Espécies invasoras causam prejuízo bilionário, aponta estudo com participação da UFSC

01/03/2024 15:14

Imagens que ilustram o sumário baseado no estudo completo. Foto: reprodução/BPBES

O que espécies tão distintas como tilápia, javali, mexilhão dourado, sagui, pínus, tucunaré, coral-sol, búfalo, mamona e amendoeira-da-praia têm em comum? Todas são espécies exóticas invasoras (EEI) presentes no Brasil. EEI é o termo usado para designar plantas, animais e microrganismos que são introduzidos por ação humana, de forma intencional ou acidental, em locais fora de seu habitat natural. Esses intrusos se reproduzem, proliferam e se dispersam para novas áreas, onde na maioria das vezes ameaçam as espécies nativas e afetam o equilíbrio dos ecossistemas. Um estudo inédito lançado neste sexta-feira, 1º de março, pela Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES), com a participação de uma pesquisadora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), apresenta uma síntese do conhecimento científico disponível sobre espécies exóticas invasoras no país.

O Relatório Temático sobre Espécies Exóticas Invasoras, Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos conceitua o problema, lista as espécies, suas principais formas de introdução e os ambientes que ocupam e aponta os impactos provocados e as medidas de gestão recomendadas para o Brasil enfrentar essa ameaça em curto, médio e longo prazos. O texto foi produzido por 73 autores líderes, 12 colaboradores e 15 revisores de instituições de pesquisa e de órgãos públicos, representantes do terceiro setor e profissionais autônomos de todas as regiões do país, em um esforço que buscou conciliar gênero, raça e expertise.
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Feira de Ciências da Sepex da UFSC tem estandes de animais e experiências para as crianças

26/10/2023 18:25

A Feira de Ciências da 20ª Semana de Ensino, Pesquisa, Extensão e Inovação (Sepex) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que acontece no Campus de Florianópolis, traz diferentes atrações sobre animais e outras atividades. Até esta sexta-feira, 27 de outubro, cerca de 70 estandes instalados no Centro de Cultura e Eventos Reitor Luiz Carlos Cancellier de Olivo, no bairro Trindade, trazem a oportunidade de conhecer um pouco mais da produção científica e tecnológica da Universidade. As crianças, por exemplo, podem fazer experiências acompanhadas de professores em estande focado na educação científica.

Os expositores recebem os visitantes das 9h às 18h na sexta-feira, 27 de outubro. A entrada é gratuita e não é necessário fazer inscrição para visitar a Feira de Ciências.

>>> Veja a posição e a lista completa dos estandes no site da 20ª Sepex.

Como chegar ao Centro de
Cultura e Eventos da UFSC.

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Clínica Veterinária Escola da UFSC oferece saúde e bem-estar a animais

06/05/2021 15:52

Foto: Divulgação

Uma união de forças para oferecer o melhor para a saúde e o bem-estar dos animais. Assim é a Clínica Veterinária Escola (CVE) do Centro de Ciências Rurais da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Localizada no campus de Curitibanos, a CVE envolve 12 setores e faz atendimentos clínicos e cirúrgicos e exames complementares de animais domésticos e selvagens.

“Como os valores cobrados são bem mais baixos do que os da iniciativa privada, pelo interesse didático de base, temos alta demanda de pessoas de baixa renda, que não teriam condições de acessar esse serviço em clínicas ou laboratórios de diagnóstico particulares”, observa a coordenadora do CVE, professora Marcy Lancia Pereira.

O projeto tem apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Extensão Universitária (Fapeu). “A Fapeu, desde 2017, tem sido parceira da CVE para o gerenciamento dos recursos, tanto das receitas quanto despesas, já que vem atuando de forma prática e efetiva nas demandas de materiais de consumo e permanentes para manutenção das consultas, exames e cirurgias”, conta a professora Marcy.

A Clínica Veterinária Escola foi fundada oficialmente em 11 de setembro de 2018, mas desde 2016 já prestava serviços à comunidade. Em 2017, a clínica foi parceira da prefeitura de Curitibanos em um projeto de castração de cães e gatos. “Importante salientar que o projeto não envolveu apenas o procedimento cirúrgico em si, mas também consulta prévia, em que foi avaliado o estado de saúde de cada animal e passadas orientações gerais de cuidados aos tutores de bairros carentes cadastrados e visitados pelas equipes de trabalho”, lembra a coordenadora da CVE.

O contrato atual entre a CVE e a Fapeu, assinado no ano passado, tem o objetivo de consolidar a atuação e ampliar o atendimento da clínica. Em duas ocasiões, a CVE já foi contatada pelo Ministério Público de Santa Catarina para emitir laudo técnico-pericial de cães e gatos recolhidos de residências após denúncia de maus tratos. O trabalho foi realizado pelos alunos em extensão sob supervisão da coordenadora do projeto.

Atualmente, a CVE conta com a atuação de 16 docentes, seis servidores técnico-administrativos e um recepcionista terceirizado. “Também há alunos bolsistas e voluntários em número que varia a cada ano e, neste ano, devido à pandemia, em número bastante reduzido”, pontua a professora Marcy.

Os atendimentos envolvem os laboratórios de Clínica e Imagem de Pequenos Animais (Lacipa), de Técnica Cirúrgica (Latec), de Atendimento de Animais Selvagens e Exóticos (Laase), de Doenças Parasitárias (Ladopa), de Patologia Veterinária (Labopave), de Virologia e Imunologia (Labvim), de Doenças Infecciosas dos Animais (Labdia), de Fisiologia da Reprodução Animal (Lafra) e o Laboratório Clínico (Laclin), além da Clínica Médica, Cirúrgica e Reprodutiva de Grandes Animais (CMCRGA), o Serviço de Anestesiologia Veterinária (Anest) e o Serviço de Imagem de Pequenos e Grandes Animais e Animais Selvagens (Imagem).

Sob as regras de uso obrigatório de máscara e de gel nas mãos, além do respeito ao distanciamento social, no dia 5 de abril a CVE retomou os atendimentos presenciais, interrompidos pela pandemia. Agendamentos podem ser feitos pelo e-mail clinica.veterinaria@contato.ufsc.br ou whatsApp (49) 9106-0348. A orientação é de que apenas uma pessoa acompanhe o animal.

Texto: Assessoria de Comunicação da Fapeu.

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UFSC sedia Encontro Catarinense de Direitos Animais em agosto

11/07/2019 15:11

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) sedia o III Encontro Catarinense de Direitos Animais no dia 16 de agosto, sexta-feira. Com o tema “Abordagens emancipadoras antiespecistas”, o evento é gratuito e aberto a todos. As atividades serão realizadas no auditório do Centro de Ciências Jurídicas (CCJ/UFSC) e as inscrições devem ser feitas pelo e-mail oje.ufsc@gmail.com. A programação inclui uma conferência e cinco painéis com a participação de 13 pesquisadores da UFSC e de outras instituições.

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UFSC promove curso de extensão sobre ética animal

08/07/2019 17:10

O curso de extensão “Uma introdução ao debate sobre a consideração moral dos animais não humanos”, oferecido pela primeira vez na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), recebe inscrições até 30 de julho. A atividade é gratuita, aberta a todos, e será fornecido certificado de participação. As aulas são presenciais e ocorrem de 6 de agosto a 3 de dezembro, às terças-feiras, das 9h10 às 11h. As inscrições devem ser feitas aqui.

“A maior parte de nossas decisões afeta, direta ou indiretamente, os animais não humanos. O objetivo é discutir as implicações disso e introduzir os conceitos centrais sobre ética animal, tanto as abordagens clássicas, quanto as mais atuais”, explica Carlos Roberto Zanetti, um dos coordenadores do curso e professor do Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia (MIP/CCB/UFSC). A atividade está sendo organizada em parceria com o pesquisador Luciano Cunha, da ONG Ética Animal, que ministrará as aulas.

Ao longo do semestre serão apresentados os conceitos de especismo e senciência; argumentos a favor da consideração moral dos animais; diferentes perspectivas teóricas éticas em relação aos animais; diferenças entre a consideração pelos animais e o ambientalismo, entre outros tópicos.

As inscrições devem ser feitas aqui.

Mais informações pelo e-mail luciano.cunha@animal-ethics.org ou pelo Facebook.

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Como camundongos e coelhos transformaram a trajetória de um cientista

04/07/2019 16:20

Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC.

Carlos Roberto Zanetti, professor titular do departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia da Universidade Federal de Santa Catarina (MIP/CCB/UFSC), escolheu a Biologia por gostar de animais e plantas. “Adorava estar na natureza. Um avô, que foi meu grande incentivador, sabia o nome de tudo quanto é árvore, tudo quanto é passarinho, o que cada um comia… Eu ficava fascinado com tudo aquilo”, recorda. Hoje, aos 58 anos e há 22 como docente da universidade, essa admiração e respeito pelos bichos permanece. Zanetti tornou-se referência nacional na difusão de métodos alternativos ao uso de animais na ciência. Sua enorme contribuição ao campo da Bioética é fruto de um longo caminho que inclui, paradoxalmente, amplo uso de animais em atividades acadêmicas.
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Disciplina da UFSC apresenta perspectiva inovadora sobre uso de animais na ciência

28/06/2019 17:28

Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC

No segundo semestre de 2019, o departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia da Universidade Federal de Santa Catarina (MIP/CCB/UFSC) oferecerá, pela terceira vez, uma disciplina inédita na maioria das instituições de ensino brasileiras: “Aspectos Éticos em Pesquisa e Ensino com Animais”. O professor responsável, Carlos Roberto Zanetti, decidiu ofertá-la como matéria optativa do curso de Ciências Biológicas por considerar fundamental proporcionar aos estudantes da graduação uma reflexão crítica sobre questões éticas envolvendo o uso de animais no meio acadêmico. “Esse tema diz respeito a todos nós, mas sobretudo aos estudantes cujas profissões lidam diretamente com animais não-humanos. É um debate que vem crescendo nos últimos tempos em nível mundial, mas ainda é raramente abordado em nossas universidades”, afirma o docente.

A disciplina teve boa receptividade desde quando foi oferecida pela primeira vez, no segundo semestre de 2017. Os 30 estudantes matriculados tiveram 36 horas de aula com a participação de convidados de diferentes áreas do conhecimento, como Filosofia e Direito. A primeira versão da ementa apresentava uma perspectiva abolicionista – com argumentos pela extinção do uso de animais para qualquer finalidade – e alguns alunos chegaram a solicitar que o professor incluísse no programa uma perspectiva pró-vivisseccionista – isto é, favorável à dissecação de animais vivos. Zanetti se contrapôs: “Isso eu não vou fazer. Vocês já têm isso durante toda a graduação. Aqui vocês terão contato com uma visão contrária a essa visão hegemônica. Meu objetivo é apresentar-lhes outras possibilidades. Essa disciplina é uma oportunidade incrível de conhecerem um outro ponto de vista.”
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Semana do Meio Ambiente: ‘Nossa dieta está levando o planeta à ruína’

15/06/2019 19:15

As notícias são alarmantes. Publicadas diariamente, por toda parte, soam quase em uníssono. Se olharmos apenas para os veículos brasileiros, nos deparamos com as seguintes manchetes nos últimos dias: “Mudanças climáticas serão uma tragédia para o mundo” (O Globo); “Mudanças climáticas podem acabar com a civilização até 2050” (Revista Galileu); “Mudanças climáticas vão gerar prejuízo de US$ 1 tri para grandes empresas” (Revista Exame); “Mudanças climáticas já provocam danos sérios à saúde humana” (G1). As matérias reportam as mais recentes constatações científicas, que urgem por demonstrar a relevância do tema nas diversas áreas: política, economia, direitos humanos etc. O jornal britânico The Guardian, inclusive, acaba de propor uma nova terminologia, mais adequada ao fenômeno em questão: no lugar de mudanças climáticas, sugere crise climática, emergência climática ou colapso climático.

O planeta já passou por diferentes eras geológicas decorrentes de alterações na temperatura, entretanto, o que vivemos agora é inédito. As atividades humanas ao longo dos últimos séculos – e muito mais nas últimas décadas – têm modificado o clima da Terra com tal intensidade, extensão e rapidez que cientistas dizem que já entramos em uma nova era, o Antropoceno. Entre as atividades mais prejudiciais aos ecossistemas está toda a cadeia produtiva que envolve nossa alimentação baseada em produtos de origem animal. A Organização das Nações Unidas (ONU) tem recomendado a mudança para uma dieta sem carnes e laticínios como forma de reduzir o aquecimento global. Um relatório apresentado em 2010 afirmava que “alimentos de origem animal, tanto carnes quanto laticínios, requerem mais recursos e causam mais emissões do que alternativas à base de vegetais.”

Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC.

O impacto da agropecuária no meio ambiente foi um dos temas debatidos durante a Semana do Meio Ambiente, realizada de 3 a 7 de junho na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Com o auditório da reitoria completamente lotado, Sônia T. Felipe, professora de Filosofia aposentada pela UFSC, iniciou sua palestra de forma categórica. “Há mais de 70 anos estamos levando o planeta à ruína por conta da produção de alimentos para servir os animais, que serão depois servidos no prato de metade da população humana no mundo. Isso porque a outra metade não come regularmente carnes, queijos ou ovos.” Ao longo dos 50 minutos seguintes ela prendeu a atenção do público apresentando dados que revelam uma realidade sobre a qual pouco se pensa.
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Pesquisadora e agricultora dialogam sobre a relação entre o feminismo e a natureza

01/03/2019 14:49

Justina e Claudia são duas mulheres da mesma geração, com trajetórias de vida bastante distintas, mas muitas coisas em comum. Justina é “agricultora desde sempre”, como gosta orgulhosamente de se apresentar. Claudia é uma acadêmica que, também “desde sempre”, dedica-se à pesquisa, ao ensino e à produção intelectual. Ambas são mulheres de luta, mulheres de vanguarda, admiradas pelo que fazem e representam. Cada uma à sua maneira, em seu próprio espaço político e social, é engajada em propagar o ideal de uma sociedade mais justa e igualitária e de um mundo onde tudo e todas – plantas, florestas, rios, mares, animais de todas as espécies (inclusive a humana) etc – vivam e convivam em harmonia uns com os outros, de forma a preservar o planeta.
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Especial Semana do Meio Ambiente UFSC: conscientização e debate em torno do ecossistema

12/06/2018 13:50

A TV Educativa da Universidade Federal de Santa Catarina (TV UFSC) e a Agência de Comunicação da UFSC (Agecom) acompanharam os principais acontecimentos realizados durante a Semana do Meio Ambiente UFSC 2018. Mesmo com a suspensão das aulas e a crise de abastecimento que acometeu o país no final do mês de maio, as mesas-redondas previstas para o dia 29 de maio foram mantidas. A Agecom registrou os debates em duas reportagens especiais: Evento sobre meio ambiente enfatiza a educação e a mudança no modelo de desenvolvimento do país e Semana do Meio Ambiente UFSC inicia-se com mesa-redonda sobre sustentabilidade em universidades. Diversas atividades foram acompanhadas pela equipe da TV UFSC, conforme as reportagens especiais abaixo.

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‘Defender os animais é uma questão de justiça’, afirma pesquisador espanhol

28/02/2018 12:31

Professor Óscar Horta, da Universidade de Santiago de Compostela, Espanha. Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC

Com o tema “Por que a defesa dos animais é uma questão de justiça: expandindo as fronteiras da ética”, a palestra do professor espanhol Oscar Horta apresentou, de forma didática, os argumentos éticos que justificam o respeito pelos animais. “Muitas pessoas acreditam que aqueles que se envolvem na defesa dos animais decidem se dedicar à causa como um ‘hobby’ ou porque ‘gostam de animais’. Mas isso não é verdade. E não o é pela mesma razão que as pessoas que lutam pelos direitos humanos não fazem isso simplesmente porque ‘gostam’ dos indivíduos em situações desfavorecidas. Devemos efetivamente respeitar os animais não por uma questão de ‘preferência’ ou como uma ‘atitude de bondade’, mas sim por uma questão de justiça”, explicou o pesquisador. O evento, que foi promovido pelo programa de Pós-graduação em Filosofia (PPGFil), ocorreu na terça-feira, 26 de fevereiro, no auditório do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina (CFH/UFSC).

Segundo Oscar Horta, não existe um critério plausível e coerente que justifique, ao mesmo tempo, uma atitude de respeito pelos seres humanos e de desrespeito pelos animais. “Normalmente, a justificativa mais utilizada é a de que os seres humanos têm capacidades cognitivas avançadas, e por isso são ‘superiores’ e os únicos que merecem respeito. Mas quem defende isso ignora o fato de que há também animais não-humanos que possuem capacidades cognitivas muito avançadas. E há nesse argumento outro problema ainda mais sério: existem seres humanos que não têm essas capacidades cognitivas. Esse é o caso dos recém-nascidos, por exemplo. E também pode ser o caso de qualquer pessoa que adquira uma doença ou sofra um acidente que lhe cause danos cerebrais. Todos estamos sujeitos a isso.” Diante desse argumento, explicou, a maioria das pessoas concorda que todos os seres humanos deveriam ser respeitados, sejam quais forem suas capacidades intelectuais. Logo, por uma questão de lógica, é preciso rejeitar a ideia de que deveríamos ter direitos garantidos por nossas capacidades intelectuais.

Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC.

“Para garantir que nenhum ser humano seja discriminado, devemos rejeitar esses critérios e defender uma posição que implique necessariamente na consideração pelas demais espécies. Alguém pode dizer: ‘respeitar os animais é uma questão de preferência’. O fato é que, mesmo nas questões de gosto, de preferência, existe uma lógica, uma coerência. Não posso, ao mesmo tempo, dizer, por exemplo, que gosto de manga e não gosto de nenhuma fruta. Isso é uma contradição. O mesmo acontece aqui. É inconsistente a ideia de que devemos respeitar todos os seres humanos e não respeitar os demais animais por qualquer razão que seja. Alguém ainda pode dizer que essa discriminação é justificada ‘simplesmente porque somos seres humanos’. Mas isso não é uma justificativa. É apenas repetir, de outra maneira, o que está tentando defender.”

O professor apresentou ao público a possibilidade de dois mundos possíveis: em um deles, os animais são explorados para os mais diversos fins, exatamente como ocorre no mundo hoje.  Em outro mundo hipotético, os interesses dos animais não humanos são levados em consideração da mesma forma que os interesses dos humanos. “Se pudéssemos escolher, antes de nascer, em qual mundo vamos viver, qual escolheríamos?”, perguntou. “Muitos poderiam dizer que prefeririam morar no mundo como é hoje. Mas dizem isso porque supõem que vão nascer seres humanos. Entretanto, e se houvesse a possibilidade de nascermos animais? E se não soubéssemos se seríamos seres humanos ou animais de outras espécies? Que mundo escolheríamos?” Ao fazer esse exercício de se colocar no lugar do outro, todos optam pelo mundo em que as demais espécies são respeitadas.

Professor Óscar Horta, da Universidade de Santiago de Compostela, Espanha. Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC.

Senciência

“Muitos animais têm a capacidade de sofrer e desfrutar pois, assim como nós, eles têm uma fisiologia com um sistema nervoso central que transmite informações, a partir dos órgãos do sentido, e as transformam em experiências. Essas experiências podem ser positivas ou negativas, de prazer ou de sofrimento. Além de sabermos dessa capacidade por sua fisiologia, isso também é evidente por seu comportamento. A conduta dos animais demonstra que eles sofrem, sentem. A razão, portanto, para respeitar alguém, deveria ser sua fisiologia, sua capacidade de sentir. Isso é o que definimos como ‘senciência’. E essa é uma capacidade que não só os animais mais próximos de nós, como os mamíferos, possuem. Diversos outros animais, inclusive muitos invertebrados, também são sencientes. Por isso não é justo que os animais utilizados pelos seres humanos sejam submetidos a tanto sofrimento.” O professor descreveu como vivem os animais explorados para alimentação, os quais passam a maior parte da vida em espaços minúsculos, sofrem de muitas doenças, e não têm nenhuma oportunidade para desfrutar minimamente a vida. “Esses animais morrem de formas terríveis.”

Sobre a questão da necessidade de utilizar animais para alimentação, Oscar explicou o que deve ser ponderado: “Quando temos que tomar uma decisão, devemos avaliar quais interesses estão implicados. No caso do consumo de animais, devemos analisar, por um lado, quais são os benefícios que os seres humanos têm e, por outro, quais os danos que sofrem os animais. Ao fazer essa avaliação, concluímos que os danos que sofrem os animais são bem maiores do que os benefício que têm os seres humanos. Se para obtermos esse mesmo benefício precisássemos submeter não os animais, mas os seres humanos, aos mesmos danos, jamais faríamos isso.”

Material informativo da organização Ética Animal.

Além de pesquisador e professor da Universidade de Santiago de Compostela, na Espanha, Oscar Horta também integra a organização internacional Ética Animal, que está focada em fornecer informações e promover discussões e debates sobre questões da ética animal, buscando uma mudança de atitude em relação aos animais, conforme informa o site da entidade. A ONG tem representantes em diversos países e seu site está traduzido em oito idiomas: português, espanhol, francês, italiano, alemão, inglês, polonês e chinês. 

Oscar Horta publicou, em 2017, o livro “Un paso adelante en defensa de los animales”. A introdução da obra está disponível aqui.

Mais informações sobre a ONG Ética Animal no site e no Facebook.

Daniela Caniçali/Jornalista da Agecom/UFSC

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Observatório de Justiça Ecológica promove debate sobre personalidade jurídica dos animais

25/05/2017 10:01

O Grupo de Estudos do Observatório de Justiça Ecológica (OJE/UFSC) terá, nesta sexta-feira, dia 26, o terceiro encontro do semestre, com o debate sobre o artigo das mestrandas do Programa de Pós-Graduação em Direito (PPGD/UFSC), Camila Mabel Kuhn e Leatrice Faraco Daros. O texto aborda a personalidade jurídica dos animais.

O encontro acontece na sala 111 do Centro de Ciências Jurídicas (CCJ), das 13h às 16h. A atividade é aberta à comunidade e não necessita de inscrição prévia. O artigo está disponível no link.

Mais informações no Facebook do OJE.

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