Alunos indígenas pedem bolsas de estudos ao presidente da Funai

11/05/2011 13:33

As dificuldades de manutenção enquanto estudam estão entre principais preocupações dos acadêmicos do curso de Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica, que tiveram um encontro na manhã desta quarta-feira, dia 11, com o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Márcio Augusto Freitas Meira, na Universidade Federal de Santa Catarina. Tanto eles quanto os representantes dos povos e aldeias – incluindo o cacique Priprá, da comunidade xokleng do Alto Vale do Itajaí – pediram que o governo encontre uma maneira de fornecer bolsas de estudos aos alunos, que muitas vezes são casados e deixam suas famílias em determinados períodos para assistir às aulas na UFSC e na UnoChapecó, no oeste do Estado.

Hoje à tarde a programação continua com a aula magna do curso, no Auditório da Reitoria, que terá as presenças do reitor da UFSC, Alvaro Toubes Prata, do presidente da Funai, de representantes da Procuradoria da República em Santa Catarina e do Ministério da Educação. Às 18h, no hall da Reitoria, será aberta a exposição “Guarani, Kaingáng e Xokleng – Atualidades e Memórias do Sul da Mata Atlântica”. O evento termina amanhã com uma reunião interinstitucional e uma palestra da professora Lux Vidal, da Universidade de São Paulo (USP).

Uma constante no encontro de hoje foi a exposição do drama dos acadêmicos com o custo do deslocamento e manutenção, por causa de seu baixo poder aquisitivo. O problema poderia ser solucionado com a concessão de bolsas, que é uma prerrogativa do MEC. O presidente da Funai disse que já sugeriu à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), vinculada ao Ministério da Educação, que encontre uma maneira de estender esse benefício aos estudantes indígenas. “O ministério tem um grande orçamento, o que não acontece com a Funai, e poderia dar conta dessa demanda”, afirmou Mário Augusto Meira.

Apesar das dificuldades, o representante do governo federal disse que houve grandes avanços em relação ao tratamento da questão indígena de 1988, quando foi promulgada a nova Constituição brasileira, para cá. Ele defendeu que se deve ir além do ensino formal, respeitando o sistema educacional tradicional dos povos e tribos, e considerou “histórica” a criação de um curso de licenciatura que forme professores – que, por sua vez, vão replicar os conhecimentos para as novas gerações nas aldeias.

O curso de Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica abre 120 vagas por ano em Santa Catarina, mas há alunos que são aprovados pelo sistema de cotas, em outros cursos da UFSC, dentro do programa de ações afirmativas. O presidente da Funai se comprometeu a levar para Brasília os pleitos dos estudantes, ressalvando que muitos deles dependem do MEC. “A Funai tem a missão de ajudar a construir a almejada autonomia política, econômica, social e cultural dos povos indígenas”, ressaltou.

Mais informações sobre o curso pelos fones 3721-4879 e 9122-8451, com Ana Lúcia Vulfe Nötzold; ou com Dorothea Post Darella, fones 3721-6472,  3721-9793 ou 9161-8201.

Por Paulo Clóvis Schmitz/ Jornalista na Agecom

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