Estudo da UFSC revela ambiguidade do termo ‘Clean Label’ em alimentos industrializados
Um estudo realizado pelo Programa de Pós-Graduação em Nutrição (PPGN) no âmbito do Núcleo de Pesquisa de Nutrição em Produção de Refeições (NUPPRE) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) analisou a utilização do termo Clean Label no rótulo de alimentos industrializados. A pesquisa é resultado da dissertação de mestrado defendida pela nutricionista Laura Volpato, em julho de 2024, sob orientação da professora Ana Carolina Fernandes e coorientação da professora Paula Lazzarin Uggioni.
A pesquisa, financiada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação de Santa Catarina (Fapesc), mapeou os principais conceitos que já existem sobre o assunto, analisando a utilização do termo em relação à rotulagem de alimentos industrializados.
“O principal objetivo era conceituar o termo Clean Label, entender o que está sendo falado sobre ele, de onde ele surgiu, e se ele deveria ser regulamentado, no sentido de se deveria ou não ser utilizado”, explica Laura.
Os resultados apontaram que o termo tem sido utilizado pelos fabricantes para sugerir ao consumidor que os produtos contém menos aditivos alimentares, listas de ingredientes mais simples ou que são produtos ultraprocessados com características esperadas de alimentos menos processados. “Termos como ‘caseiro’ ou ‘natural’não deveriam estar no rótulo porque a gente não sabe o que o consumidor interpreta, e percebemos que isso é o que mais tem relação ao termo Clean Label. São coisas que remetem ao saudável sem necessariamente ser”, complementa a nutricionista.
Por meio de busca e seleção de 4.794 artigos, foram incluídos e analisados 74 estudos que trazem alguma definição de clean label ou critério de uso do termo em rótulos de alimentos industrializados; ou que tenham avaliado sua aplicação na elaboração ou na rotulagem desses produtos.
O estudo indica uma proposição ampla do conceito clean label. Segundo a pesquisadora, a utilização de conceitos relacionados a ele são transitórios e subjetivos, dependendo da percepção do consumidor sobre o que é um alimento saudável e sustentável. Laura concluiu que o termo “não deveria ser regulamentado pois não há uma definição clara e específica”.