Ranking avalia proporção de autoras em publicações acadêmicas. Foto: Christin Hume/Unsplash
O número de publicações de autoria feminina na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) se destaca na classificação do Leiden Ranking, produzido pelo Centro de Estudos de Ciência e Tecnologia (CWTS), da Universidade de Leiden, na Holanda. Entre os quatros indicadores existentes no levantamento, ‘Gênero’ coloca a UFSC em sua melhor colocação entre as 1.225 universidades avaliadas em 69 países.
O Leiden Ranking é baseado em dados bibliográficos de publicações científicas, em particular em artigos publicados em revistas científicas. Atualmente, baseia-se no banco de dados Clarivate Analytics Web of Science como fonte primária e não usa dados obtidos diretamente das universidades. Na listagem, são considerados quatro parâmetros de análise: 1. Impacto científico (artigos publicados na base de dados Web of Science de 2016 a 2019); 2. Colaborações (artigos em parceria com outras instituições); 3. Acesso aberto (proporção de artigos livres em relação aos restritos); 4. Gênero (proporção de autoras).
Quando considerados os indicadores ‘Impacto científico’, ‘Colaborações’ e ‘Acesso aberto’, a Universidade figura entre as posições 430 e 480 no ranking internacional. Na classificação por gênero, a instituição catarinense passa a ocupar o 334º lugar, sendo a 10ª melhor colocada na América Latina e 8ª no Brasil. O levantamento contabiliza 17.741 publicações pela Universidade, sendo 7.185 delas (40,5%) de mulheres. Há ainda 811 publicações registradas como gênero desconhecido.
A professora Maique Weber Biavatti, superintendente de Projetos da Pró-Reitoria de Pesquisa (Propesq), afirma que o ranking reforça a posição da Universidade vista em outras classificações, mas considera que a falta de recursos para pesquisa brasileira dificulta a competitividade com as melhores instituições do mundo. “A UFSC tem um protagonismo bastante importante na ciência brasileira considerando o tamanho da Universidade e a abrangência dela. Sempre ficamos entre as dez melhores universidades em vários rankings. Quanto à classificação mundial, sabemos que somos um país periférico, então é muito difícil chegarmos no mesmo ponto onde estão países centrais e que recebem um grande financiamento. Acho que fazemos um trabalho milagroso diante do baixo financiamento que temos. E para o incentivo à pesquisa, infelizmente, não é um cenário favorável este que estamos vivendo”, avaliou.
Ainda em relação ao indicador ‘Gênero’, chama a atenção a proporção na divisão por áreas do conhecimento. A única em que o percentual de publicações femininas é superior às masculinas é na área das Ciências biomédicas e de saúde: 3.132 autorias masculinas (49,6%) e 3.186 autorias femininas (50,4%). Nas demais, a representatividade feminina é inferior. Nas Ciências da computação e Matemática, por exemplo, a participação das mulheres constitui apenas 10% do total de publicações (ver tabela abaixo).
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Autoria masculina |
Autoria feminina |
Ciências biomédicas e de saúde |
3.132 (49,6%) |
3.186 (50,4%) |
Ciências da vida e da terra |
2.495 (55,5%) |
2.000 (44,5%) |
Ciências da computação e Matemática |
1.033 (90%) |
115 (10%) |
Ciências físicas e Engenharias |
3.598 (67,4%) |
1.737 (32,6%) |
Ciências sociais e humanas |
298 (67,1%) |
146 (32,9%) |
Para a professora Maique, a leve vantagem em uma das áreas não é suficiente para consolidar uma maioria. “Compartilhar o protagonismo, do ponto de vista de igualdade, seria 50%. Mas se você considerar que nas Ciências da saúde, em geral, historicamente a participação feminina é muito superior a 50,4%, então não chega a ser representativa, uma vez que a área é predominantemente exercida por mulheres. Ainda há uma participação masculina bastante grande, apesar de a maioria das pessoas que se formam na área da Saúde serem do sexo feminino”, salientou.
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