Ministra das Mulheres convoca na UFSC esforço para “chegar aonde ainda não chegamos”

20/04/2023 19:26

Cida Gonçalves atendeu a diferentes lideranças de movimentos de mulheres no Auditório da Reitoria

A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, cumpriu agenda especial na tarde desta quinta-feira, 20 de abril, na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Além de participar de uma reunião com representantes do Instituto Federal Catarinense (IFC), Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) e Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), a ministra também ouviu lideranças e vozes de movimentos de militância regionais.

Após comparecer à Câmara Municipal de Florianópolis pela manhã, Cida Gonçalves integrou uma mesa de discussão na Sala dos Conselhos, no prédio da Reitoria do Campus de Florianópolis, às 14h30. Além de Cida, a mesa também foi composta pelo reitor da UFSC, Irineu Manoel de Souza, a vice-reitora, Joana Célia dos Passos, e a deputada federal Ana Paula Lima e a deputada estadual Luciane Carminatti. Neste momento, a ministra discutiu as principais demandas e alinhou expectativas com representantes das instituições públicas de ensino catarinenses.

Em meio ao quórum, estavam presentes a reitora do IFC, Sônia Regina de Souza Fernandes, e o reitor do IFSC, Maurício Gariba Júnior. Ao iniciar o debate, a vice-reitora Joana, que conduziu a mesa na ocasião, citou o poema A noite não adormece nos olhos das mulheres, de Conceição Evaristo, feito em homenagem a Beatriz Nascimento, vítima de feminicídio. “Há mais olhos que sono”, recitou Joana, fazendo alusão a temas como violência contra a mulher, negritude e sofrimento feminino.

Atualmente, cerca de 48% das pessoas que circulam dentro da UFSC são mulheres, englobando docentes, discentes, servidoras técnico-administrativas, dentre outros. Durante as discussões, a ministra ressaltou a importância das instituições públicas durante a pandemia, abordando tópicos como vacinação, pesquisa e extensão.

Enfrentamento ao ódio e à misoginia

Em sua gestão, Cida mencionou que realizará um enfrentamento direto ao ódio e à misoginia, dificuldades enfrentadas pelas mulheres também no ambiente universitário. Dentre seus principais desafios, a ministra disse que se esforçará para “chegar aonde ainda não chegamos, falar com quem ainda não falamos”, além de promover os direitos e o respeito por todas as mulheres. A ministra também lembrou o ex-reitor Luiz Carlos Cancellier de Olivo, tecendo críticas às ações que levaram à sua morte.

Ministra, reitor e vice-reitora da UFSC na primeira reunião na Sala dos Conselhos

Ela também contou que deseja visitar todos os estados do Brasil até agosto de 2023, e que buscará conversar com governadores, parlamentares, além de discorrer sobre esses assuntos em assembleias legislativas.

Ainda na UFSC, Cida Gonçalves participou de uma segunda mesa no Auditório da Reitoria, onde ouviu demandas de diversos movimentos sociais da região, como o 8M e o Movimento de Mulheres Camponesas (MMC). Neste momento, a vice-reitora convidou mulheres de diferentes grupos a comporem a mesa, como mulheres negras, indígenas e trans. “Não queremos mais estar apenas nas esquinas, também queremos sentar na mesa com a ministra das mulheres”, emocionou-se Mariana, mulher trans participante da mesa e formanda do Curso de Serviço Social da UFSC.

A ministra Cida Gonçalves recebeu demandas, fez anotações e discursou ao final do evento na UFSC. Ela relatou que o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, passou duas tarefas para o Ministério das Mulheres: trabalhar para a efetivação da lei que garantirá salários iguais para trabalhadoras em relação aos colegas homens e buscar, em quatro anos, taxa zero de feminicídio no Brasil.

“É um desafio no país que ainda espalha ódio e intolerância. Mas nós vamos ter de enfrentar isso”. A ministra falou por quase 20 minutos ao final do evento na Universidade, encerrando sua fala com um convite para as mulheres de Santa Catarina aderirem a uma marcha contra a misoginia. “As mulheres brasileiras não vão morrer, não vão parar de falar, não vão ficar na cozinha…Elas são mães. Elas têm o direito de trabalhar. Nós não vamos aceitar ódio contra as mulheres.”

Texto de Giulia Rabello / estagiária de Jornalismo da Agecom / UFSC
Fotos de Robson Ribeiro / estagiário de Jornalismo da Secom / UFSC

 

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