UFSC encaminha carta ao governador solicitando políticas públicas relacionadas aos povos indígenas

11/01/2018 11:07

A Universidade Federal de Santa Catarina encaminhou ofício ao governador do Estado com uma carta assinada por equipes de pesquisa e órgãos acadêmicos, manifestando pesar frente ao assassinato do professor indígena Marcondes Namblá e solicitando a efetivação de políticas públicas em relação a algumas demandas relacionadas.

O documento, enviado na quarta-feira, 10 de janeiro, aponta que o homicídio de Marcondes se “soma a outros casos de violência étnica, preconceito, intolerância e xenofobia em relação aos povos indígenas em Santa Catarina”. A carta cita a morte do menino Vitor, da etnia Kaingang, assassinado no colo da mãe em 2015, e da mãe de uma liderança da Terra Indígena Morro dos Cavalos que teve uma mão decepada. “Os casos acima evidenciados não podem ser tratados como casos isolados ou simplesmente qualificados como crimes por ‘motivo fútil’, como a polícia os têm tratado. A violência contra os indígenas é estrutural ao processo histórico ao qual foram submetidos, e é sistemática, diária, individual e coletiva, deixando profundas marcas físicas e psicológicas”.

Além de requerer uma audiência com o governador de Santa Catarina, a carta pede o combate efetivo de ações criminosas de violência física, racismo e xenofobia, efetuadas contra os povos indígenas em Santa Catarina; o investimento em ações positivas voltadas para a conscientização sobre a diversidade étnica em Santa Catarina e para o respeito ao modo de vida dos povos indígenas, por meio de campanhas culturais e educacionais; a garantia da participação dos povos indígenas na formulação, execução e monitoramento das políticas governamentais conforme a legislação; e a criação, junto aos governos municipais, de condições para que os indígenas possam gozar do direito cidadão de circular com tranquilidade e segurança pelas cidades catarinenses, especialmente durante a temporada de verão, quando se deslocam em maior número de suas aldeias para exercer atividades voltadas para obtenção de renda extra, como o comércio de artesanato.

Confira a íntegra do documento aqui.

 

 

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Licenciatura Indígena organiza ato em Penha em memória a Marcondes Namblá

08/01/2018 14:01

Docentes e alunos do curso de Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), estão mobilizados na organização de um ato cerimonial e um protesto ao assassinato de Marcondes Namblá. O ato acontecerá na quarta-feira, dia 10 de janeiro, às 14h, no local onde o indígena foi morto (Av. Eugênio Krause, no município de Penha, Litoral Norte de Santa Catarina). Marcondes também receberá uma homenagem póstuma no Templo Ecumênico da UFSC, nesta terça-feira, 9 de janeiro, às 9h.

A UFSC cedeu um ônibus para transportar alunos e professores de Florianópolis à cidade de Penha. Os organizadores buscam agora apoio para transportar pessoas da Terra Indígena Laklãnõ, no Alto Vale do Itajaí, para a manifestação. Organizam o ato os colegas, amigos e familiares de Marcondes, que formou-se na UFSC em abril de 2015 e desenvolvia atividades de ensino na escola Laklãnõ. O evento tem apoio de outras etnias além do povo Laklãnõ-Xokleng, do qual Marcondes pertencia. Entre elas os povos Guarani, Kaingang e Parintintin.
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Reitor da UFSC se solidariza com a família de Marcondes Namblá e a Comunidade Indígena

08/01/2018 07:59

O professor Ubaldo Cesar Balthazar, reitor pro tempore da UFSC, se solidariza com a família de Marcondes Namblá, vítima de espancamento no município de Penha, litoral norte de Santa Catarina, e toda a comunidade indígena. No dia 7 de dezembro de 2017, o reitor havia se encontrado com a diretoria da Associação dos Estudantes Indígenas da Universidade Federal de Santa Catarina – AEIUFSC -, quando recebeu um documento das lideranças tradicionais indígenas.

“O primeiro diálogo com o reitor nos deu esperança que haverá continuidade a ideia e projetos do nosso saudoso e eterno professor Dr. Luiz Carlos Cancellier na UFSC e assim tornar-se uma universidade realmente diversificada com os povos indígenas cada vez mais presentes, ocupando seus espaços, dentro e fora da academia.

Queremos compartilhar essa notícia com indígenas e não indígenas, apoiadores da causa da mãe Terra, que hoje se inicia um novo ciclo da AEIUFSC, a qual formalizou com nosso Reitor, parceria e um diálogo recíproco, onde obtivemos êxitos, pois o que buscamos é o equilíbrio entre dois mundos, o mundo indígena e o mundo não indígena (Zug, Juruá, Karaiwá, fog). Acredita-se que no futuro próximo os novos estudantes indígenas possam saber que a AEIUFSC esteve e sempre estará buscando o melhor para o bem viver dos estudantes indígenas do Brasil.”

“Que bom que vocês se organizaram, que foi feita a Associação, pois no mundo do branco uma pessoa sozinha não tem força e vocês estão no caminho certo por estarem se organizando. Podem contar comigo”, disse à época o reitor, agora considerado um Vágdjó pelas lideranças indígenas.

“Que Nhanderú o guie pelo caminho da sabedoria sempre, obrigado!”, ratificou o conselheiro Sérgio Karai, e finalizou: “”Nós estudantes indígenas resistimos, juntos somos mais fortes.”

#Guarani
#Kaingang
#Laklãnõ/Xokleng
#Sateré_Mawé
#Munduruku

Participaram do encontro a SAAD – (Secretarias de Ações Afirmativas e Diversidade) com o professor Marcelo Tragtenberg; Pro-reitoria – PRAE, representado pelo professor Pedro Manique Barreto; e a coordenadora do curso de Medicina, professora Simone Van De Sande Lee.

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Licenciatura Intercultural Índigena da UFSC homenageia Marcondes Namblá

07/01/2018 08:00

A equipe da coordenação do curso Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica publicou na quarta, 3 de janeiro, nota em homenagem e tributo a Marcondes Namblá. O texto na íntegra segue abaixo e está disponível na página do curso.

PERDEMOS MARCONDES

Perdemos todos com a partida brusca, trágica e inadmissível de Marcondes Namblá, ocorrida em 02 de janeiro de 2018. Estamos de luto, sentindo profunda amargura e consternação.

Marcondes, pertencente ao povo Laklãnõ-Xokleng da Terra Indígena Laklãnõ, Alto Vale do Itajaí, integrou a primeira turma do curso Licenciatura Intercultural Indígena da UFSC, cuja formatura ocorreu em abril de 2015. Em seu Trabalho de Conclusão de Curso pesquisou e trabalhou o tema Infância Laklãnõ e a prática dos banhos nos rios, obscurecidos pela construção da Barragem Norte. Em suas Considerações Finais aponta: “Espero que essa reflexão possa contribuir para a construção de um novo pensamento em busca de alternativas para a resolução dessa problemática que hoje está instituída entre os Filhos do Sol e que os Espíritos da Natureza estejam conosco nos direcionando para o caminho certo.”

Marcondes era uma liderança expressiva e ora exercia o cargo de juiz na Terra Indígena. Era exímio falante da língua Laklãnõ e dominava a sua escrita e compreensão. Era professor na Escola Laklãnõ.

Perdemos a criatividade, o brilhantismo, a originalidade e sensibilidade, o empenho, o vigor e os horizontes de Marcondes. Ficamos com a memória, feitos, reflexões, sua alegria, competência e habilidade.

Equipe de coordenação do curso Licenciatura Intercultural Indígena.

UFSC, 03 de janeiro de 2018″.

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NEPI publica nota por justiça pela morte de Marcondes Namblá

03/01/2018 18:49

“O Núcleo de Estudos de Povos Indígenas (NEPI) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) vem a público expressar o profundo pesar e a extrema necessidade de justiça frente ao assassinato cruel sofrido pelo professor indígena Laklãnõ-Xokleng, Marcondes Namblá. Marcondes foi morto enquanto fazia trabalho temporário em Penha-SC, vendendo picolé neste período de férias turísticas no litoral do estado. Foi espancado na cabeça até cair desacordado, foi resgatado pelos bombeiros, levado ao hospital, passou por três cirurgias e não resistiu.

Marcondes era egresso da UFSC, formado pelo Curso de Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica, fazia parte de uma geração que vislumbrou na Universidade um lugar para compreender melhor as dinâmicas políticas, econômicas e sociais que ao longo da história atingiram seu povo de forma injusta e sangrenta. O povo Laklãnõ-Xokleng vem Resistindo aos efeitos muitas vezes perversos do embate com o Estado e Marcondes descobriu que poderia compreender tais dinâmicas estudando as crianças de seu povo, dialogando com a Antropologia, a História e a Linguística.

Mostrou que a Barragem Norte, que dividiu a Terra Indígena Laklãnõ, transformou o cotidiano das crianças, limitando o banho de rio e as brincadeiras que eram desenvolvidas na água. Mais ainda: estas brincadeiras mobilizavam vocabulários específicos, na língua nativa, que deixavam de ser utilizados pelas crianças, uma vez que as mesmas viam-se impedidas de brincar em determinadas partes do rio.

Como professor e liderança em sua comunidade, preocupava-se com a língua materna, com processos de circulação de saberes e com as dimensões identitárias que eram configuradas pelo território. Tinha planos de seguir os estudos em nível de Mestrado, tinha posicionamentos claros quanto ao lugar da escola na formação das crianças e jovens de sua Terra Indígena, tinha projetos ligados à revitalização da língua Laklãnõ-Xokleng, tinha a intenção de ter uma renda extra neste verão… Tinha tudo isso quando saiu na rua, foi abordado e brutalmente assassinado!

A nós restou a revolta de ter de aceitar a notícia de que vidas indígenas são interrompidas em qualquer esquina, como se algum outro ser humano tivesse o direito de fazer isto… Não tem! Em dezembro de 2015, o menino Vitor, da etnia Kaingang, foi assassinado na rodoviária de Imbituba, litoral catarinense, no colo de sua mãe. A Terra Indígena de Morro dos Cavalos vem sofrendo ataques consecutivos, violentos, os quais deixam marcas físicas, como uma mão decepada, e psicológicas, tal qual o medo que não vai embora. A violência aos povos indígenas é sistemática, diária, individual e coletiva.

Registramos aqui nossa tristeza, nossa indignação, nossa perda, mas sobretudo, nosso desejo de justiça.”

Equipe NEPI-UFSC

Fotografia: Italo Mongonnan Reis

Texto: Suzana Cavalheiro de Jesus

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Homenagem e tributo a Marcondes Namblá, vítima de espancamento em Penha

03/01/2018 16:02

A equipe de coordenação do curso Licenciatura Intercultural Indígena da UFSC presta homenagem a Marcondes Namblá,  vítima de espancamento na madrugada do Ano Novo em Penha, no Litoral Norte

PERDEMOS MARCONDES

Perdemos todos com a partida brusca, trágica e inadmissível de Marcondes Namblá, ocorrida em 02 de janeiro de 2018. Estamos de luto, sentindo profunda amargura e consternação.

Marcondes, pertencente ao povo Laklãnõ-Xokleng da Terra Indígena Laklãnõ, Alto Vale do Itajaí, integrou a primeira turma do curso Licenciatura Intercultural Indígena da UFSC, cuja formatura ocorreu em abril de 2015. Em seu Trabalho de Conclusão de Curso pesquisou e trabalhou o tema Infância Laklãnõ e a prática dos banhos nos rios, obscurecidos pela construção da Barragem Norte. Em suas Considerações Finais aponta: “Espero que essa reflexão possa contribuir para a construção de um novo pensamento em busca de alternativas para a resolução dessa problemática que hoje está instituída entre os Filhos do Sol e que os Espíritos da Natureza estejam conosco nos direcionando para o caminho certo.”

Marcondes era uma liderança expressiva e ora exercia o cargo de juiz na Terra Indígena. Era exímio falante da língua Laklãnõ e dominava a sua escrita e compreensão. Era professor na Escola Laklãnõ.

Perdemos a criatividade, o brilhantismo, a originalidade e sensibilidade, o empenho, o vigor e os horizontes de Marcondes. Ficamos com a memória, feitos, reflexões, sua alegria, competência e habilidade.

Equipe de coordenação do curso Licenciatura Intercultural Indígena.

UFSC, 03 de janeiro de 2018.

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