UFSC cria produto com óleo de orégano para combater vírus causador de epidemias de diarreia
Um produto desenvolvido pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) pode ajudar a combater o cada vez mais popular norovírus, principal causador de surtos de gastroenterite aguda em humanos no mundo. A equipe coordenada pela professora Gislaine Fongaro, do Laboratório de Virologia Aplicada, do Centro de Ciências Biológicas (CCB), em Florianópolis, comprovou que o uso de óleo essencial de orégano nanoencapsulado é eficaz na inativação do vírus in vitro, que já foi responsável por surtos de diarreia durante a temporada de verão em Florianópolis e que é uma preocupação por sua presença na água e em alimentos.
Os resultados da pesquisa, realizada no mestrado de Beatriz Pereira Savi, foram publicados na Food and Environmental Virology e indicam até 99,72% de taxa de inativação do vírus por parte do óleo de orégano nanoencapsulado. O norovírus é a principal causa de gastroenterite aguda no mundo, responsável por aproximadamente 685 milhões de casos. Há, ainda, entre 136 a 278 mil mortes atribuídas à infecção.
“Os resultados revelam uma alternativa sustentável e eficiente para minimizar riscos relacionados a vírus de importância em saúde pública, fortalecendo a interface entre biotecnologia, segurança alimentar e saúde única”, destacam os autores. A pesquisa também teve colaboração dos pesquisadores Thiago Caon e Débora Fretes Argenta, responsáveis pelo delineamento da formulação, e das doutorandas Catielen Paula Pavi e Bianca da Costa Bernardo Port, que realizaram as experimentações laboratoriais.
Propriedades antimicrobianas
Segundo a professora Gislaine, o óleo essencial de orégano já é amplamente reconhecido por seu espectro de bioatividades. O produto apresenta, por exemplo, propriedades antimicrobianas, o que motivou a equipe a investigar também seu potencial contra patógenos de relevância para a saúde humana. “Nossos estudos demonstraram que, na forma nanoencapsulada, o óleo mantém eficácia mesmo em condições desafiadoras, como ambientes ricos em matéria orgânica, que poderiam reduzir a ação de desinfetantes convencionais”, comenta.
A ciência está atenta às potencialidades dos antimicrobianos naturais dos vegetais como desinfetantes contra patógenos ambientais. O óleo essencial de orégano (OEO) apresenta atividades antimicrobiana, antioxidante, virucida, antiviral e antifúngica, mas também tem características desafiadoras: é sensível a condições ambientais ou de armazenamento e tem baixa solubilidade em água. Ao contrário, o norovírus tem resistência e se espalha com facilidade na água e nos ambientes.
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