Banco de fezes: pesquisador busca financiadores para montar laboratório que pode salvar vidas

17/10/2022 09:25

Cientista da UFSC explica como o armazenamento de amostras pode ser usado para tratar doenças e controlar infecções

  

A disbiose pode ser intestinal, vaginal, da pele e do pulmão. (Foto: Centro de Controle da Disbiose)

Fezes – sim, fezes – podem ser usadas para o tratamento de doenças, para controle de infecções e até para melhora em quadros do espectro autista.  O transplante da microbiota intestinal (TMI), mais conhecido como transplante de microbiota fecal (TMF), vem sendo aplicado como método eficaz em todo o mundo para tratar problemas causados por bactérias multirresistentes a antibióticos e muitas outras condições. Esse é o principal tema de pesquisa de Carlos Zárate-Bladés, professor e médico que criou o Centro de Controle da Disbiose e lidera uma equipe de pesquisadores no Centro de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). 

Boliviano que mora em Florianópolis desde 2015, Zárate-Bladés comenta que a transferência de microrganismos de uma pessoa pode restabelecer o equilíbrio da microbiota intestinal. “O transplante de microbiota se consolidou para tratar uma infecção de repetição causada pela bactéria Clostridioides difficile, que provoca diarréia no paciente podendo evoluir para a inflamação do cólon. Esse patógeno é responsável por alta taxa de mortalidade em pacientes internados em hospitais; com o transplante, o sucesso da recuperação é superior a 90% para essa infecção em específico”, salienta o pesquisador.

A alteração da microbiota é chamada de disbiose, que pode ser intestinal, mas também vaginal, de pele, de pulmão e de qualquer outra mucosa do corpo. O desequilíbrio costuma provocar o aparecimento de doenças de diversos tipos, sendo a mais comum associada ao uso de antibióticos, mas também pode ser um problema consequente por uma outra doença de base.  

Outras alterações são atribuídas a pessoas com doenças inflamatórias intestinais como a colite ulcerativa e a doença de Crohn são condições que podem se beneficiar com esse tratamento. Assim, o objetivo do pesquisador Carlos Zárate-Bladés é desenvolver a técnica do Transplante da Microbiota Intestinal (TMI) no Hospital Universitário Polydoro Ernani de São Thiago, da Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC). Isso envolve investimentos para uma estrutura adequada, realização e manutenção da pesquisa. 

Devido à baixa incidência de efeitos colaterais, o transplante de fezes é recomendado pela Sociedade Americana de Doenças Infecciosas (IDAS) e pela Sociedade Europeia de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas (ESCMID). O primeiro transplante de fezes no Brasil foi realizado no Hospital Israelita Albert Einstein, em 2013. Existe um banco de fezes no Hospital da Universidade Federal de Minas Gerais, que vem realizando de forma rotineira o transplante desde 2017. 
(mais…)

Tags: BactériaCarlos Zárate-BladésCCBClostridioides difficileImunologia e Parasitologia (MIP)Laboratório de ImunorregulaçãoNADCTransplante de fezesUFSCUniversidade Federal de Santa Catarina

UFSC e instituições parceiras lançam Rede Pan-Americana de Epidemiologia Ambiental nesta segunda, 29

29/11/2021 16:08

Laboratório de Virologia Aplicada analisa amostras de diversos materiais. Foto: Daiane Mayer/Estagiária de Fotografia da Agecom/UFSC

O Laboratório de Virologia Aplicada do Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia do Centro de Ciências Biológicas (MIP/CCB) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), juntamente com outras instituições governamentais e acadêmicas de 14 países da América Latina, lançam, nessa segunda-feira, 29 de novembro, a Rede Pan-Americana de Epidemiologia Ambiental (Panacea). A rede Panacea é capaz de obter dados em tempo real para detectar riscos microbiológicos e químicos na região. Além disso, busca desenvolver e implementar novas ferramentas moleculares para aplicação em epidemiologia ambiental, bem como formar profissionais capazes de produzir, analisar e interpretar dados.

A iniciativa tem colaboração com a University of Newcastle, a Universidad de Santiago de Compostela, o Instituto Karolinska e o MGI Tech. A Panacea conta, ainda, com o apoio do Northumbrian Water Group e do Suez Group, e visa expandir as atuais capacidades analíticas dos países da América Latina e do Caribe para implementar os programas de Epidemiologia Baseada em Águas Residuais (WBE).

O projeto de co-criação da rede, liderado pela University of Newcastle, começou a sequenciar amostras históricas e contemporâneas em toda a América Latina para determinar as variantes do SARS-CoV-2 que circulam na região. A pesquisa avalia a prevalência em tempo real e as variantes genômicas do vírus nas principais cidades do continente. A equipe está também se preparando para expandir o trabalho da rede no monitoramento resistência antimicrobiana (AMR) e outros agentes infecciosos.
(mais…)

Tags: CCBImunologia e Parasitologia (MIP)Laboratório de Virologia AplicadaUFSCUniversidade Federal de Santa CatarinaVigEAIVigilância Epidemiológica Ambiental Integrativa (VigEAI)

Pesquisa da UFSC revela nova perspectiva para diagnóstico e tratamento da tuberculose

21/10/2019 18:45

André Báfica, coordenador da pesquisa. Foto: Felipe Sales

Estudo realizado por pesquisadores do Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia da Universidade Federal de Santa Catarina (MIP/UFSC) – em parceria com a Universidade de Leuven (Bélgica), com o Laboratório de Saúde Pública de Santa Catarina (LACEN/SC) e a Universidade de Rockefeller, em Nova Iorque – demonstra o processo de infecção da tuberculose nos seres humanos e sugere processo de co-evolução entre a bactéria causadora da doença e a espécie humana. O estudo, com publicação na revista científica eLife nesta terça-feira, 22 de outubro, abre importante caminho para o diagnóstico e futuras terapias à tuberculose.

Pesquisa demonstra como ocorre a doença
A tuberculose é uma doença infecciosa e transmissível que afeta principalmente os pulmões, embora possa acometer outros órgãos. Causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis (ou bacilo de Koch), a tuberculose é, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma das dez maiores causas de morte no mundo. No Brasil, a doença é um sério problema da saúde pública, com aproximadamente 70 mil novos casos e cerca de 4,5 mil mortes por ano.
No estudo coordenado por André Báfica, professor do Laboratório de Imunobiologia da UFSC, foi encontrada a conexão entre a doença e as células tronco hematopoiéticas (precursoras dos glóbulos sanguíneos). A bactéria causadora da tuberculose consegue sobreviver no corpo humano a partir infecção das células tronco hematopoiéticas, fazendo-as responder com um processo de amadurecimento das células, o que dá origem à resposta imunológica geradora de células de defesa do organismo, chamadas monócitos.
Desta forma, é possível que os monócitos atinjam a corrente sanguínea e, consequentemente, tecidos, geralmente, o pulmão. Os autores do trabalho constataram também que o bacilo de Koch induz citocinas – hormônios de comunicação do sistema imunológico – geradoras de inflamação. Dentre as citocinas analisadas, a interleucina 6 se destacou como a possibilidade de um alvo para a terapia em pacientes infectados com tuberculose no futuro.

Ancestralidade
A segunda parte do estudo analisou a relação de ancestralidade entre a bactéria e o homo sapiens. Por meio de análises de biologia de sistemas, observou-se que as citocinas começaram uma forma diferente de regulação somente em humanos. Essa rede de regulação trouxe à tona a hipótese de que a bactéria causadora da tuberculose se aloja nos seres humanos por conta do processo de uma nova conexão entre as citocinas durante a evolução da espécie humana.
Se confirmada essa possibilidade, será possível afirmar a existência de uma relação específica da Mycobacterium tuberculosis com os seres humanos e não com outros animais. Essa perspectiva pode ser a chave para novos estudos que relacionam a bactéria causadora da tuberculose com o sistema imunológico, pois aponta a um processo de co-evolução entre o bacilo de Koch e a espécie humana.
Os resultados do trabalho foram publicados na revista científica eLife. O acesso ao estudo, sob a forma preprint bioRxiv, pode ser realizado aqui.

 

 

Camila Costa da Cunha e Felipe Sales/ divulgação científica Programa de Pós-graduação em Farmacologia UFSC

Tags: Departamento de MicrobiologiaImunologia e Parasitologia (MIP)tuberculoseUFSC

‘Biologia de sistemas com aplicações em terapia celular e câncer’ será tema de palestra dia 16

10/09/2019 11:40

O Grupo de Estudos em Aprendizagem de Máquina (GEAM/UFSC) promoverá a palestra “Biologia de sistemas com aplicações em terapia celular e câncer”, na próxima segunda-feira, dia 16 de setembro. Serão discutidos tópicos atuais em biologia de sistemas e análise de dados biológicos multidimensionais com aplicações em diferenciação celular e câncer.

O palestrante Edroaldo Lummertz da Rocha é professor e pesquisador do Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia do Centro de Ciências Biológicas (MIP/CCB). A atividade ocorrerá no Auditório Airton Silva, localizado no Departamento de Matemática, Sala MTM 007, no térreo, às 10h30. A atividade será aberta ao público em geral.

 

 

Tags: CCBImunologia e Parasitologia (MIP)MTMUFSC

Nota de falecimento: professora Maria Márcia Imenes Ishida

23/07/2019 11:11

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) comunica, com pesar, o falecimento da professora Maria Márcia Imenes Ishida, aposentada do Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia (MIP) do Centro de Ciências Biológicas (CCB), ocorrido na segunda-feira, dia 22 de julho.

A professora Márcia, como era chamada, foi a primeira coordenadora do Curso de Ciências Biológicas, na modalidade a distância, e muito contribuiu para a formação de estudantes em diversos polos: Araranguá, Canoinhas e Tubarão (SC) e Pato Branco (PR). Em adição, atuou no ensino de Parasitologia para alunos de diversos cursos, em pesquisa na área de Parasitologia e na extensão, em áreas indígenas.

Com informações da Direção do Centro de Ciências Biológicas (CCB).

Tags: Centro de Ciências Biológicas (CCB)Departamento de MicrobiologiaImunologia e Parasitologia (MIP)nota de falecimentoUFSC

Pesquisa da UFSC sobre entomologia forense identifica dados que podem ajudar a desvendar crimes

25/03/2013 17:21

A aluna do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Larissa Brunese Juk, realizou um estudo inédito sobre a decomposição de animais que pode contribuir para desenvolver a ciência forense no Estado. Em seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), defendido junto ao Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia (MIP), Larissa passou 62 dias acompanhando a deterioração de um cadáver de porco e, ao longo desse tempo, catalogou os insetos presentes na decomposição. Os resultados da pesquisa estabelecem características importantes para a Entomologia Forense na região, dados que podem ser utilizados para desvendar casos como assassinatos. O MIP já tem outros seis trabalhos semelhantes em andamento, que agregam experiências diversificadas, como o de cadáveres de animais colocados sobre dunas e submersos.
(mais…)

Tags: CCBDepartamento de MicrobiologiaImunologia e Parasitologia (MIP)MIPUFSC