UFSC e ICMBio descobrem novo foco de espécies invasoras marinhas no litoral catarinense

28/06/2013 17:42

Bioinvasor marinho, coral-sol foi localizado na parte sul da Ilha do Arvoredo.
Foto: Bruna Gregoletto

Um ano após ter registrado pela primeira vez a presença da espécie invasora coral-sol (Tubastraea coccinea) na face oeste da Ilha do Arvoredo, pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Instituto Chico Mendes (ICMBio) encontraram um novo foco, desta vez na parte sul da mesma ilha. A descoberta foi feita pela pesquisadora do Laboratório de Biodiversidade Marinha da UFSC, Bruna Folchini Gregoletto, no dia 9 de abril de 2013.
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Projeto que mede usabilidade em aplicativos de celulares conquista terceiro lugar em prêmio nacional

26/06/2013 15:22

Para definir o questionário, equipe avaliou 247 aplicativos de celulares. Na foto, Paulo Battistella, Juliane V. Nunes, professor Adriano F. Borgatto, Caroline Krone, professora Christiane Gresse von Wangenheim e Thaisa C. Lacerda. Foto: Henrique Almeida / Agecom / UFSC

O projeto “Match – Customização de Heurísticas de Usabilidade para Celulares Touchscreen” conquistou o terceiro lugar de uma das principais premiações sobre qualidade de software no Brasil, o Prêmio Dorgival Brandão Júnior promovido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). A entrega do prêmio será em Salvador, no dia 2 de julho. O diferencial do projeto é colocar à disposição de desenvolvedores de aplicativos de celulares um questionário que possibilita medir a usabilidade, ou seja, saber se o software é fácil e simples de usar.

Coordenado pelos professores Christiane Gresse von Wangenheim e Adriano F. Borgatto, o projeto foi desenvolvido pelo Grupo de Qualidade de Software do Instituto Nacional para Convergência Digital (GQS/INCoD/INE), da Universidade Federal de Santa Catarina. Além dos professores, participam estudantes de graduação, bolsistas de iniciação científica (Pibic), uma estudante em fase de trabalho de conclusão de curso de graduação e também um doutorando (veja a lista de participantes no final da notícia).

Iniciado em março de 2012, o projeto teve como desafio criar um questionário conciso que permite medir avaliar nove aspectos relacionados à usabilidade de aplicativos de celulares touchscreen. A ferramenta pode apoiar a melhoria da qualidade nesta área que cresce a cada dia e que representa muitos desafios para os desenvolvedores. “Os aplicativos para celulares são diferentes dos computadores: a tela é menor, muitos usuários sofrem para digitar e clicar nos botões, além dos fatores do ambiente de uso que podem interferir, como barulho, luz e outros estímulos” explica a professora Christiane. “Tudo isso são aspectos que interferem no uso e que transformam a boa usabilidade em um fator ainda mais importante”.

Etapas da pesquisa

Como ponto de partida, a equipe realizou um levantamento sobre o que pesquisadores têm recomendado para tornar mais simples e fácil o uso de aplicativos em celulares. Entre os trabalhos mais recorrentes estão os de Jakob Nielsen. Foram as heurísticas de usabilidade de Nielsen, juntamente com outras pesquisas específicas sobre celulares, que se tornaram o fundamento para o questionário. As heurísticas de usabilidade para celulares touchscreen reúnem as recomendações do que já se sabe que funciona, como por exemplo, atenção ao tamanho de fontes, distância entre botões, significado dos ícones, entre outros. “As heurísticas são uma solução de ‘baixo custo’ que ajudam a identificar o que aumenta a aceitação e a usabilidade em termos técnicos”, explica a professora Christiane. O outro método disponível são os testes de usabilidade que, por envolver a participação de pessoas durante o uso de softwares, são mais caros e demorados.

Ao reunir as heurísticas de usabilidade, os pesquisadores chegaram a 92 itens passíveis de avaliação. A grande quantidade de itens levou a equipe a se questionar se todos eles contribuem para avaliar, ou seja, se realmente medem o que se pretende medir. A ideia era minimizar o número de questões e enfocar nas perguntas essenciais. Para isso, a estratégia foi utilizar um método estatístico chamado Teoria de Resposta ao Item. “É a mesma utilizada no pré-teste do ENEM com o objetivo de detectar e consequentemente excluir questões que não contribuem para medir a habilidade desejada” explica Adriano. “No nosso caso, eliminamos as questões que não ajudavam a discriminar aplicativos com usabilidade alta ou baixa. Um exemplo do que excluímos foram perguntas referente a ajuda (help). Ainda que eles sejam importantes para ajudar as pessoas usar o aplicativo, não contribuem para medir e separar os aplicativos que têm boa usabilidade dos que não têm”, completa.

Imagem do questionário desenvolvido pela equipe do GQS/INCoD/INE. A previsão é que até o final de julho esteja disponível no site http://www.gqs.ufsc.br. Imagem: divulgação.

A etapa seguinte envolveu muito trabalho. Com a ajuda do professor Adriano Borgatto, que orientou na aplicação da Teoria de Resposta ao Item, os pesquisadores definiram o questionário inicial com as 92 questões. Depois, identificaram os aplicativos de celulares que avaliaram a qualidade do instrumento, via TRI. Só assim seria possível validar as próprias questões. No total, foram avaliados 247 aplicativos, das mais variadas áreas, como jogos infantis, bancos, viagens, revistas, e-mail, jornais, redes sociais. A partir dessa base de dados foi possível chegar às 48 questões consideradas essenciais para medir a usabilidade.

Outro resultado foi a elaboração de uma escala de medida do grau de usabilidade. São quatro graus cumulativos, ou seja, as escalas mais altas englobam também os requisitos dos níveis anteriores. Os aplicativos classificados no nível mais baixo atendem principalmente requisitos mínimos de ‘Consistência e Padrões’, enquanto aqueles que estão no nível mais elevado estão possuem maior probabilidade de atender a todas as questões, contidas também em heurísticas como: ‘Visibilidade do status do sistema’, ‘Legibilidade e layout’, ‘Flexibilidade e eficiência de uso’ e ‘Controle e liberdade do usuário’. “Ao responder o questionário, o desenvolvedor poderá saber qual nível de usabilidade o software está, no entanto ainda não é possível indicar especificamente em que ponto é preciso melhorar”, explica a professora Christiane. “A recomendação é que, a partir de um baixo desempenho no questionário, o desenvolvedor realize um teste de usabilidade, para identificar de forma mais aprofundada os problemas de usabilidade do seu aplicativo”, completa.

Entre os próximos passos da equipe, um deles já está sendo encaminhado, que é disponibilizar o questionário na internet, possibilitando que qualquer desenvolvedor de software possa medir rapidamente o nível de usabilidade do seu aplicativo para celulares touchscreen. A previsão é que até o final de julho o questionário esteja disponível gratuitamente no site do projeto: http://www.gqs.ufsc.br. Outro passo será comparar um caso medido pelo questionário com um teste de usabilidade envolvendo usuários, para verificar se as duas avaliações chegam a resultados semelhantes. Outro objetivo é atualizar o questionário continuamente. “A cada dia sempre surgem novos tipos de dispositivos e aplicativos, por isso a avaliação precisa acompanhar esta dinâmica”, finaliza a professora.

Sobre o prêmio

O Prêmio Dorgival Brandão Júnior da Qualidade e Produtividade em Software é uma iniciativa do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade – PBQP Software, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). O objetivo é destacar os projetos voltados para a melhoria da qualidade e produtividade do software brasileiro, em sete categorias ou estratégias. Este ano o prêmio será entregue durante o Simpósio Brasileiro de Qualidade de Software (SBQS) no dia 2 de Julho de 2013 em Salvador/BA.

Equipe do Projeto MATCH – Measuring Usability of Touchscreen Phone Applications – Customização de Heurísticas de Usabilidade para Celulares Touchscreen

Coordenadores:
Profa. Christiane Gresse von Wangenheim
Prof. Adriano F. Borgatto

Estudantes:
A. Talita Witt (aluna de TCC do INE)
Juliane V. Nunes (bolsista do GQS)
Thaisa C. Lacerda (aluna do INE – bolsista do GQS)
Luiz H. Salazar (aluno do INE – bolsista PIBIC 2011-2012)
Caroline Krone (aluno do INE – bolsista PIBIC 2012-2013)
Laís de Oliveira (aluno do INE – bolsista PIBIC 2012-2013)
Paulo Battistella (doutorando do PPGCC – Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação)


Mais informações:
– Website do projeto: http://www.gqs.ufsc.br/match-measuring-usability-of-touchscreen-phone-applications/
– Professora Christiane Gresse von Wangenheim: gresse@gmail.com

 

Laura Tuyama / Jornalista da Agecom / UFSC
laura.tuyama@ufsc.br

Fotos: Henrique Almeida / Agecom / UFSC  e imagens de divulgação do projeto.

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Pesquisa da UFSC pode ajudar no controle da Leishmaniose em Santa Catarina

24/06/2013 16:03

No mapa estão destacados os municípios onde houve relato de casos da Leishmaniose em Santa Catarina em 2002

Uma tese de doutorado defendida na Universidade Federal de Santa Catarina conseguiu avançar na compreensão da Leishmaniose em Santa Catarina e traz ferramentas práticas que podem ajudar a controlar o avanço da doença. A pesquisa foi realizada pela epidemiologista Mariel A. Marlow durante seu doutorado no Programa de Pós-graduação em Biotecnologia e Biociências, sob orientação do professor Mário Steindel.

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Dissertação do Design envolve usuários na criação de aplicativo para celular

13/06/2013 15:46

Dissertação defende importância de envolver usuários durante desenvolvimento de software. Foto: Gabriel Cardoso

No mundo dos aplicativos para celulares, criar um produto capaz de encantar o público tem sido um dos objetivos cada vez mais almejados pelas empresas. Mas quais são as estratégias para se chegar a esse produto? Como descobrir o que as pessoas querem? Como envolver o usuário no processo de criação de um aplicativo? Questões como essas fizeram parte da dissertação defendida em abril no curso de Pós-Graduação em Design da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) pelo designer Gabriel Cardoso, que teve como foco a avaliação da experiência do usuário (User Experience ou UX).

Os resultados de sua pesquisa estão registrados na dissertação “Avaliação de Experiência do Usuário durante o desenvolvimento de um aplicativo social móvel”, que teve orientação da professora Berenice Gonçalves. Um dos objetivos da dissertação é compreender como avaliar a experiência do usuário. “Experiência do usuário ainda carece de um entendimento consensual. É frequentemente confundida com avaliação de usabilidade e não há clareza sobre como avaliá-la”, explica o pesquisador. O campo é relativamente recente, ganha cada vez mais destaque e tem como foco buscar entender os interesses dos usuários. Se nas últimas décadas, o diferencial de um produto era a funcionalidade e a usabilidade, hoje os usuários esperam mais que isso: o prazer pelo uso.

Uma das contribuições da dissertação é sistematizar a literatura sobre experiência do usuário, delimitado como a interação com mediadores específicos, com sistemas dotados de interface de usuário. “A leitura de um livro, por exemplo, não estaria dentro do campo de estudo da experiência do usuário, mas a leitura de um e-reader sim, por ser a interação com uma interface gráfica”, explica Gabriel. Além da fazer a pesquisa teórica, Gabriel identificou diversas abordagens de pesquisa com usuários. E foi a campo para colocar em prática sua pesquisa. Ao entrevistar os usuários de celulares, seu objetivo era saber não apenas como um produto pode funcionar melhor, mas também como as pessoas experimentam a interação com um software. Para conseguir testar, Gabriel desenvolveu um protótipo de aplicativo, e incluiu a avaliação dos usuários em diferentes etapas do processo. Ele contou com a ajuda da graduanda em Arquitetura Cristina Silveira Basso, também idealizadora do aplicativo, e do estudante de Design e bolsista Diego França.

Etapas da pesquisa

A participação dos usuários começou como fonte de informação para as ideias iniciais para o aplicativo: um sistema que permite que uma rede de amigos consiga criar eventos, marcar encontros e reuniões. Depois, foram organizadas três etapas de avaliações. A primeira teve por objetivo testar a usabilidade e a utilidade. Para isso, foi utilizado um protótipo de baixa fidelidade, ou seja, uma espécie de rascunho do projeto que permitia fazer algumas tarefas no celular. Gabriel fez as entrevistas no contexto em que o aplicativo seria utilizado: em bares, lanchonetes e residências. Foram cinco entrevistados. Cada um teria que realizar seis tarefas e depois responder a uma entrevista. As informações obtidas serviram de base para a próxima etapa, que era a criar uma interface muito próxima do que seria o aplicativo final.

Na segunda etapa, o objetivo foi avaliar a estética. O teste foi feito com vinte pessoas, que avaliaram duas propostas de interface de um protótipo não interativo. “As imagens eram tão parecidas com um aplicativo real que as pessoas clicavam e esperavam que realmente funcionasse”, relata Gabriel. O pesquisador exibia uma imagem e depois perguntava as reações das pessoas em relação à interface. Esta reação era anotada em uma escala, atribuindo uma nota para uma variação das qualidades, como, por exemplo, desagradável/agradável, amadora/profissional, poluída/limpa, entre outras. As avaliações serviram para fazer ajustes nas interfaces. Nesse momento, os entrevistados fizeram críticas e deram opinião, o que ajudou na hora de refazer o protótipo.

A terceira e última etapa teve por objetivo avaliar a experiência como um todo, em seus diferentes fatores. “Com base nas avaliações anteriores, já tínhamos refinado a interface e queríamos saber se houve avanços”, explica Gabriel. Seis entrevistados foram a um laboratório de pesquisa para participar de sessões de utilização de um protótipo interativo com imagens de alta fidelidade – ou seja, algo muito próximo de um aplicativo real. Quanto à utilidade, as avaliações foram próximas à da primeira eta. O pesquisador esperava uma avaliação melhor sobre a usabilidade, mas os avanços foram pontuais. Em relação à avaliação estética, houve avanços consideráveis.

Esta última etapa da pesquisa também enfocou três aspectos mais subjetivos. Um deles foi verificar a escala de afeto, ou seja, quais emoções e sentimentos foram suscitados ao utilizar o aplicativo. Ao longo do teste, o participante atribuía valores a palavras que descreviam estados como interessado/irritável, aflito/alerta, empolgado, nervoso. Outro enfoque foi na qualidade da interface, em que o usuário atribuía notas a características como “desagradável/agradável, amadora/profissional, fria/aconchegante”. O atendimento de necessidades psicológicas foi medido por meio de critérios como relação de pertencimento, significado, estímulo, competência, segurança e popularidade.

Gabriel Cardoso durante a defesa de sua dissertação, defendida na Pós-Graduação em Design. Foto: Cristina Silveira Basso

Ao todo, Gabriel testou oito abordagens de pesquisa com os usuários, a maioria por meio de observação, entrevista e anotação, e pouco uso de laboratórios e gravações de vídeos. “A proposta desta dissertação era testar métodos mais baratos e rápidos”, explica. O pesquisador concluiu que avaliar o mais cedo possível evita retrabalho e ajuda a reduzir custos. A participação do usuário ao longo do desenvolvimento possibilitou aperfeiçoar a experiência oferecida de maneira incremental. “Quanto mais necessidades psicológicas e mais afetos positivos o aplicativo proporcionar, mais positiva será a experiência do usuário”. Gabriel explica que, com a evolução das interfaces, as empresas precisam oferecer cada vez mais, não basta ter só um produto útil e com boa usabilidade. Precisam também atender a outras necessidades dos usuários. “As empresas vão precisar ser capazes de oferecer a melhor experiência, oferecer um produto que seja capaz de proporcionar experiências positivas, com afetos positivos para as pessoas”.

Uma de suas recomendações é envolver o usuário sempre que possível. “De acordo com Jacob Nielsen, se você quiser melhorar a usabilidade, faça o teste com cinco usuários e detecte 80% dos problemas”, explica Gabriel. “Mas se a empresa não tiver recursos e conseguir testar apenas com dois, isso já vai trazer feedbacks que de outra forma não seria possível”, complementa. Para o pesquisador, é possível obter resultados positivos para o processo sempre que se envolve o usuário, buscando entender suas necessidades, sua forma de pensar e o que ele quer fazer. “As empresas estão começando a ir nesta direção”, completa.

Abordagens de pesquisa estudadas:

– Escala de utilidade (instrumento)
– Teste de usabilidade (observação da interação + entrevista) (método empírico de avaliação da interação)
– Escala de usabilidade (instrumento)
– Observação da reação visceral (técnica)
– Escala de reação inicial (instrumento)
– Escala de percepção das qualidades da interface (instrumento)
– Escala de afeto positivo e afeto negativo (Positive Affect/Negative Affect Scale – PANAS) (instrumento)
– Escala de atendimento de necessidades (instrumento)

Mais informações:
Gabriel Cardoso – gabrielc.cardoso@gmail.com


Laura Tuyama / Jornalista da Agecom / UFSC

laura.tuyama@ufsc.br 

 

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Pesquisa propõe uso de células-tronco no tratamento de lesões na pele

07/06/2013 17:42

Estudante Bibiane Lago de Castro apresenta a pesquisa que usa células-tronco e PRP no tratamento de queimaduras da pele

Depois de um acidente com queimaduras graves podemos ter sequelas na pele e problemas de regeneração, o que pode resultar em grotescas cicatrizes. O uso de PRP (Plasma Rico em Plaquetas) em conjunto às células-tronco da pele humana é uma associação inovadora que demonstrou uma otimização no tratamento de lesões agudas na pele. A aluna de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Biologia Celular e do Desenvolvimento da UFSC, Bibiane Lago de Castro, orientada pela professora Andréa Gonçalves Trentin, estudou os efeitos desta associação em uma matriz de regeneração dérmica, que é uma espécie de substituto da pele utilizado no tratamento de lesões graves.

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Pesquisa de doutorado na UFSC dá visibilidade às mulheres pescadoras

04/06/2013 11:43

Pesca realizada por mulheres no litoral catarinense foi tema de pesquisa de doutorado na Antropologia da UFSC. Foto: Rose Mary Gerber

Uma pesquisa recente no doutorado em Antropologia da Universidade Federal de Santa Catarina teve como objetivo estudar uma profissão invisível: a das mulheres que trabalham na pesca artesanal no litoral catarinense. Desenvolvida pela antropóloga Rose Mary Gerber, a tese chama-se “Mulheres e o Mar: Uma etnografia sobre pescadoras embarcadas na pesca artesanal no Litoral de Santa Catarina, Brasil”. Foram 13 meses de pesquisa de campo em oito cidades.
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Seminário debate desafios nos 70 anos da Consolidação das Leis do Trabalho

24/05/2013 14:05

Participaram da mesa de abertura o desembargador do TRT-12, Amarildo Carlos de Lima, diretor do CCJ, Luis Carlos Cancellier de Olivo, e o procurador chefe do MPT-SC, Egon Koerner Junior. Foto: Jair Quint/Agecom/UFSC

A erradicação do trabalho escravo, o custo Brasil e o enfraquecimento dos sindicatos foram alguns dos temas em debate durante o evento em comemoração aos 70 anos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Organizado por professores do Centro de Ciências Jurídicas (CCJ) da UFSC, o seminário foi realizado na quinta-feira, 23 de maio. Estudantes, professores, representantes do Judiciário tiveram oportunidade de conhecer e discutir os avanços e anacronismos desta lei criada por Getúlio Vargas com o objetivo de proteger os direitos dos trabalhadores.
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Rede Sisbiota-Mar realiza mais amplo estudo da biodiversidade recifal no Brasil

14/05/2013 17:48

Corais fotogradados durante uma das expedições do Sisbiota-Mar. Foto: J.P. Krajewski / Sisbiota-Mar

Nos dias 18 e 19 de maio, integrantes da Rede Sisbiota-Mar reúnem-se em Florianópolis para avaliar os dados até então disponíveis neste que é o maior levantamento da biodiversidade marinha recifal do Brasil. A reunião irá também definir as ações que serão realizadas até a conclusão dos trabalhos, prevista para abril de 2014. São esperados pesquisadores das oito universidades que participam do projeto. A programação será no Centro de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Desde que a Rede de Pesquisa foi implementada em 2011, os pesquisadores percorreram diversos locais dos mares brasileiros, estiveram nas quatro ilhas oceânicas do Brasil e, entre outros dados, compilaram um banco de imagens com mais de 10 mil fotografias. “Estamos na reta final, no momento de analisar os dados que foram coletados nas diversas expedições”, explica o professor da UFSC Sergio Floeter, coordenador-geral do Sisbiota-Mar. A equipe já esteve no Atol das Rocas, Fernando de Noronha (PE), Barreirinhas e Maracajaú (RN), Guarapari (ES), Baía de Todos os Santos (BA), Parcel Manuel Luiz (MA), Ceará, Maragogi (AL), Tamandaré (PE), Ilha da Trindade (RJ), Ilhabela (SP) e Ilhas de Santa Catarina (SC).

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Professor André Báfica toma posse na Academia Brasileira de Ciências na próxima semana

02/05/2013 08:15

Professor André Báfica pretende trabalhar com a ABC para desenvolver educação científica em escolas de SC e fomentar discussões sobre financiamento para ciência básica no Estado. Foto: Wagner Behr

O professor da Universidade Federal de Santa Catarina André Báfica tomará posse no dia 7 de maio, na Academia Brasileira de Ciências (ABC), em cerimônia no Rio de Janeiro. Báfica foi eleito para o programa de Membro Afiliado e fará parte dos quadros da ABC, no período de 2013 a 2017. A cerimônia de posse dos novos membros será realizada durante a Reunião Magna da Academia Brasileira de Ciências de 2013, que acontece entre 6 e 8 de maio e tem como tema “Desenvolvimento Científico-Tecnológico: Rumo a Novos Patamares”.

“Ser Membro Afiliado da ABC é uma grande honra e indica o respeito de meus pares pelo que tenho contribuído para a ciência nacional. É um sonho de todo jovem cientista brasileiro e naturalmente isso me deixa muito lisongeado”, afirma André Báfica. “O principal benefício é a possibilidade de ser fonte de inspiração para jovens seguirem o caminho da ciência” complementa. Seu plano é trabalhar com a ABC para desenvolver educação científica em escolas de SC, além de fomentar o debate sobre financiamento para ciência básica no Estado.

André Luiz Barbosa Báfica é médico graduado pela Universidade Federal da Bahia, doutor em Patologia Humana pela Fundação Oswaldo Cruz e com pós-doutorado em Imunologia como bolsista Fogarty Fellowship junto aos Institutos Nacionais de Saúde (National Institutes of Health – NIH), dos Estados Unidos. É pesquisador do CNPQ-2 junto ao Comitê de Assessoramento em Imunologia. No início de 2012 foi anunciado como um dos vencedores do prêmio International Early Career Scientist (IECS) da Howard Hugues Medical Institute (HHMI), uma das mais importantes instituições que financiam pesquisas na área de saúde e biologia dos Estados Unidos.

Na UFSC desde 2007, é professor adjunto do Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia, e atua também nos programas de pós-graduação em Farmacologia e Biotecnologia & Biociências. Em 2008, fundou o Laboratório de Imunofarmacologia e Doenças Infecciosas (LIDI), onde desenvolve atividades de ensino e pesquisa relacionadas à resposta imune a patógenos e imunofarmacologia.

Seu grupo tem como objetivo principal descobrir substâncias produzidas pela bactéria causadora da tuberculose (bacilo de Koch), que possam ser usadas como alvo vacinal no futuro. “Estudamos a entrada do bacilo de Koch em células do sistema imune chamadas de macrófagos utilizando técnicas imunológicas diversas”, explica. O grupo também desenvolve ferramentas a partir de modelos in vitro com células humanas ou in vivo com animais de experimentação para abordar questões importantes de como o bacilo escapa do sistema imune.

Outra tema de pesquisa é a tuberculose bovina. Um estudo publicado recentemente descreve que animais infectados e sem sintomas da doença conseguem desenvolver uma resposta imune ativa durante a infecção natural. Na prática, esta descoberta pode ajudar no desenvolvimento de uma vacina ou tratamento para a doença.

Sobre a ABC – Fundada em 1916, a Academia Brasileira de Ciências (ABC) é das mais prestigiosas entidades que reunem cientistas no Brasil. Tem como foco o desenvolvimento científico do Brasil, a interação entre os cientistas brasileiros e de outros países. Anualmente, promove uma eleição para identificar jovens pesquisadores de destaque, em todas as regiões do país, que se tornam Membros Afiliados da Academia por um período de cinco anos.

Veja entrevista para o programa Universidade Já/TV UFSC:


Leia também:

Pesquisa da UFSC revela novos indicadores para controle da tuberculose bovina

Professor da UFSC é premiado pelo Howard Hughes Medical Institute

Mais informações:

Professor André Báfica:
Tel: (48)3721-5203
andre.bafica@ufsc.br


Laura Tuyama / Jornalista da Agecom / UFSC
Fotos: Wagner Behr / Agecom / UFSC

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Doutora pela UFSC vence prêmio sobre inovação em tecnologias ambientais

30/04/2013 16:40

A professora Lucila Adriani Coral, doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental (PPGEA) da Universidade Federal de Santa Catarina, foi a vencedora do Prêmio Enfil “Inovação em Tecnologias Ambientais”. Sua tese foi defendida em dezembro de 2012 e tem como título “Avaliação da Pré-ozonização no controle de Cianobactérias e degradação de Microcistinas”.

A tese enfoca a purificação de água superficiais, em ambientes com excesso de nutrientes e com presença de cianobactérias. Seu diferencial foi aplicar o ozônio como uma etapa de pré-tratamento, como alternativa para evitar que a presença de cianotoxinas e reduzir o número de células ao final do tratamento das águas.

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UFSC comemora pela primeira vez Dia Internacional da Imunologia

29/04/2013 08:57

Como funciona nosso sistema imune? Como o corpo detecta agentes causadores de infecção? Que vacinas estão sendo pesquisadas na UFSC? Essas são algumas das questões que serão levantadas no Dia Internacional da Imunologia, comemorado na próxima segunda, 29 de abril. Organizado pela primeira vez na UFSC, o evento começa às 14h, na Sala 8, do Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia (MIP), localizado nos prédios novos do Centro de Ciências Biológicas (CCB). O evento é gratuito e aberto à comunidade.

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Cientistas da UFSC desenvolvem modelo para prever risco de extinção de peixes recifais

19/04/2013 17:30

Endêmico da costa brasileira, o budião-azul (Scarus trispinosus) está ameaçado de extinção devido à pesca predatória de suas populações. Foto: Osmar Luiz Jr.

Um grupo de cientistas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) desenvolveu um modelo capaz de prever o risco de extinção de peixes dos recifes brasileiros, uma ameaça que atinge cada vez mais peixes recifais e tem como causa os impactos provocados pelo homem, como a pesca predatória, a poluição e a degradação e perda de hábitats marinhos. O modelo está descrito no artigo “Atributos biológicos e ameaças como preditores da vulnerabilidade das espécies: um estudo de caso com peixes recifais brasileiros”, publicado em 16 de abril, pela revista Oryx, de autoria da pesquisadora Mariana Bender e do professor Sergio Floeter.

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Pesquisa da UFSC analisa cinema feito por mulheres durante a ditadura

01/04/2013 14:57

Com linguagens, temáticas e estratégias diferentes, três brasileiras ousaram fazer cinema na década de 1970, enfrentando a ditadura e pela primeira vez colocando em pauta a situação da mulher. O cinema realizado por Tereza Trautman, Ana Carolina e Helena Solberg é o tema da tese de doutorado da historiadora Ana Maria Veiga, defendida junto ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Santa Catarina e que teve orientação da professora Joana Maria Pedro. Apesar das diferenças, o cinema de cada uma trazia questões ligadas à situação da mulher e deu visibilidade a temas como a busca pela emancipação social, política e a livre manifestação da sexualidade. “Ao longo do estudo faço um contraponto entre a ditadura e o movimento feminista”, explica Ana Maria.

Durante quatro anos de pesquisa, as buscas levaram Ana Maria a arquivos em São Paulo, Rio de Janeiro e Paris (França), onde passou um ano para o seu doutorado sanduíche na École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS). Ela teve acesso a revistas e jornais do período, aos filmes das autoras, além de conseguir entrevistar duas das diretoras. Também realizou um estudo aprofundado sobre o cinema que estava sendo feito na época por mulheres em países como Argentina, Cuba, Itália, França, Bélgica, Inglaterra e Brasil. A tese traz um panorama do cinema que influenciou as três cineastas, retratando desde o Neorrealismo italiano, a Nouvelle Vague francesa, o Cinema Novo brasileiro e o chamado Cinema de Mulheres, que mostra o feminismo em debate no cinema.

O resultado deste trabalho está registrado na tese “Cineastas brasileiras em tempos de ditadura: cruzamentos, fugas, especificidades”, que faz de Ana Maria uma das poucas pesquisadoras brasileiras a trabalhar na intersecção entre história, cinema e gênero. Uma das propostas é desvendar experiências importantes que aconteceram no período, além do Cinema Novo. “A ideia é mostrar que outras formas de cinema existiram e que foram maneiras de instrumentalizar o cinema também por uma revolução que era social, que era política, e que era essa revolução das mulheres proposta pelo feminismo”, afirma. Nesta entrevista, Ana Maria relata como foi a sua trajetória de pesquisa:

Como você escolheu o tema de pesquisa?

Durante as pesquisas de mestrado, que era sobre Brasil e Argentina, descobri os primeiros curtametragens da argentina Maria Luiza Bemberg, a única mulher cineasta daquele período que atuava no país. Seu primeiro curta, de 1972, “El mundo de la mujer”, me chamou a atenção pela estética e política. Comecei a pesquisar gênero e ditadura, cinema e ditadura, mulheres que fizeram filmes naquele momento. No Rio de Janeiro, fiz uma pesquisa no Programa Avançado de Cultura Contemporânea, coordenado pela Heloísa Buarque de Hollanda, que lançou um catálogo sobre as cineastas brasileiras do período da ditadura. Foi quando descobri a Helena Solberg, a Tereza Trautman e a Ana Carolina.

– O que as cineastas têm de comum e o que é único para cada uma?

Em comum, as três são brasileiras, fizeram filme durante o período da ditadura militar, embora cada uma tenha escolhido uma estratégia diferente. Politicamente elas vinham na onda de emergência dos movimentos feministas, principalmente naqueles anos 70, e da resistência de esquerda ao governo autoritário.

– As temáticas são parecidas?

Não, cada uma enfrentou o período da ditadura militar de uma maneira diferente. Enquanto a Helena Solberg saiu do Brasil e fez documentários, a Tereza Trautman ficou, bateu de frente com a censura e saiu perdendo. A Ana Carolina é o exemplo mais conhecido e foi a cineasta que conseguiu driblar a censura. Naquele momento da história, mulheres fazendo filmes foi um acontecimento, nos chamados “novos cinemas”. Outro ponto interessante é como cada uma utilizou o cinema para questionar, por um lado, gênero, que era condição feminina, e por outro lado o regime militar e seus valores moralizantes.

Helena Solberg mudou-se para os EUA na década de 70, onde passou a dirigir documentários sobre a mulher na América Latina. Foto: reprodução.

– Qual foi a trajetória de cada uma?

A Helena Solberg mudou-se para os Estados Unidos em 1971, então conseguiu fugir da ditadura. Aí está uma das fugas de que o título da tese aborda. Ela teve uma formação profissional dentro do cinema novo, apoiada pelo Glauber Rocha. Ela teve a montagem do primeiro curta feita pelo Rogério Sganzerla, que não era cinema-novista, mas era do cinema marginal. Se ela tivesse continuado no Brasil, provavelmente iria fazer o cinema dentro dessa linha também. Nos EUA, ela teve contato com o movimento feminista, participou de encontros, cursos, envolvendo-se com a temática das mulheres naquele momento.

O primeiro documentário foi em 1973 e se chamou “The Emerging Woman”, que falava dos 200 anos da história da mulher estadunidense. Para surpresa dela, foi um grande sucesso, recebeu prêmios e foi adotado por todas as escolas do país para discutir a questão que, na época, era denominada “condição feminina”. Conseguiu um contrato com a TV pública estadunidense, a Public Broadcasting Service (PBS) e começou a produzir documentários sobre na América Latina. Formou um grupo de mulheres que trabalhavam com cinema e viajou com elas pelo continente latino-americano. Ela ficou conhecida nos EUA e no Brasil como a cineasta da América Latina.

Seus dois primeiros filmes, “La doble jornada” e “Simplemente Jenny”, foram voltados para as mulheres pobres trabalhadoras, um cinema de cunho social e político. Uma estética em que ela colocava a equipe em cena, uma proposta também de contra-cinema, das teóricas feministas dos anos 70, que era expor que aquilo que está sendo mostrado é uma construção também, mesmo sendo um documentário. No “Simplemente Jenny”, de 1979, ela tematizou a sociedade boliviana com jovens infratoras de um reformatório. Ali ela vai explorando a partir da fala delas o sonho de cada uma e vai contrapondo com imagens de desfiles de moda, daquilo que se queria mostrar como a mulher boliviana e que era bem distante da realidade delas.

Em “La doble jornada” ela vai atrás de mulheres trabalhadoras, vai às minas da Bolívia, indústrias argentinas, camponesas carregando os filhos nas costas, então é a dupla jornada dessas mulheres no trabalho e dentro de casa. Na Nicarágua, ela fez “From the ashes: Nicaragua today”, que relata a crise no final dos anos 1970. Em 82 ela volta ao Brasil e faz “Brazilian Connection”  (A conexão brasileira), falando sobre os 18 anos do regime militar no Brasil. Em 83, realizou “Chile by reason or by force”, falando dos dez anos do regime do general Pinochet no Chile.

Tereza Trautman dirigiu “Os homens que eu tive”, de 1973, que ficou sete anos interditado pela censura. Foto: reprodução.

– Como foi a experiência da Tereza Trautman?

A Tereza Trautman abordou a liberação da mulher em 1973, num momento tomado nas telas cinematográficas pelas pornochanchadas. Basicamente eu trabalho na tese com o filme “Os homens que eu tive”. Ela faz um filme de produção própria colocando a mulher como dona do seu corpo, do seu desejo sexual, podendo usar isso da maneira como ela bem entender. O filme não tem cenas explícitas de sexo. A protagonista é da zona sul carioca, que era para ter sido interpretada pela Leila Diniz, que morreu antes de iniciar as filmagens.

O filme estreou no Rio no Cine Roxy, com os 1800 lugares completamente lotados. Depois estreou em Belo Horizonte até que, de acordo com a justificativa de um funcionário da censura, houve um telefonema para o alto escalão do Ministério da Justiça dizendo que o filme era imoral, que atentava contra a mulher brasileira, que era um absurdo que aquilo estivesse em cartaz.

Quando vai estrear em São Paulo, coincidentemente na Semana da Pátria de 1973, o filme é interditado por questões morais. Eu pesquisei em 28 documentos existentes sobre a interdição do filme pela censura e a questão principal é que a protagonista era uma mulher casada, e que o marido permitia que ela tivesse amantes. A produtora Herbert Richers entrou com vários pedidos de liberação. A própria Tereza ia para o Ministério diariamente para tentar conseguir uma explicação, porque outros filmes que ela julgava semelhantes eram liberados e o dela não.

A liberação só aconteceu em 1980, sete anos depois, e depois de tanto tempo havia uma expectativa sobre o filme e sobre a Tereza Trautman, ovacionada como a primeira diretora do cinema brasileiro. Mas quando estreou, o filme já estava defasado. A crítica o considerava pequeno, com a temática superada, pois nos anos 80 a TV brasileira já apresentava Malu Mulher, a Marta Suplicy falava de sexo na TV. Em 1980 aquele filme ganhou interpretações anacrônicas. Não há uma compreensão histórica do que ele representou naquele momento. Depois ela foi fazer um filme só em 87, que é “Sonhos de Menina Moça”, em que ela ainda traz temas da ditadura.

Cineasta Ana Carolina realizou na década de 70 a trilogia “Mar de Rosas”, “Das Tripas Coração” e “Sonho de Valsa”. Foto: reprodução.

– E a Ana Carolina?

A Ana Carolina acaba sendo o exemplo mais conhecido pela trilogia sobre o que ela chamou na época de “condição feminina”: “Mar de Rosas”, “Das Tripas Coração” e “Sonho de Valsa”. A diretora usa provérbios e a linguagem popular para discutir o senso popular, o não questionamento das coisas e dos acontecimentos, a opressão militar e das mulheres. Em “Mar de Rosas”, de 1977, ela trabalha com a questão da mãe e da filha, do casamento, da sua condição de “santa esposa”. A protagonista, Felicidade, corta o pescoço do marido com uma gilete e foge com a filha. Ela começa a ser perseguida por um homem misterioso num fusca preto, o que remete aos grupos paramilitares, à repressão, aos torturadores. A filha é a revolucionária, aquela que senta de pernas abertas, fala palavrão, e que os adultos tentam reprimir, mas não conseguem. A personagem mostra a nova geração de mulheres que vêm se levantar contra os padrões estabelecidos. O filme foi o grande sucesso de Ana Carolina, inclusive fora do Brasil.

O segundo filme, “Das Tripas Coração”, foi interditado 10 meses, mas depois foi exibido na íntegra. Ela usa uma metáfora que hoje pode ser considerada ingênua, mas foi sua maneira de driblar a censura. Na história, um interventor vai a um colégio interno para fechá-lo. Enquanto as diretoras não chegam, nos cinco minutos que fica esperando, ele cochila. O filme todo é o sonho dele. As internas do colégio revolucionam. É toda a questão do desejo, da sexualidade, elas discutem, aparece o desejo lésbico, uma consonância com as discussões do movimento feminista. Mostra também a questão da igreja católica. Uma das alunas faz xixi no meio da missa. Uma coisa que eu falo na minha tese que eu não encontrei em outros autores que trabalham com esse filme é a questão de alvejar a ditadura por meio da incidentalidade musical. Ela trabalha muito com os hinos nacionais, seja com a ida do interventor ao banheiro assoviando o hino nacional, seja com uma brincadeira com o hino da independência.

Mesmo o terceiro filme, “Sonho de Valsa”, de 1977, Ana Carolina ainda discute o regime, a ditadura civil-militar. Mostra uma mulher que sai da tubulação de esgoto e vai para o meio de uma parada militar de 7 de setembro, toda suja, maltrapilha. É muito interessante a maneira como ela ainda traz presente a sensação que eu imagino que ficou para grande parte dos brasileiros depois que o regime acabou: a sensação de que houve uma continuidade, de que o poderio militar ainda continuou. O governo seguinte foi do José Sarney, que foi parte civil da ditadura.

– As três fizeram parte do movimento feminista?

A Helena Solberg e a Teresa Trautman se envolveram com o movimento feminista, participaram de grupos. A Ana Carolina não. A gente vê que ela tem toda uma postura feminista, que os filmes têm uma tendência de ser considerados feministas, mas no discurso dela, ela se identifica com o “cinema de autor”, lançado pela Nouvelle Vague francesa. Ela não queria ser rotulada apenas como feminista, porque isso era assumir todo um preconceito que viria junto com esse termo naquele momento e até posteriormente. Então a Ana Carolina não participou do movimento, seguiu a linha dela, mas os filmes dela são muito importantes para essa discussão naquele momento.

– Elas fizeram parte de algum grupo em comum, se encontravam, faziam parte de um movimento?

Não. Apesar de duas delas terem participado de um guarda-chuva, que foi o movimento feminista, de encontros e de reuniões de conscientização. Eu tentei explorar isso como um leque de possibilidades. Não houve uma homogeneidade ao lidar com isso como produção cinematográfica. O que houve foram caminhos próximos.

– Qual é a relação dos cinemas realizados pelas diretoras com o Cinema Novo?

Nos anos 60 e 70, o cinema novo brasileiro se consolidou mundialmente por seu cunho político. O Glauber Rocha, que foi seu ícone, tinha voz fora do Brasil, com artigos nos Cahiers du Cinéma e em outras revistas. Eles estavam preocupados com a revolução, a opressão geral da América Latina. E é claro que, em se falando de cinema brasileiro nos anos 60 e 70 o que se valoriza? Esse cinema novo. Uma das propostas da minha tese é justamente isso: contrapor o cinema realizado por mulheres ao cinema novo, que era o único que esteve iluminado. O resto era como se não existisse. Venho trazendo isso para mostrar que outras formas de cinema de contestação existiam, tendo chegado ao público ou não. Foram maneiras de instrumentalizar o cinema também por uma revolução que era social, que era política, e que era essa revolução das mulheres proposta pelo feminismo.

– Você estudou o cinema feito por mulheres de outros países?

Estudei a Agnès Varda que, apesar de belga, realizou toda a sua carreira na França. Seu primeiro filme, La Pointe Courte, de 1954, foi visto como precursor da Nouvelle Vague francesa: uma nova proposta, nem tanto na política, mas o começo de uma revolução estética. Outra que eu trabalho é a Chantal Akerman. Seu filme mais polêmico e emblemático é o “Jeanne Dielman, 23, Quai du Commerce, 1080 Bruxelles” (1975). É uma mulher na situação do pós-guerra, que ficou viúva, tem um filho, recebe uma pequena pensão do marido, morto na guerra, e que se prostitui para viver. O filme relata três dias na vida da Jeanne Dielman e está totalmente alinhado com a proposta feminista do contra-cinema. Outra diretora foi a cubana Sara Gómez, que em 1974 fez “De Cierta Manera”, uma crítica da chamada condição feminina e da estrutura cubana do pós-Revolução. Trabalhei também com a italiana Lina Wertmüller e com a britânica Laura Mulvey, que fez “Riddles of the Sphinx” (O Enigma da Esfinge), de 1976, e coloca na prática a proposta teórica de contra-cinema, da ruptura com o cinema hegemônico, hollywoodiano, e reverte a situação da representação da mulher, o que ela trabalha no seu principal texto que é “Prazer visual e cinema narrativo”. Então eu vi toda essa ligação e segui as influências apontadas pelas três brasileiras. A Helena e a Tereza mencionam a Varda e a Lina Wertmüller. A Ana Carolina, pela questão de cinema de autor, até fala da Varda, mas ela se identifica e até é comparada com Luis Buñuel. Trabalho com filmes do Neorrealismo italiano, da Nouvelle Vague francesa, venho discutindo um pouco esses cinemas com o que elas estavam fazendo, no que se diferenciavam. É um panorama daqueles anos, dos novos cinemas no pós-guerra e a ruptura radical delas também com os próprios inspiradores.

– O que é cinema de mulheres?

A expressão “cinema de mulheres” foi cunhada de maneira política. Ali nos anos 70, principalmente, houve uma teoria feminista do cinema na Inglaterra que propunha um contra-cinema, principalmente a partir dos trabalhos da Laura Mulvey e da Claire Johnston. Elas falavam da importância das mulheres em reverter a representação das mulheres no cinema, sempre realizada por diretores homens. Elas alegavam que havia uma manipulação, que estava na hora das mulheres tomarem as câmeras como um ato político e mostrar que o cinema era uma construção. Dentro dessa proposta cunhou-se o termo “Cinema de mulheres”. Na época começaram os festivais de filmes de mulheres em Nova York (Estados Unidos) e em Edimburgo (Escócia), em 1972. No final dos anos 70 surgiu na França o Festival International de Films de Femmes, que existe até hoje, em Créteil. Naquele momento era o cinema como instrumento do movimento feminista. Por isso que eu falo que o cinema de mulheres é datado, é um acontecimento principalmente dos anos 70. Na tese, eu trabalho com o termo “cinema realizado por mulheres”, que não é só o “cinema de mulheres”. A Ana Carolina se recusa a dizer que fez “cinema de mulheres”. Mesmo assim, ela levou seu filme para o festival de cinema de Créteil, que é de cinema de mulheres. Essa é uma das muitas contradições e ambiguidades que eu procuro discutir na tese. A própria questão do essencialismo, uma das principais contradições do movimento feminista. Porque é essencializar dizer que existe um cinema de mulheres, que é diferente ter uma mulher por trás da câmera. Esse debate aparece na imprensa, com diversos pontos de vista, mesmo dentro de uma mesma revista. Algumas diretoras acham que sim, que é um posicionamento político importante, outras acham que não, que elas são autoras, são artistas.

– Qual foi a repercussão do trabalho delas que você encontrou nas pesquisas?

Nas pesquisas na Cinemateca de São Paulo fui atrás de jornais da época, do que se falava sobre as três cineastas. Nos anos 70 e 80 estava em alta a discussão das mulheres no cinema, “as novas diretoras”, “mulheres por trás das câmeras”. De certa maneira elas foram conhecidas. Em uma matéria na Folha de São Paulo nos anos 70, a Helena Solberg é vista como cineasta da América Latina. Ela ficou bastante conhecida nos EUA, por ter tido acesso a TV. Na França, da Ana Carolina eu encontrei duas situações em jornais de lá, mas no Brasil ela estava em quase todas as matérias sobre mulheres no cinema. Claro, o Cinema Novo brasileiro aparecia muito mais. Da Tereza Trautman não aparece nada nos jornais franceses, pois ela tinha sido interditada. No Brasil ela foi bastante comentada em dois momentos: quando o filme saiu em 73, a imprensa noticiou bastante e depois em 80, no relançamento do filme. Uma coisa interessante da Tereza é que ela conseguia liberação para participar dos festivais fora do Brasil. Por exemplo, em 76 houve um festival em Toronto de filmes censurados. O filme dela foi exibido em sessão dupla com “Mimì metallurgico ferito nell’onore” (1972), da Lina Wertmüller. Ou seja, ela participou em festivais fora do Brasil, enquanto o filme estava interditado.  Um dos críticos que é elogioso ao filme fala que “Tereza Trautman está longe de ser identificada com a postura feminista, o filme dela vai muito além disso”. Ele tenta “salvar” a Tereza do estigma do feminismo, só que ela mesma confirma que estava totalmente envolvida. Então quem se assumia como feminista corria um risco.

– Risco de que?

Risco de que na carreira ela fosse estigmatizada como uma cineasta feminista, apenas. Porque os debates sobre feminismo eram muito acalorados. Falavam que as mulheres eram lésbicas, mal-amadas. Isso aparece em vários textos analisados e nas entrevistas. No Laboratório de Estudos de Gênero e História (LEGH) da UFSC, do qual faço parte, temos mais de 150 entrevistas de mulheres no período da ditadura militar e muitas delas falam exatamente nisso: além da luta pela emancipação e igualdade, elas tinham que enfrentar esse rótulo reacionário.

– Como foram as entrevistas?

Tive a sorte de a Heloísa Buarque de Hollanda ter me colocado em contato com a Helena Solberg e com a Tereza Trautman, então além dos filmes eu trabalhei também com entrevistas. Elas me ajudaram muito com a versão delas daquela história toda, o que elas, mulheres, pessoas, estavam vivendo naquele momento, sentindo. Quando a Tereza Trautman fala da interdição, os olhos dela cospem fogo, até hoje. Então são vidas atravessadas por toda essa situação.

– Como foi a experiência na França?

Foi bem proveitosa. Passei um ano vinculada à École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS), com financiamento da Capes. A possibilidade de acessar outros arquivos e acervos abre a cabeça, dá uma visão mais geral. Tanto que apesar de falar nas três cineastas, trago muita coisa de outros cinemas também, porque para mim é impossível fazer um recorte e não olhar para todo o entorno e o que está acontecendo. Principalmente se elas sinalizaram alguns caminhos, algumas trocas e influências, por onde elas passaram, e a própria crítica foi apontando o caminho delas, as associações, as identificações de cenas com as de outros autores. Olhando hoje, fazer esta tese foi um trabalho grande, mas no final as coisas foram se encaixando de uma maneira que eu achei interessante.

 

Saiba mais:

Veja alguns artigos escritos pela historiadora Ana Maria Veiga sobre temas que aborda na tese :

:: ‘Cineastas amordaçadas’: A ditadura militar e alguns filmes que o Brasil não viu. Revista História Agora, v. 1, p. 142-166, 2012.

:: Gênero e cinema: uma abordagem sobre a obra de duas diretoras sul-americanas. Cadernos de Pesquisa Interdisciplinar em Ciências Humanas (UFSC), v. 11, p. 111-128, 2010.

Mais informações:
Ana Maria Veiga – amveiga@yahoo.com.br

Laura Tuyama / Jornalista da Agecom / UFSC
laura.tuyama@ufsc.br

Fotos: reprodução.

Tags: CFHcinemagênerohistóriaUFSC

Laboratório de Engenharia Biomecânica é equipado para avaliação e pesquisa em próteses endovasculares

26/03/2013 10:28

Equipamentos podem simular 10 anos de uso das próteses – foto Claudia Reis

Referência na avaliação de implantes ortopédicos e de próteses de silicone, o Laboratório de Engenharia Biomecânica da UFSC vai atender também a área vascular.  Com apoio do Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, o setor localizado no Hospital Universitário está sendo ampliado e instrumentalizado para realizar testes pré-clínicos, pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica em stents e outras próteses vasculares – implantes vitais na cirurgia reconstrutora e de desobstrução de artérias. Centro multidisciplinar de ensino, pesquisa e desenvolvimento na área da saúde, o laboratório tem uma equipe formada por médicos cirurgiões do Hospital Universitário, pesquisadores do Departamento de Cirurgia e dos cursos de Engenharia Mecânica e Engenharia de Materiais da UFSC.
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Pesquisa da UFSC sobre entomologia forense identifica dados que podem ajudar a desvendar crimes

25/03/2013 17:21

A aluna do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Larissa Brunese Juk, realizou um estudo inédito sobre a decomposição de animais que pode contribuir para desenvolver a ciência forense no Estado. Em seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), defendido junto ao Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia (MIP), Larissa passou 62 dias acompanhando a deterioração de um cadáver de porco e, ao longo desse tempo, catalogou os insetos presentes na decomposição. Os resultados da pesquisa estabelecem características importantes para a Entomologia Forense na região, dados que podem ser utilizados para desvendar casos como assassinatos. O MIP já tem outros seis trabalhos semelhantes em andamento, que agregam experiências diversificadas, como o de cadáveres de animais colocados sobre dunas e submersos.
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Tags: CCBDepartamento de MicrobiologiaImunologia e Parasitologia (MIP)MIPUFSC

Pesquisadores alertam que órgãos reguladores falham ao analisar riscos de novos transgênicos

22/03/2013 13:03

Em recente artigo publicado em revista científica Environment International Journal, classificada com o conceito máximo do ranking da Capes, A1, pesquisadores afirmam que órgãos governamentais regulamentadores não estão considerando riscos importantes relacionados a novos tipos de plantas geneticamente modificadas. O estudo aborda os riscos de produtos emergentes contendo moléculas chamadas de RNA de fita dupla (dsRNA).

Intitulado “A comparative evaluation of the regulation of GM crops or products containing dsRNA and suggested improvements to risk assessment”, o artigo é escrito por  pesquisadores de três países:  Jack Heinemann, Universidade de Canterbury da Nova Zelândia, Sarah Agapito-Tenfen, da Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil, e Judy Carman, Universidade de Flinders, Austrália.

A conclusão dos autores é de que não existe nenhum procedimento validado para testar a segurança de moléculas de dsRNAs, seja para alimentação humana ou meio ambiente. Também não existem documentos de orientação para aconselhar órgãos reguladores internacionais. Além de demonstrar as falhas dos sistemas atuais em avaliar a possibilidade de efeitos adversos oriundos de moléculas dsRNA, os autores propõem um processo para testar organismos geneticamente modificados (OGMs) ou outros produtos que possam conter moléculas de dsRNAs.

Demanda por mais estudos

Os novos organismos geneticamente modificados são desenhados para produzir uma forma de RNA, os RNAs de fita dupla, chamados de dsRNA. Enquanto a maioria das plantas transgênicas é desenhada para produzir proteínas, os novos tipos de plantas transgênicas produzem dsRNAs para alterar a maneira como os genes são expressos. Essas moléculas de dsRNA podem ser transferidas de plantas para humanos e outros animais através da alimentação. Além disso, poderiam ser potencialmente transferidas por inalação de partículas oriundas destas plantas transgênicas (como por exemplo, inalação de farinha de trigo transgênico) ou por absorção através da pele.

A mesma tecnologia está sendo desenvolvida para ser pulverizada diretamente na lavoura como um tipo de pesticida.  Também existe a proposta de uso na alimentação de insetos, como é o caso da tentativa de controle de um vírus que ataca abelhas.

Embora o RNA seja um componente normal de todas as células, na forma de dsRNAs ele pode ter efeitos que dependem da espécie e do tecido a que são expostos.  De acordo com a professora Judy Carman, da Universidade de Flinders na Austrália e co-autora do artigo, “As moléculas de dsRNA produzidas pelas plantas transgênicas podem funcionar exatamente como pretendido e não apresentar nenhum outro efeito”, explica. “Por outro lado, elas podem ter efeitos adversos tanto em organismos alvo da tecnologia, quanto em outros organismos, tais como humanos e espécies selvagens. Nós não saberemos até fazermos análises completas, e estas análises ainda não foram feitas”, completa.

Os autores defendem que não existe base científica para extrapolar a segurança destas novas moléculas de dsRNA a partir do histórico de uso seguro de moléculas de dsRNA de células de plantas, animais, fungos e microorganismos que comemos.

Como os produtos são autorizados

Os autores revisaram conjuntamente três órgãos regulamentadores responsáveis pela segurança alimentar e ambiental, com jurisdição em três países: Austrália, Brasil e Nova Zelândia. As decisões destes órgãos são relativas a aprovações de três tipos de plantas transgênicas que foram desenvolvidas para produzir, ou que poderiam produzir, novos dsRNA a serem utilizadas na alimentação humana ou animal. Os autores fazem registro às suas recomendações a estes órgãos e as respostas dos mesmos.

“Cada regulador encontrou motivos para não questionar as empresas proponentes para testar efeitos específicos relacionados às moléculas de dsRNA,  e assim contaram com suposições ao invés de testarem para determinar a segurança destes produtos” diz a co-autora Sarah Agapito-Tenfen, doutoranda na Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil, que analisou o trabalho da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), na liberação de feijões transgênicos (Phaseolus vulgaris) produzidos pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

O artigo demonstra que os órgãos reguladores têm negado a priori a necessidade de se avaliar tanto os efeitos diretos quanto os efeitos secundários potenciais das moléculas de dsRNA. Ainda, tais instituições têm recorrido a informações falhas e desatualizadas sobre a bioquímica destas moléculas de dsRNA.

Assim, não há registro público de nenhum órgão regulador requisitando ou revisando estudos que forneçam evidências para a ausência de efeitos indesejados de novas moléculas intencionais de dsRNA no OGM, efeitos de novas moléculas não-intencionais de dsRNA no OGM e produção de novas moléculas de dsRNA secundárias no OGM ou em pessoas expostas ao OGM (por exemplo: através de inalação, ingestão ou absorção) – incluindo insetos não-alvo, espécies selvagens e humanos. Consequentemente, nunca foi realizado um estudo de toxicidade aguda ou crônica em qualquer OGM comercial que tenha a capacidade de detectar qualquer efeito que pudesse surgir especificamente a partir das moléculas de dsRNA primárias ou secundárias geradas pelo OGM.

Proposta de novos testes

“Para nossa surpresa, descobrimos que não existem protocolos internacionalmente aceitos ou sequer diretrizes sobre como conduzir uma análise de risco adequada e completa em produtos com essas novas moléculas de dsRNA” diz Prof. Jack Heinemann, professor da Universidade de Canterbury na Nova Zelândia e principal autor do artigo. A fim de preencher esta lacuna, os autores desenvolveram o que seria o primeiro procedimento formal para análise de risco de produtos baseados em dsRNA, tanto para organismos vivos geneticamente modificados como para agentes pulverizados em lavouras.

Os autores defendem que todos os OGMs sejam avaliados para a presença de moléculas de dsRNA adversas. Ou seja, até mesmo aqueles OGMs que não foram produzidos com a intenção de expressarem essas moléculas necessitam ser avaliados para a presença destas, pois estas moléculas são subprodutos comuns do processo de engenharia genética. Até hoje nenhum OGM foi avaliado desta maneira.

O esquema de avaliação de risco proposto pelos autores baseia-se na aplicação daquilo que está mais cientificamente desenvolvido até hoje. A capacidade de utilizar mecanismos baseados nesta ciência de ponta está bem alocado dentro da experiência da indústria e da comunidade acadêmica e não é particularmente caro. Por exemplo, as técnicas de bioinformática sugeridas requerem apenas um computador, acesso à internet e pessoal capacitado, com um treinamento comum para qualquer profissional da área de biologia molecular.

Mais informações:

Jack A. Heinemann é Professor Titular na disciplina de Genética e Biologia Molecular na Escola de Ciências Biológicas e Diretor do Centro de Pesquisas Integradas em Biossegurança, ambos na Universidade de Canterbury, Nova Zelândia. Contatos: jack.heinemann@canterbury.ac.nz; +64 3 364 2500

Sarah Z. Agapito-Tenfen tem Mestrado em Recursos Genéticos Vegetais pela Universidade Federal de Santa Catarina e atualmente faz seu doutorado na mesma instituição. Contatos:  sarahagro@gmail.com; +55 48 37215336

Dra. Judy Carman é Professora Associada na área de Saúde e Meio-Ambiente na Escola de Meio-Ambiente da Universidade de Flinders/Austrália e é Diretora do Instituto de Pesquisas em Saúde e Meio-Ambiente. Ela possui qualificações em epidemiologia e bioquímica. Contatos:  judycarman@ozemail.com.au; +61 408 480 944

Link para o Artigo:
http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0160412013000494

Tags: biosegurançadsRNAorganismos geneticamente modificadosUFSC

Potencial dos biocombustíveis amplia trabalhos da UFSC com microalgas

22/03/2013 11:34

Manter cepas de microalgas de diferentes ambientes e capacitar pessoal para o cultivo são objetivos da equipe. Foto: Claudia Reis.

O desafio de transformar algas em biocombustíveis integra uma série de universidades brasileiras. A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) colabora com esse esforço, desenvolvendo trabalhos junto ao Laboratório de Cultivo de Algas, ligado ao Departamento de Aquicultura do Centro de Ciências Agrárias (CCA).

Há mais de 20 anos o grupo atua na produção de microalgas. O objetivo principal era produzir alimento para espécies cultivadas em outros setores, como o Laboratório de Camarões Marinhos. Um novo foco está voltado ao aproveitamento da biomassa das microalgas para obtenção de biodiesel, usualmente produzido a partir de óleo de soja, mamona, canola, dendê, milho ou gordura animal.

Base da maioria das cadeias alimentares aquáticas, as microalgas se desenvolvem a partir da transformação direta da luz do sol em energia química, da assimilação de nutrientes dissolvidos na água e do dióxido de carbono. Há centenas de milhares de espécies, de água doce e marinha. Ricas em moléculas de gordura, muitas têm potencial significativo para transformação em biocombustíveis.

Determinar condições que maximizem a produção de biomassa com elevado teor de lipídios é uma das metas do trabalho no Laboratório de Cultivo de Algas da UFSC. Manter cepas de microalgas de diferentes ambientes aquáticos do Brasil e treinar pessoal para o desenvolvimento de cultivos em larga escala também são objetivos da equipe.

No laboratório são desenvolvidos cultivos experimentais desde a pequena escala (100 litros) até o cultivo massivo em tanques de 10.000 litros. Para a separação da biomassa,  a parte sólida e seca das microalgas, são testadas e comparadas diferentes técnicas, como floculação e sedimentação, centrifugação e eletrofloculação. O grupo também fornece biomassa para grupos de outras universidades que pesquisam esse material como fonte de biocombustível.

Uma série de fatores motivam os estudos. Entre eles, o fato de que as microalgas têm estruturas simples, se reproduzem e crescem em velocidade muito maior do que outras culturas usadas na produção de biodiesel. Seu cultivo pode ser feito em áreas menores do que a necessária nas outras culturas de oleaginosas − e mesmo impróprias para a agricultura, ao longo de todo o ano e em diversas regiões. Essa alternativa também não entra em conflito com a agricultura (como no caso das demais oleaginosas, que podem deixar de ser produzidas para alimentação para gerar combustível).

As microalgas têm ainda a vantagem de sequestrar eficientemente o dióxido de carbono, contribuindo para a redução dos gases do efeito estufa. Isto qualifica o cultivo de microalgas para a produção de biocombustíveis como um Mecanismo de Desenvolvimento Limpo.

Cultivos experimentais partem de pequena escala e chegam a tanques de 10 mil litros. Foto: Cláudia Reis.

Apesar dos benefícios, o emprego das microalgas para a produção de biodiesel em nível industrial ainda tem custo muito elevado e depende de inúmeras de pesquisas. Há necessidade de estudos sobre a diversidade biológica das microalgas, sobre os diferentes fatores que influenciam a produção da biomassa e a acumulação de lipídios. Os métodos de separação da biomassa, as técnicas de extração do óleo e de síntese do biodiesel também são campos que exigem projetos de desenvolvimento científico e tecnológico. É preciso ainda equacionar problemas relacionados à contaminação dos cultivos.

“Do ponto de vista econômico, precisamos produzir em escala maior e com custo menor. Do ponto de vista ambiental, trabalhar com a reutilização e tratamento das águas dos cultivos, além de contemplar aspectos sociais, de geração de emprego e renda”, avalia o professor Roberto Bianchini Derner, que coordena trabalhos com microalgas na UFSC.

Um dos projetos mais recentes tem apoio financeiro da Setec (a Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação, ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação), sendo gerenciado via Fundação de Apoio à Pesquisa e Extensão Universitária (FAPEU).

Mais informações: Roberto Bianchini Derner / Departamento de Aquicultura / UFSC / robertoderner@lcm.ufsc.br / (48) 3721-4107

Material produzido para a Revista da Fundação de Amparo à Pesquisa e Extensão Universitária (FAPEU) ∕  www.fapeu.br

Jornalista responsável: Arley Reis ∕  arleyreis@gmail.com
Fotos: Cláudia Reis

Tags: algasCCALaboratório de Cultivo de AlgasUFSC

UFSC colabora com plano de manejo para Área de Proteção Ambiental da Ponta do Araçá

13/03/2013 13:38

UFSC participa do diagnóstico da flora e da fauna para a efetivação da Área de Proteção Ambiental da Ponta do Araçá. Fotos: Daniel Moraes Alves

Com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Extensão Universitária (FAPEU), a UFSC participa do diagnóstico da flora e da fauna, de condições físicas, socioeconômicas e culturais que darão suporte à efetivação da Área de Proteção Ambiental da Ponta do Araçá. O trabalho é base para a elaboração de um plano de manejo para a APA, localizada na região da Costa Esmeralda, no município de Porto Belo (SC).

A unidade de conservação foi criada em 2008 e se estende por 140 hectares, entre o mar e morros, abrigando duas pequenas praias: Caixa d’aço e Estaleiro. Sua paisagem é enriquecida por baias de águas claras, costões rochosos e cobertura vegetal em estágios médio e avançado de regeneração. É a primeira unidade de conservação criada sob responsabilidade da Prefeitura de Porto Belo, que discute também propostas da APA do Perequê, do Parque Municipal da Lagoa do Perequê e do Parque Municipal do Segundo Acesso.

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Tags: APAÁrea de Proteção AmbientalfapeuMaurício Eduardo GraipelPonta do AraçáUFSC

UFSC caracteriza fósseis da vegetação de turfeiras e campos do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro

08/03/2013 17:40

Nos topos da Serra do Tabuleiro, área de turfeira com sua cobertura típica de briófitas, plantas que vivem preferencialmente em locais úmidos. Fotos: Hermann Behling

Maior unidade de conservação de Santa Cataria, o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro ocupa 87 mil hectares de ilhas, cordões litorâneos, manguezais, encostas, montanhas e campos. Nos campos, em meio ao relevo montanhoso, abriga grande número de turfeiras, ambientes encharcados, formados principalmente por plantas que vivem em local úmido e ácido, com acúmulo de grande quantidade de matéria orgânica.

Por suas características, as turfeiras são sumidouros de carbono, são reguladores do escoamento fluvial e fontes de nutrientes para a vegetação ao seu redor. Para a ciência, por sua capacidade de preservar tecidos vegetais, são também arquivos ambientais e cronológicos da evolução da paisagem.

Áreas do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro formadas por esse ecossistema são estudas pela Universidade Federal de Santa Catarina. Pesquisas que integram professores e estudantes dos departamentos de Geociências e de Botânica incluem o mapeamento e caracterização das áreas de turfeiras, o levantamento florístico atual desses ambientes e sua comparação com material fóssil extraído de sedimentos – em estudo na área de paleoecologia, que utiliza fósseis para reconstruir ecossistemas do passado.

O trabalho de campo é desenvolvido em áreas de topo da Serra do Tabuleiro, nos municípios de Santo Amaro da Imperatriz e São Bonifácio. Com apoio da Fundação O Boticário, na linha temática Impacto das Mudanças Climáticas em Espécies e Ecossistemas, o projeto é executado via Fundação de Amparo à Pesquisa e Extensão Tecnológica (FAPEU).

“A proposta articula o estudo de turfeiras ao da vegetação, com o objetivo de definir a variação da vegetação ao longo da serra, atualmente e sob o efeito de mudanças globais do passado”, explica o coordenador do projeto, professor Marcelo Accioly Teixeira de Oliveira, do Departamento de Geociências.

Segundo ele, outros estudos demonstram o predomínio de campos na região atualmente protegida pelo parque há pelo menos 40 mil anos, sugerindo que se trata de vegetação remanescente de transformações nesse ambiente. Além disso, resultados preliminares obtidos a partir da nova pesquisa estendem a idade de registro de sedimentos do parque para 90 mil anos.

“A caracterização desses campos de altitude constitui contribuição científica relevante, com alto impacto para a conservação e o zoneamento do parque”, considera o professor, ressaltando que turfeiras são ainda muito pouco estudadas no Brasil. Sua importância é destacada pelo Comitê para a Ação Global sobre Turfeiras, que defende esforços globais para a conservação e definição de sua função ambiental como áreas úmidas.

Periódico internacional

As pesquisas da UFSC vêm sendo realizadas desde 2003, com saídas de campo nos chapadões da Serra do Tabuleiro, entre 860 e 1200 metros acima do nível do mar. Com equipamentos especiais, entre eles um Radar de Penetração de Solo, são obtidos perfis geofísicos, que permitem estudos sobre as camadas de sedimentos. São também coletadas amostras das turfeiras para análise em laboratório de fósseis vegetais.

Em laboratório, amostras de camadas de sedimento são processadas e analisadas . Fotos: Cláudia Reis

Para a equipe, o material representa importante testemunho sedimentológico. Parte do trabalho, em que 83 amostras foram processadas na UFSC e analisadas em laboratório da Alemanha, resultou em artigo científico publicado no periódico internacional “Vegetation History and Archaeobotany”.

As análises buscam classificar as turfeiras do parque e avaliar cenários evolutivos, gerando conhecimento básico sobre esses habitats. O trabalho de campo, com saídas sistemáticas mensais, permitiu também coletas de plantas de áreas de campos e turfeiras do parque.

A vegetação coletada é identificada e catalogada no Herbário Flor, ligado ao Departamento de Botânica. Depois, as exsicatas são levadas para o Laboratório de Geodinâmica Superficial, ligado ao Departamento de Geociências, para coleta de grãos de pólen. Assim, além de incrementar o acervo do Herbário Flor, os estudos estão permitindo a implantação de uma palinoteca dos campos da Serra do Tabuleiro. Essa coleção está sendo constituída junto ao Laboratório de Geodinâmicas Superficial, para resguardar grãos de pólen, que são identificados, catalogados e preservados em acervo.

Para a FATMA (Fundação do Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina), órgão que gerencia o parque, a equipe vai elaborar cartas de localização e caracterização das turfeiras do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro. Relatórios e outros documentos também vão gerar subsídios que podem auxiliar no manejo da área e na produção de materiais de educação ambiental e de informação para a comunidade.

“O objetivo é valorizar os arquivos de história natural preservados nos depósitos orgânicos da maior unidade de conservação de proteção integral do Estado de Santa Catarina. Além disso, estamos capacitando recursos humanos para a valorização de estudos paleoecológicos como ferramenta fundamental para ações de conservação”, salienta o professor Marcelo.

Mais informações com o professor Marcelo Accioly Teixeira de Oliveira / Departamento de Geociências / UFSC / maroliv@cfh.ufsc.br

Material produzido para a Revista da Fundação de Amparo à Pesquisa e Extensão Universitária (FAPEU) ∕  www.fapeu.br
Jornalista responsável: Arley Reis ∕  arleyreis@gmail.com

Fotos: Hermann Behling e Cláudia Reis

 

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UFSC propõe melhorias tecnológicas e novos produtos para cadeia produtiva do mexilhão

06/03/2013 08:59

Estudos têm a colaboração de profissionais em formação no Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Alimentos – foto Claudia Reis

Agregar valor aos mexilhões produzidos em Santa Catarina e proporcionar aos produtores novas alternativas de comercialização. Estas são metas de pesquisas desenvolvidas no Departamento de Engenharia Química e Engenharia de Alimentos da UFSC.
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UFSC pesquisa sapinho ameaçado de extinção

28/02/2013 17:29

O Departamento de Ecologia e Zoologia da UFSC estuda um dos menores anfíbios documentados pela ciência brasileira – e que se reproduz em uma das maiores reservas de minério de ferro do mundo, a Serra de Carajás, no Sudoeste do Estado do Pará. Com tamanho um pouco maior do que o de uma unha da mão, o Pseudopaludicola canga vive restrito aos terrenos encharcados da Serra de Carajás. Entre 12 espécies de Pseudopaludicolaregistradas na América do Sul, é uma das mais raras em termos de distribuição geográfica.
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Pesquisa da UFSC revela novos indicadores para controle da tuberculose bovina

27/02/2013 08:31

Uma das inovações da pesquisa foi identificar os tecidos/órgãos de maior incidência da bactéria da tuberculose. Imagem: Menin et.al./Plos One.

Acaba de ser publicada no periódico internacional Plos One uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Santa Catarina que revela novos indicadores que podem ajudar no controle da tuberculose bovina (bTb), uma doença para a qual ainda não existe prevenção nem tratamento viável e que representa um sério problema de saúde pública. A tuberculose bovina é uma doença infectocontagiosa causada pela bactéria chamada Mycobacterium bovis (M. bovis). A infecção pelo M. bovis é responsável por aproximadamente 10% do total de casos de tuberculose humana na África e cerca de 2,5% na América Latina. É transmitida para os humanos principalmente pelo consumo de leite não pasteurizado.

Elaborado pela equipe do médico e professor do Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia (MIP) da UFSC, André Báfica, e intitulado “Asymptomatic Cattle Naturally Infected with Mycobacterium bovis Present Exacerbated Tissue Pathology and Bacterial Dissemination” (tradução: Bovinos assintomáticos naturalmente infectados com Mycobacterium bovis apresentam exacerbada patologia e disseminação bacteriana nos tecidos), o artigo contribui para revelar como a tuberculose bovina age nos animais durante a infecção natural. Febre intermitente, tosse, falta de ar, perda da condição corporal, emagrecimento progressivo, debilidade, baixa capacidade respiratória e diminuição na produção de leite são alguns sinais conhecidos do animal com tuberculose. No entanto, até então, pouco se sabia como os animais portadores da bactéria conseguem controlar a infecção e não manifestar os sintomas.

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UFSC busca subsídios para aproveitamento de areias descartadas pela indústria de fundição

25/02/2013 08:43

A carência de informações técnicas para subsidiar a tomada de decisão por parte de órgãos reguladores é um dos entraves para a reutilização de areias descartadas de fundição – um dos resíduos com maior volume produzido no mundo. Para colaborar com a produção de conhecimento na área e subsidiar órgãos ambientais no desenvolvimento de políticas públicas, um estudo caracterizou areias descartadas em indústrias de fundição de ferro, aço e alumínio de Santa Catarina.
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Tags: areias descartadas pela indústria de fundiçãofapeuUFSC

UFSC pesquisa comunicação de crianças com problemas de audição

15/01/2013 13:35

Os estudos são coordenados pela professora da UFSC, Ronice Müller de Quadros, e participam crianças entre 4 e 7 anos

Há anos estudando as formas de comunicação de pessoas surdas, a UFSC investe agora no entendimento de como se desenvolvem crianças que usam a língua falada e a língua de sinais simultaneamente. Famílias foram convidadas a participar da pesquisa que envolve crianças ouvintes, filhas de pais surdos, e crianças surdas, que crescem em meio a libras e português, e passaram pela cirurgia de implante coclear  − aparelho utilizado para restaurar a audição em pacientes portadores de perda auditiva profunda. Com crianças da faixa etária entre um ano e meio e quatro anos são realizadas filmagens que documentam seu convívio com os familiares − interagindo com os pais surdos, em Libras, e com pessoas ouvintes, em português.
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Planta nordestina é novidade no tratamento de esclerose múltipla

19/11/2012 15:22

Pesquisa desenvolvida no Laboratório de Farmacologia e Terapêutica Experimental (LAFEX), do Centro de Ciências Biológicas (CCB) da UFSC apresenta novidade para o tratamento da esclerose múltipla. Os pesquisadores Rafael Cypriano Dutra e João Batista Calixto, do Departamento de Farmacologia/ UFSC, em parceria com o farmacêutico e empresário Luiz Francisco Pianowski, coordenador da empresa farmacêutica Kyolab LTDA e com os estudantes  do Curso de Pós-Graduação em Farmacologia da UFSC, descobriram um poderoso anti-inflamatório que pode ser a alternativa para os medicamentos convencionais. O euphol, componente isolado, é encontrado no látex de uma espécie de planta típica do nordeste brasileiro, a Euphorbia tirucalli, conhecida popularmente como avelóz.

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