Centros de Ensino e Cursos da UFSC posicionam-se sobre manifestações estudantis

22/11/2016 11:56

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) atualmente tem três Centros de Ensino ocupados, o Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH), o Centro de Ciências da Educação (CED) e o Centro de Comunicação e Expressão (CCE). O Colégio de AplicaçãoCentro de Ciências Biológicas (CCB), o Centro Socioeconômico (CSE) e parte do prédio do Departamento de Arquitetura (CTC) estão parcialmente ocupados. No CSE, aulas foram suspensas na segunda e terça-feira (21 e 22/11) em virtude de conflitos entre grupos de alunos favoráveis e contrários à ocupação.

Diversos cursos divulgaram manifestações de grupos de professores em apoio às manifestações estudantis. Professores dos Departamentos de Artes Cênicas, Jornalismo, Língua e Literatura Vernáculas, Letras Estrangeiras, Serviço Social, entre outros pronunciaram-se por meio de carta aberta. Também posicionaram-se professores do CCB e do CFH. Professores ligados à Comissão de Mobilização dos Docentes da UFSC deliberaram em assembleia na última quinta-feira, 17, favoráveis a um acampamento e vigília em frente ao prédio da Reitoria. O acampamento está montado de 22 a 25 de novembro. Discentes de cursos de graduação e pós-graduação também publicaram cartas abertas.

O Departamento de Sociologia e Ciência Política, do CFH, posicionou-se contrário à ocupação do Centro em nota.

Todas as manifestações e ocupações estudantis são contrárias à Proposta de Emenda Constitucional (PEC) nº 55, que tramita no Senado e terá votação em 1º turno na próxima terça-feira, dia 29. Também são contrárias a outras iniciativas do governo federal, como a Medida Provisória de reforma do Ensino Médio, a PEC da Escola Sem Partido e a PEC 65, do licenciamento ambiental.

O reitor Luiz Cancellier reuniu-se com diretores dos Centros de Ensino e no Colégio de Aplicação na manhã de terça-feira (22) para tratar das ocupações.

Agenda de debates

A Comissão de Mobilização Unificada UFSC, formada por docentes, técnicos e estudantes, divulgou uma agenda de assembleias e debates nesta semana, que culmina em um dia de paralisação geral na sexta-feira, dia 25.

Dia Hora Evento Local Organização
22/11 Terça-feira 12h Assembleia de Estudantes da Pós-Graduação Centro de Convivência Associação de Pós-Graduandos da Universidade Federal de Santa Catarina
23/11 Quarta-feira 12h30 Assembleia Geral Universitária Hall da Reitoria Comissão de Mobilização Unificada UFSC
24/11 Quinta-feira 9h Assembleia dos Técnicos Administrativos em Educação Reitoria Sintufsc
14h30 Assembleia Docente Praça da Cidadania Andes/UFSC
25/11 Sexta-feira Paralisação Geral Nacional

 

Mayra Cajueiro Warren
Jornalista da Agecom / UFSC

Tags: CCBCentro de Ciências Biológicas (CCB)Centro de Comunicação e ExpressãoCSEOcupaçõesPEC 241PEC 55UFSC

Assembleias reúnem estudantes, técnicos e docentes nesta terça e quarta-feira na UFSC

09/11/2016 15:16

Assembleias estudantis, de técnicos-administrativos em Educação (TAEs), e de docentes aconteceram na última terça e quarta-feira, dia 8 e 9 de novembro. Os TAEs em greve reuniram-se na terça-feira e os estudantes organizaram assembleias na quarta-feira. As reuniões estudantis foram divididas por categoria, estudantes de graduação e do Colégio de Aplicação reuniram-se em um local, e os estudantes de pós-graduação em outro local. Uma assembleia geral reunindo as três categorias aconteceu para a quarta-feira às 18h30.

Dentre os assuntos em pauta estão a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 55, em tramitação no Senado Federal, além da agenda de greve, paralisações e ocupações em protesto às iniciativas do governo federal que afetam negativamente a educação. Na sexta-feira, 11 de novembro, a proposta é de Paralisação Geral Nacional, com diversas atividades programadas na Universidade, inclusive com proposta de uma passeata.

A assembleia geral deliberou por uma agenda para o dia de Paralisação Nacional na sexta-feira e definiu um cronograma:

9h30 – Aula Pública: “Porque precisamos parar o Brasil?”, no Hall da Reitoria
13h30 – Concentração e produção de materiais, no Hall da Reitoria
14h30 – Saída da Marcha e Carreata em Defesa da Educação Pública
16h – Ato Público na praça Tancredo Neves

Mayra Cajueiro Warren/Jornalista da Agecom/UFSC

Tags: GreveOcupaçõesparalisaçãoPEC 241PEC 55UFSC

PEC 55: aulas públicas, palestras e rodas de conversa debatem a proposta na UFSC

07/11/2016 01:00
Foto: Daniela Caniçali/Agecom/UFSC

Aula pública do curso de Pedagogia. Foto: Daniela Caniçali/Agecom/UFSC

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55, que congela os investimentos públicos em saúde e educação pelos próximos 20 anos, vem sendo amplamente debatida por todo o campus. Aulas públicas, palestras e rodas de conversa têm sido organizadas desde meados de outubro para discutir a proposta. A PEC 55 – então PEC 241 – foi aprovada na Câmara dos Deputados em 25 de outubro e ficou conhecida como “PEC do teto”, “PEC dos gastos”, entre outras denominações. A proposta está prevista para ser votada no Senado Federal nos dias 29 de novembro (primeiro turno) e 13 de dezembro (segundo turno). O Conselho Universitário (CUn) aprovou, no dia 25 de outubro, manifestação contrária à PEC. Na segunda-feira, 31 de outubro, o curso de Pedagogia promoveu uma aula pública, no hall da reitoria, com a participação dos professores Nildo Ouriques, do departamento de Ciências Econômicas; Adir Valdemar Garcia, do departamento de Estudos Especializados em Educação; e Roselane Campos, do departamento de Metodologia de Ensino.

Foto: Daniela Caniçali/Agecom/UFSC

Aula pública do curso de Pedagogia. Foto: Daniela Caniçali/Agecom/UFSC

No evento, Nildo afirmou que a crise econômica existe, mas a PEC 55 não é a solução. “Ao contrário do discurso dominante, nem todos estão perdendo. A crise é desigual. Os bancos estão registrando o maior lucro na história do Brasil desde 2009. A crise é profunda, mas os bancos, os latifundiários e os exportadores de commodities estão ganhando horrores. E por maior que seja o corte do governo em saúde, educação, infraestrutura, segurança, urbanismo, saneamento etc. – que é o que a PEC vai fazer –, não vai ser possível economizar uma quantidade de recursos para pagar a dívida”, argumenta o professor. Segundo ele, o governo pagará uma parte da dívida e o restante será renegociado com os bancos. “Serão emitidos novos títulos com uma taxa muito mais lucrativa e prazos muito mais rentáveis. Então a dívida, para os banqueiros e para todos aqueles que detêm, não é negócio que se pague. É negócio que se renegocie permanentemente. Dessa forma, o governo consegue dizer: ‘a austeridade deve ser permanente, por isso 20 anos’.” O professor acredita que a PEC irá aprofundar ainda mais as desigualdades no país. Para Nildo, o momento demanda uma nova práxis política: “Educação é parte de um projeto de Estado. Não é a educação que muda tudo; é o tudo que muda a educação. O tempo nos pede uma consciência crítica, a sociedade  pede uma mudança. Deve haver um mega processo de transformação social, em que as massas participem da política. Partir para uma consciência crítica não é fácil, não é trivial, mas é decisivo.”

Foto: Daniela Caniçali/Agecom/UFSC

Aula pública do curso de Pedagogia. Foto: Daniela Caniçali/Agecom/UFSC

Adir destacou a contradição na proposta, ao congelar os investimentos públicos por 20 anos, mas não congelar os gastos no pagamento da dívida. “O que estamos escutando é que o aperto é uma necessidade para salvar o país. Muitas pessoas estão convencidas de que essa PEC é necessária, mas elas não se dão conta de suas consequências. Precisamos dizer que existe outra história, para além do discurso único que se ouve nos meios de comunicação”, afirmou. O “desmonte violento da escola pública” foi a principal preocupação apresentada pela professora Roselane: “As crianças que estão hoje no ensino fundamental vão cursar um ensino médio precário. Essa medida vai prejudicar enormemente nosso trabalho como docente. Por isso não podemos, de jeito nenhum, não nos engajarmos.”

Debates em diversos cursos

Ao longo da semana, outros cursos promoveram espaços para debater a proposta. Na terça-feira, 1º de novembro, o Centro Acadêmico Livre de Jornalismo (CALJ) organizou o encontro PEC 55: e os estudantes do Jornalismo/UFSC com isso?. Estiveram presentes alunos e professores do curso, representantes do Sindicato dos Jornalistas e da União Florianopolitana de Estudantes Secundaristas (Ufes).

Na quinta-feira, 3 de novembro, uma palestra com o professor Nildo Ouriques integrou a programação da Ocupação em Vigília dos estudantes de Psicologia. No mesmo dia, o curso de Serviço Social promoveu a aula pública PEC 55: o que é? Quais os reflexos na formação e exercício do Serviço Social?. O Centro Acadêmico de Educação Física (Caef) também organizou o debate A Educação Física, a PEC 55 e a Reforma no Ensino Médio. A maior parte dessas atividades estão ocorrendo em espaços abertos, fora dos edifícios e salas de aulas, com o objetivo de chamar a atenção e integrar a comunidade universitária nas discussões.

 

Próximos eventos

Novos espaços de discussão estão agendados para esta semana. Na segunda-feira, 7 de novembro, às 13h30, estudantes do curso de Relações Internacionais promovem um encontro entre docentes, discentes e técnicos para debater a PEC 55. No mesmo horário, o Centro Acadêmico Livre de Fonoaudiologia (CALIFono) e o Centro Acadêmico de Nutrição (CAN) convidam para um debate sobre as relações da PEC com a saúde. À noite, uma aula pública organizada por alunos de Direito irá discutir as perspectivas jurídica e econômica da proposta. A atividade terá a participação de Tamara Siemann Lopes, economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese); e Samuel Martins dos Santos, professor de Direito da Faculdade Cesusc.

Na manhã de terça-feira, 8 de novembro, o Sindicato dos Professores das Universidades Federais de Santa Catarina (Apufsc) promove um debate com especialistas contra e a favor da proposta. Estarão presentes João Rogério Sanson, professor do departamento de Economia da UFSC; Fernando de Holanda Barbosa Filho, professor da Fundação Getúlio Vargas; Luciano Wolffenbüttel Véras, coordenador do núcleo catarinense da Auditoria Cidadã da Dívida; e Afrânio Boppré, economista e vereador em Florianópolis. À tarde, o Diretório Central dos Estudantes organiza o debate PEC 55 e suas consequências, com a participação do estudante de Economia Bruno dos Santos Vieira; e Eduardo Soares de Lara, formado em Sociologia pela UFSC. À noite, estudantes de Direito promovem mais uma aula pública, dessa vez com o título Posso desobedecer? Implicações ao direito de greve e à ocupação.

Na quarta-feira, 9 de novembro, às 12h acontece a Assembleia Estudantil da UFSC, no Ginásio do Centro de Desportos (CDS), uma mobilização dos estudantes do Conselho de Entidades de Base (Centros Acadêmicos da UFSC e o Grêmio do Colégio de Aplicação). À tarde, às 18h30, a Assembleia Universitária da UFSC (com a participação de estudantes, técnicos e docentes), no Hall da Reitoria, promovida pela Comissão de Mobilização Unificada UFSC.

Na sexta-feira, 11 de novembro, a proposta é de Paralisação Geral Nacional, com diversas atividades programadas na Universidade.

O Diretório Central dos Estudantes – Luís Travassos (DCE) promove, concomitantemente, uma consulta pública, por meio do Sistema de Controle Acadêmico da Graduação (CAGR), sobre a PEC 55 e a greve. Todos os estudantes podem se manifestar por meio do link: https://goo.gl/XkfNgy

Confira a agenda de debates e eventos:

Dia Hora Evento Local Organização
07/11 Segunda-feira 13h30 Relações Internacionais e a PEC: debate aberto entre estudantes e docentes Entre o CSE e o CCJ Estudantes de Relações Internacionais
13h30 Debate CCS: PEC 55 e a Saúde Hall do CCS Centro Acadêmico de Nutrição
19h Aula Pública – PEC 55: Perspectivas Jurídica e Econômica Entre o CSE e o CCJ Estudantes de Direito
08/11 Terça-feira 8h30 PEC 55: debate com especialistas contrários e a favor Auditório do EFI Apufsc
14h20 Roda de conversa: como as atuais medidas políticas irão afetar o audiovisual? Varandão do CCE Estudantes de Cinema
17h PEC 55: debate Concha Acústica DCE
18h30 Posso desobedecer? Implicações ao direito de greve e à ocupação Entre o CSE e o CCJ Estudantes de Direito
09/11 Quarta-feira 12h Assembleia Estudantil da UFSC Ginásio do Centro de Desportos (CDS) Conselho de Entidades de Base
12h Assembleia Estudantil da Pós-Graduação da UFSC Hall do Centro de Convivência Associação de Pós-Graduandos da Universidade Federal de Santa Catarina
15h30 Assembleia Docente Hall da Reitoria Andes/UFSC
18h30 Assembleia Universitária da UFSC Hall da Reitoria Comissão de Mobilização Unificada UFSC
11/11 Sexta-feira

Paralisação Geral Nacional

Daniela Caniçali/Jornalista da Agecom/UFSC

Tags: Apufscaula públicaCCJCSEDCEdebateDireitoEFIPEC 241PEC 55pedagogiaUFSC

Conselho Universitário aprova manifestações contrárias à PEC 241, Escola sem Partido, Reforma do Ensino Médio e PEC 65

31/10/2016 13:14

O Conselho Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) aprovou, em sessão ordinária nesta terça-feira, dia 25, manifestações contrárias ao Projeto de Emenda Constitucional nº 241 – Ajuste Fiscal; ao Projeto de Lei nº 867/2015 – Escola sem Partido; à Medida Provisória nº 746/2016 – Reforma do Ensino Médio e à Proposta de Emenda Constitucional nº 65 – Licenciamento Ambiental.

Os documentos de referência debatidos pelo CUn foram uma moção de autoria do Conselho de Unidade do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH); a manifestação do Conselho Pleno da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes); e a manifestação do Conselho Nacional de Secretários da Educação (Consed) – todas referentes à PEC 241 e MP 746/2016; moção contra o Projeto Escola sem Partido, do Centro de Ciências da Educação (CED);e a nota pública de autoria do Centro de Ciências Biológicas (CCB), contra a PEC 65, que modifica regras de licenciamento ambiental.

O CUn recebeu, ainda, uma manifestação do Comando Local de Greve dos Técnicos-Administrativos em Educação sobre a PEC 241 e os acordos de greve de 2015. Os TAEs estão em greve desde a segunda-feira, dia 24. O texto dos Técnicos foi lido durante a sessão.

CONSELHO UNIVERSITÁRIO

O Conselho Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina, reunido em sessão ordinária no dia 25 de outubro de 2016, decide reiterar e ratificar os termos da nota “Educação de qualidade, gratuidade e inclusão”, aprovada pelo Conselho Pleno da Andifes, a seguir transcrita, no sentido de manifestar a preocupação com as recentes propostas que alteram aspectos quanto a financiamento e reformas na educação brasileira.

“Educação de qualidade, gratuidade e inclusão

Os reitores das universidades federais brasileiras, reunidos em Cuiabá, em 28 de julho de 2016, durante a CLIII reunião do Conselho Pleno da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES), vêm a público se manifestar em defesa do sistema federal de ensino superior público, gratuito, autônomo e de qualidade!

A ANDIFES acredita firmemente que o conjunto das universidades federais constitui um patrimônio de valor imensurável para o povo brasileiro, pois congrega o que há de melhor na educação superior brasileira. Avaliações internacionais posicionam várias universidades públicas com destaque entre as melhores da América Latina. Portanto, a formação de recursos humanos qualificados e a produção de conhecimento técnico-científico, essenciais ao desenvolvimento do País, dependem, em grande parte, do funcionamento adequado dessas instituições.

Neste momento, as universidades públicas vivem um processo de expansão que não pode ser interrompido; ao contrário, precisa ser consolidado e continuado. Mesmo com o formidável crescimento dos últimos anos, o País ainda oferece aos seus jovens menos de 30% de vagas no ensino superior público, ficando o ensino privado com a grande maioria das vagas ofertadas.

Reconhecendo que o ensino privado é necessário, dada a demanda por formação superior no País, é inquestionável que a referência de qualidade do ensino e das pesquisas desenvolvidas, qualquer que seja a ferramenta de avaliação, está associada, essencialmente, às universidades públicas.

Deve-se considerar ainda que a expansão foi acompanhada por políticas públicas que permitiram a interiorização das universidades federais e a ampliação do acesso, com a utilização de um sistema nacional de seleção (ENEM/SISu) e com a adoção das políticas de ações afirmativas. Deste modo, é erro grave afirmar, hoje, que a universidade pública está acessível apenas a camadas economicamente mais privilegiadas. Estudo recente da ANDIFES aponta que 66,19% dos alunos matriculados têm origem em famílias com renda média até 1,5 salários. Se consideradas apenas as regiões Norte e Nordeste, esse percentual atinge 76,09% e 76,66%, respectivamente.

Dispositivos encaminhados pelo executivo (PEC 241 e a PLP 257 e a MP 746), que se encontram em debate no Congresso Nacional, indicam forte redução dos investimentos públicos em educação. Em especial a PEC 241, que institui o Novo Regime Fiscal e torna possível aos governos nas diferentes esferas não cumprirem com os pisos constitucionais de gastos com a educação, representa séria ameaça ao Plano Nacional de Educação (PNE) aprovado por unanimidade pelo próprio Congresso Nacional. Em suma, sem o adequado financiamento, as metas previstas no PNE não serão alcançadas, desviando o País do caminho do desenvolvimento econômico e da inclusão social.

Certamente a ANDIFES compreende e quer contribuir na busca de soluções para o enfrentamento da crise econômica que afeta o País. Contudo, divergindo das propostas elencadas até o momento, a ANDIFES advoga que é precisamente em cenário de crise que se devem eleger as prioridades que possam acelerar a retirada do País do ciclo recessivo. Dentre estas, deve estar a ampliação e não a redução dos gastos em Educação e em Ciência e Tecnologia, pois este tem sido o caminho adotado por todos os países que alcançaram níveis satisfatórios de desenvolvimento econômico e social.

As universidades públicas já provaram seu potencial para contribuir com a construção de uma sociedade em que se harmonizem democracia, desenvolvimento econômico, riqueza cultural e o cultivo da paz e da solidariedade entre as pessoas que a constituem em sua diversidade. É esta missão que continuaremos realizando, garantido o exercício dos princípios constitucionais de autonomia universitária, liberdade de expressão e de opinião.

Por essas razões, conclamamos todos para a defesa da Universidade Pública, patrimônio nacional. Ao invés de saídas unilaterais, desejamos o debate com toda a sociedade, queremos a participação das instituições públicas nos espaços de decisão e de controle das políticas educacionais, planejando e expandindo nossas universidades com orçamento e recursos humanos adequados.

Esta tarefa coletiva se faz com educação pública, com financiamento público, com inclusão social e com respeito às políticas públicas definidas pela população. Do nível fundamental ao superior, a educação é um direito de todos e dever do Estado. Investir nesse direito é investir no bem e no futuro de toda a sociedade brasileira.

Conselho Pleno da Andifes”

Florianópolis, 25 de outubro de 2016.

LUIZ CARLOS CANCELLIER DE OLIVO
Presidente

CONSELHO UNIVERSITÁRIO

MOÇÃO EM DEFESA DA EDUCAÇÃO, DA FILOSOFIA, DA ARTE E DA CIÊNCIA

O Conselho Universitário, a respeito da Medida Provisória nº 746/2016, por maioria de seus membros, assim se manifesta:

A reforma do Ensino Médio, prevista pela Medida Provisória nº 746/2016, que abole a obrigatoriedade das disciplinas de Filosofia, Sociologia, Artes e Educação Física, e dá ênfase ao ensino do inglês como língua estrangeira em detrimento de outras línguas como o alemão, o italiano, o francês, o espanhol, além de não destacar o ensino da língua brasileira de sinais, Libras, foi realizada sem a participação de quaisquer entidades representativas da área da educação e da sociedade civil, atropelando um longo processo de discussão que, desde 2012, já ocorria no próprio Congresso Nacional e no Conselho Nacional de Educação. Essa Medida Provisória, que já vigora com força de Lei, além de alienar os estudantes do Ensino Médio de relevantes áreas de conhecimento e de desenvolvimento de habilidades e sociabilidades, não resolve nenhum dos problemas fundamentais da educação nacional, entre eles a marginalização e pauperização da carreira docente, o flagrante desaparelhamento das escolas e o desprestígio ao esforço intelectual.

Florianópolis, 25 de outubro de 2016.

LUIZ CARLOS CANCELLIER DE OLIVO
Presidente

CONSELHO UNIVERSITÁRIO

MOÇÃO CONTRA O PROJETO ESCOLA SEM PARTIDO, PL 867/2015

A educação, a escola e os professores brasileiros enfrentam uma grande ameaça com o Projeto Escola sem Partido (PL 867/2015), em tramitação no Congresso Nacional. Tal projeto defende uma escola sem pensamento crítico, delegando ao professor apenas o papel de reproduzir e repassar conteúdos disciplinares, de forma homogênea, acrítica e descontextualizada. É um projeto que trata com desconfiança os profissionais do ensino, não os considerando educadores que discutem valores, a realidade dos alunos e da própria sociedade. O PL 867/2015 é também uma afronta à Constituição, pois fomenta a censura e a perseguição à liberdade de expressão dentro do ambiente escolar. A Universidade Federal de Santa Catarina, enquanto instituição responsável pela formação de professores, pela pesquisa educacional e pela educação básica, reafirma, por meio do seu Conselho Universitário reunido em 25 de outubro de 2016, por unanimidade, o apoio a uma educação fundada no compromisso com a liberdade de expressão e de pensamento, e o direito a uma prática pedagógica e democrática em sala de aula. Por isso, posicionamo-nos contra o Projeto Escola Sem Partido, que representa um retrocesso para o desenvolvimento de uma educação que deve primar pela livre expressão, pelo direito ao contraditório e pela livre circulação de ideias.

Florianópolis, 25 de outubro de 2016.

LUIZ CARLOS CANCELLIER DE OLIVO
Presidente

CONSELHO UNIVERSITÁRIO

NOTA PÚBLICA

O Conselho Universitário, a respeito da Proposta de Emenda Constitucional nº 65, por unanimidade, assim se manifesta:

  1. 1.Na explicação da ementa os autores argumentam que a proposta visa

assegurar a continuidade de obra pública após a concessão de licença ambiental; dispõe que a apresentação do estudo prévio de impacto ambiental importa autorização para a execução da obra, que não poderá ser suspensa ou cancelada pelas mesmas razões a não ser em face de fato superveniente.

  1. 2.O texto da PEC 65, nos termos do § 3º do art. 60 da Constituição Federal, não mostra vinculação restrita a obras públicas, como se vê no texto aqui transcrito:

Art. 1º O art. 225 da Constituição passa a vigorar acrescido do seguinte § 7º. Art. 225 § 7º A apresentação do estudo prévio de impacto ambiental importa autorização para a execução da obra, que não poderá ser suspensa ou cancelada pelas mesmas razões a não ser em face de fato superveniente. (NR) Art. 2º Esta emenda constitucional entra em vigor na data de sua publicação.

  1. 3.A PEC 65 afronta valores básicos insculpidos na Constituição Federal de 1988, pois, com a autorização de obra tão somente com a apresentação do Estudo de Impacto Ambiental, elimina a fase de análise dos órgãos licenciadores, suprimindo a possibilidade de revisão e controle administrativo e judicial.
  2. 4.A PEC 65 fere princípios basilares, como o dos limites materiais da separação de poderes e direitos e garantias fundamentais; elimina o princípio da precaução e instrumentos essenciais para a prevenção de degradações irremediáveis; retira da população o direito de participação e manifestação em consulta livre, prévia e informada, configurando assim em proposta eivada de fragrante violação de cláusulas pétreas da Constituição Federal.
  3. 5.Pelo exposto, o Conselho Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina, corroborando com a decisão do Conselho de Unidade do Centro de Ciências Biológicas, manifesta apreensão com a tramitação da referida PEC 65 e contrariedade à sua aprovação, já que a proposta contraria a Constituição Federal e fragiliza o direito inalienável dos brasileiros de terem resguardados ambientes preservados e ecologicamente equilibrados.

Florianópolis, 25 de outubro de 2016.

LUIZ CARLOS CANCELLIER DE OLIVO
Presidente

Tags: Ajuste FiscalAndifesConsedconselho universitárioCUnescola sem partidoGrevePEC 241Reforma Ensino MédioUFSC