Os impactos da crise econômica no Brasil foram tema da mesa realizada nesta quarta-feira, 19 de setembro, no auditório do Centro Sócio-Econômico da UFSC, como parte da programação da VIII Semana Acadêmica de Economia (SAECO), que iniciou suas atividades na segunda-feira. O professor dos cursos de graduação e de pós-graduação em Ciências Econômicas e do Programa de Pós-Graduação de Administração da UFSC, Lauro Mattei, foi o convidado para explicar o contexto do Brasil na crise. Já a economista Márcia Camilli, da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC), explicou o caso catarinense.
O professor Lauro Mattei apontou os marcos gerais da crise atual, as estratégias utilizadas pelo Brasil e o contexto deste cenário em 2011 e 2012. Segundo Mattei é possível notar diretamente os efeitos negativos da crise na economia real e isso se deve à incapacidade dos governos de atuar não com interesse de salvar o sistema financeiro, mas no sentido de articular a economia. A opção do Brasil de sair da crise pelo incentivo do consumo doméstico, expandindo o crédito aos consumidores, o aumento de emprego e o crescimento da massa salarial, trouxe consequências tardias dos efeitos da crise no país, refletidas no crescimento negativo do PIB brasileiro em 2009. “Se há uma crise econômica mundial que tem efeitos no Brasil nosso problema é maior que isso. Os problemas estruturais pendentes vão além da crise”, diz o professor que por análise do PIB dos anos de 2008 a 2010 mostra que a crise já está instalada.
A análise da economia catarinense, Márcia Camilli, aponta para o fato de que o Estado conta com bons índices econômicos ,mas que alguns dados preocupam. Santa Catarina é o segundo estado com maior taxa de industrialização, perdendo apenas para a Amazônia por conta da Zona Franca, com isso, medidas que afetam a indústria refletem automaticamente por aqui. Os setores mais afetados pela crise foram os de metalurgia e veículos automotores. Contudo, a economia cresceu 2,8% de janeiro a julho de 2012, enquanto que esse índice no Brasil foi de 0,7%. Os dados mais preocupantes são a queda da participação da indústria catarinense no PIB brasileiros. De 2008 em diante as taxas de importação superam as de exportação. Os setores de madeira e móveis, cerâmica, têxtil e de calçados são os mais afetados com a baixa exportação e a concorrência externa. De acordo com a Agenda das Indústrias da FIESC as áreas prioritárias para o desenvolvimento do Estado são infraestrutura, racionalização da tributação, educação, inovação e representação política. “Santa Catarina tem uma economia sólida, que só não é melhor por conta desses entraves”, completa.
A VIII SAECO é organizada pelo Centro Acadêmico Livre de Economia do Departamento de Economia e Relações Internacionais da UFSC. A programação segue pela tarde com minicursos e à noite com a mesa “O Brasil de Amanhã”, que pode ser acompanhada ao vivo pela internet no link tvled.egc.ufsc.br/aovivo.
Mais informações pelo endereço http://www.cale.ufsc.br.
Patrícia Cim/Estagiária de Jornalismo na Agecom/UFSC
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