Seminário, vivência e conferência sobre a sabedoria indígena e a luta pelo reconhecimento do território vão até o dia 4 de junho. Melià fala às 19 horas no auditório do CFH
“Vivências com Povos Indígenas”, evento promovido pelo Curso Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica da UFSC será conduzido hoje, 1º de junho, às 18h30, pelo professor, linguista e antropólogo Bartomeu Melià (Assunção – Paraguai), no auditório do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH) da UFSC. Docente do curso de Licenciatura Intercultural, na disciplina Laboratório de Língua Guarani, Bartomeu foi convidado a expor suas vivências com povos indígenas a fim de trocar sua vasta experiência com os alunos e docentes do curso e participantes do evento.
Melià vai abordar as especificidades socioculturais e os direitos constitucionais das populações indígenas. Padre jesuíta espanhol (1932), mora em Assunção/Paraguai há quase cinco décadas, dedicando-se à pesquisa e à defesa dos direitos dos povos indígenas. Viveu no Brasil, também como estudioso e militante dessa causa, devido à dissidência com o governo do ditador paraguaio Alfredo Stroessner. No Brasil, atuou com os povos Guarani e Kaingang (Terra Indígena Guarita/RS), Kaiowá (MS), Enauenê-nauê (MT).
A discussão sobre o direito ao território para indígenas e quilombolas está no foco dos debates de três grandes momentos promovidos pelo Curso. Lideranças indígenas e dois dos maiores especialistas na questão, o antropólogo João Pacheco Oliveira, do Rio de Janeiro, e Bartomeu Meliá, do Paraguai, estarão presentes em Florianópolis para uma vivência e uma aula aberta que ocorrem no dia 1º e 4 de junho. Os eventos são dirigidos aos alunos que frequentam o curso, mas gratuitos e abertos a todas as etnias, pesquisadores e interessados no direito das minorias.
Saberes sobre a Terra – I Seminário Temático de Sábios Indígenas Guarani, Kaingáng e Xokleng abriu essa série de eventos no dia 31 de maio de 2012, das 8h30 às 12h, no auditório do CFH. O evento teve como objetivo dar voz a especialistas indígenas em torno de seus saberes sobre a terra, o que abarca os conhecimentos em relação à caça, pesca, coleta, plantio, manejo florestal e também do processo político e histórico de demarcação de terras indígenas.
“Criamos um espaço para que os alunos socializem seus conhecimentos, seja do uso da terra a partir dos saberes dos antepassados ou ainda saberes que cada um julgar importante compartilhar com os acadêmicos do seu curso e de outros cursos da UFSC, bem como com o público em geral”, explica a professora Maria Dorothea Post Darella, que faz parte da equipe de coordenação da Licenciatura e antropóloga do Museu de Arqueologia e Etnologia da UFSC. As três realizações buscam fortalecer o eixo temático do curso que é Territórios indígenas: a questão fundiária e ambiental no Bioma Mata Atlântica, explica Dorothea, que apoia o curso como integrante da Comissão Interinstitucional para Educação Superior Indígena.
O professor do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional da UFRJ, João Pacheco de Oliveira, é o conferencista do terceiro evento, que ocorre no dia 4 de junho, às 18h30, no Auditório da Reitoria /UFSC. Autor de volumosa obra, entre livros e artigos publicados, Oliveira vai proferir a aula aberta “A PEC 215 contra os direitos indígenas, quilombolas e ambientais”. Com a emenda, o direito que era antes aferido por um processo administrativo, passa a exigir aprovação pelo Congresso Nacional.
Defensor de uma ampla mobilização social contra essa medida, que chama de ataque aos direitos conquistados pelas minorias, discutirá a pressão de latifundiários e empresários para aprovação da Proposta de Emenda à Constituição, que dificulta o reconhecimento dos territórios indígenas e quilombolas. Presidente da Associação Brasileira de Antropologia (ABA) entre 1994 e 1996, exerce a função de coordenador da Comissão de Assuntos Indígenas. Atua ao lado dos índios Ticuna desde a década de 1970, dedicando-se há muitos anos também aos povos indígenas no nordeste brasileiro.
Implantado em fevereiro de 2011 pelo Departamento de História da UFSC, o Curso Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica é o primeiro curso superior do Brasil especializado nas três etnias. Sob a coordenação geral do professor Valmir Francisco Muraro, entra em sua sexta etapa concentrada de aulas. São 104 alunos, grande parte professores nas escolas indígenas que alternam o tempo na universidade com o tempo na comunidade, quando aplicam nas aldeias os conhecimentos desenvolvidos.
SERVIÇO:
Evento 2: Palestra: Vivências com Povos Indígenas
Palestrante: Prof. Bartomeu Melià (Assunção – Paraguai)
Local: Auditório do CFH/UFSC
Data: 01 de junho de 2012
Horário: 18h30
Evento 3: Aula aberta: A PEC 215 contra os direitos inígenas, quilombolas e ambientais
Com o Professor e Antropólogo João Pacheco de Oliveira (UFRJ)
Local: Auditório da Reitoria / UFSC
Data: 04 de junho de 2012
Horário: 18h30
Por Raquel Wandelli/ Jornalista na Secult
9911-0524 e 3721-9459 – www.secarte.ufsc.br
Mais informações: Secretaria do curso de graduação Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica: 3721-2614.