Especial: UFSC virtual ou presencial, trabalhando pela sociedade

04/04/2022 17:21

A pandemia de Covid-19 impôs dois anos de restrições sanitárias e de contato pessoal para conter o avanço do contágio. Passando por limitações às atividades presenciais, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) precisou adaptar suas atividades de gestão, ensino, pesquisa e extensão para a forma remota. Com base em estudos científicos e acompanhamento contínuo da situação da pandemia no Estado, pesquisadores da instituição elaboraram, em 2020, um plano de retorno ao modo presencial.

Em 2021, no primeiro aniversário dessa medida, a Agência de Comunicação preparou uma série de reportagens, trazendo as perspectivas de diversos setores sobre o primeiro ano de mudanças. Também divulgou um balanço da Administração Central após o primeiro ano de aulas remotas. No último 16 de março, chegamos ao segundo ano remoto, e, em 26 de março, encerrou-se o segundo ano letivo pandêmico.

Mais uma vez, para marcar e documentar a data, a Agecom, com a contribuição do GT Agentes de Comunicação e diversos setores de atuação interna e externa da Universidade, elaborou uma breve síntese, contendo algumas das principais ações tomadas no período de trabalho remoto divulgadas pela Agência. Seguindo o princípio da transparência e prezando pelo envolvimento da comunidade, o panorama levantado mostra que a instituição acelerou o seu processo de digitalização e disponibilizou novas formas de contato para o atendimento a distância. A UFSC se adaptou e desenvolveu soluções para seguir atendendo a comunidade.

Nesses dois anos a UFSC buscou se fortalecer, e se defender. Por meio da transparência no trabalho, preocupação com a saúde e respeito à Ciência, a Universidade almejou promover a união, mesmo a distância. Fechamos esse período excepcional da história em um momento de readaptação. A partir desta semana ingressaremos na Fase 3, com o início das atividades presenciais a partir desta segunda-feira, 4 de abril, e aulas presenciais sendo oferecidas para 100% dos estudantes em 18 de abril.

Lado a lado com a comunidade no enfrentamento à pandemia

 

Profissionais da Prefeitura conheceram ultrafreezers da UFSC em visita técnica (Foto: Jonatan Santos/TV UFSC)

No segundo ano de pandemia, a UFSC estreitou os laços com a comunidade e serviu de esteio para diversas ações no combate à Covid-19. Logo no início de 2021, a Universidade colocou à disposição da Prefeitura Municipal de Florianópolis equipamentos para armazenar vacinas da Pfizer, que estavam previstas para chegar ao País e exigiam acondicionamento em temperaturas de 80 graus centígrados negativos. Cinco ultrafreezers com capacidade de quase dois mil litros foram identificados e cedidos. Três desses equipamentos acabaram transportados e instalados na Rede de Frios da Prefeitura.

Quando a vacinação foi iniciada no Brasil, a Universidade envolveu-se diretamente neste esforço. O Centro de Cultura e Eventos, na Trindade, e o prédio da TV UFSC, no Centro de Florianópolis, abriram espaço para instalação de pontos de vacinação.

Acadêmicos e profissionais de Enfermagem engajaram-se na aplicação de vacinas e outras atividades relacionadas à vacinação, no projeto Imuniza Floripa, lançado em março de 2021, que envolveu mais de 60 pessoas nos esforços de vacinar a população de Florianópolis. O projeto tem parceria com a Secretaria de Saúde da Prefeitura Municipal, além do apoio da Pró-Reitoria de Extensão (Proex/UFSC). As principais linhas de trabalho do projeto são: a formação de estudantes para a vacinação; o trabalho ativo na vacinação, juntamente com os docentes e profissionais da Enfermagem. Especialistas e pesquisadores realizaram dezenas de lives e entrevistas à Imprensa para esclarecer dúvidas e rebater fake news ligadas às vacinas.

Pesquisa do genoma do novo coronavírus é desenvolvida em laboratório da UFSC (Foto: Mauricio Vieira – Secom)

O trabalho de pesquisa continuou e voltou suas atenções para o estudo genético do vírus Sars-Cov2 e suas mutações, além de tratamentos e reabilitação das pessoas que tinham sido acometidas pela doença. Diversos laboratórios da UFSC participam da segunda etapa do projeto de sequenciamento do genoma do novo coronavírus, que analisa o surgimento, as mutações e a sua dispersão em Santa Catarina. No total, 2.400 amostras serão analisadas na segunda etapa do projeto, constituindo uma base de dados importante para orientar as políticas públicas e sustentar novas pesquisas. Foi com o esforço de cientistas da UFSC auxiliando o Laboratório Central de Santa Catarina que foram identificados os primeiros casos da variante Gama (p1) que elevou consideravelmente a letalidade da Covid-19 no Brasil em 2021. O projeto é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc).

Outra importante colaboração de pesquisador da UFSC foi no desenvolvimento de um kit de diagnóstico para detecção do novo coronavírus, que pode ser aplicado diretamente em unidades básicas de saúde, fornecendo o resultado em até 45 minutos, com baixo custo e alta precisão. Além da UFSC, a parceria no projeto envolve pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), e da empresa SPK Solutions.

A UFSC chegou à sociedade de diferentes formas, e foi presente no engajamento no combate à pandemia e seus reflexos. Dentre os serviços à comunidade, há os que não puderam se adaptar, porque a natureza dos seus trabalhos são completamente presenciais, como o Hospital Universitário, que tem uma função social e acadêmica. Desde março de 2020, o HU e os cursos da área de saúde da UFSC atuaram na linha de frente do combate à Covid-19, na imunização dos trabalhadores do hospital, no atendimento aos pacientes, no tratamento e nas pesquisas. A taxa de mortalidade registrada nos tratamentos em razão da doença ficou abaixo da média nacional e da região Sul.

O HU-UFSC conta com mais de 1.800 servidores e empregados públicos (Foto: Sinval Paulino)

O hospital ampliou a estrutura interna para atender especificamente os pacientes com Sars-Cov-2, abrindo uma nova porta de entrada para pacientes com sintomas respiratórios, podendo manter o seu funcionamento. De junho a julho de 2019, a média de emergências por mês era de 1.326 pacientes; no mesmo período de 2020 a média foi de 3.323 pacientes (75% destes casos eram não respiratórios). No primeiro semestre de 2021, foram realizados 24.781 atendimentos.

Ao longo de toda a pandemia, projetos de pesquisa, especialmente na área da saúde, como a iniciativa de produzir respiradores de baixo custo, métodos de detecção rápida e medicação para o tratamento do novo coronavírus foram extensamente divulgadas no âmbito da UFSC (confira em Ações da UFSC contra o Coronavírus).

Pós-Covid

Equipe recebe primeiros voluntários para projeto de exercícios (Fotos: Daiane Mayer/Agecom)

A Universidade também iniciou estudos para enfrentar o que poderá ser um dos maiores desafios do sistema de saúde pública nos próximos anos: o tratamento e recuperação de pacientes que enfrentaram casos graves da doença e ficaram com sequelas. Em Araranguá, o projeto Reabilitação para Sobreviventes da Covid-19 (RE2SCUE) buscou desenvolver um protocolo de reabilitação para síndrome pós viral da Covid-19 e suas sequelas, principalmente cansaço e falta de ar. As iniciativas neste campo incluíram orientação nutricional para pacientes pós-Covid e um serviço de atendimento à comunidade e estudo do impacto de exercícios físicos na reabilitação de pessoas que superaram formas moderada ou grave da doença.

As contribuições e retribuições da UFSC para a sociedade não se restringiram ao apoio direto no enfrentamento à pandemia, mas se espraiaram por outras áreas. A Universidade colaborou com o poder público num programa de capacitação de pessoas para o mercado de trabalho. Através da Pró-Reitoria de Extensão, a UFSC ofereceu cursos de capacitação profissional nas áreas de recursos humanos, desenvolvimento de softwares e de cuidadores de idosos em parceria com o programa Floripa Mais Empregos, da prefeitura municipal. A procura foi muito grande e as inscrições se esgotaram rapidamente, mostrando que essa era uma grande carência por parte da população.

Mel de melato de bracatinga é mais escuro que o mel floral (Foto: Divulgação)

Ações da UFSC em apoio às atividades econômicas de Santa Catarina ganharam evidência no período da pandemia com o apoio de pesquisadores da Universidade às  recentes Indicações Geográficas obtidas por produtos agropecuários catarinenses. Laboratórios da UFSC e especialistas da instituição são atores importantes nos processos de reconhecimento de produtos como o mel de melato de bracatinga e a maçã Fuji e vinhos de altitude da região de São Joaquim. Outras pesquisas apoiaram a busca da qualidade e produtividade nas principais cadeias produtivas do Estado.

Qualidade do ensino e da pesquisa é preservada e reconhecida

No ensino, a transição do modo presencial para o remoto foi desafiadora. Foi necessário adaptar programas em mais de 6 mil disciplinas de 120 graduações e 90 programas de pós-graduação. Os processos seletivos e vestibulares garantiram a entrada dos estudantes, seguindo os protocolos sanitários. Neste período, as atividades de extensão e pesquisa também foram reformuladas para assegurar a redução de contato e exposição das pessoas ao contágio, em cada um dos campi: Araranguá, Blumenau, Curitibanos, Florianópolis e Joinville. Diante disso, o período trouxe melhorias no atendimento à comunidade externa, interna e aos alunos, mostrando que o período de trabalho remoto impulsionou o desenvolvimento de ferramentas da Universidade ‒ tanto para melhorar a qualidade dos seus serviços quanto para qualificar o ensino, pesquisa e extensão.

Walderes Coctá Priprá defendeu sua dissertação em junho de 2021 e recebeu o Prêmio de Excelência em Mestrado 2021, concedido pela Sociedade de Arqueologia Brasileira (SAB)

Os esforços das pessoas que fazem pesquisa na instituição foram reconhecidos: a UFSC recebeu prêmios importantes, recentemente, nas áreas de estudo aeroespacial, literatura e sustentabilidade. Uma aluna indígena da pós-graduação é a primeira premiada, do país, na área de Arqueologia. As áreas de Engenharia, Humanidades, Agricultura e Ciências da Vida foram destaque, sendo a 6ª melhor universidade federal do país pelo ranking QS Subject Ranking, tradicional avaliador de ensino superior no mundo.

Além disso, a UFSC continuou mostrando resultados de seus pesquisadores com as premiações internas às Mulheres na Ciência e às Pesquisas de Destaque, e obteve reconhecimento externo de instituições respeitadas, como o Prêmio Confap de Ciência, Tecnologia e Inovação. Basta visitar o Observatório UFSC para perceber que a UFSC manteve-se presente nos principais rankings nacionais e internacionais.

Transparência

Em novembro de 2021, a Universidade lançou o Observatório UFSC, plataforma que oferece transparência e integra dados de diferentes setores da instituição. Estão à disposição para consulta pública informações e comparativos sobre ensino, pesquisa, cultura, extensão e orçamento. O Observatório UFSC está em constante evolução e hoje conta com 106 painéis indicadores de 22 áreas temáticas, integrando informações de mais de 40 sistemas de dados (mais de 300 indicadores de desempenho).

Os indicadores do Observatório permitem acompanhar o desempenho da UFSC em diversas atividades. Segundo dados do Observatório, em 2020, havia cerca de 669 grupos de pesquisa na UFSC; nesse mesmo ano foram desenvolvidas 2.048 ações de extensão. O período é o mais crítico de adaptação não só pelo começo de restrições da pandemia, mas também pelos sucessivos cortes orçamentários do Governo Federal à educação superior, que impossibilitaram a execução das atividades de forma regular desde 2018. Em 2021 há recuperação, voltando a índices mais próximos do patamar de produtividade do modo presencial até 2019.

Arte e Cultura foram além do brasão da UFSC

Outras atividades próximas à sociedade e que envolvem especificamente a cultura, feitas para o acesso presencial, aproveitaram para aperfeiçoar seus serviços. Uma das mais populares da UFSC, a Coordenadoria de Fortalezas da Ilha de Santa Catarina tem dois dos monumentos (Anhatomirim e Ratones) na lista indicativa a se tornar patrimônio mundial da Unesco. A Fortaleza de São José da Ponta Grossa foi restaurada e está aberta à visitação, e a de Santo Antônio de Ratones está passando por reformas e passou a gerar sua própria energia elétrica limpa. Mesmo no período em que as fortalezas permaneceram fechadas à visitação pública, o público pode conhecer ou rememorar as belezas destes patrimônios históricos e culturais de Santa Catarina, através do projeto Tour Virtual da Fortaleza de Santo Antônio de Ratones.

Mural Humanidade, do artista plástico Hassis

Outro equipamento cultural totalmente restaurado e devolvido à fruição da comunidade foi a Igrejinha da UFSC, como é conhecida hoje a antiga “capela da freguesia da Santíssima Trindade”, localizada ao lado da Praça Santos Dumont. A edificação, construída em 1848 e inaugurada oficialmente em 1853, foi totalmente restaurada, levando à descoberta de um altar que remonta à época original da construção. Paralelamente à reforma arquitetônica houve a restauração do mural Humanidade, uma obra do artista plástico Hiedy de Assis Corrêa, o Hassis, que foi incorporado à Igrejinha na reforma realizada em 1978.

A Secretaria de Cultura e Arte (SeCArte) também seguiu investindo em eventos culturais a distância, como a Mostra de Artes Visuais de Servidores da UFSC, o Projeto 12:30, o Experimenta Pandêmico, e a quinta edição do Festival de Música da UFSC. Foi ainda em 2021 que as equipes se organizaram, ainda, para voltar a oferecer formaturas presenciais.

Apesar das restrições à mobilidade internacional devido à pandemia, a Secretaria de Relações Internacionais (Sinter) seguiu promovendo intercâmbios com alunos de outros países frequentando as aulas da UFSC remotamente. Em 2021, em parceria com a Secretaria de Educação a Distância (Sead), a Sinter lançou o Curso de Sobrevivência no Português Brasileiro para estudantes do exterior, iniciativa que segue sendo aplicada após o retorno presencial.

Ações de pesquisa e extensão valorizam a preservação do meio ambiente

A Universidade federal engajou-se em ações e iniciativas que colaboraram para a preservação ambiental do Estado de Santa Catarina, que incluíram estudos de longa duração, notas técnicas, relatórios, pesquisas, educação ambiental e participação em projetos.

Toneladas de sedimentos e matéria orgânica foram despejadas na Lagoa após o rompimento da barragem da Casan (Foto: Divulgação)

Logo após o rompimento da lagoa de Evapoinfiltração (LEI) da Casan, em 25 de janeiro de 2021, diversos pesquisadores e laboratórios da UFSC passaram a acompanhar as condições ambientais da Lagoa da Conceição, em Florianópolis. O rompimento da barragem, usada para tratamento de esgoto, despejou toneladas de sedimentos e de água não tratada na Lagoa. Ao longo do ano, esse grupo de pesquisadores emitiu diversas notas técnicas sobre os efeitos do despejo de matéria orgânica e monitorou seus efeitos sobre a água, a flora e a fauna da Lagoa.

A atuação da Universidade não se restringiu a apontar os riscos e problemas. Ao menos dois estudos foram publicados apresentando sugestões de medidas para recuperação ambiental daquele ecossistema. Essas manifestações representaram uma valiosa contribuição para a decisão da Justiça Federal de determinar a criação da Câmara Judicial de Proteção da Lagoa da Conceição. A UFSC participou do pedido à Justiça e depois participou da Câmara através de três laboratórios e um núcleo de estudos.

No início de 2022, a UFSC participou de um edital da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc) para apoio financeiro a estudos que beneficiem a região da Lagoa da Conceição, a cidade de Florianópolis e o Estado de Santa Catarina. O edital é fruto de uma parceria entre a UFSC, a Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) e a Fapesc.

Coleta de dados no Canal do Sangradouro da Lagoa do Peri (Foto: arquivo pessoal)

A Universidade desenvolveu projetos de pesquisa ambiental local, marítima e até na Amazônia. A Lagoa do Peri ganhou atenção especial, em parceria com a Fundação Universidade do Rio Grande (FURG) e a Universidade do Vale do Itajaí (Univali), no acompanhamento da qualidade da água para abastecimento público. Em janeiro deste ano, uma pesquisa que envolveu as áreas de Física, Biologia, Engenharia Sanitária e Ambiental e a Oceanografia deu origem a um biossensor para detecção e quantificação de saxitoxinas na água da Lagoa. A toxina é produzida por cianobactérias, que contamina filtradores como mexilhões e ostras, e acaba sendo consumida por humanos.

O mangue da Baía da Babitonga também passou por monitoramento de impacto urbano, sendo realizado o seu mapeamento por meio do BaySqueeze, com dados dos últimos 34 anos, revelando a perda de 27% da sua área. Em alto mar, pesquisas e testes foram realizados com o veleiro ECO, que também esteve em exposições, aberto à visitação por público escolar em expedições pelo Projeto AtlantECO – que estuda bioma e mudanças climáticas do Oceano Atlântico. O veleiro navegou pela costa brasileira até o Rio de Janeiro, coletando dados para pesquisa marinha e de navegabilidade, em projeto inédito da UFSC.

A criação do Refúgio da Vida Silvestre (Revis) das Nascentes do Saí, em São Francisco do Sul, envolveu o trabalho de uma equipe de professores, profissionais e estudantes da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em conjunto com a comunidade local e outras instituições. Em setembro de 2021, a Agecom/UFSC fez uma série de reportagens reunindo os principais dados levantados e apresentando os argumentos científicos que indicavam a importância de preservação do local, um dos santuários da natureza no Estado.

A Revis, sítio de preservação ambiental de interesse público com uma área de 67,07 km², foi aprovada pelo poder público após um trabalho de pesquisa e extensão que reuniu um grupo de mais de 50 pessoas da UFSC, entre estudantes, técnicos administrativos e professores. O esforço de levantar tanto questões geográficas e fundiárias, quanto das nascentes, da fauna e da flora reforçou a importância do diálogo entre a universidade e a sociedade.

Estudos na área de biodiversidade e florestas trazem dados sobre novas espécies de fungos e plantas, inclusive uma rara que pode ser a única de seu gênero, encontrada em Urubici (SC). Uma das pesquisas na área encontrou resultados positivos sobre a relação entre a biodiversidade e o aumento de produtividade em cultivos, sem uso de agrotóxico, apenas pela dinâmica entre diferentes plantas. Também na área de biodiversidade, os estudos sobre regeneração de florestas tropicais encontrou dados continentais, em parceria com cem pesquisadores de dezoito países. Em pesquisa realizada na Amazônia, a UFSC detectou a formação espontânea de savanas nativas pós-queimada em áreas remotas de inundação.

Solidariedade

Ações solidárias à comunidade foram executadas pela UFSC, inclusive envolvendo departamentos de gestão interna. A Universidade, por meio da Secretaria de Segurança Institucional (SSI), junto à Guarda Municipal de Florianópolis, auxiliou a assistência social da cidade no encaminhamento de pessoas em situação de rua para abrigos. Também deu apoio na entrega de cestas básicas em Florianópolis através da PRAE, Secretaria de Segurança Institucional e projeto de extensão. A UFSC também vem atuado, por meio de uma parceria com o Centro de Hematologia e Hemoterapia (Hemosc), para conscientizar sua população universitária em favor da doação de sangue e plaquetas. Conheça as ações UFSC Solidária.

Canais de comunicação

Com relação ao atendimento ao público externo, uma das primeiras mudanças foi a abertura de novos canais de comunicação. A demanda por atendimento à distância começou a ser suprida pela internet, com a criação de rotina de comunicação por e-mail e mensagens instantâneas em aplicativos de celular, além do trabalho da Superintendência de Governança Eletrônica e Tecnologia da Informação e Comunicação (SeTIC) na coordenação, inovação e soluções para os sistemas digitais da UFSC.

Serviços como a consulta de acervo da Coordenadoria do Arquivo Central (CARC) e da Biblioteca Universitária passaram por uma renovação ao se digitalizarem. Hoje, ambos contam com páginas no Instagram para informar seus usuários e mostrar ao público as suas atividades e estatísticas. Para a CARC, a transformação teve dois pontos principais: digitalização do acervo para tornar possível a sua consulta a distância em biblioteca virtual e criação do relatório de atividades da UFSC para transparência, à sociedade, sobre todas as atividades desenvolvidas no período de trabalho remoto. A Biblioteca Universitária também notou a necessidade de melhorar o atendimento remoto e de investir em acervo digital, quando o acesso presencial foi limitado. Para suprir a demanda de consultas à distância, passou a dedicar mais atenção a esse ponto e mantém o aperfeiçoamento do sistema como meta.

Desde o primeiro dia da pandemia, organização e melhorias para o trabalho e ensino

Depois de dois anos de trabalho remoto, os aprendizados e atividades desenvolvidas pela comunidade interna da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) foram muitas. No primeiro ano, o estranhamento e a adaptação foram as palavras-chave que definiram a rotina de estudantes, servidores docentes e técnico-administrativos. Ao longo do período, a Universidade desenvolveu formas de se manter presente, mesmo com o distanciamento social. Sendo assim, a busca por novas tecnologias digitais foi inegável. A gestão de licitações e contratações, que já eram bastante digitalizados, se tornaram 100% virtuais no período, e os relatórios anuais podem ser consultados na página do Departamento de Licitações (DPL). No contexto geral, segundo a SeTIC, houve um aumento expressivo e substancial no uso de todos os serviços de tecnologia disponibilizados pela UFSC.

Uma das ferramentas mais utilizadas pela comunidade acadêmica durante esses dois anos foi o Assina@UFSC, um serviço que possibilita assinatura digital válida de todos os documentos que tramitam na instituição. Em 2019, a UFSC foi a primeira universidade a implantar esse sistema no Brasil, isso possibilitou que, até março de 2022, cerca de 99,36% dos documentos da Universidade circulassem digitalmente.

Comparação de processos físicos x processos digitais nos últimos 10 anos da Universidade Federal de Santa Catarina (Fonte: SOLAR/SETic)

Outro destaque da digitalização de documentos foi o desenvolvimento do certificado da Infraestrutura de Chaves Públicas para Ensino e Pesquisa (ICPEdu). O sistema produzido pela UFSC possibilita a assinatura de arquivos digitais e garante segurança nos acessos em sites para a comunidade universitária. Em 2021, essa tecnologia rompeu os muros da universidade e passou a ser oferecida pelo Ministério da Educação (MEC) para outras Instituições Federais.

Este caminho da digitalização, trilhado inicialmente por necessidade, deixará um legado. “Serviços como este [de assinatura digital], por serem de simples uso e alto impacto, tendem a perdurar, independente da forma de trabalho a ser adotada”, afirma a SeTIC. 

Além dos serviços relacionados a arquivos digitais, que inclusive permitem a economia de papel e de tempo nos processos, o Ambiente Virtual de Ensino e Aprendizagem Moodle, com mais de 50 mil usuários, teve um uso gigantesco. Antes da pandemia eram ofertadas, aproximadamente, 14.600 turmas/disciplinas no Moodle e, em 2020, esse número passou para 17.589. A estimativa de 2021 foi de 18.990 salas de aula virtuais. Em compasso com a adoção prioritária desse ambiente de aprendizagem, em 2020, a UFSC formou 2.394 alunos na pós-graduação e 2.550 na graduação.

Benefício de apoio à permanência torna-se legado da pandemia

Também em 2020, cerca de 41.255 estudantes estavam matriculados na Universidade na graduação e pós-graduação. Dessa forma, com o cenário de aulas remotas imposto pela pandemia, a UFSC desenvolveu estratégias pensando na permanência estudantil. Através da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Prae), até o final de 2021  a Universidade conseguiu oferecer um Auxílio Emergencial para cerca de 3.467 estudantes – no início, o valor do auxílio era de R$ 200,00 e depois passou a ser R$ 300 reais. O Restaurante Universitário (RU) foi responsável pela distribuição de kits de alimento para mais de cem bolsistas. Também foi oferecido aos estudantes apoios para acesso à Internet e a equipamentos como computadores, que começaram a ser distribuídos em agosto de 2020. O Auxílio Internet beneficiou inicialmente 230 alunos da instituição e acabou incorporado ao conjunto de programas assistenciais da Universidade para os estudantes de graduação, tornando-se permanente e beneficiando 350 estudantes.

A mesma atuação foi oferecida aos estudantes de pós-graduação e do Colégio de Aplicação (CA). Na pós-graduação, com os frequentes cortes nas bolsas de estudos da CAPES, foi necessário criar, por parte da Pró-Reitoria de Pós-Graduação (PROPG), o Programa Suplementar de Bolsa Estudantil, especialmente para Programas de Pós-Graduação com ingressantes de ações afirmativas.

A permanência também foi planejada em outros âmbitos. Entendendo a dificuldade de aprendizagem no ambiente remoto, serviços como os oferecidos pelo Programa Institucional de Apoio Pedagógico aos Estudantes (Piape) foram muito procurados. O Piape existe desde 2013 e atua em todos os campi da UFSC, oferecendo aulas de reforço em diversas áreas do conhecimento, como cálculo e produção textual, além dos atendimentos individuais de orientação pedagógica. Nos últimos dois anos, o Programa ampliou e passou a atender cerca de 5 mil alunos por semestre.

As coordenadoras do Piape Janaína Santos, do campus Florianópolis, e Gabriela Boemer, do campus de Blumenau, comentam que o perfil do estudante atendido no projeto mudou. Alguns procuraram o programa devido às dificuldades com o ensino remoto, outros por estarem fragilizados emocionalmente. Pensando nisso, o Piape desenvolveu os grupos de orientação: Abraço Virtual, Clube de Leitura e o Círculo de Conversa, todos voltados para serem espaços de fala e de construção de vínculos.

“Foi possível ver um maior acolhimento institucional e muitos esforços da UFSC para a permanência e aprendizado dos estudantes”, avalia Janaína.

Esse esforço também se estendeu aos servidores da Universidade. Um exemplo do trabalho desenvolvido é o projeto Busca Ativa, que atingiu cerca de 1.913 servidores só em 2020. A iniciativa nasceu com o objetivo de oferecer apoio aos trabalhadores da UFSC que se enquadram nos grupos quadro de risco para a Covid-19, ou seja, pessoas com idade de 60 anos ou mais, imunodeficientes ou portadores de doenças preexistentes crônicas ou graves, pais com filhos de zero a 12 anos, gestantes/lactantes, pessoas com deficiência etc. O Busca Ativa faz parte da Divisão de Serviço Social – Atenção ao Servidor (DiSS), que pertence à Pró-Reitoria de Desenvolvimento e Gestão de Pessoas (Prodegesp).

Bem-estar

A DiSS também oferece os serviços voltados para o luto, como o apoio através de oficinas e a ação de atenção familiar por ocasião do falecimento de servidores ativos/inativos, em que atendeu 30 pessoas em 2020. O Departamento também contribuiu com a Administração Central na elaboração do Guia de Saúde para Gestores da UFSC, que preparou a Universidade para o retorno presencial gradual das as atividades, em fevereiro de 2022.

Tuany Lohn, assistente social e Chefe da DiSS, avalia que neste período muitos projetos surgiram para a aproximação da comunidade universitária. As coordenadoras do Piape Janaína Santos e Gabriela Boemer também enxergam esses dois anos da mesma forma. Elas afirmam que foi possível integrar os campi pelo contato virtual e que, em todo o momento, a UFSC se esforçou para o bem-estar de todos.

Bem-estar que também é objetivo do Acolhe UFSC, que em 2021 consolidou a sua atuação com o acolhimento psicossocial da comunidade universitária frente às dificuldades da pandemia. Estruturas da UFSC como a Secretaria de Ações Afirmativas e Diversidades (Saad), adicionalmente desenvolveram ações para amparo de grupos da universidade, com a organização de eventos, lives, grupos de debates, rodas de conversa. O distanciamento provocado pela Covid-19 também trouxe proximidade a grupos que precisavam de apoio.

Incentivos e recompensas

A UFSC investiu, em 2021, no apoio aos seus estudantes atletas, nas mais diversas modalidades. Uma delas, a de Esports (esportes eletrônicos) teve destaque na pandemia, uma vez que outras modalidades dependem de treinos e competições presenciais. A Secretaria de Esportes (Sesp) realizou, em 2021, seu primeiro campeonato, com destaque para a equipe UFSC Titans.

Um estudante em especial, Gabriel Garcia Deitos, que se destacou nos Jogos Universitários Brasileiros 2021, recebeu o troféu Melhores do Ano 2021 da Confederação Brasileira do Desporto Universitário (CBDU).

Incentivar e promover o sucesso dos estudantes da UFSC também nas atividades de inovação é missão da Secretaria de Inovação (Sinova), que manteve o projeto Sinova Startup Mentoring em 2020 e 2021, com a mentoria e assessoramento de grupos de alunos interessados em desenvolverem suas ideias em negócios viáveis.

Retorno ao convívio

Gradualmente, as atividades da UFSC serão retomadas no formato regular. Para o convívio presencial, os protocolos sanitários serão mantidos: o uso de máscara é obrigatório para servidores e público, e as medidas que serão tomadas são aquelas que já nos acostumamos a adotar ao longo de dois anos de pandemia, aliadas à vacinação de toda a comunidade universitária. Estudantes e trabalhadores devem comprovar a vacinação.

Durante esses dois anos em que a maior parte da Universidade atuou de forma remota, foi possível perceber que a produção de ensino, pesquisa, extensão e administração foram se aperfeiçoando. Com o tempo, cada ação foi evoluindo e colaborando para a construção de uma Universidade cada vez mais digital sem perder a sua essência humana.

Para conhecer mais ações desenvolvidas pela UFSC durante o ano de 2021, acesse os links abaixo:

UFSC realiza atividades online para recepcionar os estudantes do 2º semestre de 2020 

Comissão de saúde psicológica da UFSC realizará pesquisa com a comunidade universitária 

Minicurso apresenta noções básicas de derivada e integral em videoaulas no Youtube 

UFSC celebra dia das mulheres e meninas nas ciências com ações para a igualdade 

Mestranda da UFSC é premiada por artigo sobre impactos da Covid-19 na coleta seletiva de Florianópolis 

Agentes de comunicação apresentam sugestões para o Portal de Egressos da UFSC 

Pesquisadores do HU participam de estudo colaborativo internacional sobre Covid-19 

ICPEdu e assinaturas eletrônicas aceleram transformação digital na UFSC 

UFSC recebe selo A3P por responsabilidade socioambiental na administração pública 

UFSC vence troféu ArcelorMittal de Inovação Digital 2020

Extensão – Matrículas para cursos de Línguas Estrangeiras começam no dia 25 

Pesquisa – Sistema desenvolvido por laboratório da UFSC será um dos registros da vacinação contra Covid-19 

Boletins – Necat sobre a evolução da pandemia de Covid-19 em SC 

Serviço da UFSC orienta sobre vacinação contra Covid-19 em gestantes e lactantes 

Do Comitê de Crise à vacinação: medidas adotadas pelo HU para proteção dos trabalhadores 

UFSC é 8ª melhor universidade da América Latina e 3ª entre federais brasileiras, aponta estudo internacional 

HU-UFSC inaugura ambulatório de reabilitação para pacientes pós-internação de Covid-19 e outras especialidades 

Ranking internacional posiciona UFSC entre as melhores do país em diversas áreas do conhecimento 

Ação Solidária Covid-19 distribui uma tonelada de alimentos a cozinhas comunitárias de Florianópolis 

Covid-19: professor da UFSC orienta sobre tipos e modelos de máscaras 

UFSC manifesta-se em solidariedade às vítimas da Covid-19; oferece acolhimento psicológico 

Extensão – ‘Cozinhando com Ciência’: projeto de extensão divulga receitas e dicas culinárias pelo Instagram 

Extensão – Equipes de Enfermagem do HU-UFSC garantem atendimento por telemedicina a pacientes 

Setor de hemodiálise do HU oferece suporte a pacientes durante a pandemia 

UFSC é a quarta melhor universidade federal do país segundo índice do MEC 

Validador de Documentos Digitais viabiliza prescrições médicas eletrônicas 

Biscoito para cães desenvolvido na UFSC é reconhecido como inovação pela Fapesc 

HU mantém atendimento a pacientes oncológicos e onco-hematológicos durante a pandemia 

Prograd publica guia sobre atividades pedagógicas não presenciais para docentes e Coordenações de Cursos 

Acolhe UFSC recebe inscrições para grupos reflexivos conduzidos por psicólogos e estudantes 

Pesquisadora da UFSC desenvolve site voltado a pessoas que vivem com HIV 

Doutoranda da UFSC é premiada por projeto que pode antecipar casos graves da Covid-19 em pacientes 

UFSC está entre as melhores universidades do mundo segundo ranking internacional 

Fortalezas ganham novos equipamentos em obras de restauração 

UFSC está entre as melhores universidades no Latin America University Rankings 2021 

Estudantes da UFSC Joinville são premiados na primeira Olimpíada Brasileira de Satélites 

Estudo pioneiro da UFSC ajuda a compreender transtornos psiquiátricos de ansiedade e medo 

UFSC é 23ª melhor universidade da América Latina em ranking de consultoria britânica 

SINTER lança Catálogo de Cursos Online 

Afinal, o que a UFSC tem feito durante a pandemia de Covid-19? 

UFSC desenvolve aparelho para medir concentração de gás carbônico nos ambientes 

UFSC já oferece 68 disciplinas de forma presencial nos cursos de Graduação 

UFSC anuncia aumento no valor do Auxílio Emergencial pago para estudantes 

Observatório UFSC é lançado com mais de 300 indicadores sobre 21 áreas de atuação da Universidade 

UFSC tem 165 pesquisadores entre os mais influentes da América Latina, aponta ranking internacional 

UFSC está entre as 10 instituições públicas de destaque do Guia da Faculdade do Estadão 

UFSC está entre as três universidades mais inovadoras do país 

Pesquisadora indígena é premiada pela Sociedade de Arqueologia Brasileira 

Professor e doutoranda da UFSC são vencedores na 63ª edição do Prêmio Jabuti 

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HU-UFSC é premiado com troféu de sustentabilidade

 

Texto: Bianca Anacleto e Carolina Monteiro / Estagiárias Agecom

Coordenação: Ricardo Torres

Supervisão: Mayra Cajueiro Warren e Luís Carlos Ferrari

Tags: Convívio ConscienteCovid-19gestão coronavírusUFSCUniversidade Federal de Santa Catarina