O clima de verão e a proximidade do Carnaval, entre outros fatores comuns nesta época do ano, reforçam um hábito socialmente aceito na maioria das sociedades associado a muitos riscos para a saúde: o consumo de bebida alcoólica. A Organização Mundial de Saúde (OMS) explica que não existe um padrão de consumo seguro e livre de riscos, de acordo com o professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e ginecologista do Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago (HU-UFSC/Ebserh), Luiz Fernando Sommacal, que relacionou dez patologias associadas a esta substância.
O professor Sommacal disse que o álcool está associado a um número muito mais elevado de doenças e lesões, mas é possível citar, a título de exemplo e para demonstrar a gravidade dos efeitos do álcool consequências como doenças do fígado, doenças gastrointestinais, pancreatite, neuropatia periférica, problemas cardiovasculares, prejuízos cerebrais, disfunções imunológicas, anemias, osteoporose e câncer.
Segundo ele, um dos grandes problemas do consumo de álcool é que esta substância é socialmente aceita e até estimulada, sendo que pelo menos 52% da população adulta brasileira ingere álcool e, destes, mais da metade são bebedores ocasionais e outros 25% bebem pelo menos uma vez por semana. Como não há um padrão de consumo seguro e livre de riscos, a OMS alerta para situações que podem indicar um quadro de alcoolismo: casos quando o álcool assume um papel de destaque na vida da pessoa e casos no qual a ingestão de álcool torna-se mais frequente e em maior quantidade.
Para se ter uma ideia, para ser considerado um consumo baixo ou social, o limite é de 4 doses para mulheres e 5 doses para homens, sem quadro de embriaguez, sem constrangimento social e sem dirigir após beber. Uma dose equivale a 12 gramas de etanol (uma lata de cerveja, por exemplo, ou 40 ml de destilado). O consumo de risco se caracteriza quando o álcool é ingerido pelo menos uma vez por semana em grande quantidade, o que equivale a 14 doses para homens e sete doses para mulheres.
O ginecologista do HU explicou que as mulheres são menos tolerantes ao álcool porque elas têm uma menor quantidade das enzimas que degradam o etanol. “É em função dessas enzimas, que estão em menor quantidade, que elas são mais vulneráveis ao álcool”, explicou.
Entre as patologias citadas por Sommacal, ele explicou que, no caso das doenças do fígado, o álcool provoca inflamações neste órgão, levando a quadro de hepatite alcoólica e, no caso de doenças gastrointestinais e pancreatites, o efeito é por lesão direta dos órgãos.
Com relação às neuropatias periféricas, o médico explicou que o álcool provoca a deterioração do funcionamento dos nervos de mãos e pés, levando a um quadro de dormência, formigamento e alteração da sensibilidade. O álcool também é depressor do sistema nervoso central e seu uso contínuo pode levar a dificuldades de raciocínio, além de alterar o senso de perigo e comportamento.
Os usuários regulares de álcool podem desenvolver patologias como pneumonia e tuberculose, uma vez que a substância reduz o sistema de defesa do organismo. Outra ação nociva do álcool diz respeito à deficiência de vitamina B12, provocando anemia, quadro agravado com a perda da capacidade de transporte de hemoglobina.
O especialista explicou que o consumo do álcool leva a um processo de desmineralização óssea, elevando o risco de desenvolvimento de osteoporose, que é a redução do cálcio em gramas por centímetro quadrado de osso. E, finalmente, na lista do médico, estão as diversas formas de câncer, pois o álcool tem uma substância chamada Acetaldeído, que tem efeito cancerígeno, podendo afetar principalmente boca, esôfago, laringe, estômago, fígado, intestino, reto e mama.
Unidade de Comunicação Social – Hospital Universitário (HU-UFSC)
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