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Pesquisadora participou de eventos como o Congresso Brasileiro de Nutrição e Envelhecimento (CBNE 2019). (Foto: Arquivo pessoal).
A vitamina D e seus benefícios para a saúde se tornaram um tema comum, especialmente durante a pandemia de Covid-19, quando informações, muitas vezes falsas, circularam pelas redes sociais com promessas milagrosas. No entanto, é preciso recorrer à ciência para entender seu papel real no corpo humano. Além de ser essencial para a saúde óssea, há ainda espaço para estudos sobre sua influência na saúde mental.
Na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), uma pesquisa ajudou a desvendar a relação entre a vitamina D e a depressão em idosos da capital do estado, Florianópolis. A partir de dados do estudo EpiFloripa Idoso, foi possível concluir que idosos com deficiência da substância têm risco 2,27 vezes maior de ter sintomas depressivos, quando comparado a aqueles com nível normal. Nesse grupo com deficiência de vitamina D, o risco aumentou a longo prazo: chegou a ser 2,9 vezes maior de 2 a 5 anos após a medição. Adotou-se uma referência internacional, considerando menos que 20 ng/mL como deficiência e, entre 20 e 30 ng/mL, insuficiência.
O estudo também mostra que mulheres, idosos com obesidade e com maior nível de colesterol LDL, tendem a ter níveis baixos. O mesmo acontece com idosos que dependem mais de outras pessoas em atividades diárias, como comer, tomar banho e se vestir. Mas um fator ajuda a protegê-los: a atividade física.
Esse é o resultado de quatro anos e meio de trabalho em pesquisa de Doutorado de Gilciane Ceolin, que defendeu sua tese em 2022, com orientação da professora Júlia Dubois, do Programa de Pós-Graduação em Nutrição da UFSC. A pesquisa foi viabilizada por meio de bolsa concedida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
A ideia surgiu a partir da parceria do grupo de estudos em Neurociência Nutricional Translacional com o grupo de pesquisa EpiFloripa Idoso. Dubois orientou a pesquisadora desde o mestrado.
“Esse tema estava despontando e, no mundo inteiro, são poucos estudos que abordam especificamente a questão do idoso”, explica a orientadora.
Ceolin (à esquerda) com o grupo de pesquisa NeuroMood Lab, do Centro de Estudos de Neurociências da Queen’s University, no Canadá. Foto: Gilciane Ceolin.
Ceolin conta que, antes da sua tese, encontrou apenas um artigo brasileiro que investigava a relação entre vitamina D e sintomas depressivos em idosos. Dessa forma, ela ajuda a diminuir a lacuna de estudos em países de baixa e média renda, onde o acesso a tratamentos para depressão é mais baixo.
A pesquisa rendeu o Prêmio CAPES de Tese de 2023, na área de nutrição, e concorre ao Grande Prêmio CAPES de Tese, que será entregue em dezembro de 2023.
“É muito gratificante, por vir do interior, com poucos recursos, sempre estudei em escola pública e com bolsa em universidade privada, e por enfrentar muitos desafios ao longo da jornada. Espero que seja uma inspiração para os próximos doutorandos”, comenta Ceolin.
Para a orientadora, um destaque do trabalho é a publicação de sete artigos em revistas científicas relevantes. Durante o doutorado sanduíche na Queen’s University, de Kingston, no Canadá, Ceolin trabalhou com um grupo de pesquisa em Psiquiatria Nutricional e chegou a publicar dois artigos, em um periódico nacional e um internacional.
“Ela usou diversos métodos para cercar essa essa mesma questão. Em uma tese, a gente tá contando uma história e eu acho que a história dela foi contada de diversas formas, contornando o tema central”, afirma Dubois.
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