Especialista do HU ressalta importância de diagnóstico e prevenção da surdez

10/11/2021 11:18

Teste da Orelhinha identifica problemas de audição em recém-nascidos. Foto: divulgação/HU-UFSC/Ebserh

A surdez, nome dado genericamente à impossibilidade ou dificuldade de ouvir, pode ser prevenida, tratada, principalmente se diagnosticada precocemente, ou, se for o caso, ter seus impactos amenizados. Por isso, é importante adotar algumas medidas para preservar a saúde do aparelho auditivo e, sempre que possível, procurar ajuda médica para identificar possíveis problemas.

Para ressaltar a importância desses cuidados, foi criado o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Surdez, 10 de novembro, por portaria do Ministério da Saúde. “É importante ter uma data como esta para alertar sobre os cuidados e o diagnóstico porque a perda da audição é relativamente comum na população, já que cinco em cada 100 pessoas têm algum problema auditivo”, ressaltou o otorrinolaringologista do Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago (HU-UFSC/Ebserh), Cláudio Ikino.

Segundo ele, não existe uma causa única para a surdez, mas os casos mais frequentes estão relacionados à idade, à exposição a ruídos e, em algumas situações, ao uso de determinadas medicações. “Há ainda fatores familiares, por isso é preciso prestar atenção ao histórico da família”, disse o médico, acrescentando que existem também causas congênitas, que podem ser identificadas no recém-nascido pelo Teste da Orelhinha.
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EdUFSC reedita obra de referência que promove inclusão dos surdos

12/03/2014 13:20

A terceira edição revista do clássico As imagens do outro sobre a cultura surda, de Karin Strobel, atende a uma prioridade da atual gestão da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC): a inclusão social e o fortalecimento do Programa de Libras (Língua Brasileira de Sinais). O diretor da EdUFSC, Fábio Lopes, salienta  que a divulgação de pesquisas e a publicação de obras relacionadas à língua de sinais ocupam espaço especial no programa de ações e estratégias da editora  universitária.

Convidada a revisar o livro, a professora Sueli Fernandes constatou que o texto de Karin  Strobel “estava pronto, babélico, disperso, plural!” A revisora garantiu, assim, o direito da autora de “ser sujeito em sua própria língua, dissolvendo sua voz no caldo da língua majoritária oficial”.

A escritora sabe que não faltam belos livros e teses sobre os surdos. Mas as suas perguntas não deixam calar: será que “sabem sobre a cultura surda? Sentiram na própria pele como é ser surdo?”.

A obra narra experiências concretas vivenciadas pelos sujeitos surdos contra a opressão cultural e que permitiram, na luta, assegurar a sua sobrevivência e afirmar as suas identidades. Karin Strobel não defende somente o respeito à diferença cultural. Ao denunciar a realidade brasileira, que ainda não aceita nem compreende a cultura surda, a pesquisadora apela à sociedade para que reconheça as suas diferentes identidades, histórias, subjetividades, línguas e formas de viver e de se relacionar com o mundo.

A autora tem uma vida dedicada à causa dos surdos brasileiros. Formada em Pedagogia, é especialista na área de surdez e doutora em Educação Especial pela UFSC. Ex-presidente da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos, hoje é professora e coordenadora do Curso de Letras/Libras da UFSC.

Em todos esses anos de atuação, sintetiza no prefácio a professora Ronice Müller de Quadros, a autora “percebeu o quanto é importante ver o outro e perceber como o outro a percebe enquanto surda”. Desconstruindo o estranhamento do outro e da outra, Karin Strobel toma o “leitor pela mão e o faz perseguir as trilhas dos surdos de um jeito surdo”, afinal, como fica evidente, “os surdos constituem um povo”. A leitura do livro da EdUFSC assume o mérito de mudar o ouvido e a visão sobre esse povo e,  quem sabe, ajude a construir, a partir da Universidade, uma história de inclusão, livre de preconceitos e opressão. O Programa de Libras da UFSC parece ser um bom sinal: é referência nacional na língua de sinais. 

Mais informações: EdFUSC 

(48) 3721-9408
www.editora.ufsc.br
Diretor executivo: Fábio Lopes (flopes@cce.ufsc.br) / (48) 9933-8887

Moacir Loth /Jornalista na Agecom/UFSC
moacir.loth@ufsc.br 

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Tese da Antropologia da UFSC enfoca linguagem criada por surdos no interior do Piauí

03/07/2013 16:26

Várzea Queimada, comunidade rural do interior do Piauí, onde surdos e ouvintes comunicam-se por meio de uma linguagem gesto-visual denominada cena. Tema foi estudado pelo doutorando Éverton Luís Pereira. Foto: Éverton Luís Pereira.

O doutorando em Antropologia Social da UFSC Éverton Luís Pereira defende na próxima segunda-feira, 8 de julho, a tese “Fazendo cena na cidade dos mudos: surdez, práticas sociais e uso da língua em uma localidade no Sertão do Piauí”. Orientado pela professora Esther Jean Langdon, sua pesquisa enfoca uma linguagem gesto-visual nomeada localmente como cena, que é utilizada para a comunicação entre surdos e entre surdos e ouvintes de uma comunidade rural do município de Jaicós (PI). A defesa será às 14h na sala 110 do Departamento de Antropologia do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH) da UFSC. Haverá intérprete de Libras.

O trabalho de Éverton dá visibilidade a um tema pouco explorado: a existência de línguas de sinais não oficiais. É o caso da língua denominada cena. Para realizar sua pesquisa, o estudante passou um ano na comunidade de Várzea Queimada, formada por aproximadamente 900 habitantes, dos quais em torno de 40 são surdos. “Foi um contato intenso. Todos ali sabiam que eu tinha ido com o objetivo de aprender a cena. Então, os surdos me visitavam e eu cheguei a morar com famílias de surdos. E vi que todos ali conseguem se comunicar, ou seja, tanto os surdos quanto os ouvintes sabem ‘fazer a cena’”, explica. “É uma comunidade bilíngue”.

Sua tese chama atenção para a necessidade de documentar essa língua, que tem uma estrutura lexical muito diferente da Língua Brasileira de Sinais (Libras), esta reconhecida como uma das línguas oficiais do país. Outro alerta é para a necessidade de políticas públicas que respeitem a diversidade linguística. “Existem no Brasil outras línguas de sinais que não podem ser ignoradas”, explica Éverton. “Quantas já não foram extintas?”, questiona.

A tese mostra também o contexto onde esta língua de sinais surgiu, a comunidade de Várzea Queimada. Éverton relata como a comunidade vem lidando com a chegada da Libras, as dificuldades e barreiras entre as duas línguas bem como as políticas públicas voltadas para pessoas com deficiência neste local que possui um dos mais baixos IDHs (índice de desenvolvimento humano) do Brasil.

Além da orientadora Esther Jean Langdon, participam da banca examinadora os professores Emilia Pietrafesa de Godoi (UNICAMP/SP), Leland McCleary (USP/SP), Oscar Calávia Saez (PPGAS/UFSC), Vânia Zikán Cardoso (PPGAS/UFSC), Evelyn Martina Schuler Zea (PPGAS/UFSC) e os suplentes Márcia Grissoti (PPGSP/UFSC) e Tarcisio Leite (Departamento de Artes e Libras/UFSC). Para realizar sua pós-graduação, Éverton recebeu uma bolsa de doutorado da Capes, entidade que também financiou seu doutorado sanduíche na Universidade do Texas (EUA). A pesquisa teve apoio do INCT Brasil Plural.

Mais informações:
Éverton Luís Pereira – everton.epereira@gmail.com


Laura Tuyama / Jornalista da Agecom / UFSC

laura.tuyama@ufsc.br

Foto: Éverton Luís Pereira

 

 

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