Com o objetivo de promover diálogo e transparência quanto aos processos de implementação da Política de Enfrentamento ao Racismo Institucional da UFSC, aprovada em 2022, a Mesa trará ações desenvolvidas desse primeiro ano de monitoramento da política e, também, um primeiro diagnóstico do racismo institucional.

Será também apresentada a Cátedra Antonieta de Barros: educação para a igualdade racial e combate ao racismo, aprovada pela Unesco e criada com o objetivo principal de analisar o impacto do racismo na universidade e contribuir com a formulação e implementação de políticas curriculares multidisciplinares para inclusão da história e cultura afro-brasileira, africana e indígena na formação de profissionais das diferentes áreas.

Participam da mesa a vice-reitora, Joana Célia dos Passos, a pró-reitora de Ações Afirmativas e Equidades (Proafe), Leslie Sedrez Chaves, o professor do Departamento de Geociências, Lindberg Nascimento Júnior, a assistente social da Proafe, Bárbara Nóbrega Simão. Ao final haverá o lançamento oficial do Guia de Enfrentamento ao Racismo Institucional e uma apresentação cultural com as professoras Maristela Campos e Renata Cecília de Lima Oliveira.

 

Acompanhe a programação completa no site novembronegro.ufsc.br.

Tags: Novembro NegroPROAFEUFSCUFSC antirracista e antinazistaUniversidade Federal de Santa Catarina

Ex-estudante da UFSC atuou na linha de frente do resgate dos brasileiros em Gaza

14/11/2023 19:12

Da esquerda para a direita: Tamer Emam (tradutor), coronel Mario de Carvalho Neto (adido de Defesa), Romane Samer (motorista), Fernando Bastos (primeiro Secretário), e Mohammed Hafez (tradutor). Foto: Arquivo Pessoal.

Quando chegou à embaixada do Brasil no Egito, em 2021, o diplomata Fernando José Caldeira Bastos Neto não imaginava os desafios que enfrentaria nos anos seguintes. No domingo, 12 de novembro, após dias de negociações, muita espera e alarmes falsos, o primeiro-secretário da embaixada no Cairo presenciou os brasileiros deixando a Faixa de Gaza em meio ao conflito com Israel. O diplomata, que cursou Direito na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), esteve à frente da missão que repatriou 32 brasileiros. “É uma missão cumprida, mas a crise continua e provavelmente vai durar”, contou nesta terça-feira, 14 de novembro, seu primeiro dia de descanso em muito tempo.

Por cerca de 20 dias, uma comitiva de cinco pessoas, lideradas por Fernando, seguiu do Cairo até Ismália, no Canal de Suez, para verificar se os nomes dos brasileiros estavam na lista de estrangeiros autorizados a deixar Gaza. “Ficávamos esperando toda a noite, porque as listas só eram divulgadas em torno das 2h da manhã”, relembra. Na quinta-feira, 9 de novembro, após intensas negociações entre os países, o Brasil finalmente constava na lista. Então a comitiva percorreu mais 200 km até Alarixe, uma cidade inóspita ao norte da Península do Sinai, região muito sensível politicamente e altamente controlada – foram cerca de sete horas de percurso, incluindo paradas em mais de 13 checkpoints. 
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Óleo presente no azeite de oliva pode combater morte de células por excesso de ferro

14/11/2023 11:14

Em 1992, uma criança de poucos meses morreu quando seu irmão de dois anos lhe deu mais de 30 comprimidos brilhantes e coloridos. Dentro dos comprimidos estava o metal ferro, mortal quando ingerido em excesso. O uso dos comprimidos em níveis adequados pela mãe das crianças caracterizava uma suplementação dietética, pois o ferro é essencial para os seres humanos e sua carência também causa efeitos deletérios à saúde.

O grupo de pesquisa coordenado pelo professor Marcelo Farina, do departamento de Bioquímica da UFSC, tem estudado como o excesso de ferro causa danos aos organismos e como algumas moléculas de gordura (lipídeos) protegem contra lesões causadas pelo ferro. Em um estudo conduzido em colaboração com pesquisadores estadunidenses e espanhóis, o grupo de pesquisa coordenado pelo professor Farina descobriu que um dos principais mecanismos pelos quais o excesso de ferro causa danos é através da indução de ferroptose, um tipo de morte celular ainda pouco conhecido e caracterizado pela intensa oxidação de lipídeos nas membranas das células. O trabalho foi financiado pela Capes, CNPq e Fapesc.

De acordo com o professor, os efeitos danosos do excesso de ferro não ocorrem apenas em casos graves de intoxicação aguda. “De fato, há uma doença humana nomeada hemocromatose e caracterizada pelo excesso de ferro no organismo devido a defeitos genéticos ou à necessidade de repetidas transfusões de sangue, o qual possui elevados níveis deste metal”, explica.

Óleo presente no azeite de oliva pode ajudar a combater excesso de ferro (Imagem de Steve Buissinne por Pixabay)

Segundo ele, há evidências científicas suportando uma associação entre níveis de ferro e envelhecimento e apontando para o acúmulo de ferro em doenças relacionadas ao envelhecimento: pacientes com doença de Parkinson apresentam níveis elevados de ferro em determinadas regiões do sistema nervoso central. Dentre os tratamentos atualmente disponíveis para indivíduos com excesso de ferro no organismo, destaca-se a flebotomia (sangramento) e o uso de medicamentos quelantes, que se complexam com o ferro e facilitam sua eliminação.

O estudo, que se baseou em modelos experimentais utilizando o nematoide Caenorhabditis elegans, camundongos e linhagens celulares humanas, detectou um composto lipídico nomeado ácido oleico, um ácido graxo monoinsaturado presente em abundância no azeite de oliva, como molécula protetora capaz de inibir a ferroptose. A consequência seria a proteção contra os danos induzidos pela sobrecarga de ferro nos três modelos experimentais.

“O estudo sugere que estratégias nutricionais baseadas na utilização de ácidos graxos monoinsaturados, como o ácido oleico, podem mitigar o dano induzido pelo excesso de ferro, o que poderia representar uma estratégia terapêutica adicional”, explica o professor. “Interessantemente, o ácido oleico faz parte da dieta mediterrânea, que está associada à saúde e à longevidade”, reforça

Outro mecanismo desvendado no estudo foi o envolvimento de uma proteína-chave que determina se o ácido oleico pode ser protetor. Nesse caso, a proteína PPAR-alpha (do inglês peroxisome proliferator-activated receptor-alpha) foi considerada fundamental para a capacidade do ácido oleico de proteger contra o dano induzido pelo excesso de ferro em células e nematoides.

Os resultados do estudo foram divulgados em um artigo científico publicado no periódico Cell Chemical Biology, que traz como primeira autora a pesquisadora Josiane Mann, orientada pelo professor Marcelo Farina durante doutorado no Programa de Pós-Graduação em Neurociências e atualmente bolsista de pós-doutorado em Bioquímica. A equipe da UFSC também contou com a doutoranda Melania Santer e o professor Alcir Dafré. O trabalho também é assinado pelo professor Brent Stockwell, da Columbia University, nos Estados Unidos, que coordenou o trabalho pioneiro que culminou na descoberta da ferroptose há cerca de uma década.

Tags: bioquímicaCell Chemical BiologyferroptosePrograma de Pós-Graduação em Neurociências

Pesquisa com participação da UFSC é referência no combate à violência doméstica

13/11/2023 10:11

Professor Adriano Beiras lidera pesquisas sobre grupos reflexivos para homens

Em parceria com o Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJ-SC) e com múltiplas repercussões e produções teóricas, estudos da Universidade Federal de Santa Catarina estão se consolidando como referência no combate à violência doméstica. O professor Adriano Beiras, do Programa de Pós-graduação em Psicologia e do doutorado Interdisciplinar em Ciências Humanas, divulgou recentemente em congressos e visitas a universidades estrangeiras o mapeamento realizado no Brasil sobre grupos reflexivos para homens. Entre o material divulgado está uma trilogia publicada pela Academia Judicial no fim de 2022, que identificou 312 iniciativas do gênero no país (veja abaixo).

A parceria foi executada com a participação do Colégio de Coordenadores das Mulheres em Situação de Violência Doméstica e Familiar e da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar do Estado, com duas coletâneas com textos teóricos e experiências práticas nacionais e um livro com o mapeamento e com recomendações e critérios mínimos, convalidados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e recomendados a todos os tribunais.

Beiras explica que, a partir deste estudo, o CNJ publicou recomendação para tribunais instituírem e manterem programas voltados à reflexão e responsabilização de homens autores de violência doméstica e familiar. Além disso, com assessoria técnica do grupo da UFSC, a Bancada Feminina da Assembleia Legislativa de Santa Catarina propôs um Projeto de Lei Estadual  que estabelece princípios e diretrizes para criação de programas reflexivos e de responsabilização para autores de violência doméstica e familiar contra a mulher.

Imagem meramente ilustrativa (Pixabay)

De acordo com o professor, o mapeamento realizado em 2022 e que já está em fase de atualização, confirmou a necessidade de investimento em políticas públicas para a criação e consolidação dessas iniciativas. “A necessidade de capacitação, vontade política para a criação e consolidação destas iniciativas foi identificada como uma das maiores demandas”, destaca.

Atualmente atuando como professor visitante na Universidade Autônoma de Barcelona, Beiras conta que a parceria com o TJ começou em 2016, em um projeto de extensão que promovia grupos para homens autores de violência contra mulheres – eles eram então encaminhados pelo Juizado de Violência Doméstica de Florianópolis. “A ideia era que este grupo fosse uma incubadora de metodologias, estudos e preparação para profissionais, estudantes, pós-graduandos”, recorda. O projeto também previa capacitações sobre os grupos reflexivos.

“Passamos a fazer capacitações nos organismos públicos pelo país. Passei a divulgar o material internacionalmente, neste mês de novembro no México, em setembro na Escandinávia (Oslo e Estocolmo), em outubro em Barcelona, Espanha e em maio em Portugal. Procurei destacar os avanços e desafios da política nacional no país e as dificuldades de produzir uma sustentabilidade, procurando definir estratégias futuras para isso”, destaca o professor.

O professor, que coordena o Grupo de Pesquisa Margens, explica que, nesta divulgação internacional dos estudos, a ideia é reforçar a potência dos serviços públicos e estudos brasileiros, além de atentar para as ações que vêm sendo implementadas.”Procuramos destacar a necessidade de justiça social e enfoque de gênero, feminista e de direitos humanos e demostrar que o contexto do sul global é diferente do norte, evitando colonização de saberes, e sim adaptando regionalmente a nossas necessidades os conhecimentos acadêmicos e estudos realizados, atento as necessidades dos profissionais de cada local”.

Estudos também foram apresentados no México

Medida protetiva

O professor explica que o grupo reflexivo não tem o objetivo inicial de prevenir, mas pode ter dinâmicas de prevenção. “Entra como medida protetiva de urgência, portanto, não é punição e sim uma medida protetiva que constrói um espaço de reflexão e escuta para os homens que já cometeram violência e são enviados de forma obrigatória pelo juiz ou juíza”, explica ele, reforçando que o público-alvo são homens de diferentes idades e camadas sociais que já cometeram violência contra mulheres.

Segundo ele, em Santa Catarina ainda é necessário ampliar estas iniciativas, mas já há ações consolidadas em locais como Lages e Blumenau, assim como Itajaí e Balneário Camboriú. Com a atualização do mapeamento estadual, cuja coleta de dados será encerrada no dia 17 de novembro, já é possível observar um aumento no retrato atual do estado, em relação ao número de iniciativas existes.”Estamos produzindo diálogos em rede com estas iniciativas para difundir as recomendações e fortalecer a política no estado, assim como também temos participado como consultores com deputadas e vereadoras para a produção de leis que possam direcionar recursos e serviços mais profissionalizados para esta política, em diálogo com as demais políticas de enfrentamento da violência contra mulheres”.

Entre as parcerias frutíferas estão, por exemplo, o Observatório de Violência contra Mulheres, que apoia com eventos e difusão de materiais, entre outras atividades. Além disso, o grupo da UFSC mantém a realização de grupos reflexivos para homens autores de violência por semestre, com equipe do departamento de psicologia e do programa de pós-graduação em psicologia, como extensão universitária. “Estamos produzindo materiais de apoio técnico sobre o tema e realizando capacitações no estado e fora dele”, afirma.

Baixe os livros aqui

A trilogia é assinada pelos professores Adriano Beiras, coordenador do grupo Margens, da UFSC, e Daniel Fauth Washington Martins, psicólogo e pesquisador do mesmo grupo; pela desembargadora aposentada Salete Sommariva; e por Michelle Hugill – ela atua como pesquisadora do grupo Margens/UFSC.

Livro 1: Grupos reflexivos e responsabilizantes para homens autores de violência contra as mulheres no Brasil: mapeamento, análise e recomendações

Livro 2: Grupos para homens autores de violência contra as mulheres no Brasil: perspectivas e estudos teóricos: 

Livro 3: Grupos para homens autores de violência contra as mulheres no Brasil: experiências e prática: 

Tags: Doutorado Interdisciplinar em Ciências HumanasGrupo Margensgrupo reflexivoPrograma de Pós-Graduação em PsicologiaTribunal de Justiçaviolência doméstica

UFSC desenvolve projeto inédito no país de moradia estudantil indígena

10/11/2023 14:20

Projeto da Moradia Estudantil Indígena na UFSC.

A convivência em comunidade, a conexão com a natureza e o protagonismo do fogo são centrais na vida dos povos originários. Por isso, essas características foram fundamentais para o desenvolvimento de um projeto de Moradia Estudantil Indígena (MEI) elaborado pelo Laboratório de Projetos do departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina (LabProj/UFSC), em um processo participativo que iniciou em 2017. Liderados pelo professor Ricardo Socas Wiese, membros do Labproj se reuniram periodicamente com estudantes indígenas para projetar o que provavelmente será a primeira moradia universitária no Brasil cujo projeto arquitetônico respeita as particularidades culturais das diversas etnias que frequentam o campus.
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Tags: arquiteturaDepartamento de Arquitetura e UrbanismoLaboratório de ProjetosLABPROJMEIMoradia EstudantilMoradia Estudantil IndígenaPRAEPró-Reitoria de Permanência e Assuntos EstudantisRicardo Socas WieseUFSC

Podcast Flash UFSC explica o sumiço dos insetos

09/11/2023 13:58

Arte: Audrey Schmitz

A Agência de Comunicação da Universidade Federal de Santa Catarina (Agecom/UFSC) publicou nesta quinta-feira, 9 de novembro, um novo episódio do podcast Flash UFSC, com o tema O sumiço dos insetos. 

Dependendo da sua idade, talvez você se lembre de quando era comum chegar de viagem com o para-brisa cheio de mosquitos. O professor Luiz Carlos de Pinho, do Departamento de Ecologia e Zoologia da UFSC, explica por que a ausência de bichinhos esmagados no vidro dos carros desperta a preocupação de especialistas. O docente também fala sobre o que está por trás da diminuição da população mundial de insetos e as consequências catastróficas que podem ser provocadas pelo fim desses animais.

O episódio foi produzido pelos estudantes de Jornalismo e estagiários da Agecom Lethicia Siqueira, Lia Capella, Matheus Alves e Robson Ribeiro. A cada duas semanas, o Flash UFSC traz informações sobre ciência, cultura e arte em episódios de até sete minutos de duração. 

Ouça no site, pelo Spotify ou em outras plataformas.

Tags: Flash UFSCinsetospodcastUFSCUniversidade Federal de Santa Catarina

Jabuticaba valorizada: método desenvolvido por pesquisadora da UFSC aproveita resíduos da fruta

08/11/2023 16:22

>> Clique aqui para ler a reportagem em formato multimídia

Aproveitar o subproduto da jabuticaba para a extração do espessante pectina e do corante antocianina com um método combinando solventes eutéticos profundos (Deep Eutectic Solvents, DES, na sigla em inglês) e tecnologias de fluidos de alta pressão: apoiada nesta concepção, a pesquisa de Laís Benvenutti no Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Alimentos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) recebeu menção honrosa no Prêmio Capes de Tese 2023. A tese foi orientada Sandra Regina Salvador Ferreira e coorientada por Acácio Antonio Ferreira Zielinski. Ambientalmente amigável, a abordagem valoriza uma fruta característica do Brasil e proporciona uma utilização para um resíduo que seria descartado e mostra uma alternativa tecnológica para a indústria.

Extrato de antocianina: de cada 100 gramas de resíduo, são produzidas 110 miligramas do composto.

Laís já tinha trabalhado com outros frutos e resíduos agroindustriais sua ideia principal era valorizar um subproduto da indústria alimentícia. “Escolhemos o resíduo da jabuticaba porque é um fruto brasileiro, tem bastante impacto pelo potencial de compostos bioativos, principalmente a antocianina, que tem um elevado potencial antioxidante. A principal causa da escolha da jabuticaba foram essas duas: ser brasileira e ter muitas particularidades”, explica a pesquisadora. Ela conta que a jabuticaba é chamada de “fruta berry brasileira”, a exemplo de blueberry e outras com potencial para a saúde humana. “Ela é produzida no caule da árvore, aqui todo mundo está acostumado, mas ela é muito curiosa, principalmente para quem é de fora do Brasil”, cita.

Se a indústria descarta cerca de 40% da jabuticaba durante a produção de geleias, o uso de solventes eutéticos profundos (DES) aliado a um método de alta pressão foi a maneira alternativa encontrada pela pesquisadora para realizar a extração das substâncias. “Os DES são solventes emergentes, surgiram há pouco tempo, a data de início dos estudos deles é 2013. A proposta é que não agridam o meio ambiente, sejam ambientalmente amigáveis, sustentáveis, e que tenham alto poder de solvatação, de retirar esses compostos de interesse. Curiosamente, são formados a partir de dois componentes sólidos na temperatura ambiente, e a mistura exata desses dois ou mais componentes torna-se um líquido”, frisa Laís. Os compostos utilizados são os ácidos málico e cítrico, presentes em diversas frutas, e cloreto de colina, muito utilizado em produtos alimentícios e cosméticos – ambos permitidos em alimentos e que não trazem malefícios ao consumidor final ou ao operador encarregado de fazer a extração.

Os DES substituem solventes mais voláteis, muitos com origem petroquímica, com alto potencial para agredir o meio ambiente por serem corrosivos e altamente inflamáveis. As tecnologias de alta pressão usadas para extração da pectina e antocianina permitem uma diminuição considerável do tempo dos processos: sem os DES, elas duram em torno de seis horas; com os DES, a pectina é obtida em cinco minutos, e a antocianina, em vinte minutos. São processos muito rápidos, assegura a pesquisadora, acrescentando que uma menor quantidade de solvente é necessária porque a extração é facilitada pela alta pressão. O procedimento também é sequencial: “Da mesma porção é fracionada primeiro a antocianina e depois a pectina. O material que sobra é basicamente fibra. São obtidos três subprodutos sem a geração nem um resíduo. Os extratos podem ser aplicados diretamente sem a remoção do solvente, porque o DES pode ser incorporado no alimento”, comenta Laís. De cada 100 gramas de resíduo, são produzidas 110mg de antocianina, 13g de pectina e 80 gramas de fibras.
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Tags: Deep Eutectic SolventsDESJabuticabaPrêmio Capes de TesePrograma de Pós-Graduação em Engenharia de Alimentos

Uma nebulosa que pulsa ao ritmo da sua estrela recém-nascida

07/11/2023 15:53

Uma equipe internacional de astrônomos liderada pelo professor Roberto K. Saito, da Universidade Federal de Santa Catarina relatou a descoberta de um objeto único na Via Láctea: trata-se da combinação muito peculiar de uma estrela variável com uma nebulosa que também muda de brilho. Localizado numa região muito obscurecida na constelação de Escorpião, ele está próximo do centro da galáxia. O achado foi publicado na revista The Astrophysical Journal Letters.

A descoberta foi feita graças ao projeto VVVX, um mapeamento do plano da Via Láctea feito em luz infravermelha com o telescópio VISTA, no Observatório de Cerro Paranal do ESO (European Southern Observatory, Observatório Europeu do Sul, em português), no Chile. As imagens profundas acumuladas ao longo de mais de 12 anos permitem procurar e monitorizar estrelas que mudam de brilho ao longo do tempo. Foram descobertas dezenas de milhares de variáveis deste tipo pelo projeto, que são classificadas de acordo com as suas flutuações de brilho. No entanto, de vez em quando, aparecem objetos variáveis que não podem ser facilmente explicados porque não se enquadram em nenhuma das classes conhecidas.

O projeto VVVX já encontrou uma dúzia desses objetos não identificados, que são designados por WITs, abreviatura de “What Is This?” (O que é isso?), e representam fenômenos astronômicos extremamente raros. É o caso do WIT-12, que foi descoberto em imagens de infravermelhos através de uma técnica simples, normalmente aplicada na procura de ecos de luz de explosões de supernovas. Pesquisadores da UFSC já participaram da pesquisa de outros onze WITs do mesmo projeto, incluindo o WIT-07 e o WIT-08

VVV-WIT-12 é a estrela vermelha ao centro, com a nebulosa ao redor, que muda de cor/brilho conforme a estrela pulsa

A técnica consiste em fazer imagens em cores usando diferentes épocas de observação no mesmo filtro. Neste caso, imagens compostas dos anos de 2010, 2011 e 2012 revelaram uma nebulosa que muda de cor, sugerindo uma variabilidade interessante. O seguimento subsequente da região revelou a existência de uma estrela vermelha no centro desta nebulosa que muda de brilho periodicamente a cada quatro anos. Observações espectroscópicas com o telescópio de 4m SOAR (Southern Astrophysical Research Telescope), localizado em Cerro Pachón, no Chile, revelaram que esta fonte central é um objeto estelar muito jovem que ilumina periodicamente a nebulosa. Mas o mistério não acaba aqui, pois o estudo de anos revelou também que a nebulosa muda de cor, e que uma parte muda da mesma forma que a estrela, enquanto a outra parte muda ao contrário (ou seja, quando a estrela central é mais brilhante, essa região da nebulosa escurece). 
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Tags: astronomiaUFSCUniversidade Federal de Santa CatarinaVVV-WIT-12WIT

Na Science, pesquisador da UFSC alerta para secas, cheias e escassez de água no Hemisfério Sul

06/11/2023 10:33

Publicação de professor da UFSC foi destaque no site da Science, um dos principais periódicos do mundo

O professor da Universidade Federal de Santa Catarina Pedro Chaffe, do Laboratório de Hidrologia, publicou um artigo na última edição da revista Science alertando para a redução na disponibilidade de água no Hemisfério Sul e destacando a intensificação e agravamento dos fenômenos de secas e cheias. O texto, escrito para a seção Perspectives em parceria com o professor Günter Blöschl da Universidade de Vienna, na Áustria, foi um dos destaques da publicação, estando na capa da edição online durante o seu lançamento, dia 2 de novembro.

O artigo aborda um estudo recente também publicado na revista, a partir de uma metodologia que investigou a disponibilidade hídrica combinando observações de fluxos de grandes bacias hidrográficas do mundo com dados de precipitação terrestre e medições de satélite de evaporação e armazenamento de água. O estudo mostrou que a disponibilidade de água no Hemisfério Sul diminuiu em cerca de 20% entre 2001 e 2020.

A disponibilidade de água é medida a partir da diferença entre a precipitação e a evaporação, aspectos que, conforme sublinham os autores, vêm sofrendo impacto direto das mudanças climáticas, afetados também pelo crescimento populacional e pela poluição. As estimativas das alterações, entretanto, são incertas “porque as medições da precipitação e da evaporação tendem a ser indiretas ou apenas representativas localmente”.

Este cenário mudou a partir de uma nova abordagem proposta por cientistas chineses, que agregou confiabilidade às estimativas de disponibilidade de água, o que poderia ajudar a melhorar a gestão da água a longo prazo. “Para o Hemisfério Norte, os autores não encontraram nenhuma mudança na disponibilidade média de 2001 a 2020, enquanto no Hemisfério Sul a disponibilidade de água diminuiu 70 mm por ano, o que corresponde a uma redução de cerca de 20%”, sinalizam Blöschl e Chaffe, no texto recém publicado.

Para os pesquisadores, isso indica que a variabilidade anual na disponibilidade de água é causada principalmente por mudanças no sul. Enquanto nas regiões mais áridas do Hemisfério Sul as mudanças estariam predominantemente relacionadas ao aumento da evaporação, nas regiões úmidas seriam ocasionadas pela diminuição da chuva. Nos dois casos, há uma relação da disponibilidade de água com as variações climáticas.

O texto também atribui esses fenômenos a condições como a variação nas temperaturas da água (El Nino e La Nina), que podem provocar secas e inundações. “Por exemplo, em 2023, secas atingiram a Amazônia enquanto, ao mesmo tempo, o Sul do Brasil sofreu inundações”, registram os cientistas.

780 bilhões de dólares em prejuízos

As novas descobertas propostas pelos pesquisadores da China e articuladas aos estudos da UFSC indicam inúmeros desafios de gestão da água no Hemisfério Sul. O planejamento das captações de água para irrigação, indústria e residências é um destes desafios. “Quando a disponibilidade de água em rios e águas subterrâneas cai abaixo da demanda de água, as condições de seca são sentidas pelos ecossistemas e pela sociedade”, alertam.

Os pesquisadores explicam que as consequências do declínio da disponibilidade de água em escalas decadais são percebidas na diminuição do fluxo de água nos rios e níveis de água subterrânea em vastas extensões de terra, o que se nota, por exemplo, em grande parte da América do Sul.

O estudo indica que as variações na disponibilidade hídrica devem ser consideradas em escalas de tempo mais curtas, como nas suas oscilações mensais. Isso porque, em regiões com chuvas sazonais, a evaporação pode secar rapidamente o solo no início da estação seca, levando a secas repentinas. Por outro lado, num clima mais seco, as chuvas podem estar mais concentradas em estações chuvosas, o que pode levar a cheias ao invés de recarga de águas subterrâneas.

“Mais secas e mais cheia representam uma aceleração da parte terrestre do ciclo da água (um armazenamento e movimentação mais rápido de água entre terra, oceano e atmosfera), levando a aumento da degradação do ecossistema através mortalidade de árvores e, portanto, maiores emissões de dióxido de carbono”, pontuam, no texto.

O artigo assinado pelo professor da UFSC lembra que esta situação vem ocorrendo na Amazônia, intensificando ainda mais os efeitos das mudanças climáticas, e que o impacto das secas e inundações sobre os seres humanos tem sido enorme, com mais de 3 bilhões de pessoas afetadas e danos estimados em mais de 780 bilhões de dólares em todo o mundo últimas duas décadas.

Mitigação e gestão

Imagem de Sven Lachmann por Pixabay

As medidas para mitigar os efeitos na redução da disponibilidade hídrica geralmente incluem investimento em infraestrutura, como barragens de armazenamento e desvios para irrigação, além de soluções baseadas na própria natureza e na sensibilização para uma mudança de cultura. “Estas soluções podem incluir a diversificação dos sistemas de abastecimento de água e de protecção contra inundações e o planejamento da flexibilidade na utilização da água para reduzir o impacto potencial de eventos extremos”, sugerem.

O alerta, entretanto, é quanto à resposta humana ao stress hídrico, que pode ter consequências inesperadas e que já são notadas e registradas pela ciência. “Em partes da América do Sul, o uso de água para a agricultura aumentou e contribuiu com 30% para o aumento nas tendências de seca no fluxo dos rios”, indicam. Nas regiões semiáridas, isso, associado às alterações climáticas, pode amplificar ainda mais a crise.

Os pesquisadores afirmam que os desafios na gestão da água provocados pela redução na sua disponibilidade exigem uma mudança desde a resposta à crise até à gestão pró-ativa a longo prazo, conforme defendido em documentos oficiais de entidades globais. “Esta gestão pró-ativa da água precisa de estar alinhada com objetivos globais, como os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, e na experiência dos cidadãos locais, hidrólogos, e gestores de água”.

Amanda Miranda/Jornalista da Agecom/UFSC

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