Um ano depois de começar a promover “Me chame pelo seu nome”, no Festival de Sundance, nos Estados Unidos, o produtor-executivo formado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Lourenço Sant’Anna, de 30 anos, colhe os frutos do trabalho. O longa-metragem foi indicado a quatro Oscars, incluindo o de melhor filme, e também concorre em outras premiações.
Lourenço entrou para a segunda turma do curso de cinema da UFSC, no campus de Florianópolis, e se formou em 2009. Ele é de Ribeirão Preto e agora mora em São Paulo, onde trabalha em uma produtora. “Me chame pelo seu nome” estreou nesta quinta-feira (25) em Florianópolis.
“Durante a faculdade, trabalhei em produções locais de Florianópolis, desde o FAM [Florianópolis Audiovisual Mercosul], onde atuei como assistente de produção. Produzi curtas-metragens, documentários e publicidade. Tive uma passagem pela New York University [em intercâmbio pela UFSC], me formei e me mudei para São Paulo”, resume Lourenço sobre sua trajetória da universidade ao mercado de trabalho.
Produção-executiva
“Me chame pelo seu nome” tem vários produtores e produtores-executivos de várias nacionalidades. Lourenço esclarece que seu trabalho envolve “levantar fundos, ajudar na contratação da equipe, discutir o roteiro, discutir o elenco, discutir a locação, ajudar a trazer uma distribuidora para comprar o filme, estratégia de lançamento, festivais”.
Ele iniciou o trabalho no longa-metragem indicado ao Oscar por meio da produtora da qual é funcionário. “A RT Features [de Rodrigo Teixeira, também produtor do longa] decidiu apostar no filme”, disse. Além dela, há uma produtora italiana e uma francesa. “O filme teve dificuldades de financiamento por ser um drama gay, por ser um filme independente. Mas alguns parceiros decidiram arriscar”, diz Lourenço.
Oscar
As indicações ao Oscar estão acima das expectativas dos envolvidos com a produção. “Acho que a gente sempre trabalha pensando no melhor, mas foi além do que todo mundo imaginava. Em Sundance, em janeiro [de 2017], o filme foi muitíssimo bem recebido. Fez uma carreira de festival grande”, conta o produtor-executivo.
Foi no próprio Festival de Sundance, onde promovia outro filme, que Lourenço soube das indicações. “Assisti de lá mesmo, às 6h30, pelo computador. Foi meio que um sonho se realizando, um reconhecimento pelo trabalho. Para a gente é muito importante porque faz com que o filme tenha uma exposição comercial melhor, mais pessoas ficam sabendo dele”, relata.
Além de “Me chame pelo seu nome”, Lourenço também ficou feliz por outra indicação, a da diretora Greta Gerwig, com quem já trabalhou em dois filmes nos quais ela escreveu o roteiro e atuou. Ele foi o produtor-executivo de “Frances Ha” e “Mistress America”. “Essas produções foram fantásticas. Ela é muito talentosa, divertida, honesta. É uma artista muito dedicada, a gente ficou muito contente quando ela foi indicada”, diz Lourenço.
Para quem quiser seguir o mesmo caminho que ele, o conselho é acadêmico e prático: “o curso de cinema é bem importante porque dá uma base geral de todas as áreas do cinema, te faz conhecer a filmografia mundial. Além da academia, a produção mesmo. Começar a produzir com os meios possíveis. Quando eu entrei, o curso estava no segundo ano, não tinha nada de equipamento. Mas conseguimos nos organizar, pegar emprestado de amigos. Tem que ir se aperfeiçoando e entendendo melhor o ofício”.
Além de melhor filme, “Me chame pelo seu nome” foi indicado a melhor ator (Timothée Chalamet), melhor roteiro adaptado (James Ivory) e melhor canção original (“The Mystery of Love”, de Sufjan Stevens).
Reportagem publicada no site G1 Santa Catarina em 25 de janeiro de 2018. Confira aqui.