
Questionário é resultado de doutorado na linha de pesquisa Desigualdades em Saúde
O professor João Luiz Dornelles Bastos, do Departamento de Saúde  Pública da UFSC, desenvolveu um questionário para avaliar as  experiências discriminatórias sofridas ao longo da vida e o impacto  sobre a saúde. O instrumento é resultado de seu doutorado na linha de  pesquisa Desigualdades em Saúde, do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas.
As questões foram organizadas com base em extensa revisão da  literatura e na condução de grupos focais, dinâmica em que pessoas foram  reunidas para identificar problemas relacionados a preconceitos,  tratamentos negativos, desiguais e de violação de direitos.
O questionário contém 18 itens que abordam a exposição a tratamento  diferencial, as motivações para esses eventos, o grau de incômodo gerado  e a atribuição dos tratamentos diferenciais à discriminação. A  avaliação leva em conta agressões verbais e físicas.
“O levantamento contempla tanto o ponto de vista da pessoa que  responde ao questionário, quanto o ponto de vista do pesquisador na  avaliação das experiências discriminatórias”, explica o professor, autor  da tese Desigualdades Raciais em Saúde: Medindo a Experiência de  Discriminação Autorrelatada no Brasil.
Além do livro Measuring Racial Discrimination,  organizado pela economista americana Rebecca Blank e outros  colaboradores, João Luiz recorreu a uma literatura que não se restringiu  ao campo da saúde. “Tomei como referência bibliografia das ciências  sociais, antropologia, psicologia social e história, entre outras”,  explica Bastos.
Segundo ele, o levantamento permite entender melhor o fenômeno da  discriminação, fornecendo subsídios para buscar sua redução na  sociedade. A novidade em relação a outros questionários que avaliam  experiências discriminatórias é que o desenvolvido por Bastos contempla  questões além das raciais, muito comuns nos Estados Unidos. “São  abordadas experiências discriminatórias com motivação racial, de gênero e  de classe, entre outras”, explica o pesquisador.
Segundo ele, a relação entre algumas doenças com as experiências  discriminatórias são descritas na literatura, especialmente transtornos  mentais, entre eles depressão e ansiedade. São também citados problemas  cardiovasculares, tabagismo, alcoolismo e alimentação não-saudável como  consequências de exposição a tratamentos discriminatórios.
O trabalho contou com a orientação dos professores Aluísio Barros, da  Universidade Federal de Pelotas, e Eduardo Faerstein, da Universidade  do Estado do Rio de Janeiro. Teve apoio institucional da UERJ, onde foi  realizada a etapa de campo. O estudo foi financiado pela Fundação de  Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro e pelo Conselho Nacional de  Desenvolvimento Científico e Tecnológico.
Questionário
A primeira aplicação do questionário foi no Rio de Janeiro, com 424  estudantes universitários de uma instituição pública de ensino. “A  aplicação mostrou que o instrumento apresenta bom desempenho na  avaliação das experiências de discriminação entre os estudantes”,  comenta o pesquisador.
O objetivo do professor João Luiz Bastos agora é aplicar o  questionário na UFSC. O projeto já foi contemplado com uma bolsa de  iniciação científica do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação  Científica (PIBIC).
Mais informações: João Luiz Dornelles Bastos /(48) 3721-9388 /  joao.luiz.epi@gmail.com
Por Ana Luísa Funchal/ Bolsista de Jornalismo da Agecom