Mulheres na Ciência: vídeos apresentam trabalhos de pesquisadoras premiadas

27/04/2023 14:54

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) publicou, em seu canal no Youtube, os vídeos da série Traduzindo Ciência Especial Mulheres na Ciência com seis das vencedoras do Prêmio Mulheres na Ciência 2021Produzidos pela Agência de Comunicação (Agecom) e pela TV UFSC, os vídeos apresentam os estudos de professoras de diferentes áreas do conhecimento.

Christiane Fernandes Horn foi a primeira entrevistada. Ela foi responsável pela implantação de projetos de pesquisa inovadores no Departamento de Química. Seus estudos, realizados em parceria com diferentes departamentos da Universidade e de outras instituições, envolvem a síntese de moléculas em laboratório e a análise de suas atividades biológicas, que incluem propriedades antioxidantes e a capacidade de combater bactérias, protozoários e até o desenvolvimento de tumores. Os trabalhos já lhe renderam o depósito de nove pedidos de patente e podem, futuramente, colaborar para o desenvolvimento de novos medicamentos e possibilidades de tratamento para uma série de doenças.
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Cerimônia homenageia vencedores dos prêmios Mulheres na Ciência e Pesquisa de Destaque

19/05/2022 07:04

A Pró-Reitoria de Pesquisa (Propesq) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) promove, nesta quinta-feira, 19 de maio, a cerimônia de entrega das edições de 2021 dos prêmios Mulheres na Ciência e Pesquisa de Destaque, com abertura da Orquestra de Câmara da UFSC, sob a regência de Miriam Moritz. O evento ocorre no Auditório do EFI a partir das 17h e será transmitido ao vivo pelo canal da TV UFSC. A participação presencial é condicionada à apresentação de comprovante de vacinação contra covid-19.

Segue a lista das pesquisadoras e das pesquisas premiadas:

Mulheres na Ciência 2021

Categoria Junior

Categoria Plena

Categoria Sênior

Pesquisa de Destaque 2021

Categoria Pesquisa Básica

Categoria Pesquisa Aplicada

Menção Honrosa

  • “Processos e Produtos Cerâmicos Sustentáveis” – Dachamir Hotza (Departamento de Engenharia Química e Engenharia de Alimentos)
  • “Aquicultura integrada com uso da tecnologia de bioflocos: incrementando a produtividade com sustentabilidade” – Felipe do Nascimento Vieira (Departamento de Aquicultura)
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Mulheres e Meninas na Ciência: prêmio inédito reconhece nove pesquisadoras da UFSC em 2021

10/02/2022 21:53

A primeira edição do Prêmio Mulheres na Ciência, promovido pela Propesq, recebeu, em 2021, 72 inscrições. Foram selecionadas nove mulheres, nas categorias júnior, plena e sênior, e em três grandes áreas do conhecimento: Humanidades, Vida, Exatas e da Terra. O resultado final foi divulgado em agosto, com a seguinte lista de premiadas:
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Prêmio Mulheres na Ciência: Regina Peralta Muniz Moreira

26/11/2021 08:00

Em 08 de setembro de 2021, a professora Regina de Fátima Peralta Muniz Moreira participava como avaliadora de uma banca de defesa de doutorado em Engenharia Química da Universidade de São Paulo (USP). Enquanto conversava, ainda informalmente, com outro docente que também fora escalado como avaliador do trabalho, ele lhe disse: “Regina, você não vai se lembrar, mas você me deu aula particular.” Luiz Mário de Matos Jorge, atualmente professor do Departamento de Engenharia Química da Universidade Estadual de Maringá (UEM), havia sido um de seus alunos nas aulas particulares que ela começou a oferecer quando ainda era adolescente. 
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Prêmio Mulheres na Ciência: Cristina Scheibe Wolff

24/11/2021 08:00

Em 2022, a historiadora Cristina Scheibe Wolff completa 30 anos como professora do Departamento de História do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina (CFH/UFSC). Com uma trajetória acadêmica marcada por significativas contribuições ao debate sobre questões de gênero no campo da História, Cristina é uma das homenageadas pelo Prêmio Mulheres na Ciência 2021, promovido pela Pró-Reitoria de Pesquisa (Propesq/UFSC). Ela foi a vencedora na área de Ciências Humanas da categoria Sênior, voltada a pesquisadoras que ingressaram na UFSC até o ano 2000.
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Prêmio Mulheres na Ciência: Ana Lúcia Severo Rodrigues

22/11/2021 09:00

Ao longo das últimas duas semanas, a Agência de Comunicação da Universidade Federal de Santa Catarina (Agecom/UFSC) tem publicado reportagens sobre as vencedoras do Prêmio Mulheres na Ciência 2021, promovido pela Pró-Reitoria de Pesquisa (Propesq). Na sétima matéria da série, conheça a trajetória e o trabalho de Ana Lúcia Severo Rodrigues, contemplada na Categoria Sênior – voltada a docentes que ingressaram no quadro permanente da UFSC antes de 31 de dezembro de 2000 –, na área de Ciências da Vida.

Ana Lúcia é professora do Departamento de Bioquímica e dos programas de pós-graduação em Bioquímica e Neurociências e bolsista de produtividade em pesquisa nível 1B do CNPq. Coordenadora do grupo de pesquisa Neurobiologia da depressão, tem se dedicado a compreender os mecanismos bioquímicos e fisiológicos envolvidos nessa enfermidade e na regulação do humor, com estudos que podem colaborar com o desenvolvimento de novas possibilidades de tratamento e prevenção da doença.

Apesar de sua longa carreira dedicada à pesquisa e ao ensino (são quase 30 anos somente como professora na UFSC) e de sua extensa produção (mais de 200 artigos publicados, de 8 mil citações e de 50 alunos de mestrado e doutorado orientados), a docente recebeu com surpresa o anúncio da premiação: “Quando fiquei sabendo, acabou sendo, de certa forma, uma notícia muito impactante. Não estava exatamente esperando que fosse acontecer, porque a gente sabe que tem excelentes profissionais. Eu fiquei muito feliz, com certeza. É um reconhecimento da trajetória acadêmica e principalmente da dedicação que a gente tem à ciência e às atividades de pesquisa e de ensino”.
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Prêmio Mulheres na Ciência: Maria José Hötzel

19/11/2021 10:38

Professora Maria José Hötzel atualmente é uma das coordenadoras do Leta. Foto: Acervo pessoal

As memórias das experiências vividas no meio do campo, dos verões que passou junto com a família em uma fazenda de seus tios, na Argentina, despertaram em Maria José Hötzel o interesse pelos animais ainda na infância. Do início da graduação em Medicina Veterinária ao posto de pesquisadora mundialmente reconhecida na área do bem-estar animal, Maria edificou uma carreira exemplar e agora acrescenta ao currículo o Prêmio Mulheres na Ciência 2021, concedido pela Pró-Reitoria de Pesquisa (Propesq) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

A homenagem tem como objetivo estimular, valorizar e dar visibilidade às mulheres da UFSC que fazem pesquisas científicas, tecnológicas e inovadoras, inspirando a comunidade científica interna e externa nas diferentes áreas do conhecimento e contribuindo para diminuir a assimetria de gênero na ciência. Docente do Departamento de Zootecnia e Desenvolvimento Rural, vinculado ao Centro de Ciências Agrárias (CCA), Maria sagrou-se vencedora na área de conhecimento Ciências da Vida, na Categoria Plena, voltada a pesquisadoras que ingressaram no quadro permanente da Universidade entre 31 de dezembro de 2000 e 31 de dezembro de 2013.

Nascida em Buenos Aires, Maria José Hötzel viveu parte da infância no Rio de Janeiro (RJ) e na capital argentina até se estabelecer com a família em Porto Alegre (RS), aos 12 anos. Cursou Medicina Veterinária na graduação e concluiu o mestrado em Ciências Veterinárias pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Obteve o título de PhD pela University of Western Australia, experiência que compartilhou com o marido, o professor Ricardo Ruther, do Departamento de Engenharia Civil da UFSC. “As pessoas que nos conheciam acharam meio exótico a gente ir para a Austrália, um país que poucos conheciam na época. Eu tive muita sorte com o orientador, o tema da tese, o grupo de pesquisa, a universidade e a cidade. Tive uma excelente formação e foram quatro anos muito bons do ponto de vista pessoal”, recorda a professora.

A trajetória acadêmica 

Ao retornar para o Brasil, a pesquisadora conquistou uma bolsa recém-doutor do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em 1997, e logo se interessou pelo comportamento animal, passando a acompanhar e participar das pesquisas do Laboratório de Etologia Aplicada e Bem-Estar Animal (Leta), onde atualmente é co-coordenadora. Desde então, Maria Hötzel seguiu na UFSC, primeiro como pós-doc, depois como professora substituta, pesquisadora visitante do CNPq e professora visitante. Em 2006, conquistou o primeiro lugar em um concurso público realizado para vaga de docência no Departamento.

Atualmente Professora Associada IV da UFSC, Maria José desenvolve atividades de ensino, pesquisa e extensão e tem seu trabalho direcionado ao desenvolvimento de agroecossistemas sustentáveis, por meio da compreensão e melhoria do bem-estar dos animais, considerando as várias implicações éticas, ambientais, sociais e econômicas das práticas e dos sistemas de criação e da produção animal. Tem experiência com pesquisas em laboratório controlado e estudos na fazenda em diferentes espécies, bem como as atitudes dos cidadãos e das partes interessadas em relação às práticas e sistemas de produção pecuária.
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Prêmio Mulheres na Ciência: Lucila Maria de Souza Campos

17/11/2021 09:00

O gosto pelas ciências exatas e um DNA para a educação levaram Lucila Maria de Souza Campos, professora do Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas, a interromper uma carreira no mercado para se dedicar a algo que já fazia seus olhos brilharem: a pesquisa em gestão ambiental e o ensino. Na pesquisa, consolidou parcerias internacionais e produziu artigos que são referência no mundo. Já no papel de formar, seguiu os passos do pai e da mãe – esta também um dos exemplos femininos marcantes na sua jornada. Ela foi vencedora da categoria plena, na área de Ciências Exatas e da Terra, do Prêmio Mulheres na Ciência 2021.

Pensar no que pode fazer diante das adversidades é um dos focos da carreira de uma mulher que, quando menina, já era muito estudiosa. Seu olhar para o espaço feminino na ciência está bastante associado a essa percepção – a de atingir resultados com empenho e a partir dos desafios estabelecidos. “Percebi que este é o foco das mulheres premiadas: o de buscar o que se pode fazer mesmo com as dificuldades”, comenta. “Nossa maior dificuldade é porque fazemos muitas coisas que a sociedade atribui a nós. Mas eu valorizo muito o tempo. E o tempo de qualidade é também mais produtivo”.

Na trajetória dela, esse é um caminho que se cruza também com uma determinação para uma ciência ainda em construção. “Ainda estou buscando o grande resultado de pesquisa, pois entendo isso como uma construção, não como algo que já está fechado”. Nessa busca gradativa e processual, o exemplo dos colegas e das colegas e a parceria com orientandos tem se mostrado um componente essencial da sua carreira. “Sempre me espelho neles”, sintetiza. A parceria com o companheiro, o também professor Maurício Nath Lopes, também é citada como um componente essencial da vida e da carreira.
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Prêmio Mulheres na Ciência: Daniela Karine Ramos

16/11/2021 09:00

Desde a semana passada, a Agência de Comunicação da Universidade Federal de Santa Catarina (Agecom/UFSC) tem publicado reportagens sobre as vencedoras do Prêmio Mulheres na Ciência 2021, promovido pela Pró-Reitoria de Pesquisa (Propesq). A quarta matéria da série aborda a trajetória e o trabalho da professora do Centro de Ciências da Educação (CED) Daniela Karine Ramos, vencedora na área de Ciências Humanas, Categoria Plena, voltada a docentes que ingressaram na UFSC entre 31 de dezembro de 2000 e 31 de dezembro de 2013.

Daniela é professora do Departamento de Metodologia de Ensino e do Programa de Pós-Graduação em Educação e uma das coordenadoras do grupo de pesquisa Edumídia – Educação, Comunicação e Mídias, além de atuar como como professora colaboradora do Mestrado em Recursos Digitais em Educação do Instituto Politécnico de Santarém (Portugal). Há mais de dez anos, dedica-se a projetos de pesquisa e extensão relacionados ao uso de jogos eletrônicos na Educação, com estudos voltados especialmente à aprendizagem e ao desenvolvimento de funções cognitivas. Sua produção acadêmica e científica soma 85 artigos em revistas científicas, 13 livros publicados e organizados, 37 capítulos de livro e 49 trabalhos completos em anais de evento. 

Ela também é divorciada e mãe de três crianças – Julia, Mateus e Eduarda, de 11, 9 e 6 anos, respectivamente. E foi justamente da percepção dos múltiplos papéis que assume, assim como muitas outras mulheres, que veio um dos estímulos para se inscrever na premiação. Para Daniela, essa era uma forma de valorizar a iniciativa e reconhecer a importância da mulher na ciência e os diferentes desafios enfrentados pelas pesquisadoras. “Tenho três crianças pequenas, fiquei na pandemia com eles sozinha, e [com ensino] remoto, computador e trabalho… Então muitas vezes é uma condição bem diferente da de homens que atuam na universidade. A gente tem esse desafio, muitas vezes, de uma responsabilidade maior como mãe. Normalmente, numa situação de divorcio é a mãe que acaba ficando mais responsável pelas crianças”, enfatiza. 

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Prêmio Mulheres na Ciência: Marília de Nardin Budó

12/11/2021 09:00

Ouvir a pesquisadora Marília de Nardin Budó falar é, quase que instantaneamente, sentir-se tocada por seus objetos de estudo, tão marginais, quanto essenciais para as ciências humanas. Transitando entre detentos, vítimas das grandes corporações ou simplesmente vítimas de um sistema judiciário que escolhe quem punir, Marília construiu uma trajetória intelectual que é fruto de um olhar sensível e acurado para os desvios do mundo e para grandes problemas estruturais da sociedade. Ela foi uma das vencedoras do Prêmio Mulheres na Ciência 2021, promovido pela Pró-Reitoria de Pesquisa (Propesq), na categoria júnior, na área de Ciências Humanas.

Há apenas dois anos no quadro de professoras da UFSC, a atuação dela chamou a atenção de estudantes e de colegas que acompanharam seu pioneirismo em áreas consideradas marginalizadas nos estudos de Direito. A indicação ocorreu a partir de uma colega e de estudantes e foi referendada em carta de recomendação, entre elas a de sua orientadora no mestrado, a professora aposentada da UFSC Vera Regina Pereira de Andrade, uma das suas referências para entrar no campo da criminologia.

“Me sinto, sim, uma jovem cientista”, brinca Marília, como alusão à categoria na qual foi considerada destaque. “Mas tem um percurso aí. E o prêmio vem como uma transição para um momento que estou vivendo, agora com o credenciamento no programa de pós-graduação da UFSC”, comenta.

Mas o olhar para as questões de gênero não foi forjado por títulos e conquistas. A pesquisadora, que se destaca pela produtividade e também pelos estudos com colegas argentinas, norte-americanos, espanhóis e italianos, é crítica ao modo como as relações de gênero se constroem nas universidades. “Não há como comparar homem e mulher nesse espaço. Como estudante você sente a diferença de tratamento, o olhar como objeto. Na docência, é perceptível a diferença de carga horária em sala de aula e nos cargos administrativos em que é preciso ‘carregar o piano'”, afirma.

As vivências pessoais como mulher, jovem, num lugar que reproduz desigualdades por estar inserido num sistema, somam-se às reflexões de uma pesquisadora que tem na crítica aos sistemas de poder um dos nortes da sua atuação. Por isso, a perspectiva que assumiu faz com que ela reconheça que outras mulheres prepararam um território para ela atuar. “Outras vieram antes de mim. É preciso fazer com que o cenário mude para minhas alunas e orientandas, como no passado também já fizeram”.

Entre o Direito e o Jornalismo

Os insights para as principais pesquisas de Marília não negam sua dupla formação. Um livro da professora Vera Andrade, que viria a ser sua orientadora de mestrado, na UFSC, e um texto da jornalista Eliane Brum, uma das mais premiadas do Brasil, revelam como a articulação entre mídia e direito a transformaram numa pesquisadora que transita entre os dois campos, lançando um olhar crítico para ambos.

Do livro de Vera, Ilusão de Segurança Jurídica, veio o fim da própria ilusão que ela carregava sobre o processo penal, a crença nas normas e nas promessas do Estado de Direito. “A criminologia foi desestruturante pois, a partir dela, comecei a perceber que há uma seletividade, que carrega estruturas de raça, gênero, classe e que opera nesse sistema”, resume.

Já o texto de Eliane Brum a inspirou a desbravar um outro campo pouco conhecido nos estudos do Direito: o da criminologia verde, no qual investiga como o sistema penal também produz distorções na esfera ambiental. Nessa investigação, aliás, a pesquisadora também se sente com o ímpeto de uma jornalista: para problematizar aspectos legais sobre como a indústria de amianto afeta a saúde dos cidadãos do seu entorno, compartilha técnica das duas áreas, mais uma prova de que a dupla formação – em Direito e em Jornalismo – lhe garantiu um olhar singular para a realidade.

“Fiz as duas faculdades (Direito e Jornalismo) ao mesmo tempo. Então, todo esse processo de me inserir num campo também foi concomitante. No início, eu priorizei o Direito por conta dos pré-requisitos das disciplinas. Mas foi no jornalismo que comecei a fazer pesquisa, trabalhando com a análise de jornais”, lembra. Ali começava a trajetória no estudo das relações entre mídia e crime. “Me causava incômodo a forma como os jornais retratavam questões como presunção de inocência, como a mídia influenciava as decisões judiciais e outras grandes questões. Foi aí que começou minha trajetória na pesquisa”, lembra.

Olhar crítico para um sistema que não pune os poderosos

A partir daí, as pesquisas de Marília passaram a ser fruto de um tripé: as escolhas dos lugares onde fez sua formação (o mestrado foi na UFSC e o doutorado na Universidade Federal do Paraná, com período na Università di Bologna), sua jornada como professora (na Universidade Federal de Santa Maria, Faculdade Meridional, Unicuritiba, Ulbra e Unifra, entre outras) e as parcerias que se construíram ao longo do tempo.

Uma dessas parcerias, com o professor Gregg Barak, da Eastern Michigan University, lançou-a em um campo até então desconhecido, mas que hoje é uma das suas áreas de pesquisa: os crimes dos poderosos. Dessa parceria, surgiu um convite para lecionar nos Estados Unidos, como convidada, e uma nova possibilidade teórica: unir o que vinha estudando sobre as grandes corporações ao direito ambiental, que sempre a fascinou.

“Eu havia começado a lecionar uma cadeira em um mestrado que tinha como área de concentração ‘Direito, Democracia e Sustentabilidade’ e me deparei com um mundo novo, que me apaixonou”, lembra. Tocada pela história da indústria do amianto e descobrindo novas informações sobre a legislação e o uso da fibra, ela articulou os estudos e fez com que dialogassem.

A pesquisadora explica que seu olhar para as questões que envolviam direito e sustentabilidade também vinha de uma matriz crítica, a partir da percepção sobre um sistema penal que atua de forma seletiva também na esfera ambiental. Nesse sentido, os mecanismos de punição não atuariam entre os grandes poluidores, mas entre agentes mais frágeis, como pescadores artesanais, por exemplo. “As ferramentas do Direito não me pareciam coerentes, pois há uma insustentabilidade do sistema penal nas causas que envolvem a sustentabilidade”.

A construção da identidade como pesquisadora, muito tributária também das parcerias que construiu no exterior, deu lugar a uma investigadora com adesão ao trabalho empírico. Segundo Marília, essa tradição é menos comum no Brasil, mas é onde ela decidiu se firmar – também por conta da experiência com pesquisa em comunicação, quando ainda era estudante de iniciação científica.

Assim, sua proposta de pesquisa no pós-doutorado envolvia o estudo de discursos nas revistas médicas para compreender as relações das grandes corporações e do Estado no caso do amianto – fibra cancerígena utilizada na indústria. Uma das suas descobertas desse período é de que cientistas que trabalhavam para a indústria publicavam papers assegurando que o amianto não causava riscos à saúde humana sem declarar conflito de interesses. Isso gerava, no debate público, uma sensação de que havia uma controvérsia com relação aos efeitos cancerígenos do produto, por isso Marília decidiu estudar os discursos científicos.

Mas o contato com vítimas reais e com seus depoimentos fez com que o objeto mudasse – desistiu de estudar o discurso científico para estudar as pessoas durante um período de pós-doutorado em Barcelona. Como nunca havia atuado com entrevistas, foi um desafio e uma corrida contra o tempo, baseada no ingresso em um novo campo da carreira, que envolvia, também, contato com os comitês de ética em pesquisa.

Com a parceria de Lorenzo Natali, desenvolveu uma metodologia inovadora, denominada solilóquios itinerantes, que consiste em fazer com que o entrevistado vítima do amianto, escolha um caminho pela cidade onde foi contaminado e desenvolva suas falas a partir dos lugares por onde passa. O material é gravado e registrado em vídeo. “O mais interessante é que os resultados da entrevista tradicional são completamente diferentes dos obtidos com os solilóquios. A entrevista tradicional apresenta um resultado mais formal”, comenta.

Entre a criminologia crítica, a criminologia verde e a criminologia corporativa, Marília tem sido pioneira, no campo do Direito, em áreas que são tradicionais nas ciências sociais, fora do país, mas ainda marginais no Brasil. Os méritos são colhidos com frequência: além do prêmio recebido com apenas dois anos de atuação na UFSC, foi recentemente uma das selecionadas, em toda a América Latina, para uma bolsa de estudos no Instituto de Criminologia da Universidade de Leuven, principal reduto da pesquisa em justiça restaurativa.

A determinação para lecionar, pesquisar e construir parcerias mundo afora preparam, para Marília, um espaço de ação que a coloca também como liderança em áreas tradicionalmente menos prestigiadas da vida acadêmica, como a extensão e a divulgação científica. Os projetos Infovírus: prisões e pandemia e Memória, luto e luta em tempos de pandemia: estratégias culturais para afirmação da vida diante da gestão da morte nas prisões, realizados em decorrência da pandemia, lançam um olhar para as prisões brasileiras, os detentos e as memórias daqueles que morreram. Uma forma de investigar, pesquisar, mas sobretudo de agir no mundo.

Prêmio Mulheres na Ciência

O Prêmio Mulheres na Ciência foi criado pela Propesq com o propósito de estimular, valorizar e dar visibilidade às pesquisadoras da UFSC. Também visa inspirar a comunidade científica interna e externa nas diferentes áreas do conhecimento e contribuir para diminuir a assimetria de gênero na ciência. Confira a lista com todas as premiadas.

Amanda Miranda/Jornalista da Agecom/UFSC

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Prêmio Mulheres na Ciência: Ione Ceola Schneider

10/11/2021 09:00

Com um exemplar currículo no ensino superior, construído em instituições públicas, a professora Ione Jayce Ceola Schneider destaca-se hoje na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e é uma das vencedoras do Prêmio Mulheres na Ciência 2021, concedido pela Pró-Reitoria de Pesquisa (Propesq). Filha de um pedreiro e de uma professora da educação infantil, seu Ivo Schneider e dona Leopoldina Ceola, a caçula de três irmãos recorda com orgulho da luta dos pais para garantir boas condições de estudo e um melhor futuro.

Professora Ione Schneider é natural de Presidente Getúlio, no Vale do Itajaí. Foto: Acervo pessoal

Ione deixou a cidade de Presidente Getúlio, localizada na região do Vale do Itajaí, em 1995, para cursar o ensino médio em Florianópolis. Três anos depois passou no vestibular do curso de Fisioterapia para Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). “Tudo isso [a possibilidade de sair da cidade natal para estudar] foi um sacrifício da minha família, pois não havia possibilidade de arcarmos com os custos de uma universidade privada”, relembra.

Depois da graduação, a fisioterapeuta começou a trabalhar em uma clínica oncológica. Nesse período, realizou um curso de coordenação da Sociedade Brasileira de Profissionais de Pesquisa Clínica e recebeu o prêmio de Profissional do Ano, em 2006. Paralelamente, tornou-se voluntária da Associação Brasileira de Portadores de Câncer, entre os anos 2003 e 2009, e participou de alguns cursos da American Cancer Society, que lhe ampliaram o conhecimento sobre gerência e gestão de projetos e controle do câncer.

A trajetória acadêmica

A carreira acadêmica iniciou-se com a graduação em Fisioterapia pela Udesc. Foto: Acervo pessoal

Em 2006, Ione Schneider decidiu dar continuidade à pesquisa e ingressou no mestrado em Saúde Pública da UFSC, com o objetivo de analisar a sobrevida de mulheres com diagnóstico de câncer de mama. “Nesse programa conheci a professora Eleonora d’Orsi, que me acolheu de forma acadêmica e maternal e me auxiliou no meu direcionamento. A Eleonora trabalhava com a linha de pesquisa de Epidemiologia do Câncer, área que eu me identificava totalmente e estava vinculada às minhas experiências anteriores”.

A pesquisadora conta que no período da pós-graduação iniciou a busca por novos cursos, aprendeu estatística e gerenciamento de banco de dados para, assim, “entender e saber fazer o que os artigos científicos mostravam”. Ela defendeu sua dissertação e enviou o resumo para dois importantes eventos: o Congresso Mundial de Epidemiologia, promovido em 2008 no Brasil, e o San Antonio Breast Cancer Symposium, no Texas, Estados Unidos. Os resultados de sua dissertação repercutiram na imprensa, uma vez que o trabalho relacionou o maior risco de óbitos em decorrência do câncer de mama a mulheres de baixa escolaridade, resultados que previamente não eram muito explorados, conforme explica Ione.

Pesquisadora auxiliou na organização e condução do estudo EpiFloripa. Foto: Acervo pessoal

Durante o doutorado, a pesquisadora auxiliou na organização e condução do estudo EpiFloripa – Condições de Saúde de Adultos e Idosos de Florianópolis. Em sua tese, defendida em 2013, na UFSC, a professora explorou o conhecimento e prática em relação à mamografia em mulheres adultas e idosas de Florianópolis. A partir do trabalho, publicou dois artigos científicos: um na Revista Brasileira de Epidemiologia e outro na Revista Cadernos de Saúde Pública. Dois anos após sua defesa, iniciou um estágio pós-doutoral no Departamento de Epidemiologia e Saúde Pública da University College London (UCL), no Reino Unido, com uma bolsa CNPq – Ciências sem Fronteiras. Na experiência, foi supervisionada pelo pesquisador brasileiro Cesar de Oliveira e teve contato com os dados do estudo sobre envelhecimento daquele país, o ELSA (English Longitudinal Study of Ageing).

Em uma declaração de apoio à candidatura da professora Ione, Cesar de Oliveira, principal research fellow no ELSA, ressaltou que a colega aprofundou seus conhecimentos científicos nas áreas dos determinantes sociais da saúde e do envelhecimento populacional. “Seu brilhante domínio na área estatística foi um dos destaques de seu período na UCL. A colaboração científica existente entre a UFSC e a UCL, liderada pela professora Ione, tem resultado em publicações importantes em revistas científicas internacionais de alto impacto. Além do aspecto científico de alto nível, a professora possui uma ética e profissionalismo que impressionaram os professores e equipes de pesquisa do Departamento de Epidemiologia e Saúde Pública da University College London”, escreveu.

A carreira docente

Ione é docente docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação (Araranguá) e em Saúde Coletiva e em Neurociências (Florianópolis). Foto: Acervo pessoal

O ingresso como docente da UFSC ocorreu em outubro de 2015. Atualmente a professora integra o Departamento de Ciências da Saúde, do Centro de Ciências, Tecnologias e Saúde do Campus Araranguá. É docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação, em Araranguá, e dos Programas de Pós-Graduação em Saúde Coletiva e em Neurociências, em Florianópolis, todos da UFSC. “Ao assumir como professora, cria-se o desafio de entender todos os processos que a instituição tem e que, como estudante, eram desconhecidos. Conciliar ensino, pesquisa, extensão e administração são tarefas, às vezes, desgastantes”, diz.

Ione revela que sempre procurou também participar ativamente das atividades administrativas. “Ainda durante o estágio probatório fui chefe de departamento, e atualmente sou coordenadora de ensino do Departamento de Ciências da Saúde. Nos programas de pós-graduação, oriento mestrado e doutorado. Já tive 6 orientações de mestrado concluídas e todas de estudantes mulheres”. Faz parte também do quadro de colaboradores do Global Burden of Disease (GBD), coordenado pelo Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME), da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, e do grupo de pesquisadores da Rede GBD Brasil. Desde 2014, Ione colaborou em mais de 30 artigos publicados pelo grupo, sendo que um desses trabalhos possui mais de 6 mil citações.

No ano passado, Ione Schneider foi citada na pesquisa conduzida por uma equipe da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, que utilizou as citações da base de dados Scopus até 2019. O estudo publicado no Journal Plos Biology, em 16 de outubro de 2020, identificou os cientistas mais influentes do mundo, e o nome da pesquisadora da UFSC figura entre os 2% melhores cientistas de sua área de subcampo principal, entre aqueles que publicaram pelo menos cinco artigos. Dos professores da Universidade listados na pesquisa, Ione é a única servidora de fora do Campus Florianópolis. A citação fez com que recebesse uma Moção de Aplausos da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina (Alesc) e uma Moção de Aplausos e Reconhecimento da Câmara de Vereadores de Presidente Getúlio, sua cidade natal.

A mais recente conquista da professora Ione foi o Prêmio Mulheres da Ciência, na área de conhecimento Ciências da Vida, na Categoria Júnior, voltada a pesquisadoras que ingressaram no quadro permanente da Universidade a partir de 2014. “Essa conquista me remete a relembrar todas as etapas da minha vida, todas as pessoas que passaram pelo meu caminho, que me auxiliaram, que estiveram ao meu lado. Não foram só momentos exitosos nesses anos. Assim, sou grata a todos que contribuíram para que eu tivesse a oportunidade de chegar até aqui. Também sei das responsabilidades que essa conquista traz: ser exemplo, especialmente às minhas orientandas. É um caminho árduo para muitas que têm filhos, trabalham, ficam longe das famílias, mas incentivo a seguirem e estarei aqui para ajudá-las a superar esses desafios”, diz a docente.

A pesquisadora destacou a importância da UFSC em toda sua formação após a graduação. “Aprendi muito aqui e ainda aprendo. Agradeço aos professores que me ajudaram na formação e aos meus colegas de Departamento, os quais fizeram a indicação do meu nome para o prêmio. Esses reconhecimentos são importantes para que os profissionais sejam lembrados. Atuamos em diversas atividades dentro da Universidade e, muitas vezes, somos pouco reconhecidos pela sociedade. Somos professores, ministramos aulas, compartilhamos, mas desenvolvemos pesquisas, vamos sempre em busca de novos conhecimentos”, finalizou.

Maykon Oliveira/Jornalista da Agecom/UFSC

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Prêmio Mulheres na Ciência: Christiane Fernandes Horn

08/11/2021 09:00

A trajetória e as pesquisas científicas de Christiane Fernandes Horn são o foco da primeira reportagem da série sobre as vencedoras do Prêmio Mulheres na Ciência 2021, promovido pela Pró-Reitoria de Pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina (Propesq/UFSC). A professora do Departamento de Química e coordenadora do Laboratório Interdisciplinar de Química Inorgânica Medicinal e Catálise foi a contemplada na área de Ciências Exatas e da Terra, Categoria Júnior – voltada às pesquisadoras que ingressaram no quadro permanente da UFSC após 31 de dezembro de 2013.

O prêmio reconhece a qualidade e a originalidade da produção científica de Christiane. Com pouco mais de dois anos e meio atuando como docente na UFSC, ela foi responsável pela implantação de projetos de pesquisa inovadores no Departamento de Química. Seus estudos, realizados em parceria com diferentes departamentos da Universidade e de outras instituições, envolvem a síntese de moléculas em laboratório e a análise de suas atividades biológicas, que incluem propriedades antioxidantes e a capacidade de combater bactérias, protozoários e até o desenvolvimento de tumores. Os trabalhos já lhe renderam o depósito de nove pedidos de patente e podem, futuramente, colaborar para o desenvolvimento de novos medicamentos e possibilidades de tratamento para uma série de doenças. 

É importante ressaltar que os avanços científicos são sempre fruto de muito esforço e investimento. A trajetória e a produção de Christiane não são exceção. “Eu trabalho nessa linha já tem bastante tempo. Comecei nessa linha em 2003, praticamente, e foi a área da minha formação, da minha iniciação [científica], do meu mestrado, e isso se solidificou no doutorado”, afirma a docente. 
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No aniversário de Marie Curie, UFSC apresenta série com perfis de vencedoras do Prêmio Mulheres na Ciência 2021

07/11/2021 10:00

Há 154 anos, nascia, em Varsóvia, uma cientista revolucionária. Maria Salomea Skłodowska, a Marie Curie. Foi premiada, celebrada e biografada como a primeira mulher a receber o Prêmio Nobel de Física, em 1903, que dividiu com o companheiro Pierre Curie. Mais tarde, ela também ganhou o prêmio na área de Química, mesclando uma trajetória na pesquisa que contribuiu, entre outras coisas, com a descoberta da radioterapia. Sua história de imigrante e de mulher fez com que fosse vítima de preconceito – o que a transformou, também, em um símbolo de empoderamento e de resistência.

Neste domingo, 7 de novembro, data de aniversário de Marie Curie, a Agência de Comunicação da UFSC lança uma homenagem para as nove mulheres vencedoras do Prêmio Mulheres na Ciência 2021, iniciativa da Pró-Reitoria de Pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina (Propesq/UFSC) e da Comissão de Equidade da UFSC. Ao longo das próximas semanas semanas, a trajetória das cientistas será veiculada e celebrada nas páginas e redes sociais da instituição.

Para a Propesq, a outorga do prêmio simboliza um reconhecimento às mulheres cientistas, que precisam, diariamente, superar a invisibilidade. O prêmio foi criado com o objetivo de homenagear mulheres cientistas e incentivar a participação feminina de forma igualitária na pesquisa acadêmica e contou com 72 inscrições. As pesquisadoras participaram, recentemente, de uma solenidade em que falaram sobre suas trajetórias.

O prêmio foi dividido em três categorias: júnior, para mulheres que ingressaram na UFSC após 2013; plena, para aquelas que chegaram à universidade entre 2000 e 2013; e sênior, para as professoras que chegaram antes de 2000. Também foram contempladas três áreas de conhecimento – Ciências Exatas e da Terra, Ciências Humanas e Ciências da Vida.

Os perfis, redigidos por jornalistas da Agecom a partir de entrevistas e da análise dos documentos fornecidos para os avaliadores do prêmio, começam a ser publicados pela categoria Júnior, por ordem alfabética, seguindo o calendário.

> Confira abaixo todos os perfis:

Júnior

8/11 – Ciências Exatas e da Terra: Christiane Fernandes Horn (Departamento de Química, Centro de Ciências Físicas e Matemáticas)

10/11 – Ciência da Vida: Ione Jayce Ceola Schneider (Departamento de Ciências da Saúde, Campus Araranguá)

12/11 – Ciências Humanas: Marília de Nardin Budó (Departamento de Direito, Centro de Ciências Jurídicas)

Plena

16/11 – Ciências Humanas: Daniela Karine Ramos (Departamento de Metodologia de Ensino, Centro de Ciências da Educação)

17/11 – Ciências Exatas e da Terra: Lucila Maria de Souza Campos (Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas, Centro Tecnológico)

19/11 – Ciências da Vida: Maria Jose Hotzel (Departamento de Zootecnia e Desenvolvimento Rural, Centro de Ciências Agrárias)

Sênior

22/11 – Ciências da Vida: Ana Lucia Severo Rodrigues (Departamento de Bioquímica, Centro de Ciências Biológicas)

24/11 – Ciências Humanas: Cristina Scheibe Wolff (Departamento de História, Centro de Filosofia e Ciências Humanas)

26/11 – Ciências Exatas e da Terra: Regina de Fátima Peralta Muniz Moreira (Departamento de Engenharia Química e Engenharia de Alimentos, Centro Tecnológico)

 

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Mulheres cientistas premiadas pela UFSC falam sobre suas trajetórias em mesa da Semana Nacional de C&T

08/10/2021 19:02

As nove mulheres premiadas no Prêmio Mulheres na Ciência 2021, iniciativa da Pró-reitoria de Pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina (Propesq/UFSC), participaram, nesta sexta-feira, de uma mesa de debates na qual puderam narrar parte das suas experiências como pesquisadoras. O evento fez parte da programação da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia e antecede a cerimônia formal de premiação, que será realizada no dia 11 de fevereiro, o dia internacional das mulheres e meninas nas ciências.

O evento foi conduzido pela professora Maique Weber Biavatti, da Superintendência de Projetos da Propesq, e também teve a participação do reitor da UFSC, Ubaldo Cezar Balthazar, que parabenizou a excelência dos trabalhos desenvolvidos pelas pesquisadoras. “Quero parabenizá-las e que continuem sendo esse exemplo de mulheres cientistas”, disse.

A presidente da Comissão de Equidade da UFSC, professora Miriam Grossi, abriu a solenidade e fez um balanço dos trabalhos da comissão, que está prestes a completar um ano e que encaminha ações institucionais relacionadas à questões de gênero na universidade. Ela também lembrou que uma mulher em um lugar de poder pode mudar radicalmente o mundo e agradeceu a professora Maique por inserir esse debate institucionalmente.

Todas as nove premiadas, nas categorias júnior, plena e sênior, nas áreas de Ciências Humanas, Ciências da Vida e Ciências Exatas e da Terra puderam falar brevemente sobre suas trajetórias e desafios na construção das carreiras. Muitas delas egressas da UFSC, as cientistas também salientaram seu compromisso com a universidade, com a formação dos seus alunos e com o exemplo e a representatividade para outras mulheres.

O Prêmio Mulheres na Ciência 2021 foi criado com o objetivo de homenagear mulheres cientistas e incentivar a participação feminina de forma igualitária na pesquisa acadêmica.

Assista ao evento
Dedicação e exemplo

Christiane Fernandes Horn, do Departamento de Química, premiada na categoria júnior, fez uma comparação da Química com o papel da mulher na academia, na vida cotidiana e no mundo. “Somos as catalisadoras de novas reações e tal como os catalisadores, as lutas não nos degradam, mas nos preparam para novos desafios”. Já a professora Lucila Maria de Souza Campos, do Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas, vencedora na categoria plena, lembrou das mulheres que foram referência para a sua formação e celebrou os currículos das premiadas. “Tenho orgulho de, agora, ser parte desse seleto grupo que inicia uma jornada de valorização das mulheres cientistas”.

A professora Regina de Fátima Peralta Muniz Moreira, do Departamento de Engenharia Química e Engenharia de Alimentos, destaque na categoria sênior, falou sobre o seu vínculo com a UFSC e enalteceu o papel da diversidade na instituição, registrando também a importância do prêmio em um ano em que tanto se está precisando de acolhimento e de abraços. “Esse nosso olhar feminino é muito importante. Nós somos tão vibrantes e brilhantes cientistas dentro do mundo que é muito diverso”.

Marília de Nardin Budó, do Departamento de Direito, vencedora na categoria júnior das Ciências Humanas, discursou em favor da universidade, das bolsas de pesquisa e do estímulo à ciência, que vem sofrendo cortes orçamentários milionários. Ela também destacou o papel da diversidade na instituição para uma ciência comprometida. “A cada ano que passa eu vejo a universidade mais plural e inclusiva e esse dado é determinante”, resumiu.

Lugar de afeto

A maternidade e os vínculos afetivos também fizeram parte das falas das professoras. Daniela Karine Ramos, do Departamento de Metodologia de Ensino, premiada na categoria plena, lembrou que, sendo mãe de três filhos, passou por inúmeras necessidades de adaptação durante a pandemia. “O prêmio registra o esforço e o comprometimento com a ciência e com a formação dos nossos alunos. Que a gente possa inspirar a vida de muitos ao longo da nossa atuação”.

Cristina Scheibe Wolff, do Departamento de História, destaque na categoria sênior, disse estar muito honrada e emocionada com o prêmio. Ela, que estuda justamente a história das mulheres e do gênero, não deixou de registrar a importância da família e das colegas – estudantes e amigas. “A ciência é uma construção coletiva e também é ou pode ser afetiva”, disse.

Ione Jayce Ceola Schneider, do Departamento de Ciências da Saúde, Campus Araranguá, destaque na categoria júnior, lembrou das suas orientandas – seis delas já diplomadas como mestras. “Tento sempre acolhê-las, pois muitas têm filhos, trabalham e ficam longe da família para conseguir fazer suas pesquisas”. Este aspecto também fez parte da fala da professora Maria Jose Hotzel, do Departamento de Zootecnia e Desenvolvimento Rural, destaque na categoria plena. “Que isso possa ser um alento e um estímulo para pessoas que a gente sabe que terão dificuldades, como as mulheres, que têm um grau de dificuldade a mais”. Já a professora Ana Lucia Severo Rodrigues, do Departamento de Bioquímica, vencedora na categoria sênior, lembrou que a carreira, mesmo com as dificuldades, tem valido a pena. “Essa carreira nos oferece tanto, como a gratificação em formar pessoas qualificadas e ver as conquistas dos orientandos. Que com nosso exemplo a gente possa inspirar várias mulheres”, registrou.

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Pró-Reitoria de Pesquisa divulga resultado final do Prêmio Mulheres na Ciência 2021

24/08/2021 16:29

A Pró-reitoria de Pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina (Propesq/UFSC) divulgou o resultado final do Prêmio Mulheres na Ciência 2021. Para a Propesq, a outorga do prêmio simboliza um reconhecimento às mulheres cientistas, que precisam, diariamente, superar a invisibilidade. O relatório da Comissão Julgadora e o resultado final estão disponíveis aqui.
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