Desde a fundação, mais de 100 estudantes de graduação e de pós-graduação realizaram sua formação científica no laboratório
Referência estadual para o diagnóstico da doença de Chagas e de leishmanioses no período de 2001 a 2010, desde 2003 reconhecido pelo Ministério do Meio Ambiente como fiel depositário de amostras do patrimônio genético, com um banco de tecidos e de DNA de diferentes espécies animais e vegetais, o Laboratório de Protozoologia da UFSC comemora neste sábado, 7 de julho, 30 anos de fundação.
A data será marcada por uma confraternização no Hotel Torres da Cachoeira, no Norte da Ilha, reunindo representantes da Administração Central da UFSC , professores e estudantes que atuam no setor (veja programação abaixo). O fundador do laboratório, o professor e ex-reitor Bruno Schlemper Júnior, fará uma palestra sobre as três décadas do setor.
Ligado ao Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia do Centro de Ciências Biológicas da UFSC, o laboratório desenvolve estudos sobre diferentes espécies de parasitos humanos e animais, assim como sobre seus vetores (hospedeiros intermediários capazes de transmitir doenças). Desde o início, sua equipe colaborou com diferentes órgãos no auxílio do diagnóstico da doença de Chagas e de leishmanioses, doenças tropicais também chamadas de negligenciadas, em função do baixo investimento em pesquisas, sobretudo de empresas privadas, como a indústria farmacêutica. Também já foram desenvolvidos trabalhos com a esquistossomose e a malária.
No caso da leishmaniose, incluída pela Organização Mundial da Saúde entre as seis mais importantes doenças de origem parasitária no mundo, os processos de diagnóstico vêm avançando graças a técnicas sofisticadas de biologia molecular usadas no Laboratório de Protozoologia. As pesquisas também permitem verificar as linhagens mais virulentas dos parasitos, possibilitam estudos sobre a epidemiologia da doença e podem apontar os fatores de risco mais importantes na transmissão.
A equipe atua ainda em projetos de extensão que buscam familiarizar os médicos com a leishmaniose, doença que provoca feridas e é confundida com outras patologias como a hanseníase, câncer de pele e micoses. “Conseguimos um grande avanço com esses projetos. O reconhecimento dos sintomas já é bem mais comum nos hospitais do Estado”, explica o professor Mário Steindel, que divide a coordenação do Laboratório de Protozoologia com o professor Edmundo Grisard.
Outra importante linha de pesquisa da equipe é o estudo da atividade anti-Trypanosoma cruzi (que provoca a Doença de chagas) e anti-Leishmania spp. de espécies vegetais da mata atlântica e do cerrado. O trabalho inclui também a investigação de compostos sintéticos que possam colaborar com o combate destas doenças.
Projetos Genoma
O desenvolvimento de modernas técnicas de biologia molecular no Laboratório de Protozoologia permitiu a ampliação das ações para a área da genômica (que possibilita o sequenciamento de genes de diferentes organismos, informação básica para busca de aplicações futuras).
Os trabalhos nesse campo iniciaram nos anos 90, com colaborações ao Projeto Genoma Brasileiro – Rede Nacional de Sequenciamento de DNA. Depois vieram o Programa de Investigações de Genomas Sul (PIGS); o Programa Genoma do Estado do Paraná (Genopar); o Projeto Genoma EST do Camarão Litopenaeus vannamei e o Projeto Genoma do Anopheles darlingi, entre outros que trabalham com espécies de importância médica, econômica ou social.
O Anopheles darlingi, por exemplo, é o principal transmissor da malária no Brasil. A expectativa é de que o sequenciamento de seu material genético forneça subsídios para compreensão das formas como a doença é transmitida e auxilie em novas estratégias de controle.
O Programa de Investigações de Genomas Sul levou ao mapeamento do genoma da bactéria Mycoplasma hyopneumoniae, causadora da pneumonia de suínos de criação e responsável por perdas significativas aos produtores. Alguns genes já foram escolhidos para testes diagnósticos e elaboração de vacinas.
“O sequenciamento completo ou de parte de um genoma é a base de um processo para que a informação contida no DNA seja explorada e compreendida por pesquisas em muitas áreas, como a genômica funcional e a proteômica”, salienta o professor Edmundo Grisard.
Segundo ele, com a evolução dos trabalhos, colaborações internacionais foram estabelecidas com diferentes instituições. Entre elas, a University of California Los Angeles (EUA), a Universidad Mayor de San Simon (Bolivia), a Pontificia Universidad Javeriana, a Universidade de Antioquia e Universidade del Tolima (Colombia) e com o Biomedical Research Centre, School of Medicine, Health Policy and Practice, da University of East Anglia (Inglaterra).
No Brasil, entre as principais instituições parceiras estão Instituto Oswaldo Cruz (RJ), Instituto Carlos Chagas (PR), Centro de Biotecnologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC). Todos os trabalhos envolvem a formação de recursos humanos e vêm resultando na publicação de diversos trabalhos científicos. Desde a fundação, mais de 100 estudantes de graduação e de pós-graduação realizaram sua formação científica no laboratório.
Mais informações: http://proto.ufsc.br/ / (48) 3721-5516 / 3721-5517
Por Arley Reis / Jornalista da Agecom
Programação:
9h30min – Abertura
– Profa. Roselane Neckel – Magnífica Reitora da UFSC
– Prof. Jamil Assreuy Filho – Pró-Reitor de Pesquisa da UFSC
– Profa. Sonia Gonçalves Carobrez – Diretora do CCB/UFSC
– Prof. Carlos Roberto Zanetti – Chefe do MIP/CCB
10h – Palestra Prof. Bruno Rodolfo Schemper Júnior
“Os 30 anos do Laboratório de Protozoologia da UFSC”
11h – Palestra Prof. Fernando de Ávila Pires
“Importância da Parasitologia na atualidade”
12h às 14h – Almoço
14h – Reapresentação do programa TV UFSC Entrevista
14h30min – Egressos e seus caminhos