Projeto de extensão da UFSC treina 40 guarda-vidas em técnicas de natação e corrida

Jhoseny Souza Santos é guarda-vidas, estudante de pós-graduação da UFSC e melhorou seu desempenho fazendo o treinamento na Universidade.
Condicionamento físico, técnica apurada e muita disposição são alguns dos atributos necessários para homens e mulheres atuarem como guarda-vidas nas praias catarinenses. Além disso, é preciso passar por uma prova de certificação anual que avalia a aptidão física e técnica das pessoas candidatas a essa função, principalmente nas atividades de natação e corrida.
Justamente para colaborar no treinamento de guarda-vidas civis, a UFSC, por meio do Centro de Desportos (CDS) criou o projeto de extensão “Natação para os Guardas-Vidas de Santa Catarina na piscina da UFSC/CDS”. Coordenado pelo professor Alex Christiano Barreto Fensterseifer, o projeto atende, desde julho de 2022, 40 guarda-vidas civis voluntários em treinos de natação e corrida.
O treino de natação dura 1h40, duas vezes por semana. Além disso, os participantes podem optar por praticar corrida com o professor Jolmerson de Carvalho, também do CDS. Os treinos ocorrem até três vezes por semana, na pista de atletismo da UFSC.
Oportunidade
A ideia de colaboração surgiu em 2022, durante uma aula de treinamento em natação, oferecida como disciplina optativa a qualquer estudante da UFSC. Rafael Viani Santos Cabral, aluno do curso de Geografia, cursava a disciplina e viu uma oportunidade para seus colegas guarda-vidas.
“Vi a melhoria na técnica de natação. E o professor Alex, como tem muitos anos de experiência, começou a mesclar a técnica visando ao salvamento aquático. Isso ajuda muito e facilita na hora do resgate”, conta o estudante. Ele enumera os benefícios da atividade: “a manutenção do condicionamento físico, e outra coisa muito importante também é o acesso ao espaço de treinamento, uma piscina olímpica, com orientação de um especialista em natação”, salienta Rafael.
O professor Alex afirma que além de ser inspirado pelo aluno a criar o projeto, ele facilitou o contato da Universidade com a Associação de Salvamento Aquático de Florianópolis (Asaf), que por sua vez auxiliou o professor a fazer contato com o Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina (CBM-SC). Após a aprovação do projeto pela Câmara de Extensão, o próprio CBM-SC realizou a seleção dos 40 participantes, por meio de edital.
“Sem dúvida nenhuma o ensino das técnicas de nado, a melhora nas técnicas, a melhora no condicionamento físico pela regularidade que tem o projeto é refletido lá na praia nos salvamentos e resgates”, ressalta o Bombeiro Militar Tenente Stüpp, que também coordena o projeto.
A parceria é uma via de mão dupla: os guarda-vidas recebem treinamento e acompanhamento e a UFSC recebe equipamentos de salvamento e palestras com a Corporação sobre a prevenção de acidentes. “Oferecemos ensino e instrução sobre a cultura preventiva, com orientações, demonstrações de combate ao incêndio e prevenção de acidentes. É muito proveitoso para os dois lados”, reforça Stüpp.
A Associação de Salvamento Aquático também aprovou a medida. A representante do grupo que também participa do projeto, Deborah Albuquerque reforça a importância da “cultura de treinamento” na função de guarda-vidas. “Bastante mulher aqui treinando, proporcionalmente. Tem bem menos meninas guarda-vidas, e tem bastante mulheres aqui no projeto e também no projeto de corrida com professor Jolmerson. E isso faz com que a gente chegue muito mais preparada e confiante no nosso trabalho”, acrescenta.
Técnica apurada
O principal foco do professor Alex no treinamento dos guarda-vidas é na melhoria da técnica de natação. “São pessoas que já sabem nadar muito bem, mas precisam de correção do nado. Por exemplo, já conseguem nadar uma determinada distância sem dificuldades, mas supomos que para essa distância, a pessoa esteja utilizando 12 ou 10 braçadas. Então, tenho trabalhado bastante a parte técnica com eles, para que utilizem seis ou cinco braçadas na mesma distância”, explica.
Preparar os homens e mulheres guarda-vidas para a prova de certificação também está entre os principais objetivos. É o que afirma também o professor Jolmerson, responsável pela atividade de corrida. “Aqui treinam visando melhorar o desempenho para o teste de aptidão física. Individualizamos as necessidades de cada um para treinar suas principais habilidades”, explica o docente.
A estudante Jhoseny Souza Santos, do Programa de Pós-Graduação em Oceanografia, já atua como guarda-vidas há três anos. Ela relata que seu desempenho melhorou muito na pista e na piscina após os treinos. “Desde quando comecei, consegui diminuir meu tempo de corrida em um minuto e na piscina em 30 segundos. Parece pouco, mas é difícil conseguir, são meses e meses de treino,” orgulha-se.
Para o professor Alex, a experiência é muito gratificante. “O mais importante para mim é que esta é uma prestação de um serviço importantíssimo para a comunidade. A atividade deles é de extrema importância, colocam suas vidas em risco. O que eles fazem, saltar em um costão para buscar alguém que está em perigo, não é qualquer um que faz. E eles fazem isso muito bem, é realmente admirável. O que fazemos aqui é ajudar para que eles cheguem até o salvamento de forma mais rápida e em melhores condições”, reforça.
O trabalho dos professores Alex e Jolmerson no projeto é voluntário e gratuito, e no momento não conta com o apoio de bolsistas. “É trabalhoso, mas isso aqui é uma energia positiva para mim incrível”, considera o professor Alex.
Texto e fotos: Mayra Cajueiro Warren / jornalista da Agecom / UFSC