Quando Wilson Assunção recebeu seu prêmio de destaque na Iniciação Científica 2014, na manhã da última sexta-feira, emocionou-se durante o rápido discurso de agradecimento. “Universidade pública tem a ver com isso. É onde todo mundo pode participar, entrar e fazer pesquisa”, destacou. Ele entrou para o curso de Agronomia pelo programa da ações afirmativas, como pardo, e esta foi a segunda vez que foi premiado pelo seu projeto de desenvolver videiras imunes a doenças, a fim de eliminar a necessidade do uso de fungicida na plantação.
A cerimônia foi na Sala dos Conselhos, no Campus da Trindade, presidida pela reitora Roselane Neckel. Além de Assunção, foram premiados outros oito alunos. Seis deles apresentaram seus projetos no 24º Seminário de Iniciação Científica da UFSC, realizado nos dias 22, 23 e 24 de outubro de 2013 e dois deles, que fazem parte do programa Pibic Ensino Médio, participaram do 4º Seminário de Iniciação Científica do Ensino Médio, realizado em 24 de outubro de 2014.
O pró-reitor de Pesquisa, Jamil Assreuy Filho, observou que a premiação “é motivo de orgulho, mas também de responsabilidade” e que o programa de incentivo à iniciação científica deve aumentar, por força da resolução do Conselho Universitário em maio do ano passado, que regulamentou as bolsas, para que se tornassem um programa institucional, não mais de gestão: o próximo edital, de 2015/2016, oferecerá 65 bolsas a mais. Lembrou ainda a atenção especial para incentivar a pesquisa e produção científica nos campi fora de Florianópolis: “temos esse cuidado para que cresçam fortes e saudáveis como queremos”, disse.
Assunção, que venceu na categoria Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (Pibiti), desenvolve sua pesquisa exatamente no Campus de Curitibanos. O objetivo de seu projeto, orientado pelo professor Leocir José Welter, é favorecer o pequeno produtor para que possa plantar uvas e fabricar vinho ou vender para vinícolas. A primeira vez que foi premiado foi pela etapa em laboratório. Agora, ganhou de novo pela confirmação em campo, mas outra parte importante deve vir daqui a dois anos: a colheita e a verificação da qualidade dos frutos para produção de vinhos finos.
Até completar 40 anos e vir de São Paulo para Florianópolis, Assunção imaginava que não conseguiria entrar para uma universidade. “Eu tinha que trabalhar para sustentar a família”, lembra. Com a mudança de cidade e rotina, passou no Vestibular, primeiro no campus da Capital. Quando a esposa, Patricia Freitas, que é técnica administrativa em educação da UFSC, foi transferida para Curitibanos, ele também pediu e conseguiu remoção para o Planalto Serrano.
Freitas, aliás, foi lembrada na fala de agradecimento de Assunção: “ela reclama que só fico cuidando disso”, brincou, na cerimônia. Depois, ele fez questão de ressaltar o apoio que recebeu e a importância de ir para Curitibanos. “A culpa é minha”, dizia ela após o evento, sorrindo. O “só fico cuidando disso” a que ele se referia eram as jornadas de trabalho nos sábados e domingos ou até de noite, especialmente na colheita.
Também foram premiados Matheus de Mello e Rodolfo Pamplona Tenfen (Ciências Exatas e da Terra); Maiara Rech da Silveira e Andressa de Lima (Ciências Humanas e Sociais); Jéssica Kruger Henriques e Elisa Caroline Cella (Ciências da Vida); Leonardo da Costa Rankel e Leandro de Amorim Maia (Pibic Ensino Médio). Cada um dos estudantes premiados foi inscrito para apresentar seus trabalhos na Jornada Nacional de Iniciação Científica (JNIC), parte da 67ª Reunião Anual da SBPC, de 12 a 18 de julho, na Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), além de receber uma placa e um certificado.