UFSC e instituições parceiras lançam Rede Pan-Americana de Epidemiologia Ambiental nesta segunda, 29

Laboratório de Virologia Aplicada analisa amostras de diversos materiais. Foto: Daiane Mayer/Estagiária de Fotografia da Agecom/UFSC
O Laboratório de Virologia Aplicada do Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia do Centro de Ciências Biológicas (MIP/CCB) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), juntamente com outras instituições governamentais e acadêmicas de 14 países da América Latina, lançam, nessa segunda-feira, 29 de novembro, a Rede Pan-Americana de Epidemiologia Ambiental (Panacea). A rede Panacea é capaz de obter dados em tempo real para detectar riscos microbiológicos e químicos na região. Além disso, busca desenvolver e implementar novas ferramentas moleculares para aplicação em epidemiologia ambiental, bem como formar profissionais capazes de produzir, analisar e interpretar dados.
A iniciativa tem colaboração com a University of Newcastle, a Universidad de Santiago de Compostela, o Instituto Karolinska e o MGI Tech. A Panacea conta, ainda, com o apoio do Northumbrian Water Group e do Suez Group, e visa expandir as atuais capacidades analíticas dos países da América Latina e do Caribe para implementar os programas de Epidemiologia Baseada em Águas Residuais (WBE).
O projeto de co-criação da rede, liderado pela University of Newcastle, começou a sequenciar amostras históricas e contemporâneas em toda a América Latina para determinar as variantes do SARS-CoV-2 que circulam na região. A pesquisa avalia a prevalência em tempo real e as variantes genômicas do vírus nas principais cidades do continente. A equipe está também se preparando para expandir o trabalho da rede no monitoramento resistência antimicrobiana (AMR) e outros agentes infecciosos.
Pesquisa em Epidemiologia Ambiental no Brasil
Por meio desse projeto, o Laboratório de Virologia Aplicada da UFSC torna-se um dos pontos focais da rede no Brasil, em conjunto com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). “O LVA trabalha com vigilância ambiental em esgoto em Santa Catarina desde 1993, como sistema de alerta à vigilância epidemiológica de vírus ambientais e de excreção feco-oral”, afirma a coordenadora do Laboratório de Virologia, professora Gislaine Fongaro. O trabalho de vigilância ambiental do LVA foi também aplicado durante a pandemia, juntamente com a Força-Tarefa UFSC contra a Covid-19, constituída pelos Laboratórios de Virologia Aplicada, Laboratório de Protozoologia, Laboratório de Bioinformática e o Laboratório de Biologia Molecular, Microbiologia e Sorologia (LBMMS).
“No início de maio de 2020, o Laboratório de Virologia Aplicada ampliou seus estudos focando também em SARS-CoV-2 no esgoto em Florianópolis, bem como avaliou esgotos retrospectivos da capital catarinense. Logo depois acompanhou durante o veraneio 2020-2021 a circulação viral em Florianópolis-SC, convidando o LACEN (Meio Ambiente) para colaboração. Logo, em agosto de 2021, passamos a buscar apoio de prefeituras batendo de porta em porta, bem como de vigilâncias sanitárias municipais, consórcios e concessionárias gestoras de saneamento para fins de expansão do projeto para vários municípios catarinenses e não só da capital”, comenta Gislaine. Esse amplo estudo inclui Campos Novos, Capinzal, Chapecó, Concórdia, Curitibanos, Florianópolis, Herval d’ Oeste, Itajaí, Joaçaba, Joinville, São Miguel do Oeste e Videira e faz parte de uma ação de Extensão, integrante do projeto Vigilância Epidemiológica Ambiental Integrativa (VigEAI).
“A rede Panacea proporciona a integração de estudos e fortalecimento da epidemiologia baseada em monitoramento de esgoto, como uma ferramenta sentinela na América Latina, e nossos estudos poderão auxiliar nesse fortalecimento”, conclui virologista, docente e pesquisadora da UFSC, Gislaine Fongaro.