A partir da última década do século XX o Estado brasileiro passa a adotar orientações regressivas às políticas sociais. Chamado de familista, este caráter das políticas públicas vem à tona no Brasil a partir das orientações neoliberais iniciadas naquele período e recebe um elucidativo debate atual na obra Família e política social: gêneros, gerações e cuidado, lançada pela Editora da Universidade Federal de Santa Catarina (EdUFSC).
Família e políticas sociais focalizadas
A família ocupa um espaço de disputa nas políticas públicas capitalistas. Se muitas vezes seu papel sofreu invisibilidade, em outros momentos a família acaba por ser colocada em papel de predominância e enquanto primeira instância de proteção social. Quanto a este último cenário, o caso brasileiro é emblemático.
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Como se pudesse uma porção de terra descolar-se do continente e singrar o Atlântico, a Ilha de Santa Catarina é desbravada com rara beleza por Flávio José Cardozo em sua coletânea de contos Singradura. Relançada pela Editora da Universidade Federal de Santa Catarina (EdUFSC) em outubro de 2020, a obra originalmente publicada em 1970 reúne 20 breves contos que se desenvolvem na parte insular de Florianópolis.
O termo náutico que significa o período de 24h em que um navio avança sobre o oceano e que dá nome à última história e à coletânea marca o tempo em que as personagens de cada um dos contos transcorre seus dias. Como habitantes de uma embarcação fixa, o tempo não é contado por auroras e crepúsculos, mas pelo movimento do oceano que cerca a Ilha.
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Editora da UFSCEdUFSC 40 anosResenhaUFSCUniversidade Federal de Santa Catarina
Mais um excelente lançamento da Editora da Universidade Federal de Santa Catarina (Edufsc) em 2020, 100 anos em 100 filmes: escritos sobre cinema compila textos do grande Valêncio Xavier (1933-2008) sobre a sétima arte. Publicados no jornal Gazeta do Povo (PR) entre agosto e dezembro de 1995, quando o cinema celebrou seu primeiro centenário, os comentários de Valêncio reconstroem, à sua maneira, as primeiras dez décadas desta ainda jovem arte a partir de sintéticos comentários individuais sobre obras marcantes do cinema.
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Cidades rebeldes: invisibilidades, silenciamentos, resistências e potências é resultado do trabalho textual criativo de diversos autores, instigados pelo ciclo de cinema de mesmo nome desenvolvido no primeiro semestre de 2018 e que buscou tornar visíveis intervenções artísticas, engajamentos políticos, pesquisas e reflexões que promovessem a discussão sobre o direito à cidade na contemporaneidade. Organizado por Paulo Raposo, docente do Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE), em parceria com Allende Renck e Scott Head, a obra disponibilizada em e-book gratuitamente pela Editora da UFSC (Edufsc) reverbera esta rica experiência iniciada no ciclo de cinema.
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Editora da UFSCPrograma de Pós-Graduação em Antropologia SocialResenhaUFSC
Vinte de um de abril de 2016, quinta-feira. Neste dia a personagem morrerá. Se em 2016 ou 2017, ainda não se sabe, mas já não restam dúvidas de que “irá desta” – como o próprio afirma no princípio da obra – na mesma data dos mortos célebres do Brasil: “Tiradentes, o traidor dos portugueses […], e Tancredo Neves, o traidor da ditadura” (p. 29). Esse é também o dia de mortos anônimos, como ele. Em pequenos pedaços de papel escritos diariamente no decorrer de um ano, a personagem permitirá ao leitor saber como e por quais motivos isso ocorrerá.
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culturaEditora da UFSCResenhaUFSC
Nas últimas décadas foram desenvolvidas técnicas de uso e seleção de embriões humanos que podem ser utilizadas no futuro para a prevenção e cura de doenças como o câncer, mas também podem significar uma alavanca a preconceitos e a desigualdade social. O potencial das pesquisas de uso e seleção atual, todavia, somente pode ser analisado corretamente com a apreciação ética dessas técnicas e pesquisas. E é ultrapassando a utopia e a distopia que Lincoln Frias adaptou sua tese de doutorado, agraciada pelo Grande Prêmio Capes, no instigante livro “A ética do uso e da seleção de embriões”, publicado pela Editora da UFSC (EdUFSC).
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Editora da UFSCéticaResenhaUFSC
Em uma noite de verão em Atenas, o casal formado por Hérmia e Lisandro decide fugir pelos bosques para outra cidade, a fim de casarem-se e, assim, evitar o matrimônio da jovem com Demétrio, a quem seu pai lhe prometeu a mão em casamento. Helena, apaixonada por Demétrio e com esperanças de ter seu sentimento retribuído, decide contar a Demétrio sobre a fuga de sua noiva. Já nos bosques atenienses, o rei dos elfos, Oberon, observa o sofrimento de Helena e pede a seu servo, Puck, que encante Demétrio com uma poção que o faça se apaixonar pelo primeiro ser que vir ao despertar. Puck, no entanto, confunde os casais e em pouco tempo Lisandro e Demétrio já não disputam mais o amor de Hérmia, mas de Helena, enquanto a rainha das fadas, amada e amante de Oberon, se apaixona por um burro.
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Capa do livro “Nós”, de Salim Miguel
Eu. Tu. Ela. Um Outro. Ele. Ninguém. Nós. O título de cada capítulo é também como somos apresentados às personagens da novela policial “Nós” (2015), do escritor libanês radicado em Santa Catarina Salim Miguel (1924-2016). Em sua última obra, redigida quando o autor já passava dos 90 anos, a primeira incursão no gênero é recheada de referências aos imortais textos, autores e personagens desta literatura. Mais do que isso, a grande homenagem às novelas policiais está presente no próprio livro disponibilizado gratuitamente pela Editora da UFSC (Edufsc): “Nós”, é um intrincado convite ao leitor para desvendar um terrível crime, juntando as narrativas das personagens não muito confiáveis apresentadas em cada capítulo e emaranhadas em muitos nós.
De Biguaçu a Brasília, a curta novela transita por tipos dos mais variados e encontra o ápice de sua história com personagens anônimos em um crime na Capital Federal. Aos leitores, se soma o maior detetive de toda a literatura ocidental. Plagiado por Conan Doyle e seu famoso Sherlock Holmes, o detetive Auguste Dupin encontra, enfim, um caso mais complicado que os Crimes da Rua Morgue.
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Um concurso literário promovido pelo Estado, voltado ao enaltecimento de valores como bondade, energia, inteligência e idealismo dos trabalhadores a agraciar escritores com reconhecimento e um consideravelmente elevado prêmio financeiro. O que parece algo grandioso, entretanto, mostra-se muito mais próximo de uma distopia do que de uma utopia. E ocorreu no Brasil, durante o governo de Getúlio Vargas.
Foram duas edições, uma em 1942 e outra em 1944 – na segunda metade do Estado Novo. Os premiados foram escritores que não prosperaram na carreira literária. O contexto, histórico, conjuntura e a íntegra das três obras vencedoras – sendo dois romances e uma peça teatral – constam no livro “Literatura e política no Estado Novo: os concursos literários promovidos pelo Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio em 1942 e 1944”, lançado pela Editora da Universidade Federal de Santa Catarina (EdUFSC) e organizado por Adriano Luiz Duarte, professor do Departamento de História na instituição. A obra está disponível gratuitamente na página da EdUFSC.
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Em 1905 é lançada a obra Últimos Sonetos, do poeta catarinense Cruz e Sousa. Publicada postumamente, a coletânea reunida pelo amigo Nestor Vitor marca o apogeu estético do mais notório simbolista brasileiro. O ápice da forma contrasta, todavia, com a angústia do escritor, até então não reconhecido.
Lançada integralmente pela Editora da UFSC (EdUFSC), a obra com mais de 90 sonetos é permeada pela contradição entre o ideal de perfeição esteticamente realizado e a desconsideração desta grandeza pela sociedade da época, diante de um artista negro. Nos poemas, o temor da morte e o assombro do esquecimento convivem com a percepção da morte enquanto redentora diluição do artista na totalidade e nas visões de glória do escritor que pode ser reconhecido por outros artistas.
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Capa do livro reproduz pintura de Jean-Leon Geróme sobre a história de Pigmaleão, o rei e escultor que se apaixonou pela sua própria obra, Galatea. Foto: divulgação.
As Metamorfoses eternizaram Ovídio e mitos até hoje conhecidos como Pigmaleão, Eros e Psiqué, Narciso e Eco, e Ícaro, por exemplo. Inequívoca influenciadora de artistas de todas as áreas há 20 séculos, o livro foi redigido no final do Século I a.C. em forma de um grande poema dividido em 15 livros que narram 246 mitos de metamorfoses desde a criação do mundo até Júlio César.
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Capa do livro Negerplastik, com taça cefalomorfa. Foto: divulgação
Publicado em 1915 por Carl Einstein (1985-1940), Negerplastik colocou no Panteão da arte universal as artes primeiras da África e da Oceania. Naquele período, quando ainda eram conhecidas como “artes primitivas” e as artes africanas como “artes negras”, Einstein percebeu “as formas plásticas puras conservadas pela escultura negra” e empreendeu a primeira análise formal das artes africanas livre de etnocentrismo.
Segundo Einstein, o juízo escrupuloso das artes de origem africana demonstrou que a imensa maioria das críticas anteriores que a caracterizavam enquanto “primitiva” e supostamente ligada a uma origem perdida e ultrapassada, falavam mais sobre o crítico do que sobre a arte africana, propriamente dita.
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“A Tempestade” é provavelmente a última obra solo de William Shakespeare para o teatro. O enredo se desenvolve em uma remota ilha, onde Próspero, o legítimo duque de Milão, põe em ação um complexo e mágico estratagema para retomar seu ducado por direito: cria a grande ilusão de uma tempestade. A magia de Próspero desvia a embarcação em que navegava o usurpador de seu ducado e seu cúmplice: seu irmão Antônio e o rei de Nápoles, Alonso, respectivamente.
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O jornal “O Estado de São Paulo” publicou resenha da professora Dirce Waltrick do Amarante, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução (UFSC), sobre o livro do escritor catarinense Amilcar Neves, publicado pela EdUFSC e vencedor do 2º Concurso Salim Miguel.
Confira o texto.
Amilcar Neves usa linguagem de diário para renovar gênero do romance
A tão anunciada morte do romance ainda não aconteceu e parece longe de acontecer. Pelo menos é essa a impressão que se tem ao ler o romance de estreia do escritor catarinense Amilcar Neves, Os Mortos de Abril: Pequeno Diário Higiênico, que, ousado na forma e no conteúdo, reinventa mais uma vez o gênero. O livro, vencedor do 2.º Concurso Salim Miguel, 2016-2017, acaba de ser publicado pela Editora da Universidade Federal de Santa Catarina.
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