(clique para ampliar)
O curta-metragem Djero encontra Iketut em Bali, dirigido pelas antropólogas e professoras da UFSC Carmen Rial e Miriam Grossi será lançado nesta quinta-feira, 05 de abril, às 20 horas, na Praça Bento Silvério, na Lagoa da Conceição. A exibição faz parte da programação da Mostra de Documentários do Núcleo de Antropologia Visual e Estudos da Imagem (Navi) que acontece, quinzenalmente, na pracinha da Lagoa. A mostra tem parceria com a Casa das Máquinas. As projeções, sempre que o tempo permite, são realizadas na pracinha. Em caso de chuva, são transferidas para o interior da Casa das Máquinas.
Ainda serão exibidos, na quinta-feira, os filmes Os Seres da Mata e Trance and Dance in Bali.
Djero
O curta-metragem Djero encontra Iketut em Bali, estreante em Florianópolis, mostra o encontro de dois balineses: um jovem, Djero, motorista na Bali turística da costa, e um velho, Iketut, morador do vilarejo Desa Bayun Gede, local estudado pela antropóloga norte-americana Margaret Mead e seu marido, o antropólogo inglês Gregory Bateson, na década de trinta. A pesquisa marcou o inicio da antropologia visual contemporânea. Através do curta, Carmen Rial e Miriam Grossi revisitam as imagens feitas por Mead e Bateson, comparando-as com imagens atuais daquele vilarejo no alto de uma montanha.
Na mata
Já o documentário Os seres da Mata começa com as palavras do jovem cacique Vherá Poty: “Essa câmera vai funcionar como um olho e o ouvido de todos que estão atrás dessa câmera, ela vai ser uma criança que vai estar escutando a fala dos meus avós”. Ele apresenta as imagens dos “bichinhos” e as narrativas mito-poéticas dos velhos em torno dos modos de criar, fazer e viver a cultura guarani, expressos na confecção de colares, no trançado das cestarias e na produção de esculturas em madeira dos seres da mata: onças, pássaros e outros “parentes”.
O documentário, de Rafael Devos, tem duração de vinte e sete minutos e foi produzido no contexto do Projeto Documentário Cultura Material dos Coletivos Indígenas na Bacia Hidrográfica do Lago Guaíba/Porto Alegre. A iniciativa tem como objetivo valorizar e proteger as formas de expressão cultural, tradições, usos, costumes e religiosidade desses coletivos no município, oferecendo suporte aos trabalhos da rede municipal de ensino e aos agentes públicos que atuam junto aos povos indígenas.
Trata-se de um retrato dos modos de vida Kaingangue, permitindo que sejam conhecidas não só suas singularidades, mas também aquilo que compartilham com outros coletivos indígenas, como os Mbya, e o que as distingue da sociedade não-indígena.
Dança & transe
O terceiro filme da noite, Trance and Dance in Bali, dos antropólogos Margaret Mead e Gregory Bateson, é um documentário de 1930 que explora os temas da dança e do transe em rituais na aldeia Pagoetan, em Bali. O filme mostra dançarinos sofrendo convulsões violentas durante um transe, que só acaba no momento em que são trazidos novamente à consciência com incenso e água benta.
Narrado por Margaret Mead e com fundo musical baliniense, Trance and Dance in Bali foi considerado de grande importância cultural pela Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos e selecionado para preservação no National Film Registry.
A mostra de documentários tem o objetivo, além promover o debate acerca de culturas, discutir sobre os modos e políticas do “dar a” ver a partir dos aparatos e dispositivos audiovisuais além do campus universitário.
O Navi
O Núcleo de Antropologia Visual e Estudos da Imagem (Navi) foi criado em 1998 a partir de uma Oficina de Antropologia Visual que articulava pesquisas nessa área desde 1994, reunindo docentes, discentes e pesquisadores de vários cursos da UFSC. Desde então, o Navi constitui-se em um espaço de reflexão, corporificação e difusão de experiências, propostas e críticas nos estudos da antropologia audiovisual e da imagem e em antropologia das sociedades complexas moderno-contemporâneas, articulando as atividades de ensino, pesquisa e extensão nessas áreas.
O Núcleo mantém convênios com a rede de Núcleos de Antropologia Visual no Brasil e no exterior. Desde a sua criação, o Navi afirmou-se como um ponto singular, dentro da UFSC, de reflexão e disseminação de práticas culturais e artísticas ligadas ao campo do cinema, fotografia e demais formas audiovisuais. Com um trabalho contínuo de pesquisa, produção e divulgação dessas práticas, o Núcleo reúne pesquisadores de diferentes estágios – da graduação ao pós-doutorado – promovendo uma crescente permuta de saberes.
Mais informações: Rafael Devos: rafaeldevos@yahoo.com / Carmen Rial: carmenrial2@gmail.com.