Professor da UFSC é homenageado por trabalho de sequenciamento do genoma do SARS-Cov-2

11/07/2023 17:54

Homenagem foi realizada em cerimônia do Conselho Estadual de Educação. Foto: divulgação

O professor Glauber Wagner, do Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), foi homenageado pelo Conselho Estadual de Educação de Santa Catarina com o Diploma de Mérito Educacional. Entregue em 4 de julho, a honraria reconhece seu trabalho de sequenciamento do genoma do SARS-CoV-2, causador da covid-19. 

“O nome Glauber Wagner foi amplamente divulgado nas mídias na época pandêmica pelas descobertas de sua pesquisa, que ainda reverberam tomadas de decisão relativas à covid, cujo reconhecimento atravessou fronteiras”, afirmou a conselheira Ana Cláudia Collaço de Mello, responsável pela indicação. Segundo Ana Cláudia, Glauber merece o reconhecimento por ser agente de transformação do saber e por seu diferencial didático.

“Esta homenagem não deve ser a apenas uma pessoa, mas sim para um grupo de pessoas que caminham e caminharam ao longo destes últimos anos ao meu lado. Quando iniciamos este trabalho, ainda lá no início de 2020, tivemos como objetivo inicial ajudar a sociedade na compreensão de um vírus emergente e que se apresentava como o mais importante desafio de saúde pública da história recente da humanidade”, destacou o homenageado em seu discurso de agradecimento.

Entre 2020 e 2022, foram analisadas mais de 2 mil amostras de 159 municípios no âmbito do projeto “Sequenciamento do genoma do SARS-CoV-2 (coronavírus) como estratégia de saúde para avaliar a dispersão, origens e mutações da covid-19 no estado de Santa Catarina: suporte a decisões governamentais e empresariais baseadas em evidências”. O trabalho envolveu o Departamento de Saúde Pública e os laboratórios de Bioinformática, de Biologia Molecular, Microbiologia e Sorologia, de Virologia Aplicada e de Protozoologia da UFSC, o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), a Divisão de Vigilância Epidemiológica (Dive) do Estado de Santa Catarina e a Empresa BiomeHub. O financiamento foi da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc).

Evento contou com a presença de alunos do Laboratório de Bioinformática e do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia e Biociências da UFSC que estavam envolvidos no trabalho. Foto: divulgação

“Este trabalho foi realizado por várias mãos”, salientou Glauber, lembrando dos estudantes, professores e demais profissionais da saúde “empenhados e comprometidos com o desenvolvimento da ciência aliado a oferecer respostas à sociedade do que estava acontecendo e o que estava provocando tanta morbidade e principalmente mortalidade na nossa sociedade”.

Os resultados das análises podem ser conferidas no site genomacovidsc.ufsc.br.

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Pesquisadores da UFSC monitoram evolução e circulação de variantes de coronavírus

28/03/2022 14:52

Equipe vem trabalhando no sequenciamento de genomas do SARS-CoV-2 desde 2020. Foto: divulgação

O surgimento, as mutações e a disseminação de variantes de covid-19 pelo estado estão sendo acompanhados de perto por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Iniciado em 2020, o projeto de sequenciamento do genoma do SARS-CoV-2 coordenado pelo professor Glauber Wagner, do Laboratório de Bioinformática do Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia (MIP), está perto de finalizar sua segunda fase. Nesta etapa, já foram analisadas 1.861 amostras, de 157 municípios catarinenses, com cinco variantes identificadas. Outras 539 amostras devem ser analisadas até o fim de abril – totalizando 2.400 genomas sequenciados em cerca de seis meses. Os dados estão disponíveis no site genomacovidsc.ufsc.br.

O trabalho é uma parceria entre diversos setores e laboratórios da UFSC, o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen/SC), a Superintendência de Vigilância em Saúde (SUV/SC), o Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde de Santa Catarina (CIEVS/SC) e a empresa BiomeHub. O financiamento é da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc) e da Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina.

Primeira e segunda ondas

Na primeira etapa do projeto, foram sequenciadas 203 amostras coletadas de março de 2020 a abril de 2021. Em um artigo publicado no último domingo, 27 de março, na revista científica Viruses, os pesquisadores apresentam o resultado da análise dessas sequências e de outras 527 coletadas no mesmo período e disponibilizadas em uma base de dados pública (Gisaid). O estudo mostra que 23 diferentes variantes circularam por Santa Catarina ao longo do primeiro ano da pandemia, um perfil que, segundo Glauber, foi muito parecido com o que se observou pelo Brasil.
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Pesquisador do HU-UFSC avalia impacto do SARS-Cov-2 sobre DNA de pacientes e risco de desenvolver câncer

28/06/2021 09:52

Uma pesquisa desenvolvida no Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago (HU-UFSC/Ebserh) tem o objetivo de identificar o impacto do vírus SARS-Cov-2 sobre o DNA de pacientes com casos graves de Covid-19 e verificar se estes pacientes têm um risco maior de desenvolver câncer por causa desta infecção. Os estudos estão na fase de coleta e a expectativa é de que até o final do ano os dados e a análise sejam apresentados.

O estudo, chamado de “Análise de Instabilidade Genômica em Pacientes com Covid”, é conduzido pelo biólogo do HU e professor orientador do Programa de Pós-Graduação em Farmácia da UFSC, Sharbel Weidner Maluf, e faz parte de um projeto maior desenvolvido por pesquisadores da UFSC chamado “Busca de marcadores genéticos e epigenéticos em pacientes com Covid”.

Sharbel Maluf explicou que não há motivo para alarme, pois as mutações no DNA são frequentes em qualquer pessoa, mas há alguns fatores que podem aumentar estas mutações. “Há vários fatores de risco, como o tabagismo, por exemplo. Se você pegar um grupo de fumantes e comparar com um grupo de não fumantes, o primeiro vai ter um impacto maior no DNA, aumentando o risco de câncer. O mesmo pode acontecer com o uso de agrotóxicos em trabalhadores do campo”, detalhou o professor.

Pesquisadoras observam material de pacientes com Covid coletado para o estudo sobre impacto no DNA. Foto: Sinval Paulino.

Na prática, o professor e os estudantes que fazem parte da pesquisa avaliam se o genoma dos pacientes pesquisados tem maior chance de estar instável. “Já se sabe que o vírus tem esta característica de alterar o DNA, o que acontece, por exemplo, no caso do HIV. O que nossa pesquisa pretende é justamente ver qual é a quantidade de alterações no DNA dos pacientes com Covid”, resumiu o pesquisador.

Unidade de Comunicação Social/Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago (HU-UFSC)

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Projeto pesquisa desenvolvimento de fármacos contra o Coronavírus a partir de plantas comestíveis

30/07/2020 13:43

Desenvolver fármacos contra o SARS-CoV-2, a partir de híbridos sintéticos de plantas comestíveis: é com esta estratégia que um grupo de pesquisadores coordenados pelo professor Antonio Luiz Braga, do Departamento de Química da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), obteve apoio da Capes pelo Edital nº 11/2020 – Fármacos e Imunologia do Programa Emergencial Estratégico de Prevenção e Combate a Surtos, Endemias, Epidemias e Pandemias – um financiamento de R$ 100 mil e quatro bolsas de doutorado e seis de pós-doutorado. Além da UFSC, a Universidade Federal da Paraíba e a Universidade Federal do ABC estão envolvidas no projeto.

O alvo dos pesquisadores é o bloqueio da protease Mpro, principal enzima do novo coronavírus. A ideia é buscar em quatro plantas, ricas em flavonoides, compostos com potencial para inibir esta protease contra o SARS-CoV-2. Após a avaliação biológica, os mais ativos contra o novo coronavírus servirão de base para serem transformados em derivados híbridos com heterocíclicos bioativos ou porções de organoselênio, planejados e otimizados via computadores para combater o vírus. “São plantas simples, mas que têm alguns princípios ativos com propriedades de inibir as enzimas, mas que não bastam (sozinhas para debelar o SARS-CoV-2). Vamos conectar em laboratório esses produtos naturais com outras moléculas, compostos heterocíclicos  ou de selênio, para levar a moléculas de maior complexidade estrutural, com atividade biológica aumentada”, explica o professor.

A estratégia é chamada de biodirigida, pois o desenvolvimento das moléculas se baseia numa enzima importante do vírus. “Um produto natural é uma mistura complexa de compostos orgânicos e estamos isolando cada um deles. Com eles separados, fazemos estudo in silico (simulação por computador) da triagem inicial de quais compostos melhor se encaixam na enzima para bloqueá-la ou inibi-la”, diz Braga.
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UFSC coordena desenvolvimento de vacina contra novo coronavírus

07/07/2020 18:54

O desenvolvimento de uma vacina contra o vírus SARS-CoV-2 será coordenado pelos pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)  André Báfica e  Daniel Mansur, ambos do Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia. O financiamento foi aprovado na chamada do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) ‘Pesquisas para enfrentamento da Covid-19, suas consequências e outras síndromes respiratórias agudas graves’, cujo resultado final foi divulgado na tarde desta terça-feira, 7 de julho. O projeto é uma parceria dos professores da UFSC com pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade de Cambridge (Inglaterra), o Instituto Butantan e Karolinska Institutet (Suécia).

A proposta é uma BCG recombinante: aproveitar a plataforma vacinal da BCG (uma vacina antiga e segura) para o novo coronavírus através da expressão de proteínas que induzam uma resposta imune efetiva contra o SARS-CoV-2 por mais tempo. “Um dos achados recentes na literatura (médica) é que as respostas imunes contra este vírus também envolvem linfócitos T, por exemplo, CD4 e CD8. Com a BCG recombinante, hipotetizamos que haverá indução deste tipo de resposta. Se isso for verdade, pensando lá no futuro, teríamos na mesma injeção uma vacina dupla, contra a tuberculose e contra a Covid-19, que as crianças tomam quando ainda estão no hospital. Claramente isto está muito longe. Estamos na parte inicial, desenhando os alvos do ponto de vista molecular”, explica Báfica. “Em conversa com colaboradores da Austrália, acabei de saber que a mistura da BCG com proteínas purificadas do SARS-Cov-2 aumenta a resposta imune contra o vírus. Estes dados preliminares indicam que estamos no caminho certo.”

A esperança é que os primeiros experimentos sejam realizados em janeiro. “Inicialmente, vamos trabalhar nos vetores vacinais. Essa primeira parte, construir a bactéria recombinante, demora cerca de seis meses para que fique pronto. Depois, é preciso testar se este protótipo de vacina induz uma resposta imune contra o coronavírus. Temos algumas formas de medir, como por exemplo se a vacina induz anticorpos neutralizantes contra os vírus que estão circulando em nossa região”, planeja o pesquisador.

Em paralelo a estas investigações, os pesquisadores irão se debruçar sobre a ciência básica na dinâmica da resposta imunológica: quais os anticorpos foram gerados e onde eles se encaixam. “Para o vírus entrar na célula humana, ele precisa de um receptor, um espécie de encaixe molecular. O que queremos com uma vacina? Que os anticorpos impeçam este encaixe, para que não infecte a célula. Os anticorpos neutralizantes têm uma alta afinidade contra estas proteínas do vírus”, exemplifica Báfica. “O pró da BCG é ser uma vacina administrada em 500 milhões de pessoas por ano, no mundo inteiro. Se a primeira meta do projeto funcionar de acordo com o plano, a vacina vai expressar proteínas do vírus, num  vetor seguro, e, segundo nossa hipótese, induzirá uma resposta de células T mais eficientes do que alguns dos vetores que estão circulando por aí. Mas para saber de fato, precisamos testar, ciência é isso”, indica o professor.
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