A proliferação de escorpiões em alguns pontos da Grande Florianópolis colocou em alerta as autoridades de saúde e vigilância ambiental, especialmente porque boa parte dos casos envolve a espécie Tityus Serrulatus, considerada a mais perigosa da América do Sul. De acordo com o Centro de Informações Toxicológicas de Santa Catarina (CIT/SC), que funciona no Hospital Universitário da UFSC, somente no HU, de 2007 para cá, foram registrados 26 casos de acidentes com escorpiões, embora apenas três tenham sido causados por esta espécie mais nociva.
No Hospital Universitário, no período citado, 18 atendimentos foram provocados por picadas de escorpiões do gênero Bothriurus, que não considerados perigosos devido à baixa toxidade do veneno. Mesmo assim, a equipe recomenda uma série de cuidados para evitar acidentes, como manter quintais e jardins limpos, eliminar latas e cacos de telhas, tampar ralos, pias e tanques e, especialmente nas propriedades rurais, manter as camas afastadas das paredes e rebocar paredes e muros, em cujos vãos e frestas os animais podem se multiplicar.
“A dor local é comum no caso de escorpionismo humano, podendo ser discreta (apenas no local da picada) ou insuportável, se espalhando pelo membro, durando horas ou dias”, advertem a bióloga Taciana Seemann e a médica Adriana Mello Barotto, coordenadora clínica do CIT/SC. As manifestações variam de intensidade de acordo com a quantidade de veneno, idade e sensibilidade do paciente. Os casos mais graves costumam acontecer com crianças e idosos. Lavar o local da picada com água e sabão e encaminhar a vítima para o serviço médico mais próximo (preferencialmente levando o animal que causou o acidente, para identificação de suas características) são as recomendações das duas profissionais.
Nos acidentes considerados leves, a pessoa apresenta edema (inchaço), hiperemia (vermelhidão e calor local), sudorese (suor) e piloereção local. Nos casos moderados, agregam-se a estes sintomas os vômitos, náuseas, hipertensão e taquicardia. Segundo os especialistas, os acidentes graves provocam vômitos intensos e frequentes, muita sudorese, agitação, aumento ou diminuição da frequência cardíaca, arritmias, contrações musculares, edema e choque. Não é aconselhável usar veneno para combater os escorpiões, porque o desalojamento temporário dos mesmos pode favorecer a dispersão dos focos e o aumento da população do animal.
Causas da proliferação – Existem cerca de 1.500 espécies de escorpiões no mundo, e apenas 25 podem causar envenenamento grave. “A proliferação está relacionada ao impacto ambiental causado pelo crescimento desordenado das cidades, desmatamento, baixo saneamento básico e a proliferação de insetos – base de sua cadeia alimentar – como as baratas”, diz Taciana Seemann. De hábitos noturnos, os escorpiões costumam se esconder durante o dia sob cascas de árvores, pedras, tijolos, troncos podres, madeiras empilhadas, fendas, muros e porões, além de locais onde se acumula o lixo doméstico. São mais ativos durante os meses quentes do ano, mas em épocas de muita chuva podem sair em busca de abrigo em áreas secas e residências.
Nesta semana, segundo a imprensa, foram capturados 21 escorpiões amarelos (Tytius serrulatus) nas localidades de Três Riachos e Mar das Pedras, no interior de Biguaçu, na Grande Florianópolis. O proprietário de um sítio contou que localizou os animais quando fazia limpeza numa área com madeiras empilhadas. A Vigilância Ambiental e a Secretaria de Saúde do município passaram vários dias trabalhando na captura dos escorpiões, que se espalharam por outras casas da região.
Medidas preventivas
– Manter quintal, jardim e arredores da residência sempre limpos, evitando plantas de muita folhagem;
– Não jogar lixo e entulhos próximos a residências. O lixo é um bom ninho para os escorpiões;
– Eliminar latas, cacos de telhas e outros objetos que possam acumular água. Os escorpiões têm necessidade de água;
– Eliminar as baratas, que são um bom alimento para os escorpiões;
– Tampar ralos de chão, pias e tanques;
– Observar com cuidado os panos de chão e as roupas úmidas antes de apanhá-los;
– Observar com cuidado sapatos e roupas, sacudindo-os antes de calçá-los ou vesti-los;
– Não matar sapos e lagartos. Para as galinhas o escorpião é um bom prato;
– Ter cuidado para não ser picado nas mãos, ao mexer em montes de lenha, tijolos, entulhos, folhagens e buracos;
– Manter as camas afastadas da parede;
– Rebocar paredes e muros para que não apresentem vãos e frestas;
– Evitar plantas ornamentais densas, arbustos e trepadeiras junto a paredes e muros das casas;
– Em caso de picada, procurar imediatamente o serviço de saúde mais próximo.
Mais informações:
Centro de Informações Toxicológicas
Hospital Universitário – HU
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Por Paulo Clóvis Schmitz, jornalista da Agecom. Fotos: Acervo do Centro de Informações Toxicológicas.