UFSC abre concurso público para contratação de docentes indígenas no Departamento de História

21/05/2025 10:04

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), por meio do Departamento de Desenvolvimento de Pessoas (DDP), divulga o concurso público para contratação de dois docentes indígenas do Magistério Superior para atuação no Departamento de História, do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH), no campus de Florianópolis. As inscrições poderão ser efetuadas entre 30 de maio e 30 de junho.

Para conferir o edital completo e mais informações, acesse a página de publicação do concurso.

 

 

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UFSC na mídia: Pesquisa revela que agro brasileiro depende da chuva gerada por terras indígenas

06/12/2024 18:27

Floresta Amazônica. Foto: Bela Baderna/Instituto Serrapilheira.

O estudo Manutenção das Terras Indígenas é fundamental para a segurança hídrica e alimentar em grande parte do Brasil, desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e de outras universidades brasileiras e estrangeiras, foi divulgado em diversos veículos de abrangência nacional ao longo da semana. Trata-se de uma Nota Técnica, que tem como primeiro autor o pós-doutorando Caio Reis Costa Mattos, e também é assinado pela professora Marina Hirota, ambos do departamento de Física da UFSC. O documento está disponível aqui.

Na revista piauí, a reportagem 80% do agro brasileiro depende da chuva gerada pelas terras indígenas da Amazônia destaca que a área coberta por lavouras e pastagens no Brasil depende das florestas mantidas de pé. Pela primeira vez, diz o texto, “cientistas calcularam quanta água circula nos ‘rios voadores’ gerados nesses territórios e que caminho eles percorrem levando umidade para o resto do continente. A área alcançada pelas chuvas abarca dezoito estados e o Distrito Federal e inclui trechos do Cerrado, do Pantanal, do Pampa e da Mata Atlântica. Os nove estados mais beneficiados são responsáveis por 57% da renda do agronegócio brasileiro”.
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UFSC empossa primeiro professor aprovado em concurso exclusivo para indígenas

05/08/2024 17:42

Professor João Rivelino durante a cerimônia de posse. Foto: Mateus Mendonça/Agecom/UFSC

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) empossou, nesta segunda-feira, 5 de agosto, João Rivelino Rezende Barreto como o primeiro professor aprovado em um concurso público exclusivo para candidatos indígenas na Universidade. A cerimônia, realizada às 14h30 na sala de reuniões da Reitoria no Campus de Florianópolis, marcou a integração de João Rivelino ao Departamento de Antropologia. Ele é o segundo professor indígena da UFSC. A primeira é a professora Adriana Kaingang, do Departamento de História, que ingressou na Universidade por meio de um processo seletivo de ampla concorrência.

O concurso específico para candidatos indígenas foi uma iniciativa dos departamentos de Antropologia e de História da UFSC, formalizada pela Portaria Normativa Nº 477/2023, publicada em maio de 2023. A medida, apoiada pela Resolução Normativa Nº 175/2022/CUn, busca promover a inclusão de candidatos negros, quilombolas e indígenas.

Cerimônia de posse ocorreu no gabinete da Reitoria. Foto: Mateus Mendonça/Agecom/UFSC

Durante a cerimônia, a vice-reitora da UFSC, Joana Célia dos Passos, emocionada, ressaltou que João Rivelino representa mais do que um novo docente, é uma conquista de saberes para a universidade. “É com grande alegria que recebemos o professor João Rivelino, nosso primeiro professor a ingressar por concurso público exclusivo para indígenas e o segundo docente indígena na UFSC. A Universidade também é território indígena e precisa da presença e do conhecimento dos povos originários para manter sua excelência.”

Segundo a professora Dilceane Carraro, pró-reitora de Graduação e Educação Básica, o concurso específico para docente indígena foi uma iniciativa pioneira da UFSC. “O ingresso do professor João Rivelino vem colaborar para potencializar distintos saberes e contribuir na promoção da interculturalidade. É uma grande conquista para a Universidade”.

João Rivelino é natural de São Gabriel da Cachoeira, Amazonas, e indígena da etnia Tukano. É formado em Filosofia pela Faculdade Salesiana Dom Bosco (FSDB), mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e doutor em Antropologia Social pela UFSC. Além disso, é autor de três livros e desenvolvedor do projeto Kumuro: Reconstrução da Maloca e dos Ornamentes Artísticos Tukano na Aldeia São Domingos Sávio.
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Seminário Fazendo Gênero abre com presença da Ministra das Mulheres, Cida Gonçalves

30/07/2024 19:03

Ritual indígena na abertura da conferência de Amina Mama. Foto: Carol Esmanhotto/Fazendo Gênero/UFSC

A 13° edição do Seminário Internacional Fazendo Gênero teve sua abertura oficial nesta segunda-feira, 29 de julho, com a conferência da escritora, ativista e acadêmica nigeriana-britânica Amina Mama, no auditório Garapuvu, no Centro de Cultura e Eventos Reitor Luiz Carlos Cancellier de Olivo, no Campus de Florianópolis, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Aberto com a apresentação de sons e danças de matriz africana além de um ritual indígena, o evento valorizou a diversidade e caráter democrático do seminário.

A mesa de abertura contou com a presença e falas da Ministra das Mulheres, Cida Gonçalves; da diretora de Políticas e Programas de Educação Superior da SeSU/MEC, Ana Lúcia Pereira; do reitor da UFSC, Irineu Manoel de Souza; da vice-reitora Joana Célia dos Passos; do reitor e da vice-reitora da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), José Fragalli e Clerilei Bier; do reitor do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), Maurício Gariba Júnior; da representante dos movimentos sociais Letícia Borges de Assis; da coordenadora do Instituto de Estudos de Gênero (IEG) da UFSC, Teresa Kleba, e da comissão organizadora do evento, formada por Alexandra Alencar, Alinne de Lima Bonetti, Débora de Carvalho Figueiredo e Janyne Sattler.

>> Assista ao evento no canal do IEG no YouTube.

>> Marcha contra o fim do mundo, no centro de Florianópolis, ocorre nesta quarta-feira, 31 de julho

Outras autoridades também tiveram sua presença registrada, como pró-reitores, secretários, autoridades universitárias da UFSC, IFSC e Udesc.

Em sua fala, a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, citou a pandemia de Covid-19 enfrentada pelos brasileiros. “Perdemos 750 mil pessoas e até hoje não fomos capazes de viver o luto”, disse a ministra. Para ela, a volta do Fazendo Gênero simboliza o retorno da ciência, da pesquisa, do estudo. “Representa a volta do Brasil, a volta das mulheres que nunca desistiram deste país. Nós voltamos mais maduras, mas temos que enfrentar o fascismo todos os dias da nossa vida”. Ela citou alguns avanços já alcançados, mas ainda não garantidos, com a Lei da Igualdade Salarial entre homens e mulheres.

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Abril Indígena: a médica do povo Kaingang que, ainda estudante, salvou a vida do irmão

29/04/2023 10:00

Foto: acervo pessoal

Depois de ouvir de um paciente que não seria “cobaia de índio”, Aniéli Belino, indígena do povo Kaingang, buscou na família e na fé a força que faltava para concluir o Curso de Medicina na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Graduada no início de dezembro de 2022, a recém-formada relembra as dificuldades, as conquistas e o apoio que recebeu ao longo de sua vida acadêmica, que fez toda a diferença quando salvou a vida do próprio irmão, vítima de um acidente de carro. O exemplo de Aniéli, ou Di, como é conhecida, está neste perfil escrito pelo estudante Jucelino Filho, do Curso de Jornalismo da UFSC.

Coração gentil: Aniéli Belino, médica por paixão

Foi depois de uma cantiga que falava de paixões e limitações que se deu início à entrevista com Aniéli. De pés no chão, em meio a um gramado que mais parecia um bosque, localizado no coração da UFSC, em Florianópolis, ela começa a contar a sua história de vida. Aniéli Belino é indígena do povo Kaingang e viveu a maior parte da sua vida na Terra Indígena Xapecó, na cidade de Ipuaçu, em Santa Catarina. Aos 10 anos, já sonhava em ser independente e trabalhava muito para comprar seus doces.

Desde muito pequena, suas conquistas foram com seu próprio dinheiro. Ela ajudava sua avó cuidando da horta e fazendo faxina. Tudo isso deixava as suas mãos ásperas e calejadas, mas ela nem se dava conta. Só foi perceber quando, mais tarde, passou por uma avaliação de um médico.

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Egressa da Pós-Graduação em História, pesquisadora indígena é premiada pela Sociedade de Arqueologia Brasileira

24/11/2021 11:49

Walderes Coctá Priprá defendeu sua dissertação em junho de 2021

A pesquisadora Laklãnõ Xokleng Walderes Coctá Priprá conquistou o Prêmio de Excelência em Mestrado 2021, concedido pela Sociedade de Arqueologia Brasileira (SAB). Ela foi a segunda indígena a defender uma dissertação de mestrado no Programa de Pós-Graduação em História (PPGH), mas a primeira a obter a conquista após a implantação da política de ações afirmativas na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Também foi a primeira indígena a defender um título de  pós-graduação na área de Arqueologia no Brasil.

Intitulada Lugares de acampamento e memória do povo Laklãnõ Xokleng, Santa Catarina, a pesquisa de Walderes teve o objetivo de registrar os lugares que ficaram na memória do povo Laklãnõ Xokleng por meio de fotos, entrevistas com os anciãos e sábios e visitas aos locais de acampamentos e cemitérios antigos do povo. Foram mapeados os locais de memória, os acampamentos mais antigos e também aqueles que surgiram logo após o contato com não-indígenas ocorrido em 1914, conhecido como “pacificação”. Atualmente o povo Laklãnõ Xokleng encontra-se em sua maioria em Santa Catarina, no Alto Vale do Rio Itajaí, cercado por pelos municípios José Boiteux, Doutor Pedrinho, Vitor Meirelles e Itaiópolis, locais onde a pesquisa foi realizada.

Antes do mestrado, Walderes cursou Letras Português/Espanhol em uma instituição próxima a Ibirama e Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica, com ênfase em Humanidade, na UFSC, na qual se formou em 2015.

Sobre o prêmio 

II Prêmio de Excelência em Graduação, Mestrado e Doutorado, promovido pela Sociedade de Arqueologia Brasileira, reconheceu a originalidade e a excelência de pesquisas acadêmicas sobre temas relativos à Arqueologia no Brasil. O valor total da premiação foi de R$ 7 mil, distribuídos entre os contemplados de cada categoria. O resultado foi divulgado durante o XXI Congresso da SAB, que ocorreu de maneira remota de 4 a 8 de novembro.

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Pesquisadora indígena da UFSC é pioneira em Arqueologia no âmbito da pós-graduação

23/07/2021 10:26

Walderes fez sua defesa em junho e teve a dissertação aprovada sem alterações pela banca

A tarde do dia 17 de junho marcou uma ocasião especial na Terra Indígena Laklãnõ Xokleng de Ibirama, localizada no interior do Vale do Itajaí, em Santa Catarina. Projeções nas casas e na escola da aldeia permitiram a familiares e amigos assistirem à defesa de mestrado da acadêmica Walderes Coctá Priprá, pelo Programa de Pós-Graduação em História (PPGH) na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

A apresentação foi realizada de forma remota devido à pandemia de Covid-19, diante de uma sala lotada: 63 pessoas on-line durante a defesa. A aluna teve sua dissertação aprovada sem alterações pela banca, composta pelas professoras Fabíola Andrea Silva, da Universidade de São Paulo (USP) e Luisa Tombini Wittman, da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), além de Evelyn Zea, do Departamento de Antropologia da UFSC como suplente.

Walderes é a segunda indígena a defender um mestrado no PPGH (a estudante Delta Maria de Souza Maia, do povo Wapixana da Serra da Moça, de Roraima, concluiu em 2001), mas a primeira a obter a conquista após a implantação da política de ações afirmativas na Universidade. O caminho até o título foi árduo para a mãe de três filhos que iniciou os estudos no ensino superior visando auxiliar na educação da aldeia.

Apresentação ocorreu de forma remota devido à pandemia de Covid-19

Antes de se tornar uma estudante da UFSC, Walderes cursou Letras Português/Espanhol em uma instituição próxima a Ibirama. “Na época, a gente estava com falta de professores dentro da terra indígena e foi até um pedido da própria liderança que a gente fizesse algum curso de graduação para poder assumir como professor dentro da terra indígena, nas nossas escolas”, recorda.

Já a segunda graduação foi cursada na UFSC: Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica, com ênfase em Humanidade. Ela finalizou o curso em 2015 com a linha de pesquisa direcionada à questão do direito indígena. Finalizada esta etapa, a acadêmica desejou dar continuidade aos estudos na área da História e iniciou no programa de pós-graduação em 2017.

Pioneirismo em Arqueologia

Em arqueologia, tema que aborda em sua dissertação, Walderes tornou-se pioneira também ao ser a primeira indígena a defender um título no âmbito da pós-graduação. De acordo com a pesquisadora, seu objeto de estudo surgiu após inúmeras rodas de conversas em sua aldeia. “Meu projeto de mestrado foi desenvolvido com o apoio das lideranças da minha comunidade, principalmente nossos anciões. Eles queriam muito que houvesse um registro da nossa história e do nosso povo”, afirmou.

Centro da aldeia na Terra Indígena Laklãnõ Xokleng de Ibirama. No detalhe, a escola ‘Vanhecú Patté’

Intitulada Lugares de acampamento e memória do povo Laklãnõ Xokleng, Santa Catarina, a dissertação de Walderes Coctá Priprá mapeou os locais de memória, os acampamentos mais antigos e também aqueles que surgiram logo após o contato com não-indígenas ocorrido em 1914, conhecido como “pacificação”. Atualmente o povo Laklãnõ Xokleng encontra-se em sua maioria em Santa Catarina, no Alto Vale do Rio Itajaí, cercado por pelos municípios José Boiteux, Doutor Pedrinho, Vitor Meirelles e Itaiópolis, locais onde a pesquisa foi realizada.

O trabalho teve como objetivo o registro dos lugares que ficaram na memória do povo Laklãnõ Xokleng através de fotos, entrevistas com os anciãos e sábios e visitas aos locais de acampamentos e cemitérios antigos do povo. Walderes ressaltou que este era um momento crucial para o levantamento, uma vez que quase não há registros da história antes do contato com os não-indígenas.

“É um ganho para minha própria comunidade, visto que muitos acreditam que nós, indígenas, não vamos conseguir. Muitos nos acham incapazes. Então, é uma forma também de mostrar que nós somos capazes sim e que temos muito ainda a aprender e ensinar nesse mundo dos não-indígenas”, disse Walderes.
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Pós-Graduação em História tem primeira defesa de mestrado de aluna indígena após aprovação de cotas

18/06/2021 11:09

Foi realizada na última quinta-feira, 17 de junho, a primeira defesa de mestrado de uma acadêmica indígena no Programa de Pós-Graduação em História (PPGH) após a implantação da política de ações afirmativas na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A estudante Laklãnõ Xokleng Walderes Coctá Priprá teve sua dissertação aprovada sem alterações pela banca, composta pelas professoras Fabíola Andrea Silva, da Universidade de São Paulo (USP), e Luisa Tombini Wittmann, da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), além de Evelyn Zea, do Departamento de Antropologia da UFSC, como suplente.

Walderes é a segunda indígena a defender um mestrado no Programa. A pioneira foi Delta Maria de Souza Maia, do povo Wapixana da Serra da Moça, de Roraima, em 2001. No entanto, em Arqueologia, Walderes é a primeira indígena a defender um título no âmbito da pós-graduação no Brasil. A defesa ocorreu de forma remota, e a apresentação foi assistida por uma sala cheia (63 pessoas on-line). Na terra indígena de Walderes, a defesa foi projetada nas casas e escolas para os parentes poderem participar, tendo sido feito um ritual para uma boa fala antes da defesa.

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Situação das populações indígenas de SC na pandemia é tema de live na quinta, dia 27

25/08/2020 09:48

O Instituto Memória e Direitos Humanos (IMDH) e Laboratório Interdisciplinar de Ensino de Filosofia e Sociologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) promovem, nesta quinta-feira, dia 27 de agosto, às 9h30, a live Populações Indígenas em SC no contexto da Covid-19: sujeitos, estado e direitos.

O evento contará com a participação de Kerexu Yxapyry (Guarani), Joziléia Daniza (Kaingang), Walderes Pripra (Laklano-Xokleng) e mediação de Sandor Bringmann, do Centro de Ciências da Educação (CED) e IMDH. A transmissão será realização pelo canal do IMDH no Youtube.

Mais informações em imdh.ufsc.br e pelo e-mail imdh@contato.ufsc.br.

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UFSC institui programa de monitoria indígena e quilombola

02/08/2019 10:27

UFSC institui Programa de Monitoria Indígena e Quilombola. Foto: Fernando Giantaglia

A Pró-reitoria de Graduação (Prograd), em conjunto com a Secretaria de Ações Afirmativas e Diversidades (Saad), instituiu, por meio da Instrução Normativa nº 01/2019, o Programa de Monitoria Indígena e Quilombola da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A iniciativa visa proporcionar um espaço de integração, contribuindo para a permanência de estudantes indígenas e quilombolas na instituição, por meio da intervenção de monitores nos processos de adaptação às atividades acadêmicas.

> Confira a íntegra da Instrução Normativa nº 01/2019

O programa dará direito ao auxílio-transporte e a uma bolsa mensal, proporcional aos dias trabalhados, no valor fixado pela Prograd e Saad, sendo que o exercício da atividade, bem como a concessão de bolsa e do benefício relacionado ao transporte, não caracteriza vínculo empregatício. Estão entre os requisitos obrigatórios para a candidatura à bolsa: estar regularmente matriculado em curso de graduação da UFSC; ter disponibilidade de 12 horas semanais; não receber outras bolsas de ensino, estágio, pesquisa ou extensão, exceto os benefícios pecuniários destinados a promover a permanência nos cursos em que estiverem matriculados (Bolsa Estudantil-UFSC, Bolsa Permanência-MEC, ou outras da abrangência da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis – PRAE); e não estar em débito com os relatórios de monitorias anteriores.
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UFSC recebe 3º Encontro Regional dos Estudantes Indígenas da Região Sul

26/07/2018 14:45

A abertura do III Encontro Regional dos estudantes indígenas da Região Sul foi realizada nesta quarta-feira, dia 25 de julho, no auditório da reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e envolveu lideranças de movimentos indígenas, gestores e professores da UFSC, além de estudantes indígenas de diversas universidades da região sul.

No primeiro dia de evento, 25 de julho, a programação foi composta por três mesas: “A conjuntura política brasileira”, “Os retrocessos nas políticas de ações afirmativas após o golpe” e  “Patrimônio cultural indígena na universidade”.

O segundo dia, 26 de julho, é composto por quatro mesas, sendo a primeira “Patrimônio cultural indígena na universidade”, a segunda “Saúde Indígena e saúde mental”, a terceira “Gás, Petróleo, Combustíveis Fósseis e a Defesa dos Territórios Indígenas” e a quarta “A Atuação das Lideranças Indígenas na Defesa dos Direitos Originários Sobre os Territórios”. O dia é finalizado com uma noite cultural.

O último dia de evento, 27 de julho, conta com atividades culturais e a elaboração da plenária final, em que propostas de políticas públicas para os povos indígenas serão apresentadas e enviadas em documento ao governo brasileiro, às universidades e para o Encontro Nacional de Estudantes Indígenas (ENEI).

Segundo Jozileia Daniza Jagso que pertence à tribo Kaingang da terra indígena Serrinha (RS) e é coordenadora do curso de Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica, a elaboração da plenária é importante para que os chefes de estado entendam as demandas dos povos nativos, como também para que percebam a autonomia desses povos. “Hoje nós estamos falando por nós mesmos, hoje nós somos nossos interlocutores, hoje não precisamos mais que outras pessoas pensem por nós, nós pensamos e falamos por nós e isso é essencial”, relata.

Edições anteriores

A primeira edição do encontro ocorreu no ano de 2016, na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul e contou com a participação de 80 pessoas. Quem promoveu o primeiro encontro foi o Programa de Educação Tutorial Indígena (PET). O evento discutiu questões como direito, território e saúde. Em 2017, foi realizada a segunda edição do evento, também no Rio Grande do Sul, mas desta vez, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Naquele ano, além de questões territoriais, foram inclusos na discussão assuntos envolvendo as ações afirmativas estudantis e o permanecimento dos estudantes indígenas na universidade. O evento foi encerrado com um ato político.

Foi na segunda edição que a proposta de a UFSC sediar a terceira edição do evento foi apontada. Isso porque, segundo Jozileia, o estado de Santa Catarina é um território de diversos conflitos envolvendo os povos indígenas da região sul. “Nós temos um processo de luta do povo Guarani Mbyá aqui no litoral de Santa Catarina, pela demarcação e homologação da terra indígena no Morro dos Cavalos e de outras terras indígenas”, afirma.

Aline Souza/ Estagiária de Jornalismo /Agecom/ UFSC

Fotos: Ítalo Padilha / Agecom / UFSC

 

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Sônia Guajajara na UFSC: ‘Precisamos disputar e ocupar os espaços de poder’

11/05/2018 18:13

Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC

Coordenadora executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Sônia Guajajara é uma das principais lideranças indígenas e ambiental do Brasil. Também é pré-candidata a vice-presidente pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), na chapa com Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Na quinta-feira, 10 de maio, Sônia esteve na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) para ministrar uma aula magna organizada pelos estudantes indígenas, no auditório da Reitoria. Os 203 assentos disponíveis não foram suficientes para os muitos interessados em ouvi-la. Parte do público presente assistiu à palestra sentado, no chão à frente do palco e nos corredores, ou em pé, ao fundo do auditório.

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UFSC encaminha carta ao governador solicitando políticas públicas relacionadas aos povos indígenas

11/01/2018 11:07

A Universidade Federal de Santa Catarina encaminhou ofício ao governador do Estado com uma carta assinada por equipes de pesquisa e órgãos acadêmicos, manifestando pesar frente ao assassinato do professor indígena Marcondes Namblá e solicitando a efetivação de políticas públicas em relação a algumas demandas relacionadas.

O documento, enviado na quarta-feira, 10 de janeiro, aponta que o homicídio de Marcondes se “soma a outros casos de violência étnica, preconceito, intolerância e xenofobia em relação aos povos indígenas em Santa Catarina”. A carta cita a morte do menino Vitor, da etnia Kaingang, assassinado no colo da mãe em 2015, e da mãe de uma liderança da Terra Indígena Morro dos Cavalos que teve uma mão decepada. “Os casos acima evidenciados não podem ser tratados como casos isolados ou simplesmente qualificados como crimes por ‘motivo fútil’, como a polícia os têm tratado. A violência contra os indígenas é estrutural ao processo histórico ao qual foram submetidos, e é sistemática, diária, individual e coletiva, deixando profundas marcas físicas e psicológicas”.

Além de requerer uma audiência com o governador de Santa Catarina, a carta pede o combate efetivo de ações criminosas de violência física, racismo e xenofobia, efetuadas contra os povos indígenas em Santa Catarina; o investimento em ações positivas voltadas para a conscientização sobre a diversidade étnica em Santa Catarina e para o respeito ao modo de vida dos povos indígenas, por meio de campanhas culturais e educacionais; a garantia da participação dos povos indígenas na formulação, execução e monitoramento das políticas governamentais conforme a legislação; e a criação, junto aos governos municipais, de condições para que os indígenas possam gozar do direito cidadão de circular com tranquilidade e segurança pelas cidades catarinenses, especialmente durante a temporada de verão, quando se deslocam em maior número de suas aldeias para exercer atividades voltadas para obtenção de renda extra, como o comércio de artesanato.

Confira a íntegra do documento aqui.

 

 

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Marcondes Namblá recebe homenagem póstuma na UFSC, nesta terça-feira, 9 de janeiro

08/01/2018 09:09

O Templo Ecumênica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) irá receber uma cerimônia em homenagem ao ex-aluno Marcondes Namblá, nesta terça-feira, 9 de janeiro, às 9h. Marcondes foi morto enquanto fazia trabalho temporário em Penha, litoral norte de Santa Catarina, vendendo picolé no período de férias turísticas. Ele foi espancado na cabeça até cair desacordado, foi resgatado pelos bombeiros, levado ao hospital, passou por três cirurgias e não resistiu.

Promovido pela Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica da UFSC, o encontro “será uma ocasião para celebrar a memória deste jovem líder Laklãnõ-Xokleng que vinha trabalhando com afinco para melhorar as condições de vida de seu povo, assim como vinha despontando como um brilhante intelectual indígena. Será uma oportunidade para unir nosso clamor contra a vulnerabilidade e a injustiça que vem ceifando tantas vidas de indígenas no Sul do Brasil”.

Confira nota de pesar do Núcleo de Estudos de Povos Indígenas (NEPI).

Mais informações na página da Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica.

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Estudantes da UFSC promovem série de eventos ‘Abril indígena’

19/04/2017 09:00

Grupos de estudantes indígenas da UFSC irão promover o “Abril indígena”, com uma série de eventos neste mês. O encontro “Resistência Indígena” irá marcar o Dia dos Povos Indígenas, 19 de abril, e contará com exposição e artesanato indígena no hall da Reitoria, a partir das 13h45. Rodas de conversa, oficina de pintura corporal e apresentação de documentário também integram a programação.

Já o “Em defesa dos direitos indígenas”, parceria de estudantes com o grupo de estudos Werá Tupã terá aula magna no dia 17 de abril, às 18h30, com Nanblá Gakran, no auditório do CSE, além de contar com apresentações de filmes.
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UFSC divulga resultado do processo seletivo das vagas suplementares para indígenas e quilombolas

27/01/2017 12:08

A Comissão Permanente do Vestibular (Coperve) da UFSC divulgou nesta sexta-feira, 27 de janeiro, o resultado do processo seletivo destinado às vagas suplementares para indígenas e quilombolas. Foram inscritos 324 candidatos indígenas e preenchidas 22 vagas. Os candidatos quilombolas inscritos foram 41, sendo nove selecionados.

A seleção dos candidatos ocorreu por meio da análise do Histórico Escolar do Ensino Médio. Confira o resultado neste link.

Os classificados, independentemente do semestre letivo de 2017 em que iniciarão o curso, deverão realizar a matrícula inicial obrigatoriamente em duas etapas – online e presencial -, sendo a primeira nos dias 2, 3, 4 e 5 de fevereiro de 2017, na página da Coperve (http://www.suplementares2017.ufsc.br/) ou no site simig.sistemas.ufsc.br – com sua senha individual, mediante preenchimento das autodeclarações e dos formulários específicos, bem como, preenchimento do termo de opção de antecipação para o primeiro semestre (para candidatos classificados para o segundo semestre letivo), imprimindo-os e assinando-os para entrega nas coordenadorias dos respectivos cursos, juntamente com os demais documentos exigidos.

Mais informações sobre as matrículas e a relação da documentação exigida na Portaria de Matrícula e no site do processo seletivo.

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Primeira estudante indígena da Pós em Antropologia Social da UFSC defende dissertação sobre povos Kaingang

06/04/2016 16:31

“Desde criança, a gente vê antropólogos entrarem e saírem das terras indígenas. É uma relação bem próxima. Eles vão para pesquisas, demarcação de terra. Vim de uma terra de © Pipo Quint / Agecom / UFSCretomada, foi uma disputa de território. Nesse período, via muitos antropólogos visitarem a nossa casa, conversarem com as lideranças. Sempre achei aquilo interessante. Um deles sempre soube muito da minha família, dos meus avós”, relembra Joziléia Daniza Jagso Inácio Schild, primeira estudante indígena do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A sua dissertação Mulheres kaingang, seus caminhos, políticas e redes na TI [Terra Indígena] Serrinha foi defendida no dia 24 de fevereiro de 2016.

Em seu trabalho, a geógrafa deu ênfase a três narrativas de luta de mulheres kaingang a partir das décadas de 60 e 70. “O movimento indígena pela terra e pelos direitos não se inicia pela Constituição de 88. Houve uma luta grande do movimento indígena, que conseguiu se articular sem internet, telefone, dinheiro. Alguns artigos específicos (231 e 232 – direito aos costumes, território e crenças) nos asseguram o direito de sermos quem somos. O tema vinha sendo discutido em fóruns institucionais; a promulgação da Constituição de 88 veio depois”, destaca.
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Encontro com antropólogo sobre formação e transformação de coletivos indígenas do noroeste amazônico

28/05/2013 15:44

Nesta quarta-feira, dia 29, às 14h, o antropólogo João Rivelino Rezende, mestre pelo PPGAS/UFAM, vai falar sobre sua dissertação “Formação e Transformação de coletivos indígenas do noroeste amazônico: do mito à sociologia das comunidades”. O evento ocorre na Sala 03, do Departamento de Antropologia, Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH).
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Laboratório da UFSC lança Coleção História e Cultura Indígena de Santa Catarina

24/05/2012 08:49

O Laboratório de História Indígena (LABHIN) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) apresenta no próximo dia 24 de maio, das 13h30min às 16h30min, as atividades do Observatório da Educação Escolar Indígena e o lançamento da Coleção História e Cultura Indígena de Santa Catarina através das escolas: EIEB Wherá Tupã Poty Djá, EIEB Cacique Vanhkrê e EIEB Laklãnõ. O evento será realizado no Auditório do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH), campus Trindade.

A presente Coleção é resultado das atividades desenvolvidas no Projeto Autogestão e processos próprios de aprendizagem – desafios para uma educação escolar indígena com autonomia –, através do Observatório da Educação Escolar Indígena, com apoio da Capes/DEB/SECADI/INEP. Foi elaborada pela equipe de acadêmicos, mestrandos e doutorandos do Curso de História da UFSC, colaboradores e professores Indígenas, sob a coordenação das professoras Ana Lúcia Vulfe Nötzold e Helena Alpini Rosa.

A publicação pretende ser um suporte para a implementação da Lei 11.645 de 10 de março de 2008, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”.

Outras informações pelo e-mail labhin@live.com ou com a professora Lúcia Vulfe Nötzold : 3721-4879

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Conversa sobre política de saúde indígena

27/02/2012 09:56

Conversa sobre “Política de saúde indígena em ação: refletindo sobre legitimidades em disputa”, com a professora Carla Costa Teixeira (LASS – Universidade de Brasília), nesta terça, dia 28, das 10h30min às 12 horas, na sala 334 do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFSC. A promoção é do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Instituto Brasil Plural e dos Núcleos de Pesquisa Transes e MUSA.

Contato: Professor Alberto Groisman – Telefone: 3721-9714 – ramal 27, e-mail: alberto@cfh.ufsc.br.

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Aula magna de Licenciatura Indígena põe em pauta a diversidade

13/05/2011 21:26

As calças jeans e as camisetas convivem bem com a tinta preta no rosto. Os flashes insistentes incomodam alguns, e os sorrisos não saem tão fácil dos adultos, mas há crianças que se postam em frente às câmeras, e jovens de penteado moicano com máquinas e filmadoras nas mãos, como que a revidar fazendo suas próprias imagens. A segunda aula magna do curso de Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica da UFSC, que aconteceu na quarta, 11/05, reuniu reitor, pró-reitores, professores, estudantes, autoridades e os alunos de tribos Kaigáng, Xokleng e Guarani, que retornam agora à Universidade após dois meses nas comunidades colocando em prática o que aprenderam no curso em seus primeiros trinta dias.

A data teve programação durante toda a quarta: de manhã, os alunos se reuniram com o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Márcio Augusto Freitas Meira, quando reivindicaram bolsas de estudos para que possam permanecer na Universidade e concluir o curso, e, às 18h, no hall da Reitoria, foi aberta a exposição “Guarani, Kaigáng e Xokleng – Atualidades e Memórias do Sul da Mata Atlântica”.

A mesa de abertura contou com a presença do reitor Alvaro Prata; do presidente da Funai; da diretora do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH) Roselane Neckel e da coordenadora do curso Ana Lúcia Vulfe Nötzold. A mesa de debates foi composta pela pesquisadora do Laboratório de Etnologia Indígena Maria Dorothea Darella; o coordenador-geral da Educação Escolar Indígena da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad) do MEC, Gersem José dos Santos Luciano (Baniwa), e a procuradora da República em Santa Catarina Analúcia de Andrade Hartmann.

Multiplicando as transformações

A solenidade foi ao encontro do que Gersem defende: que o curso transforma seus alunos, mas também a sociedade e a Universidade. O hino nacional foi cantado por alunos Kaigáng – metade entoado em sua língua nativa e a outra metade em português; houve espaço à homenagem a Natalino Crespo – feita de acordo com as tradições de sua tribo – companheiro que os incentivou a ingressar no curso e que faleceu no dia 02/03, e o mestre de cerimônias não deixou de lado os caciques, quando registrou a presença das autoridades. Os detalhes demonstram as modificações sutis que a Universidade começa a ensaiar.

“A UFSC não estava e nem está preparada para recebê-los. Mas a forma de nos adequar é vivenciar e aprender, aperfeiçoar a cada dia”, atesta o reitor. “Faço dois pedidos: que tenham compaixão com a nossa instituição, perdoando nossas falhas, apesar de nossa boa vontade, e que exultem-se a si próprios, sendo bons alunos”.

O curso, que vinha sendo gerado desde 2007 pela Comissão Interinstitucional para Educação Superior Indígena (Ciesi, formada por integrantes da UFSC, organizações representantes dos povos indígenas e entidades parceiras), é um dos 26 do Brasil oferecido exclusivamente aos povos indígenas, e ajuda a somar cerca de oito mil índios no ensino superior. O presidente da Funai explica que esse número só tende a crescer. “De acordo com o IBGE, temos hoje no país cerca de 817 mil índios”. Isso significa que nos últimos dez anos a população indígena cresceu mais de 10%, número superior aos das pessoas que se declaram brancas, negras ou pardas. “Já escutei muito, também em Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, a frase ‘aqui não tem índio’. Por isso o curso vai além da educação: é também político. E essas novas gerações que fizerem o ensino superior poderão contribuir de forma mais efetiva com a construção do país”, defende.

Igualdade nas diferenças

A professora Roselane ratifica a fala de Márcio: “este momento significa a inclusão desses cidadãos na sociedade, a partir de seu ingresso na Universidade”. A diretora do CFH vai além. “Em um país de diferenças tão profundas, não podemos tratar da mesma forma a todos, como se todos tivessem condições iguais”, afirmou, mencionando em seguida as políticas públicas de permanência que a Universidade destina a alunos oriundos de escolas públicas, negros e indígenas, e reafirmando a disposição da UFSC em buscar meios de viabilizar, junto com a Funai, bolsas de estudos a esses alunos.

A equidade também foi mencionada por Analúcia, que ainda relembrou o saudoso professor Sílvio Coelho dos Santos como orientador nos estudos das questões indígenas – homenageado anteriormente pela professora Dorothéa, que o apontou como baluarte da antropologia em questões da área. “Quando trabalhei junto a tribos, contava-se nos dedos quantos falavam fluentemente o Kaigáng. ‘Só se pegarmos à força esses indiozinhos’, me diziam os mais velhos. Não existia a valorização dos índios e de sua cultura”. Hoje, de acordo com a procuradora, a Secretaria de Educação de SC já reconhece as diferenças e as estimula, orientando escolas e professores. “Agora os alunos são liberados para os cultos junto com seus pajés, e há horários e merendas diferenciados”, relata.

Dos índios para os índios

Doutor em Antropologia Social, Gersem Baniwa faz parte da primeira leva de professores de dedicação exclusiva da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) que leciona nos cursos de Licenciatura Indígena em Políticas Educacionais e Desenvolvimento Comunitário e Formação de Professores Indígenas. O docente analisa a valorização de sua cultura. “Sempre me perguntei quantos eram os portugueses que desembarcaram no Brasil, e qual o número de indígenas que havia aqui para recebê-los, e a resposta me parece óbvia. Em nenhum momento os índios foram capazes de se articular para enfrentar o inimigo comum. E nisso se passaram cinco séculos. Apenas na década de 1970 se iniciaram as primeiras reações mais conscientes dentro dessa relação histórica de dominação”. “Nenhuma política”, continua, “tem sido implantada porque o Brasil mudou sua percepção de mundo, e sim porque os povos indígenas tomaram outra atitude, e o ensino superior faz parte dessa reação”.

Gersem confessa que o magistério voltado ao índio está em processo de construção. “Ainda não tenho clareza do que fazer em sala de aula. A escola foi inventada pelo mundo branco para atender às necessidades de industrialização e mercantilização, e talvez seja um erro adaptá-la às demandas indígenas”.

Há menos de uma década atuando como categoria, os professores indígenas talvez busquem o meio termo. “A responsabilidade é grande. Como se define uma escola intercultural? Tem povos que nos cobram o ensino da língua nativa, mas não conheço índio que não queira aprender sobre as novas tecnologias. E será que ensinar português vai ser bom para esses povos? Tem quem ache que o índio que fala bem o português já não é mais índio”, problematiza.

O duelo entre o novo e o antigo, no entanto, parece se desfazer a partir da visão do professor. “Há pessoas acreditando que a tradição e a modernidade são incompatíveis. Isso é um problema para os pensadores, porque os índios já resolveram a questão. Para eles, o caminho é a complementaridade: não conheço povo indígena que, já tendo contato com a cultura do homem branco, abdique do direito de frequentar uma escola”.

Gersem ainda enfatizou o caráter social que a educação tem para sua gente. “Os índios são pragmáticos: quem vai à escola deve voltar sabendo fazer sabão, anzol, construir roupas, senão significa que não aprendeu direito. O estudo tem como objetivo melhorar a comunidade”.

Pinturas, danças e direitos

Van (que em Xokleng significa taquara), tem sete anos e foi a atração da cerimônia para os fotógrafos. Com adereço de cisal no cabelo, pintura preta no rosto e usando saia de palha, balançava de tempos em tempos um chocalho de cabaça e passava com a mãe Walderes a música que cantaria junto ao grupo logo depois do evento.

Aos 26 anos, Walderes cria a sobrinha Van como filha, e a deixa com a mãe em José Boiteux, onde se localiza a tribo Laklãno, quando fica em Florianópolis para assistir às aulas. “Agora estou mais tranquila porque ela veio comigo para a apresentação, mas no primeiro mês foi mais difícil”, relata.

Formada em Letras Português/Espanhol em uma universidade de Indaial, a Xokleng afirma que estudar, agora, está bem mais fácil. “Quando fiz a primeira faculdade, com minha mãe, havia vezes em que dormíamos no ponto de ônibus, e no outro dia tomávamos banho na própria universidade, porque não havia dinheiro para voltar para casa. Aqui tem sido bem diferente”, comemora.

Questionada sobre a diferença entre os Xokleng, Kaigáng e Guarani, ela se vira e aponta: “Olha só a pintura. Cada um faz desenhos diferentes, e cada etnia possui suas próprias músicas e danças”, explica, contando que sua tribo, que habita um terreno de cerca de 14 mil hectares, abriga as três etnias.  “Conheci professores de geografia e história que se referiam ‘aos índios’ apenas. Mas há grandes diferenças em relação aos costumes e tradições”. Walderes pretende seguir Licenciatura em Humanidades, com ênfase em Direitos Indígenas. “Hoje estamos reivindicando a redemarcação de nossas terras. Quero lutar pelas causas indígenas”.

Por Cláudia Schaun Reis/ Jornalista na Agecom
Fotos: Pâmela Carbonari / Bolsista de Jornalismo na Agecom

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Alunos Guarani, Kaingang e Xokleng têm até 12/05 para concorrer a vagas no Pibid Diversidade

06/05/2011 18:58

A Pró-reitoria de Ensino de Graduação (PREG) publicou três editais de seleção de bolsistas para o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid) Diversidade destinadas aos alunos do curso de Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica. São 48 vagas (16 para cada etnia – Guarani, Kaingang e Xonkleng).

Interessados têm até o dia 12/05 para entregar, na coordenação do curso, a ficha de inscrição e a declaração de disponibilidade de 30 horas mensais para o programa (ambas disponíveis nos anexos dos editais).

Os resultados serão divulgados na página www.licenciaturaindigena.ufsc.br e também afixados na porta da coordenação do curso até o dia 20/05.

Editais:

EDITAL Nº 007/PREG/2011 – Povo Guarani

EDITAL Nº 008/PREG/2011 – Povo Xonkleng

EDITAL Nº 009/PREG/2011 – Povo Kaingang

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