Localizada na Barra da Lagoa, no leste de Florianópolis, a Estação de Maricultura Professor Elpídio Beltrame, da UFSC, comemora 33 anos neste sábado, dia 27. A EMEB, como é conhecida, agrega diversos laboratórios de pesquisa que desenvolvem projetos no desenvolvimento do cultivo de camarões, criação de peixes marinhos nativos, moluscos e até trabalhos na área de oceanografia costeira. Um ato solene está marcado para às 11 horas, no Beco dos Coroas, 503.
O primeiro a ser instalado na área foi o Laboratório de Camarões Marinhos, que recebeu apoio financeiro do Programa Embrater- Sudepe-BIRD e da Fundação Banco do Brasil. Foi concebido para apoiar o desenvolvimento do cultivo de camarões em Santa Catarina atuando na pesquisa, no ensino e na extensão, especialmente com a produção de pós-larvas, para atender o setor produtivo.
Em 1990 foi a vez do Laboratório de Piscicultura Marinha (LAPMAR) começar as atividades, ocupando parte da área da antiga “Estação Experimental de Aquicultura da Lagoa da Conceição”.
Inicialmente, foram estudadas duas espécies de robalo, peixes altamente valorizados no mercado brasileiro e internacional, de hábitos costeiros e que se adaptam muito bem aos ambientes estuarinos tropicais. Nos últimos três anos o laboratório retomou estudos com a tainha, a primeira espécie marinha estudada no Brasil, mas cujas pesquisas estavam paradas desde a década de 1990. Junto com o robalo, a tainha se apresenta hoje como uma alternativa interessante para as fazendas de carcinicultura marinha.
Já em 1995, o Laboratório de Moluscos Marinhos começou a desenvolver pesquisa na área de reprodução e produção de formas jovens de moluscos nativos e, através do desenvolvimento tecnológico, apoiar o crescimento de uma nova atividade econômica no Estado, a Maricultura.
O LMM tem como principal foco a produção de sementes de ostras nativas e ostras do pacífico, atendendo cerca de 80 produtores, principalmente, na região da grande Florianópolis, com uma produção média anual de 45 milhões de sementes.
No ano de 2009, como reflexo do crescimento das atividades de cultivo de moluscos e camarões marinhos, e a EMEB recebeu mais um integrante: o Laboratório de Oceanografia Costeira (LOC), vinculado ao Departamento de Geociências. Sua equipe tem se dedicado principalmente ao desenvolvimento de pesquisas relativas à caraterização do sistema marinho, em particular quanto à análise ambiental das águas e sedimentos marinhos sob influência de atividades de maricultura.
Ainda no mesmo ano, o Laboratório de Peixes e Ornamentais Marinhos (LAPOM) também se integrou à Estação, desenvolvendo tecnologia para a produção de peixes ornamentais marinhos, com foco nos nativos e ameaçados de extinção.Já o Laboratório de Cultivo de Algas (LCA) foi implantado a partir da estrutura física do Setor de Microalgas do LCM. No início, as atividades estavam dedicadas exclusivamente à produção de culturas de microalgas para a alimentação de larvas de camarões marinhos e, a partir de 2003, as linhas de pesquisa do LCA foram direcionadas à aplicação biotecnológica das microalgas.
Por último, em 2010, teve início a implementação da Seção de Macroalgas, com a finalidade de desenvolver pesquisas relacionadas ao cultivo massivo e agregação de valor à macroalgas de valor comercial. Diversos estudos relacionados ao cultivo integrado com camarões e moluscos estão sendo realizados, além de pacotes tecnológicos de espécies e trabalhos junto a produtores de moluscos com a intenção de oferecer uma nova fonte de renda.
Existe ainda uma parceria com o Projeto Tamar – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), reconhecido internacionalmente como uma das mais bem sucedidas experiências de conservação marinha e serve de modelo para outros países, sobretudo porque envolve as comunidades costeiras diretamente no seu trabalho socioambiental.
Para atender a toda a sua demanda, a EMEB conta atualmente com uma área construída de 9.800m² e um quadro de pessoal composto por 14 docentes, 14 servidores técnico-administrativos e 19 colaboradores terceirizados.
“É preciso reconhecer que as ações iniciais visando à criação e à instalação da EMEB contaram também com apoio de diversas instituições, como Governo de Santa Catarina, a Fundação de Amparo a Pesquisa e Extensão Universitária (Fapeu), que auxiliou na execução dos projetos e a Agência Canadense de Cooperação Internacional, que deu aporte técnico e financeiro ao Projeto Brazilian Maricultura Linkage Program – Programa Brasileiro de Intercâmbio em Maricultura (BMLP)”, lembra o professor Edemar Roberto Andreatta, chefe do Departamento de Aquicultura do Centro de Ciências Agrárias da UFSC.