O templo ecumênico do campus Trindade da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) foi palco nesta segunda-feira, 3 de outubro, de um culto em memória do reitor Luiz Carlos Cancellier de Olivo, o Cau, cuja morte completou cinco anos no dia 2 de outubro. Estiveram presentes pessoas da família, amigos, colegas, integrantes da atual gestão da UFSC – entre os quais o reitor Irineu Manoel de Souza e a vice-reitora Joana Célia dos Passos – e também integrantes da gestão anterior como o ex-reitor Ubaldo Cesar Balthazar e a ex-vice-reitora Cátia Carvalho Pinto.
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Culto foi realizado no templo ecumênico da UFSC
O culto foi celebrado pelo padre Vilson Groh. O padre iniciou a cerimônia lendo um texto do evangelista Lucas sobre as bem-aventuranças, considerado por ele um dos textos mais expressivos dos Evangelhos e que “nos coloca uma convocação contra o conformismo”.
O irmão de Cau, Júlio Cancellier, representou a família no evento e também dirigiu algumas palavras aos presentes. Ele disse que a família se sentia abraçada pelas palavras do padre Vilson e pelos olhares de todos. Antes da cerimônia, Júlio disse que após cinco anos “a Universidade vive, continua e retoma a cada dia a sua condição de polo gerador de conhecimento, que era o grande objetivo do Cau”. De acordo com ele, desde estudante e depois como professor o reitor defendia com vigor a UFSC. “Cinco anos passados daquela tragédia e até hoje nada se demonstrou concretamente em relação ao Cau. Ao contrário, se demonstrou que ele era um grande líder, uma pessoa do consenso, uma pessoa do bem, e essa memória ficará para sempre”.
O chefe de gabinete de Cancellier e posteriormente do professor Ubaldo, Aureo Mafra de Moraes, lembrou a sessão solene fúnebre realizada no dia 3 de outubro de 2017, no auditório Garapuvu do Centro de Cultura e Eventos. Ele diz que a Universidade viveu um momento de comoção mas não conseguiu converter a indignação em resposta efetiva, em reação à operação policial que prendeu o reitor e depois levou-o à morte. De acordo com Aureo, a Universidade viveu nos últimos anos uma série de ataques à ciência, à vida e às suas próprias decisões.
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Integrantes da gestão anterior da UFSC participaram da cerimônia
Espírito conciliador
Presidente da Apufsc, Carlos Alberto Marques, o Bebeto, lembrou que Cau era um filiado ativo, que defendia o papel do sindicato. Ele conhecia o reitor desde o movimento estudantil e ambos tinham em comum a militância. “Sabíamos distinguir a divergência da inimizade”, disse Bebeto. O presidente da Apufsc concordou com as palavras de Aureo e disse que devemos olhar à nossa consciência e ver o que faltou fazer naquele momento. “Faltou muitas mãos estendidas a ele”.
O ex-reitor Ubaldo Cesar Balthazar lembrou que Cau morava “a 70 passos da Universidade”, que vivia e tinha um projeto para a Universidade, e que sofreu uma coação irresistível quando foi proibido de pisar na UFSC. De acordo com Ubaldo, a operação Ouvidos Moucos foi uma situação trazida de fora para dentro da Universidade, com base em uma acusação que se revelou infundada. “Cau foi vítima de um sistema ditatorial, que pretende ser forte mas é um simulacro de Estado”, afirmou.
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Irineu, Joana e integrantes da atual Administração Central
Alesandro Pickcius, do movimento espírita, disse que para os espíritas a vida continua em outra dimensão. Dirigindo-se à professora Joana, Pickcius lembrou que Cancellier foi um grande defensor das cotas dentro da Universidade. Na sua visão, Cau foi um espírito conciliador. “Cancellier continua vivo e com certeza está recebendo essas homenagens”, disse.
A vice-reitora Joana Célia dos Passos foi chamada a falar pelo padre Vilson e disse que, embora tivesse pouco relacionamento com Cancellier, atuou com ele na construção e consolidação da Secretaria de Ações Afirmativas (Saad), hoje transformada em Pró-Reitoria de Ações Afirmativas e Equidade (Proafe). Ela citou trechos do poema “Os Estatutos do Homem”, do poeta amazonense Thiago de Mello.
O reitor Irineu Manoel de Souza lembrou que “há cinco anos perdemos um reitor, um professor, um estudante das ciências jurídicas”. De acordo com Irineu, o professor Cancellier foi vítima do Estado brasileiro e sua morte foi uma atitude radical em resposta à injustiça. A morte de Cau deixou legados, afirmou o reitor, citando a Lei do Abuso de Autoridade, denominada de Lei Cancellier. “Continuaremos lutando pelos direitos inscritos na nossa Carta Magna”, disse Irineu.
Durante a cerimônia, o secretário de Comunicação da UFSC, Samuel Pantoja Lima, tocou ao violão e cantou as músicas “Na Terra como no Céu”, “Fica mal com Deus” e “Amanhã”. A cerimônia foi encerrada com a oração do Pai Nosso.
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Padre Vilson Groh e o reitor Irineu
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Alesandro Pickcius
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Ubaldo Cesar Balthazar
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Carlos Alberto Marques
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Aureo Mafra de Moraes
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Julio Cancellier
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Padre Vilson Groh
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Joana Célia dos Passos
Fotos: Robson Ribeiro/Estagiário Secom