Egressos da UFSC vão atuar em cargos no Governo Federal
Ao menos oito egressos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) foram nomeados para desempenhar cargos na Administração Federal, durante o mês de janeiro, em Brasília. Das oito funções atribuídas pela nova gestão, sete serão dirigidas por mulheres. Além de representantes no recém-criado Ministério dos Povos Indígenas (MPI), ex-alunos da instituição foram convidados para exercer cargos nas pastas da Saúde, Desenvolvimento, Planejamento, Direitos Humanos e Pesca e Aquicultura. Uma docente da Universidade também vai atuar em um grupo de Defesa da Democracia formado pela Advocacia-Geral da União (AGU).
Momento crucial para os povos indígenas
No Ministério dos Povos Indígenas (MPI), além das egressas Joziléia Kaingang – que será Chefe de Gabinete – e da Secretária de Direitos Ambientais e Territoriais Indígenas, Kerexu Yxapyry, a indígena Ana Patté, do Povo Laklãnõ-Xokleng, vai atuar na pasta como Assessora Especial de Assuntos Parlamentares. Ela fará interlocução direta com estados e municípios brasileiros, especialmente aqueles que contam com comunidades indígenas, para definir papéis, traçar metas e facilitar demandas de atendimento a essa população.
“A gente está em um momento crucial em que devemos atender a demanda dos povos indígenas que estão na base sofrendo com o retrocesso que aconteceu nos últimos anos, sem demarcação de

Ana Patté, Assessora Especial de Assuntos Parlamentares no Ministério dos Povos Indígenas. Foto: Aquivo Pessoal
terra indígena, invasão pelo minério, pelo garimpo, pelo madeireiro ilegal e pelo uso inadequado de agrotóxicos nas terras indígenas. Essa nova gestão da Presidência tem acolhido e trazido os povos indígenas para o seu governo para mostrar que nós temos a capacidade de estar ocupando esses espaços, porque ninguém melhor para falar sobre os povos indígenas do que nós mesmos”, destaca.
Na Universidade Federal de Santa Catarina, entre 2011 e 2015, Ana foi aluna de uma das primeiras turmas do Curso de Licenciatura Intercultural Indígena. Ela conta que o processo de construção do curso foi feito em conjunto com a Universidade, uma vez que ainda não existiam povos indígenas dentro do ambiente acadêmico. Assim, os estudantes os trouxeram para a instituição, que sediou o III Encontro Nacional dos Estudantes Indígenas (ENEI), em setembro de 2015. Por isso, para ela, “foram essenciais, não só as aulas em si, mas também a nossa presença dentro da Universidade para mostrar que era uma universidade, mas que realmente não estava sendo diversa para mostrar a riqueza dos povos indígenas em Santa Catarina, no Paraná e no Rio Grande do Sul”.
A assessora lembra ainda que foi durante sua passagem pela UFSC quando ocorreram a criação de importantes secretarias de assistência e permanência aos indígenas na Universidade, pelo então reitor, professor Luiz Carlos Cancellier de Olivo. “O Cancelier trouxe a gente para dentro da Reitoria e levamos essa lembrança, esse nome para as nossas vidas e para onde a gente for, porque ele foi fundamental para que hoje também a gente tivesse ocupando o governo federal, dentro desses espaços de tomada de decisão”, aponta.
Além de desenvolver trabalhos na Secretaria, Ana é uma da cofundadoras da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA), uma organização que reúne lideranças mulheres indígenas de todos os biomas do Brasil, com o objetivo de garantir direitos e a sobrevivência dos povos originários. Em 2022, a associação foi responsável por lançar a candidatura de indígenas em cargos a nível municipal, estadual e federal.