Semana do Meio Ambiente: ‘Nossa dieta está levando o planeta à ruína’
As notícias são alarmantes. Publicadas diariamente, por toda parte, soam quase em uníssono. Se olharmos apenas para os veículos brasileiros, nos deparamos com as seguintes manchetes nos últimos dias: “Mudanças climáticas serão uma tragédia para o mundo” (O Globo); “Mudanças climáticas podem acabar com a civilização até 2050” (Revista Galileu); “Mudanças climáticas vão gerar prejuízo de US$ 1 tri para grandes empresas” (Revista Exame); “Mudanças climáticas já provocam danos sérios à saúde humana” (G1). As matérias reportam as mais recentes constatações científicas, que urgem por demonstrar a relevância do tema nas diversas áreas: política, economia, direitos humanos etc. O jornal britânico The Guardian, inclusive, acaba de propor uma nova terminologia, mais adequada ao fenômeno em questão: no lugar de mudanças climáticas, sugere crise climática, emergência climática ou colapso climático.
O planeta já passou por diferentes eras geológicas decorrentes de alterações na temperatura, entretanto, o que vivemos agora é inédito. As atividades humanas ao longo dos últimos séculos – e muito mais nas últimas décadas – têm modificado o clima da Terra com tal intensidade, extensão e rapidez que cientistas dizem que já entramos em uma nova era, o Antropoceno. Entre as atividades mais prejudiciais aos ecossistemas está toda a cadeia produtiva que envolve nossa alimentação baseada em produtos de origem animal. A Organização das Nações Unidas (ONU) tem recomendado a mudança para uma dieta sem carnes e laticínios como forma de reduzir o aquecimento global. Um relatório apresentado em 2010 afirmava que “alimentos de origem animal, tanto carnes quanto laticínios, requerem mais recursos e causam mais emissões do que alternativas à base de vegetais.”
O impacto da agropecuária no meio ambiente foi um dos temas debatidos durante a Semana do Meio Ambiente, realizada de 3 a 7 de junho na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Com o auditório da reitoria completamente lotado, Sônia T. Felipe, professora de Filosofia aposentada pela UFSC, iniciou sua palestra de forma categórica. “Há mais de 70 anos estamos levando o planeta à ruína por conta da produção de alimentos para servir os animais, que serão depois servidos no prato de metade da população humana no mundo. Isso porque a outra metade não come regularmente carnes, queijos ou ovos.” Ao longo dos 50 minutos seguintes ela prendeu a atenção do público apresentando dados que revelam uma realidade sobre a qual pouco se pensa.
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