As atividades de docentes nas universidades públicas, além de ensino e pesquisa, envolvem a extensão, que inclui as ações voltadas a levar o conhecimento, arte e cultura à sociedade. Em 2020, foram registradas 2.089 ações de extensão na UFSC, sendo 123 delas relacionadas à Covid-19. Foram emitidos 106.524 certificados, e mais de 453 mil pessoas participaram e foram atendidas pelos projetos de extensão da UFSC durante o ano (segundo dados da Pró-Reitoria de Extensão).
A Secretaria de Educação a Distância (Sead) ofereceu uma série de materiais para auxiliar o desenvolvimento de atividades de ensino em modo remoto.
Ações de extensão envolvem estudos e experiências oferecidas à sociedade em diversos formatos. Durante a pandemia, a UFSC ofereceu cursos abertos sobre o uso de tecnologias digitais em educação, em dezenas de oportunidades de capacitação gratuitas para estudantes e para a população em geral. Os cursos e os recursos educacionais foram criados pela Secretaria de Educação a Distância (Sead), além da Pró-Reitoria de Extensão (Proex).
A Sead ofereceu recursos como o site Práticas Pedagógicas Inspiradoras (PPI), que recebe contribuições de instituições de todo o Brasil; e também o portal Recursos Tecnológicos para Aprendizagem (RTA), que reúne conhecimentos e experiências da comunidade universitária na utilização de tecnologias capazes de potencializar o ensino com diferentes recursos, de forma eficaz e inovadora.
Durante o período pandêmico, muitos setores buscaram apoiar a própria Universidade no processo de migração do ensino presencial para as atividades pedagógicas remotas. Em junho de 2020, a Proex lançou um edital para apoiar a criação de Núcleos de Produção de Conteúdos Digitais. Os núcleos formaram equipes coordenadas por um docente com o objetivo de “preparar a comunidade para os desafios do uso de tecnologias digitais de educação em atividades que envolvam a oferta de ensino, capacitação e treinamentos não presenciais”.
Foram criados 15 núcleos, que ofereceram dezenas de cursos de capacitação entre junho e novembro de 2020, envolvendo centenas de professores. Os cursos ofereciam capacitação para o uso de ferramentas e tecnologias digitais de educação, como noções básicas e ferramentas avançadas do Moodle, transmissão e publicação de videoaulas, produção de conteúdo e até design de conteúdos educacionais para redes sociais.
Outra iniciativa bem-sucedida foi a realização da 18ª edição da Semana de Ensino, Pesquisa, Extensão e Inovação (Sepex), entre os dias 22 e 24 de outubro. Promovida pela Pró-Reitoria de Pesquisa (Propesq), a Sepex de 2020 foi realizada em formato totalmente on-line e recebeu o nome de “Sepex em Casa”. Diferente das outras edições, em que o público externo visitava os stands montados no campus para conhecer a produção científica da UFSC, a Sepex em Casa ofereceu lives, vídeos gravados e minicursos a distância, tornando-se um grande evento de divulgação científica.
Durante três dias, mais de 200 minicursos oferecidos tiveram participação de cerca de 10 mil inscritos, incluindo participantes de outros estados. Os 14 eventos ao vivo – incluindo lives dos campi de Joinville e Curitibanos – e mais de 150 vídeos tiveram, até o momento, cerca de 15 mil visualizações. Temas como sustentabilidade, bioeconomia, permacultura, a Amazônia, poluição, a pandemia de Covid-19 estão presentes em toda a coletânea de vídeos, além de uma grande quantidade de material sobre os cursos de graduação e pós-graduação da UFSC, laboratórios de pesquisa, atléticas, e empresas juniores.
Esse material, que está disponível para consulta nos canais do YouTube da UFSC e da TV UFSC, forma um acervo valioso que cumpre a função de atividades de extensão, pois leva à comunidade o resultado dos conhecimentos produzidos na Universidade.
Eleonora Frenkel, coordenadora do Experimentextos. (Foto: Acervo Pessoal)
Grande parte das ações de extensão tiveram que adaptar seu planejamento e realização para o ambiente on-line, a exemplo do projeto de extensão, arte e cultura Experimentextos, coordenado por Eleonora Frenkel, professora do Departamento de Língua e Literatura Estrangeiras. “A proposta que planejávamos era constituir um espaço de experimentação, onde pudessem participar estudantes de diversos cursos e pessoas não vinculadas à Universidade, promovendo práticas de leitura em voz alta, tradução e escrita, bem como criação de performances resultantes de um processo criativo coletivo, a partir de interesses aflorados no grupo constituído”.
“Com a pandemia, o foco ficou na formação teórica, através de leituras e discussões virtuais com o grupo de bolsistas e, posteriormente, a criação de um curso via Moodle Grupos, que contou com a participação de pessoas de diversos lugares do Brasil (Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Bahia) e uma participante da Argentina”.
A professora acredita que foi uma possibilidade interessante, e que voltou a ser repetida no evento Sepex em Casa, realizado em outubro. O projeto ofereceu uma oficina – “Fios da voz, a palavra falada como resistência”. Desta vez, algumas dificuldades, como a de mobilização do público. “Observamos o desafio de atingir um público não acadêmico, mesmo nesse evento de extensão e divulgando junto a jovens vinculados ao Centro Cultural Escrava Anastácia. Se a oficina (e a Sepex) fosse presencial, talvez tivesse sido possível articular com o centro cultural um meio de transporte para trazer um número maior de participantes, mas isso é uma hipótese. O fato é que na modalidade remota, foi difícil atingir esse público”.
O projeto também criou uma produção audiovisual, veiculada durante o Experimenta Pandêmico, evento da Secretaria de Cultura e Arte (SeCArte), além de um álbum com audiopoemas pelo Bandcamp. “O projeto teve que se adaptar à mediação de dispositivos para acontecer”, ressalta Eleonora.
A SeCArte promoveu, em 2020, além do Experimenta Pandêmico, a Semana da Dança, a programação cultural dos eventos em comemoração aos 60 anos da UFSC, e disponibilizou uma programação extensa de vídeos, performances musicais e artísticas, todas veiculadas on-line, pelo #QuarentenArte, em parceria com a TV UFSC. As iniciativas buscaram apoiar a cultura em um período extremamente difícil para os artistas, quando não se é possível realizar apresentações, shows e exposições.
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Klay Silva, Luana Consoli, Thaís Martins / estagiárias da Agecom
Mayra Cajueiro Warren e Luís Carlos Ferrari / Agecom