‘Múltiplas vozes’ ecoam no encontro da ministra Macaé Evaristo com movimentos sociais

13/08/2025 13:34

A ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania do Brasil, Macaé Evaristo, reuniu-se com representantes de movimentos sociais catarinenses na UFSC. Fotos: Gustavo Diehl/Agecom/UFSC

A ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania do Brasil, Macaé Evaristo, chegou à Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) ao anoitecer do dia 12 de agosto, onde foi muito aguardada e bastante aplaudida pelo público que lotou o Auditório da Reitoria. No local, ela se reuniu com representantes de movimentos sociais catarinenses e membros da comunidade para promover um espaço de diálogo e escuta.

Antes do encontro, Macaé fez uma breve passagem pela Sala dos Conselhos, em que foi recebida pelo reitor da UFSC, Irineu Manoel de Souza, pela vice-reitora, Joana Célia dos Passos, e por servidores(as) e gestores(as) da instituição. Durante essa recepção, a vice-reitora destacou os avanços, projetos e desafios enfrentados pela universidade na promoção da inclusão, equidade e acessibilidade. Em sua fala, Joana Célia ressaltou o protagonismo da UFSC em iniciativas como a ampliação das reservas de vagas em concursos públicos para pessoas trans e quilombolas, medida adotada pela instituição antes mesmo de a legislação federal determinar o percentual de 30%. Além disso, mencionou a transformação do Núcleo de Estudos da Terceira Idade (NETI) na Universidade Aberta para Pessoas Idosas (Unapi), uma iniciativa que reflete o compromisso da gestão com a inclusão de diferentes públicos.

A vice-reitora também apresentou à ministra projetos em fase de construção, como a política de equidade de gênero, ações de combate ao assédio e iniciativas voltadas à saúde mental, além de uma política específica para assegurar a permanência de estudantes indígenas e quilombolas. No entanto, ela destacou que a acessibilidade é um dos principais desafios enfrentados pela UFSC, especialmente devido às barreiras arquitetônicas presentes no campus. Para lidar com essa questão, foi desenvolvido um projeto de acessibilidade espacial, elaborado por servidores da instituição, que inclui um plano de ação detalhado, mas que depende de recursos financeiros para ser implementado.

A ministra Macaé foi recepcionada na Sala dos Conselhos

Joana Célia chamou atenção para a complexidade de administrar a UFSC, que, com cerca de 40 mil pessoas, funciona como uma pequena cidade. Isso exige políticas integradas em áreas como moradia estudantil e infraestrutura pública. Ela sugeriu uma parceria mais ampla entre o Ministério das Cidades e o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania para atender a essas demandas e ampliar o suporte às instituições de ensino superior. Outro ponto abordado foi a necessidade de criar estratégias para combater o extremismo político e social, que tem se manifestado de maneira preocupante em Santa Catarina. A UFSC, descrita como um “laboratório” para esses desafios, desenvolveu, com o apoio do curso de Jornalismo, um projeto voltado à produção de instrumentos de comunicação capazes de enfrentar o extremismo. Segundo Joana Célia, essas ações podem servir de referência não apenas para o estado, mas para todo o país.

Ao final de sua fala, a vice-reitora entregou à ministra Macaé Evaristo os projetos desenvolvidos pela UFSC, e destacou a importância do diálogo entre a universidade e o poder público para a construção de soluções que garantam a permanência, segurança e dignidade de toda a comunidade acadêmica. “Esperamos que o ministério possa avaliar nossas propostas e indicar possibilidades de colaboração, para que possamos avançar juntos”, concluiu.

Ministra Macaé Evaristo

Ao se dirigir para o seu primeiro compromisso da agenda, a ministra foi, carinhosamente, recebida por representantes de diversos movimentos sociais, uma oportunidade para dar visibilidade para suas pautas. “É uma alegria imensa estar aqui hoje, em um momento onde recebemos tantas pessoas e movimentos que lutam por direitos e dignidade. As políticas públicas só existem porque os movimentos as pautam, e é nosso dever ouvi-los e agir em resposta às suas reivindicações”, afirmou Macaé Evaristo.

Entre os participantes, destacaram-se organizações ligadas à população em situação de rua, que entregaram um documento elaborado em plenária no dia 3 de julho de 2025, no auditório da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc). O texto denunciava graves violações de direitos enfrentadas por essa população no estado.

Durante o encontro, foram chamados à frente representantes da população em situação de rua, e em um gesto simbólico, entregaram o documento à ministra, detalhando denúncias sobre abusos e violações cotidianas nas cidades catarinenses.

O documento, intitulado Carta da Plenária da População em Situação de Rua de Santa Catarina, foi lido no evento e trouxe à tona a realidade vivida por essas pessoas, além de exigir ações concretas do poder público. A ministra Macaé Evaristo lembrou que, em resposta às denúncias, uma missão interministerial, em parceria com o Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Política Nacional para a População em Situação de Rua (CIAMP-Rua), esteve em Santa Catarina realizando visitas e acompanhamento. A equipe investigou as condições enfrentadas pela população de rua e ouviu as demandas diretamente de quem vive essa realidade.

As organizações e movimentos presentes foram chamados, individualmente, para registros fotográficos, seguidos por uma foto coletiva que simbolizou a união das diversas lutas representadas. Entre eles estavam: Sonia Livre; Grupo de Pesquisa de Combate ao Racismo Religioso; Observatório para o Enfrentamento do Racismo em Santa Catarina; Frente Catarinense pela Descriminalização e Legalização do Aborto; Movimento Mulheres Camponesas de Santa Catarina; UNALGBT (Chapecó); Frente Trans; 8M; Círculos de Hospitalidade; Ciranda Sem Fronteiras; Pastoral do Migrante; Missão Scalabrini; Demitidos do Plano Collor; Ocupação Contestado; Ocupação Vale das Palmeiras; Comitê de Luta por Moradia; Associação dos Angolanos em Florianópolis; Frente Parlamentar de Políticas Públicas da População de Rua; Grupo de Trabalho para os Direitos da População Migrante; Comunidade Quilombola de São Sebastião da Bárbara; Grupo de Angolanos em Florianópolis; Frente pelo Desencarceramento de Santa Catarina; e Articulação Nacional de Saúde dos Direitos Humanos.

A ministra Macaé Evaristo expressou seu desejo de retornar à UFSC futuramente, reafirmando seu compromisso com as demandas apresentadas durante o evento. Para ela, no entanto, isso não significa que será necessário esperar por outro encontro para avançar nas questões discutidas. “O trabalho começa agora, e vamos seguir dialogando e construindo ações a partir do que foi compartilhado”, afirmou.

Macaé destacou a importância de momentos como aquele, que permitem ouvir “múltiplas vozes” e aprender com as lições trazidas por elas. Ela ressaltou a pluralidade e a diversidade de Santa Catarina, um estado que, segundo a ministra, “tem muito amor e uma luta constante pela democracia e pelos direitos humanos”. Essa riqueza humana e cultural, acrescentou, é “uma inspiração para todos nós”.

A ministra também pontuou que a grande lição do encontro foi a resistência e a capacidade de persistir na luta por direitos, mesmo diante das adversidades. Ela agradeceu a todos os que participaram, destacando a relevância das diversas agendas representadas. Em tom descontraído, comentou que não via necessidade de uma aula magna formal, pois “a verdadeira aula está aqui”, referindo-se às experiências e relatos compartilhados pelos participantes.

Para Macaé, a verdadeira lição está presente nas vozes e nos rostos das pessoas que atuam diariamente em defesa dos direitos humanos, vindas de diferentes lugares e com pautas diversas. É nessa luta, afirmou, que os movimentos se encontram e ajudam a transformar o Brasil. Reconhecendo os desafios enfrentados pelos movimentos sociais, a ministra reforçou que, apesar daqueles que tentam silenciar ou frear essas ações, Santa Catarina mostra sua resistência e afirma seu direito à dignidade. “Estamos aqui, estamos juntos, e seguimos na luta”, defendeu a ministra.

A organização do evento contou com a parceria do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), do Instituto Federal Catarinense (IFC), da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) e da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS). O convite à professora e assistente social Macaé Evaristo deve-se por sua trajetória de excelência no campo da educação e na luta antirracista. Reconhecida nacionalmente, a ministra tem se destacado pela defesa dos direitos humanos e por sua atuação sociopolítica e educacional em todo o Brasil.

A programação culminou com a participação da ministra na Aula Magna do segundo semestre letivo da Universidade, intitulada Direitos Humanos e Cidadania nas Instituições Públicas. O evento foi realizado, na sequência, no Auditório Garapuvu, localizado no Centro de Cultura e Eventos Reitor Luiz Carlos Cancellier de Olivo, com transmissão ao vivo.

 

Rosiani Bion de Almeida | SECOM
imprensa.gr@contato.ufsc.br

Fotos: Gustavo Diehl | Agecom | SECOM

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Curso de Educação do Campo promove aula inaugural da turma 2025 no quilombo Vidal Martins

21/03/2025 16:29

Reitor afirmou que o curso era um marco para a Universidade (Fotos: Gustavo Diehl/Agecom/UFSC)

As atividades do Curso de Educação do Campo – Turma Quilombo Vidal Martins – da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) foram oficialmente iniciadas nesta quinta-feira, 20 de março, em uma cerimônia no bairro Rio Vermelho, em Florianópolis (SC). O evento reuniu autoridades acadêmicas, lideranças quilombolas, docentes, estudantes e membros da comunidade tradicional. Logo após a solenidade, o antropólogo e analista pericial do Ministério Público Federal (MPF) Marcos Farias de Almeida proferiu a palestra da aula inaugural do curso.

A presença de representantes da UFSC simbolizou para a comunidade não apenas o início de uma nova jornada acadêmica, mas a continuidade de uma luta histórica por reconhecimento, justiça e respeito aos territórios quilombolas e outros tradicionais. Participaram do evento o reitor Irineu Manoel de Souza; as pró-reitoras de Graduação e Educação Básica (Prograd), Dilceane Carraro; de Ações Afirmativas e Equidade (Proafe), Leslie Sedrez Chaves; de Assistência Estudantil (PRAE), Simone Sobral Sampaio; os coordenadores do curso, Roberto Antônio Finatto e Emeson Tavares da Silva; o chefe de Departamento, Edson Marcos de Anhaia; e o diretor e vice-diretor do Centro de Ciências da Educação (CED), Hamilton de Godoy Wielewicki e Alexandre Toaldo Bello, respectivamente.

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Ministra das Mulheres convoca na UFSC esforço para “chegar aonde ainda não chegamos”

20/04/2023 19:26

Cida Gonçalves atendeu a diferentes lideranças de movimentos de mulheres no Auditório da Reitoria

A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, cumpriu agenda especial na tarde desta quinta-feira, 20 de abril, na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Além de participar de uma reunião com representantes do Instituto Federal Catarinense (IFC), Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) e Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), a ministra também ouviu lideranças e vozes de movimentos de militância regionais.

Após comparecer à Câmara Municipal de Florianópolis pela manhã, Cida Gonçalves integrou uma mesa de discussão na Sala dos Conselhos, no prédio da Reitoria do Campus de Florianópolis, às 14h30. Além de Cida, a mesa também foi composta pelo reitor da UFSC, Irineu Manoel de Souza, a vice-reitora, Joana Célia dos Passos, e a deputada federal Ana Paula Lima e a deputada estadual Luciane Carminatti. Neste momento, a ministra discutiu as principais demandas e alinhou expectativas com representantes das instituições públicas de ensino catarinenses.

Em meio ao quórum, estavam presentes a reitora do IFC, Sônia Regina de Souza Fernandes, e o reitor do IFSC, Maurício Gariba Júnior. Ao iniciar o debate, a vice-reitora Joana, que conduziu a mesa na ocasião, citou o poema A noite não adormece nos olhos das mulheres, de Conceição Evaristo, feito em homenagem a Beatriz Nascimento, vítima de feminicídio. “Há mais olhos que sono”, recitou Joana, fazendo alusão a temas como violência contra a mulher, negritude e sofrimento feminino.

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Instituto de Estudos de Gênero da UFSC promove live sobre cinema e movimentos sociais

11/12/2020 12:53

O Instituto de Estudos de Gênero (IEG) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) promove na terça-feira, dia 15 de dezembro, a partir das 17h, a live Cinema e Movimentos Sociais. Para participar do evento, basta acessar o canal do IEG no YouTube.

O evento terá a participação de Patrícia Ferreira Pará Yxapy, cineasta indígena da etnia Mbyá-Guarani; Luara Dal Chiavon, militante, do setor de comunicação e da coordenação da BAEC; Angélica Cunha, engenheira florestal, militante e do coletivo de comunicação do MMC Brasil; Edcleide da Rocha Silva, camponesa, descendente indígena, filósofa e mestre em Educação. A mediação ficará a cargo de Adriane Canan, cineasta e ativista do MMC.

Durante a transmissão será compartilhada a lista de presenças para a certificação. A live terá intérpretes de libras e transcrição.

Mais informações no site do IEG

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Livro sobre a trajetória de pesquisas da Rede Mover tem lançamento na segunda, 21 de maio

15/05/2018 17:12

Núcleo Mover realiza nesta segunda, 21 de maio, evento com duas atrações: seminário com Andréa Rosana Fetzner (Unirio) e lançamento de livro de Reinaldo Fleuri (UFSC).
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Inscrições para ‘Curso de Formação Permanente: Ações Coletivas, Democracia Participativa e Direitos Sociais’

14/08/2017 08:06

 

O Curso de Formação Permanente: Ações Coletivas, Democracia Participativa e Direitos Sociais, é uma iniciativa do Núcleo de Estudos em Serviço Social e Organização Popular (Nessop), vinculado ao Departamento de Serviço Social da UFSC. O curso visa fortalecer e qualificar a participação popular nos espaços públicos de decisão e a consolidação da democracia.

O público-alvo são os participantes de movimentos sociais, entidades comunitárias e representantes da sociedade civil nos Conselhos de Direito e Gestão das Políticas Publicas. O curso, que terá 30 vagas e, cuja metodologia é participativa, ocorrerá às segundas-feiras, no período noturno, de 21 de agosto a 18 de setembro de 2017, na sala 217 (segundo piso), miniauditório do Centro Socioeconômico (CSE). As pré-inscrições poderão ser feitas neste link.

Programação 
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Seminário debaterá conjuntura política e movimentos sociais

01/06/2016 09:05

O Núcleo de Estudos em Serviço Social e Organização Popular (NESSOP/UFSC) promove, no dia 14 de junho, o seminário “Conjuntura Política e Movimentos Sociais”. O objetivo é refletir criticamente sobre o contexto político e social atual e o papel dos movimentos sociais e sindicais. A programação se inicia às 9h, com a palestra “Auditoria Cidadã da Dívida”, com a auditora aposentada da Receita Federal, Maria Lucia Fattoreli. O movimento sindical será debatido às 18h30, com a participação de Heloisa Helena Pereira (SindSaúde), Luciano Wolffenbüttel Veras (SindPrev), Mauro Titton (Andes), e o professor Paulo Pinheiro Machado, que será o mediador. O evento ocorre no auditório do Centro Socioeconômico (CSE) e é aberto a todos os interessados.

Mais informações na página do evento no Facebook.

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EdUFSC lança livro sobre mobilização social no País e na América Latina

12/04/2013 09:34

Os movimentos sociais, analisados e dissecados pela Sociologia Política, voltaram à pauta nacional e latino-americana. A prova é o livro Movimentos sociais e participação – Abordagens e experiências no Brasil e na América Latina, publicado pela Editora da Universidade Federal de Santa Catarina (EdUFSC), e organizado pelas pesquisadoras Ilse Scherer-Warren e Lígia Helena Hahn Lüchmann, lançado na 10ª Feira do Livro de Joinville.

Direitos humanos, ações afirmativas, orçamento participativo, associativismo, mulheres, catadores de recicláveis, organizações populares e conselhos comunais na Venezuela são temas que enriquecem a obra resultante, em grande parte,  do 3º Seminário Nacional e 1º Seminário Internacional sobre Movimentos Sociais, Participação e Democracia, abrigados em 2010, em Florianópolis, pela UFSC.

Somam-se aos ensaios selecionados artigos produzidos pelos integrantes do Núcleo de Pesquisas em Movimentos Sociais (NPMS), sediado no Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFSC. Com atuação reconhecida e consolidada no País, o conteúdo reforça a agenda política delineada por 25 anos de pesquisas daquele núcleo.

Os 17 artigos constantes nesta publicação são representativos das renovadas abordagens dos movimentos sociais no Brasil e na América Latina. Alternativas, inovações democráticas e institucionais, novos modelos de representação e novas formas de organização fazem o cotidiano das investigações dos pesquisadores que escreveram Movimentos sociais e participação.

Na apresentação da obra, Julian Borba, doutor em Ciência Política, cita dois aspectos no retorno aos movimentos sociais e na renovação das perspectivas teóricas de análise: um dedutivo e outro indutivo.

O primeiro, salienta, diz respeito aos “ganhos analíticos que o diálogo com novas perspectivas tem provocado”. O segundo está ligado à “incorporação de novos referenciais” nas mudanças da “própria realidade sociopolítica”.

A lógica dos movimentos sociais, constata, é fruto não apenas de contradições na estrutura socioeconômica ou da dimensão identitária dos atores, mas também de “constrangimentos e oportunidades” que são produzidos pelo contexto. Ele destaca que “novas oportunidades” estão colocadas  para os “atores sociais” num “contexto de ampliação das demandas” com a democratização do Estado.

As novas formas de mobilização e demandas exigiram diferentes aportes teóricos para os pesquisadores da área. Os trabalhos reunidos no livro são representativos dessas renovadas abordagens no estudo dos movimentos sociais na América Latina.

O pesquisador Valdenésio Aduci Mendes, ao examinar a democracia participativa na Venezuela a partir dos conselhos comunais, duvida da capacidade de se “contrapor ao centralismo político” e critica o “processo de recentralização de poder nas mãos do governo chavista”.

Processo emancipatório

Ilse Scherer-Warren, coordenadora do Núcleo de Pesquisa em Movimentos Sociais, indaga:

– Como construir uma plataforma de direitos humanos que respeite ou consolide os “direitos tradicionais” das populações subalternas e que inclua medidas reparadoras de suas condições históricas de sujeitos discriminados, sem que se utilize de políticas meramente assistencialistas ou clientelistas, mas que busque recuperar a história, a cultura, as vozes, os desejos e os projetos das populações subalternas e socialmente excluídas?

Para que o trabalho intelectual, enfatiza a pesquisadora, contribua para um processo emancipatório inclusivo dos sujeitos subalternos, “não só terá que os considerar como cidadãos de direito, mas contemplar em suas reflexões as experiências e saberes desses povos, bem como as novas formações discursivas que vêm sendo elaboradas em suas práticas políticas em rede”. E é através de ações e relações “não isentas de conflitos” que os atores em rede constroem suas novas plataformas políticas e significados simbólicos para as lutas, observa Ilse Scherer-Warren. Isso, conclui, exige “escuta recíproca, solidariedade e horizontalidade nos compartilhamentos”.

Ao abordar os movimentos sociais no contexto das ações afirmativas nas universidades e o movimento negro, Ângela Randolpho Paiva ressalta a importância da redemocratização do País para que as novas demandas por políticas públicas pudessem ser efetivadas. Hoje, frisa, os atores sociais, funcionando em rede e agindo coletivamente, exercem uma “nova forma de exercício de cidadania”, recusando-se a continuar na subalternidade.

Associativismo e democracia

Uma das organizadoras da obra, Lígia Helena Hahn Lüchmann enfoca “associativismo civil e representação democrática”. Ao seu ver, assim como o conceito de capital social, o conceito de sociedade civil também reforça a tese de que há uma relação direta entre associação e democracia”. Igualmente, complementa, as associações são também elementos centrais no conceito de movimentos sociais.

A autora lembra que “o caráter conflituoso e contencioso dos movimentos sociais demarca as características analíticas desse campo de estudo do associativismo e contradiz as atribuições representativas no campo das instituições estatais”. Há que se pensar, na sua avaliação, em elementos teóricos e analíticos que permitam entender a qualidade da representação exercida e a sua compatibilidade ou não com a ideia de representação democrática.

Para a cientista política, “promover representação democrática implica em ampliar os espaços e os atores sociais, não no sentido da substituição, mas da complementação e da qualificação da representação eleitoral”.

Como a representação não está dada a priori, é necessário criar “mecanismos e espaços de escuta, debate e interlocução, corroborando, dessa maneira, com os “ideais democráticos de pluralização e inclusão”. Uma representação legítima, adverte Lígia Lüchmann, requer uma participação ativa por parte dos indivíduos, grupos e organizações sociais. Por essa via, conclui, o associativismo será um “ganho político e democrático”,apontando e  abrindo caminhos para a inclusão dos cidadãos.

Mais informações e contatos:
Sérgio Medeiros e Fernando Wolff
(48) – 3721-9605 , 3721-9408 , 3721-9686  e  3721-8507
e-mails: fernando@editora.ufsc.brsergio@editora.ufsc.br


Moacir Loth /Jornalista da Agecom/UFSC
lothmoa@gmail.com 

 

 

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UFSC contará com um núcleo de estudos sobre movimentos sociais

22/08/2012 11:25

Um dos objetivos da reunião foi identificar projetos ligados aos movimentos sociais

Na tarde desta segunda-feira, 20 de agosto, as reitoras Roselane Neckel e Lúcia Helena Pacheco discutiram a criação de um núcleo de estudos que desenvolva projetos com movimentos sociais. A proposta foi encaminhada na presença de membros do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) em reunião no Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH). O órgão deve ser gerenciado por professores da UFSC que coordenam e participam de projetos de extensão que trabalham com movimentos sociais. Ainda não existe uma data para inaugurar o núcleo.

As reitoras assumiram o compromisso de suprir a demanda de institucionalizar as ações da Universidade com relação aos movimentos. Um dos objetivos da reunião desta segunda-feira era identificar os professores que mantinham projetos ligados aos movimentos sociais e integrar essas propostas. O encontro foi um convite do MST para esclarecer a participação da Universidade dentro dos assentamentos.

Revero Ribeiro, membro do Setor de Comunicação do MST em Santa Catarina, diz que uma das principais parcerias entre as instituições é a oferta de educação nos assentamentos. A UFSC oferece formação técnica, especialização e Ensino Médio para os assentados por meio do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA) do INCRA. A vice-reitora Lúcia Helena Pacheco afirma que a Universidade tem o conhecimento científico como um instrumento à disposição . “O objetivo da UFSC é estar aberta para auxiliar os movimentos em suas questões”, disse.

A resposta às demandas é um desejo antigo do MST. Membros do Movimento conversaram com a reitora em maio e alguns encontros foram realizados nesse período. Roselane reiterou durante a reunião que existia a necessidade de um projeto institucionalizado para a Universidade reconhecer as demandas dos movimentos de forma efetiva. “A ideia é que a gente organize isso”, concluiu.

Por Murici Balbinot / Estagiário de Jornalismo na Agecom / UFSC
muricibalbinot@gmail.com

Foto: Henrique Almeida / Agecom / UFSC
henrique.almeida@ufsc.br

 

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Comissão do MST visita reitora da UFSC com proposta de ampliar projetos

03/07/2012 13:40

Comissão apresentou a proposta de criar uma diretoria de extensão popular para articular iniciativas ligadas aos movimentos sociais

A reitora Roselane Neckel e a vice-reitora Lúcia Pacheco receberam na tarde desta segunda-feira, 2 de julho, uma comissão para tratar dos projetos em andamento da UFSC em parceria com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Um dos assuntos em pauta foi a proposta da comissão de criar na UFSC uma diretoria de extensão popular, para organizar e articular as iniciativas de extensão ligadas aos movimentos sociais. Outra ideia é organizar uma parceria nas áreas técnicas, com cursos formais de capacitação para produção de alimentos saudáveis.

Como ponto de partida, a comissão irá organizar um seminário que terá por objetivo reunir pesquisadores, professores e representantes das diversas organizações sociais, com o objetivo de estudar as políticas institucionais da UFSC em relação aos movimentos sociais, identificar os projetos relevantes, as oportunidades de parceria e estabelecer as prioridades de ação.

Estiveram presentes na reunião Wilson Santin, da Coordenação e Articulação Estadual do MST, Lucídio Ravanelo, da Direção Estadual do MST, Elodir Lorenço de Souza, Coordenador do Coletivo Estadual de Educação do MST, Nauro José Velho, Fábio Dhein e Camila Munarini, da Secretaria Urbana de Articulação Política do MST de Florianópolis, Clarilton Cardoso Ribas, Chefe do Departamento de Zootecnia e Desenvolvimento Rural e Sandra Dal Magro, professora da UFSC.

 

Por Laura Tuyama, jornalista na Agecom/UFSC.

Fotos: Henrique Almeida, Agecom/UFSC.

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Barragens: novas abordagens sobre um velho problema

17/06/2012 09:27

Acontece nesta terça, 19/06, o debate Barragens: novas abordagens sobre um velho problema. O evento, que se inicia às 14h no Mini-auditório do CFH, trará os professores Carlos Augusto Locatelli (Departamento de Jornalismo, UFSC), Hemerson L. Pase (Departamento de Ciência Política, UFPEL) e Maria José Reis (ANT-UFSC/UNIVALI) para discutir o tema.

O debate é aberto à comunidade e tem promoção do Núcleo de Pesquisa em Movimentos Sociais (NPMS) da UFSC.

Mais informações:  www.sociologia.ufsc.br, 3721-9253 Ramal 23 ou ppgsp@cfh.ufsc.br.

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