Portal de Saberes divulga a cultura da Terra Indígena Laklãnõ

08/06/2022 13:14

Será lançado nesta quarta-feira, 8 de junho, às 18h, o Portal de Saberes Laklãno/Xokleng, um site desenvolvido para compartilhar registros e materiais sobre os saberes do povo Laklãnõ/Xokleng da Terra Indígena (TI) Ibirama Laklãnõ, do Alto Vale do Itajaí, Santa Catarina. Com o objetivo de divulgar sua história, identidade e cultura para outros povos e pessoas não indígenas, a página reúne patrimônio oral, artístico-cultural e produção científica Laklãnõ/Xokleng. O lançamento será feito em uma transmissão ao vivo pelo Instagram @portaldesaberes, com as turmas da Licenciatura Intercultural Indígena da UFSC, no miniauditório do bloco B do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH). Já nos dias 9 e 10, quinta e sexta-feira, o portal será apresentado presencialmente nas escolas Vanhecú Patté e Laklãnõ, na Terra Indígena.

O projeto foi selecionado pelo Prêmio Elisabete Anderle de Apoio à Cultura – Edição 2020 e executado com recursos do Governo do Estado de Santa Catarina, por meio da Fundação Catarinense de Cultura. O site tem curadoria do estudante de jornalismo da UFSC Jucelino de Almeida Filho e da egressa da UFSC e atual doutoranda em Arqueologia na Universidade de São Paulo (USP) Walderes Coctá Priprá, ambos do povo Laklãnõ. Também conta com a participação de todas as aldeias da terra indígena, onde vivem também os povos Guarani e Kaingang. A TI é dividida nas aldeias Takaty, Bugio, Sede, Pavão, Kóplág, Toldo, Coqueiro, Figueira, Palmeira e Plipatól.

Com ilustrações do artista João Pedro Ruiz, também indígena, e projeto gráfico e webdesign de Marcos Walickosky, o site é dividido em 11 áreas: arqueologia, arte, audiovisual, biblioteca, comida, cura, fotografias, línguas, mapa, sons e quem somos. Parte do acervo apresentado é resultado de contribuições dos moradores da TI e da pesquisa para o documentário Vãnh gõ tõ Laklãnõ, sobre a resistência do povo Laklãnõ, dirigido por Barbara Pettres, Flávia Person e Walderes Coctá Priprá. O portal é vivo, aceita contribuições de materiais e permite baixar as informações, depois de preencher um formulário indicando a finalidade de uso.

Curadoria

Jucelino de Almeida Filho (Juce Filho), estudante indígena de jornalismo na UFSC, é o proponente do projeto. Ativista das causas indígenas, participou da construção do documentário U TÕ DÉN TXI KABEL Xokleng/ Laklãnõ, que retratou as cerimônias que marcaram os cem anos de contato com não indígenas e do documentário VÃNH GÕ TÕ LAKLÃNÕ, sobre a resistência do povo Laklãnõ/Xokleng. Trabalha também com fotografia, podcasts e como comunicador indígena.

Walderes Coctá Priprá é professora formada em Licenciatura Letras/Português e Espanhol pela Universidade Uniasselvi, em Indaial (SC), e Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica na UFSC, em Florianópolis (SC). É mestre em História na linha de pesquisa História Indígena, Etnohistória e Arqueologia, também pela UFSC. É a primeira indígena no Sul do Brasil formada em Arqueologia e recentemente conquistou o Prêmio de Excelência em Mestrado 2021, concedido pela Sociedade de Arqueologia Brasileira (SAB). Atualmente é doutoranda em Arqueologia na USP.

História e território

A terra indígena Laklãnõ possui uma área de 37.018 hectares, sendo que somente 14.156,58 hectares estão demarcados. O restante está em processo de homologação. Está localizada no Alto Vale do Itajaí, em Santa Catarina, entre os municípios de José Boiteux, Doutor Pedrinho, Vitor Meirelles e Itaiópolis.

Depois do contato com não indígenas, em 1914, período conhecido como “pacificação”, o povo Laklãnõ passou a viver recluso na TI. Antes, sua população, que ocupava os três estados do Sul do país, foi praticamente exterminada pela invasão do território tradicional por colonos, pela ação violenta dos bugreiros, pagos pelo Estado e por colonizadores, e ainda por doenças como a gripe. Poucos anos após o contato, restavam apenas 106 pessoas na TI.

O povo é também protagonista da questão do Marco Temporal. O julgamento em curso no Supremo Tribunal Federal trata da demarcação da Terra Indígena Laklãnõ, a partir de um processo movido pela Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina contra a Funai. O julgamento é de repercussão geral, ou seja, tem impacto sobre a demarcação de terras indígenas em todo o país.

Ficha técnica

Curadoria: Jucelino de Almeida Filho e Walderes Coctá Priprá
Pesquisa e curadoria adjunta: Barbara Pettres, Caroline Marins e Gabi Bresola
Produção: Caroline Marins/Calêndula filmes e Gabi Bresola/Ombu produção
Assistência de produção: Luana Marins Caramori
Coleta de materiais: Barbara Pettres, Caroline Marins, Flávia Person, Gabi Bresola, Hans Denis, Jucelino de Almeida Filho e Walderes Coctá Priprá
Preparação de arquivos: Gabi Bresola, Leila Pessoa e Luana Marins Caramori
Colaboração na disponibilização dos arquivos de vídeo: Ismael Godoy
Assessoria de comunicação e revisão: Barbara Pettres
Webdesign e desenvolvimento do website: Marcos Walickosky
Projeto gráfico: Marcos Walickosky
Ilustrações e fonte do website: João Pedro Ruiz

Programação

8 de junho, quarta-feira, às 18h: Lançamento do Portal de Saberes Laklãno/Xokleng, com a turma da Licenciatura Intercultural Indígena da UFSC e participação dos curadores Jucelino de Almeida Filho e Walderes Coctá Priprá e de Fernando Xokleng, no miniauditório do bloco B do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH), com transmissão ao vivo pelo Instagram @portaldesaberes

9 de junho, quinta-feira, às 15h: Lançamento presencial, na Escola Laklãnõ, Aldeia Plipatól, com participação da comunidade, lideranças indígenas e dos artistas Fernando Xokleng e João Adão Nunc-Nfoônro de Almeida.

10 de junho, sexta-feira, às 15h: Lançamento presencial, na Escola Vanhecú Patté, Aldeia Bugio, com participação da comunidade, lideranças indígenas e dos artistas Fernando Xokleng e João Adão Nunc-Nfoônro de Almeida.

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