Foto: Ariclenes Patté
O projeto UFSC com a Aldeia nasceu como uma forma de aproximação da Universidade Federal de Santa Catarina com as comunidades indígenas do estado. Idealizado por uma comissão de estudantes indígenas da UFSC, em parceria com a Pró-Reitoria de Extensão (Proex), o projeto tem como objetivo trocar experiências e realizar missões em diversas aldeias, gerando diálogo e reciprocidade com o povo indígena.
A primeira missão do projeto aconteceu entre 24 e 26 de novembro na terra indígena do povo Laklãnõ/Xokleng, localizada entre os municípios de José Boiteux, Vitor Meireles, Doutor Pedrinho e Itaiópolis. Na última quinta (24), dez estudantes da UFSC – nove indígenas e uma não indígena –, acompanhados de três professores, saíram do campus Trindade rumo ao território Laklãnõ/Xokleng. Nesta primeira viagem, foram realizadas diversas atividades, como visitas às aldeias da T.I Laklãnõ e antigas escolas das comunidades. Além disso, destacam-se as conversas com as lideranças e com os anciãos da Aldeia Palmeira e com os estudantes da escola Laklãnõ, localizada na Aldeia Plipatol.
O estudante indígena Cristhian Roberto, graduando em Licenciatura em Educação do Campo e um dos pioneiros do projeto, dividiu com o amigo Eliton Weitcha, que cursa Antropologia, os primeiros passos do surgimento da ação. “Tivemos essa ideia, após observarmos uma demanda muito grande de estudantes indígenas que vêm para a universidade e, por não conhecerem os cursos, acabam tendo diversas dificuldades, fazendo dois ou três semestres e desistindo. Então a proposta principal é mostrar de fato a realidade dos cursos, da UFSC, e também a luta dos estudantes indígenas”, explica Cristhian.
Para um dos integrantes da delegação, Eliel Camlem, participar da missão também é uma forma de fazer uma ponte entre as comunidades indígenas do estado e a universidade. “É muito importante que nós, estudantes indígenas, levemos nosso conhecimento e visão da universidade aos alunos e à comunidade. E também que a gente traga para a universidade os conhecimentos adquiridos na aldeia. Assim, evitaremos um pouco o choque cultural e as dificuldades que temos ao ingressar na universidade”, acrescenta o estudante de Relações Internacionais.
O professor Daniel Castelan, titular no departamento de Relações Internacionais da UFSC, foi escolhido no início da estruturação do projeto como coordenador responsável pelos estudantes indígenas participantes. Segundo Daniel, sua participação o motivou a aprender mais sobre os povos indígenas, aprimorando também seu desempenho lecionando em sala de aula. “Me sinto na missão de colocar a UFSC para reparar a história sofrida dos povos originários. Este contato foi muito importante para a permanência dos estudantes indígenas na universidade, pois percebi que quando os indígenas saem da aldeia, eles têm como dever levar adiante o trabalho do seu povo”, finaliza o docente.
Para a pró-reitora de Extensão, Olga Regina Zigelli Garcia, o projeto representa não só uma forma de levar a universidade para a aldeia, mas também um meio de troca e aprendizados para estudantes, coordenadores e gestão universitária. “Esse projeto vem ao encontro das diretrizes da extensão universitária, o que pressupõe a interação dialógica, pautada na interdisciplinaridade, com propósitos de transformação social, e na formação do estudante sempre em prol de um mundo melhor”, conta ela. O projeto prevê ainda mais viagens em 2023 para as demais comunidades indígenas de Santa Catarina.
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Foto: Vinícius Camlem
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Foto: Ariclenes Patté
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Foto: Vinícius Camlem
Ariclenes Patté/estudante de Jornalismo/UFSC
Giulia Rabello/estagiária de Jornalismo da Agecom/UFSC