Direção do CFH divulga carta sobre o Museu de Arqueologia e Etnologia da UFSC
Nota da Direção do CFH sobre o MArquE/UFSC
- O Conselho Universitário decidiu na sessão de terça, 3 de dezembro, retirar da pauta da sessão especial a discussão sobre a mudança do Anexo III do Regimento Geral da UFSC, e a proposta de retirar o Museu de Arqueologia e Etnologia da UFSC como Órgão Suplementar, primeiro passo para aprovação do novo Regimento do Museu. A decisão foi tomada diante de notas divulgadas pela internet e distribuídas na reunião pelo CA de Museologia e por parte dos técnicos do Museu.
- A direção e a representação do Centro de Filosofia e Ciências Humanas, presentes na reunião, apoiaram a decisão de adiar essa discussão para o início do período letivo de 2014, visando uma participação mais ampla da comunidade do CFH e da universidade como um todo.
- Desde 18 de junho de 2013, por ato administrativo legal do Gabinete da Reitoria e da SECULT, o Museu passou para a responsabilidade do CFH, nomeando a vice-diretora do CFH, Sônia Weidner Maluf, como diretora temporária do MArquE, com a incumbência de conduzir o processo de transição do Museu, com a produção de um novo Regimento Interno e a retomada de uma vida acadêmica e institucional no Museu, cuja história (e não apenas suas origens) está estreitamente ligada ao CFH.
- Duas questões centrais motivaram essa medida:
A primeira foi o estado de paralisia acadêmica e esvaziamento institucional do Museu nos últimos anos, resultado de seu crescente isolamento, enquanto instituição, da vida universitária, no que se refere à articulação entre extensão, pesquisa e ensino e da falta de um projeto tanto acadêmico quanto museológico consistentes relacionados às suas áreas de atuação, Arqueologia e Etnologia. Vale apontar que esta situação se agravou por meio de intensos conflitos entre os técnicos-administrativos lá lotados. Não foi por acaso que no último ano e meio, cinco técnicos saíram do Museu, todos com processos iniciados antes da atribuição de responsabilidade do Museu para o CFH. A única saída encontrada para esse estado notório de isolamento e paralisia foi a de construir um projeto acadêmico consistente para o Museu, que levasse em conta sua história estreitamente ligada à pesquisa e à formação e que fortalecesse as iniciativas individuais existentes por parte de técnicos em direção à uma aproximação com as atividades acadêmicas. Entendemos que a construção das condições para conduzir o processo de constituição desse projeto acadêmico institucional depende da ruptura do isolamento do Museu e de seu vínculo a um centro de ensino, local de realização das atividades fins da universidade: ensino, pesquisa e extensão. No caso, esse centro de ensino é o CFH, não apenas pela história do Museu, mas porque é ali que se localizam as áreas de especialidade do Museu: arqueologia e etnologia.
A segunda questão foi a demanda, bastante antiga e significativamente crescente nos últimos anos, somada às atividades desenvolvidas em diversos cursos de graduação e pós-graduação do CFH, em relação a uma reaproximação maior com o Museu. Cabe lembrar que áreas de conhecimento como arqueologia e etnologia se desenvolvem em relação estreita com a formação dos museus da área, que são alimentados pela pesquisa nesses campos e ao mesmo tempo alimentam novas pesquisas, realizadas no próprio acervo levantado. Essas demandas e atividades envolvem os cursos de Antropologia, História, Museologia, Pós-Graduação em Antropologia e mais recentemente as perspectivas de criação do curso de Arqueologia da UFSC e de regularização da Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica. - Ao assumir a Direção do Museu em 18 de junho último, a direção do CFH iniciou um processo de discussão com toda a equipe de técnicos do Museu, através de reuniões abertas e sistemáticas, sobre projetos institucionais de exposições, discussão de um novo Regimento e formas de aproximação e consolidação da relação entre o Museu e o CFH. Foi criada uma Divisão de Ensino, coordenada por um docente do CFH, e foram realizadas diversas atividades acadêmicas com a participação dos técnicos, de docentes e estudantes, como a Primavera dos Museus, o Colóquio Oswaldo Rodrigues Cabral – 110 anos: memória e notícia, entre outras atividades descritas mais detalhadamente no documento endereçado ao Conselho Universitário pela Direção do CFH. Além disso, houve uma retomada das atividades do Museu de forma intensa e sistemática, não apenas com eventos e exposições de curta duração realizados em seu espaço, como também pela construção de projetos institucionais envolvendo exposições baseadas em seu acervo e a construção da exposição de longa duração e a continuidade da elaboração do Plano Museológico. Foram apresentados projetos a editais da FCC e do CNPq.
- Durante esses quase seis meses com o CFH à frente do Museu, foram realizadas quinze reuniões abertas com toda a equipe, sendo sete delas para discutir a proposta de um novo Regimento. Tendo como referência a proposta apresentada pela Diretora, foram realizadas longas e detalhadas discussões, e cada setor apresentou a sua nova versão, com modificações, acréscimos e retiradas. Todas as sugestões apresentadas por cada setor ou divisão do museu foram acatadas nas reuniões, inclusive em relação à composição do Conselho Deliberativo. Sublinhe-se que o Regimento ainda em vigor no Museu (Portaria nº 020/GR/2003) não prevê Conselho ou Colegiado, sendo a única instância de deliberação a própria direção, designada por ato do Gabinete da Reitoria, ou por órgão delegado para esse fim. Por isso, rejeitamos de forma veemente o teor das cartas divulgadas pelo CA de Museologia, assim como a que foi assinada por parte dos técnicos do Museu, trazendo esta última um conjunto de falsidades, além de desrespeitar o processo no qual os próprios técnicos do Museu estiveram envolvidos ao longo de todo este semestre.
- Desse longo processo aberto e democrático de discussão, saiu a proposta de novo Regimento, que define o museu como “órgão vinculado ao Centro de Filosofia e Ciências Humanas”, tal como foi debatida com os técnicos do Museu e apresentada ao Conselho de Unidade do CFH, que a aprovou por unanimidade em reunião de 05 de novembro de 2013. Após a deliberação, a direção do CFH encaminhou a proposta de Regimento ao Conselho Universitário. No entanto, por conta da sessão especial do CUn marcada para revisão do Regimento Geral da UFSC, fomos orientados pelo Gabinete a apresentar num primeiro momento apenas a proposta de mudança do Anexo III, retirando o Museu como órgão suplementar, mudança que precede a aprovação da nova proposta de Regimento tal como está redigida.
- Para o início do semestre 2014/1, recolocaremos esta questão no Conselho de Unidade do CFH e estimularemos um processo de discussão amplo no Centro e na UFSC, cujo norte será a construção de um projeto de integração acadêmica entre as áreas de conhecimento envolvidas e o Museu, para que se cumpra sua missão universitária, integrando ensino, pesquisa e extensão.
Florianópolis, 06 de dezembro de 2013.
Direção do CFH